quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Carta de Ano Novo

papelcartaanonovoCarta de Ano Novo

Ano Novo é também oportunidade de aprender, trabalhar e servir. O tempo como paternal amigo, como que se reencarna no corpo do calendário, descerrando-nos horizontes mais claros para necessária ascensão.

Lembra-te de que o ano em retorno, é novo dia a convocar-te para a execução de velhas promessas que ainda não tivestes a coragem de cumprir.

Se tens inimigos faze das horas renascer-te o caminho da reconciliação.

Se foste ofendido, perdoa, a fim de que o amor te clareie a estrada para frente.

Se descansaste em demasia, volve ao arado de tuas obrigações e planta o bem com destemor para a colheita do porvir.

Se a tristeza te requisita esquece-a e procura a alegria serena da consciência tranquila no dever bem cumprido.

Ano Novo! Novo Dia!

Sorri para os que te feriram e busca harmonia com aqueles que te não entenderam até agora.

Recorda que há mais ignorância que maldade em torno de teu destino.

Não maldigas nem condenes.

Auxilia a acender alguma luz para quem passa ao teu lado, na inquietude da escuridão.

Não te desanimes nem te desconsoles.

Cultiva o bom ânimo com os que te visitam dominados pelo frio do desencanto ou da indiferença.

Não te esqueças de que Jesus jamais se desespera conosco e, como que oculto ao nosso lado, paciente e bondoso, repete-nos de hora a hora: - Ama e auxilia sempre. Ajuda aos outros amparando a ti mesmo, porque se o dia volta amanhã, eu estou contigo, esperando pela doce alegria da porta aberta de teu coração.

Pelo Espírito Emmanuel. XAVIER, Francisco Cândido. Vida e Caminho. Espíritos Diversos. GEEM.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Ano Novo: As Esperanças se Renovam

anonovoAno Novo: As Esperanças se Renovam

Antonio Leite

Graças à Doutrina Espírita muitos dos segredos que envolviam o mistério da vida nos foram revelados. Dentre estes, o de que somos espíritos imortais e que aqui nos encontramos para dar continuidade ao aprendizado que nos propusemos a pôr em prática, quando traçamos os planos para a nossa reencarnação.

Muito embora tenhamos hoje este conhecimento acerca da nossa perenidade, o que nos dá a certeza que teremos o tempo necessário para a concretização do nosso programa de ação e gradativamente ir nos aperfeiçoando até atingir a meta final da perfeição, ainda assim, estamos inevitavelmente presos ao relógio do tempo.

Devemos encarar essa rotina do tempo que ainda nos domina, como mais uma oportunidade para recarregar as nossas baterias e continuar a jornada de luta em prol do nosso próprio progresso espiritual. Assim devemos ver esses intervalos do tempo físico em que vivemos como espíritos encarnados e aproveitar esses preciosos momentos para fazer uma reavaliação e traçar metas para o futuro.

A sucessão dos anos e a constante presença do Ano Novo em nossas vidas deve ser vista como mais uma oportunidade. É um momento oportuno para que avaliemos as ações perpetradas no ano velho e tracemos metas para o ano que se inicia. É fundamental que não nos deixemos impressionar negativamente pelos equívocos de que fomos eventualmente autores. Afinal de contas somos hoje sabedores de que como espíritos em marcha evolutiva, muito ainda temos que transpor para atingirmos um nível em que os comprometimentos sejam eliminados. O importante é aceitar com humildade os erros cometidos procurando tirar lições dos mesmos e ter o firme propósito de não os cometer novamente. Uma atitude de auto-acusação não é compatível com a visão que temos hoje do nosso Criador, que não nos condena.

Devemos dar graças a Deus pela oportunidade de sermos hoje conhecedores dos ensinamentos da Doutrina Consoladora. Ela veio ao mundo para nos revelar, à luz da razão e do bom senso, a responsabilidade que pesa sobre os nossos ombros no tocante ao trabalho que devemos empreender para conquistarmos a plenitude da Paz Duradoura. A Doutrina dos Espíritos veio tirar a venda dos nossos olhos, a qual criava obstáculos e nos impedia de ter uma visão coerente e racional sobre o Criador, nós mesmos, a oportunidade redentora da vida e a inarredável RESPONSABILIDADE que cabe a cada um de nós pela conquista do progresso espiritual, até a completa redenção – a PERFEIÇÃO.

Assim, devemos todos levantar os olhos aos céus e agradecer ao Criador por mais um ano de vida, trabalho e aprendizado. Que tenhamos a humildade e a serenidade de reconhecer os nossos erros e pedir ao Pai e aos Espíritos Protetores que nos guiam, a força necessária para que não voltemos a incidir neles e com o firme propósito de nos tornarmos melhores seres humanos, encaremos o ANO NOVO que se inicia como mais uma grande oportunidade.

Que a Paz verdadeira ensinada e vivida pelo Mestre Jesus seja a meta de todos nós no ano que se inicia.

Antonio Leite

Editor GEAE

(Publicado no Boletim GEAE Número 468 de 13 de janeiro de 2004)

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

E, aí! Já leu?!

Do livro CONVITE À REFLEXÃO, ditado pelo espírito Deolindo Amorim ao médium Elzio Ferreira de Souza. Capítulo I, “Fatos e livros”:
1. Os escritores espíritas devem ter o cuidado, ao referirem-se a fatos históricos, de colherem material em fontes fidedignas, evitando repetirem apenas as descrições dos fatos na versão e valorização feitas por um grupo ou por pessoas interessadas em fixá-las como expressões da verdade.
2. Não é possível escrever sobre a história de um movimento sem realizar-se uma pesquisa aprofundada.
3. Escrever sobre história exige do pesquisador isenção de ânimo, sem o que acabará escrevendo sua “história”.
4. Os livros se tornam mais ou menos valiosos de acordo com a faixa de leitor a que se dirigem: há um grande engano de escritores, médiuns e editores quando julgam que eles se destinam a qualquer leitor, sem considerar o conhecimento de cada um.
O exemplo da literatura infantil deveria ser seguido: o escritor de livros para crianças procura conformar a narração a uma determinada faixa etária de modo que possa ser entendido. Existem faixas de idade mental que não podem ser desconsideradas.
5. A melhoria da qualidade dos livros encontra-se na dependência do preparo dos leitores. 
Quantos estejam interessados em uma seleção da literatura espírita, para que não se lhes desfaça a qualidade, devem não somente cuidar disto na ponta da publicação, evitando dar à luz obras que são apenas exercícios mediúnicos ou do próprio escritor, mas também na outra referente ao leitor, isto é, devem trabalhar para que o adepto se torne um conhecedor do Espiritismo, ajudando a capacitá–lo na arte de pensar e discernir.
6. As obras espíritas não devem ser submetidas a qualquer espécie de censura, salvo a do próprio leitor. 
Quando alguém se entende como o único capacitado a selecionar e a julgar do valor de um livro, apenas está decretando por antecipação a incapacidade do leitor. O movimento doutrinário não se pode firmar em bases tão frágeis como os ombros dos censores. O leitor espírita deve reivindicar sua própria maioridade.
7. Ao invés de perder-se tempo com condenações, todo o esforço deve ser dirigido a preparar novas gerações no conhecimento da Doutrina e a ajudar aqueles que desejem conhecê-la através de um estudo sério em que as obras de Allan Kardec possam ser dissecadas sem quaisquer prejuízos.
Enquanto providências como essas não forem tomadas, continuaremos a assistir a preferência dos leitores por romances que os deliciam com suas amenidades, mas que nem sempre ensinam, que lhes criam ilusões e não os acordam para a realidade, dando uma falsa idéia do mundo espiritual, o que pode ocorrer pelo despreparo do médium para apropriar-se das idéias do Espírito ou deste para transmitir aquilo que vê. Embora existam romances históricos, em que se procura reconstituir o ambiente e os fatos de uma época, nem todos o fazem, e muitos reproduzem apenas a imaginação de seus autores.
Finalmente, seja-me permitido dizer que todas estas dificuldades não depõem contra o Espiritismo, muito pelo contrário, advertem que não se trata de uma Doutrina cuja aprendizagem possa fazer-se em poucos dias, nem com a leitura de romances, mas necessita de estudos sérios e de aplicação, coisas que não são nenhuma novidade, pois constituem advertências do mestre Allan Kardec.
(fonte: Fanpage Sou  Jovem Espírita)

humor...


sábado, 26 de dezembro de 2015

Vestibular da Unesp cita Livro dos Espíritos

Vestibular da Unesp cita Livro dos Espíritos

 
Os vestibulandos da Unesp (Conhecimentos Específicos) depararam-se, no último domingo (15), com uma questão no mínimo surpreendente. O enunciado trazia dois textos para explicar as capacidades morais e intelectuais do homem — o conceito filosófico do inatismo –, especialmente as habilidades no campo da Música. Um dos textos vinha de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec. O outro fora extraído de um artigo da revista Superinteressante, assinado por Nelson Jobim. O que explicaria o virtuosismo de alguns indivíduos?
Antes de mais nada, cabe destacar aqui a atualidade do pensamento espírita, capaz de confrontar a Ciência Oficial e apresentar resposta para questões complexas. A resposta dos Espíritos, com adaptações ao texto original, foi apresentada assim ao vestibulando:
“Não confundais o efeito com a causa. O Espírito tem sempre as capacidades que lhe são próprias; ora, não são os órgãos que produzem as capacidades, mas as capacidades que conduzem ao desenvolvimento dos órgãos. O Espírito, se encarnando, traz certas predisposições, admitindo-se, para cada uma, um órgão correspondente no cérebro. O desenvolvimento desses órgãos será um efeito e não uma causa. Se as capacidades se originassem nesses órgãos, o homem seria uma máquina sem livre-arbítrio e sem responsabilidade dos seus atos. Seria preciso admitir que os maiores gênios, sábios, poetas, artistas, não são gênios senão porque o acaso lhes deu órgãos especiais”.
Contrapondo a visão espírita, o examinador apresentou o artigo na Supeinteressante (“Um dom de Gênio”, maio de 2015), em que o autor cita pesquisa do neurologista alemão, Helmut Steinmetz, pesquisador da Universidade Henrich Heine, de Düsseldorf, que comparou cérebros de um grupo de 30 músicos com os de outros 30 que não se dedicavam à arte musical.
Na conclusão do cientista, o virtuosismo dos primeiros explicar-se-ia por um acentuado desenvolvimento do lobo temporal esquerdo (região do córtex cerebral onde são processados os sinais sonoros). “Nos músicos, esse tamanho pode ser duas vezes maior”, diz o texto.
Resolução do Colégio Objetivo
Interessante notar também a resposta preparada pelos professores do Objetivo: “No texto de Kardec, codificador do Espiritismo, religião amplamente professada no Brasil, o Universo é visto como constituído de matéria e espírito. Essa concepção tem ressonância no pensamento de Platão e Descartes, considerados também pensadores dualistas. Assim, o corpo material é plasmado pelo Espirito que o encarna. A alma, entendida por Kardec como o espírito encarnado, é o portador de uma bagagem cultural e moral de existências passadas. conceito semelhante ao inatismo cartesiano e platônico, em que a razão humana é portadora e produtora de conhecimento humano.”
No artigo de Nelson Jobim, extraído da revista Superinteressante, a genialidade humana surge como produto de determinação biológica. “Tal concepção se aproximaria mais dos empiristas, para quem toda inteligência nasce como tábula rasa, e nesse caso poderíamos admitir que a genialidade resultaria do acaso. O que, na crítica de Kardec, ‘os maiores gênios, sábios, poetas e artistas não são gênios senão porque o acaso lhes deu órgãos especiais’”.
Como terão reagido os vestibulandos frente a essa questão? Na verdade, essa não foi a única a questionar temas filosóficos. O pensamento atualíssimo de Voltaire, o grande mestre do Iluminismo, também foi tema da questão que abordou, de forma implícita, as lutas étnicas e a ação de grupos extremistas. No texto de Voltaire, o pensador apresenta Deus não como uma divindade de um povo, de uma raça ou de uma nação, mas como o criador do Universo e pai de todos os homens. Uma visão, com certeza, coerente e compatível com o ensino trazido pelo Espiritismo.
Que os estudantes tenham tido um bom desempenho na prova. E levem para os bancos universitários o desejo de estudar mais a Doutrina Consoladora, que, com muita razão, foi considerado por alguns como uma faculdade que reúne todos os ramos do conhecimento humano.
Fonte: USE São Paulo

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

65– ORAÇÃO DO NATAL.

 

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Rei Divino, na palha singela, porque te fizeste criança, diante dos homens, quando podias ofusca-los com a grandeza do Teu Reino?

Soberano da Eternidade, porque estendeste braços pequerruchos e tenros aos pastores humildes, mendigando-lhes proteção, quando o próprio firmamento te saudava com uma estrela sublime, emoldurada de melodias celestes?

Certamente o asilo de nossa alma, para converte-la em harpa nas Tuas mãos.

Preferias esmolar segurança e carinho, para que, em te amando, de algum modo, na manjedoura esquecida, aprendêssemos a amar-nos uns aos outros.

Tornavas-Te pequenino para que a sombra do orgulho se desfizesse, em torno de nossos passos, e pedias compaixão, porque não nos buscavas por adornos do Teu carro de triunfo, como vassalos de Tua Glória, mas, sim, por amigos espontâneos de Tua causa e por tutelados de Tua bênção...

E modificante assim, o destino das nações. Colocaste o trabalho digno, onde a escravidão gerava a miséria, acendeste a claridade do perdão, onde a noite do ódio assegurava o império do crime, e ensinaste-nos a servir e a morrer, para que a vida se tornasse mais bela...

É por isso que, ajoelhados em espírito, recordando-Te o berço pobre, ofertamos-Te o coração...

Arranca-o, Senhor, da grade do nosso peito, enferrujado de egoísmo, e faze-o chorar de alegria, no deslumbramento de Tua luz!... Conduze-nos, ainda, aos tesouros da humildade, para que o poder sem amor não nos enlouqueça a inteligência, e deixa-nos entoar o cântico dos pastores, quando repetia, em prantos jubilosos, a mensagem dos anjos:

- Glória a Deus nas Alturas, paz na Terra e boa vontade para com os homens!...

(Meimei – Livro Antologia Mediúnica do Natal - Francisco Cândido Xavier)

43 – NATAL...

 

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Diante do bolo iluminado, abraças, feliz, os entes amados que chegaram de longe...

Ouves a música festiva que passa, de leve, por moldura de harmonia às telas da natureza... Entretanto, quando penetrarem o tempo da oração, reverenciando o Mestre que dizes amar, mentaliza o estábulo pobre.

Ignoramos de que estrela chegando o Sublime Renovador, mas todos sabemos em que ponto da Terra começou ele o apostolado divino.

Recorda as mãos fatigadas dos tratadores de animais, os dedos calosos dos homens do campo, o carinho das mulheres simples que lhes ofertaram as primeiras gotas do próprio leite e o sorriso ingênuo dos meninos descalços que lhe recebera, do olhar a primeira nota de esperança.

Lembra-te do Senhor, renunciando aos caminhos constelados de luz para acolher-se, junto dos corações humildes que o esperavam, dentro da noite, e desce também da própria alegria, para ajudar no vale dos que padecem...

Contemplará, de alma surpresa, a fila dos que se arrastam, de olhos enceguecidos pela garoa das lágrimas. Ladeando velhinhos que tossem ao desabrigo, há doentes e mutilados que suspiram pelo lençol de refúgio na terra seca. Surgem mães infelizes que te mostram filhinhos nus e crianças desajustadas para quem o pão farto nunca chegou. Trabalhadores cansados falam de abandono e jovens subnutridos se referem ao consolo da morte...

Divide, porém, com eles o tesouro de teu conforto e de tua fé e, nos recintos de palha e sombra a que te acolhes, encontrarás o Cristo no coração, transfigurando-te a vida, ao mesmo tempo em que, nos escaninhos da própria mente, escutarás, de novo, o cântico do Natal, como que repetido na pauta dos astros:

- Glória a Deus nas alturas e boa vontade para com os homens!...

 

(Meimei – Livro Antologia Mediúnica do Natal - Francisco Cândido Xavier)

31 - ROGATIVA DE NATAL.

 

natalmsg3131 - ROGATIVA DE NATAL.

 

Senhor Jesus!

Quando chegaste à Terra, através dos panos da manjedoura, aguardava-te a

Escritura como sendo a luz para os que jazem assentados nas trevas!...

E, em verdade, Senhor, as sombras dominavam o mundo inteiro...

Sombras no trabalho, em forma de escravidão...

Sombras na justiça, em forma de crueldade...

Sombras no templo, em forma de fanatismo...

Sombras na governança, em forma de tirania...

Sombras na mente do povo, em forma de ignorância e de miséria...

Pouco a pouco, no entanto, ao clarão de tua infinita bondade, quebraram-se as algemas da escravidão, transformou-se a crueldade em apreciáveis direitos humanos, transmudou-se o fanatismo em fé raciocinada, converteu-se a tirania em administração e, gradualmente, a ignorância e a miséria vão recebendo o socorro da escola e da solidariedade.

Entretanto, Senhor, ainda sobram trevas no amor, em forma de egoísmo!

Egoísmo no lar...

Egoísmo no afeto...

Egoísmo na caridade...

Egoísmo na prestação de serviço...

Egoísmo na devoção...

Mestre, dissipa o nevoeiro que nos obscurece ainda os horizontes e ensina-nos a amar como nos amaste, sem buscar vaidosamente naqueles que amamos o reflexo de nós mesmos, porque, somente em nos sentindo verdadeiros irmãos uns dos outros, é que atingiremos, com a pura fraternidade, a nossa ressurreição para sempre.

(Emmanuel– Livro Antologia Mediúnica do Natal - Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Natal e Espiritismo

Natal e Espiritismo

Por Sérgio Biagi Gregório


SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Histórico. 4. Nascimento de Jesus: 4.1. A Manjedoura; 4.2. Anúncio Profético; 4.3. Uma Nova Luz. 5. A Simbologia do Natal: 5.1. Papai Noel; 5.2. O Espírito do Natal; 5.3. Numa Véspera de Natal. 6. A Mensagem do Cristo através do Espiritismo: 6.1. Um Conquistador Diferente; 6.2. O Espiritismo como Revivescência do Cristianismo; 6.3. Festa de Natal para os Espíritas. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

De onde vem o termo Natal? Por que 25 de dezembro? Desde quando se comemora nesta data? Qual o espírito do Natal? Qual o significado dos presentes, das árvores e do Papai Noel? Tencionamos desenvolver este assunto analisando o nascimento de Cristo, o espírito natalício e os subsídios oferecidos pelo Espiritismo, para uma melhor interpretação da sua simbologia.

2. CONCEITO

Natal - Do latim natale significa nascimento. Dia em que se comemora o nascimento de Cristo (25 de dezembro). 

3. HISTÓRICO

As Igrejas orientais, desde o século IV, celebravam a Epifania (“aparição” ou “manifestação”), em 6 de janeiro, cujo simbolismo referia-se ao mistério da vinda ao mundo do Verbo Divino feito homem. Em Roma, desde o tempo do Imperador Aureliano (274), o dia 25 de dezembro (solstício de Inverno, no calendário Juliano) era consagrado ao Natalis Solis Invicti, festa mitríaca do “renascimento” do Sol. A Igreja romana não tardou em contrapor-lhe a festa cristã do Natale de Cristo, o verdadeiro “sol de justiça”. Esta festa pronto se estendeu por todo o Ocidente, não tardando também em ser adotada por todas as igrejas orientais. (Enciclopédia luso-Brasileira de Cultura)

O nascimento de Cristo sempre esteve envolvido em controvérsias. Para uns, seria 1.º de janeiro; para outros, 6 de janeiro, 25 de março e 20 de maio. Pelas observações dos chineses, o Natal seria em março, que foi quando um cometa, tal qual a estrela de Belém, reluziu na noite asiática no ano 5 d.C. Como data festiva, é um arranjo inventado pela Igreja e enriquecida através dos tempos pela incorporação de hábitos e costumes de várias culturas: a árvore natalina é contribuição alemã (século VIII); o Papai Noel (vulgo São Nicolau) nasceu na Turquia (século IV); os cartões de natal surgiram na Inglaterra, em meados do século XIX. (Estado de São Paulo, p. D3)

4. NASCIMENTO DE JESUS

4.1. A MANJEDOURA

Conta-se que Jesus nascera numa manjedoura, rodeado de animais. Um monge diz que isso não é verdade, pois como a casa de José era pequena para abrigar toda a sua família, o novo rebento deu-se no estábulo. Em termos simbólicos, a manjedoura revela o caráter humilde e simples daquele que seria o maior revolucionário de todos os tempos, sem que precisasse escrever uma única palavra. Os exemplos de sua simplicidade devem nortear os nossos passos nos dias que correm. De nada adianta dizermo-nos adeptos de Cristo e agirmos de modo contrário aos seus ensinamentos.

4.2. ANÚNCIO PROFÉTICO

O nascimento de Jesus fora anunciado pelos profetas da antiguidade, nos seguintes termos: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus convosco)”. Na época predita veio ao mundo o arauto, o Salvador, aquele que tiraria os “pecados” do mundo.  Os judeus, contudo, não entenderam a grande mensagem do Salvador: esperavam-no na condição de rei, de governador. Ele, porém, dizia ser rei, mas não deste mundo. Enaltecendo a continuidade desta vida, vislumbrava-nos a expectativa da vida futura, muito mais proveitosa e sem as dificuldades materiais da vida presente. 

4.3. UMA NOVA LUZ

O nascimento de Jesus coincide com a percepção de uma nova luz para a humanidade sofredora. Os ensinamentos de Jesus devem servir para transformar não apenas um homem, mas toda a Humanidade. Numa simples visão de conjunto, observamos o que era planeta antes e no que se transformou depois de sua vinda. O Espírito Emmanuel, em Roteiro, diz-nos que antes de Cristo, a educação demorava-se em lamentável pobreza, o cativeiro era consagrado por lei, a mulher aviltada qual alimária, os pais podiam vender os filhos etc. Com Jesus, entretanto, começa uma era nova para o sentimento. Iluminados pela Divina influência, os discípulos do Mestre consagram-se ao serviço dos semelhantes; Simão Pedro e os companheiros dedicam-se aos doentes e infortunados; instituem-se casas de socorro para os necessitados e escolas de evangelização para o espírito popular etc. (Xavier, 1980, cap. 21) 

5. A SIMBOLOGIA DO NATAL

5.1. PAPAI NOEL

Papai Noel, símbolo do Natal, é usado pelos comerciantes, a fim de incrementar as vendas dos seus produtos no final de cada ano. O espírito do natal, segundo a propaganda, está relacionado com a fartura da mesa, a quantidade de brinquedos e outros produtos que o consumidor possa ter em seu lar. À semelhança dos reflexos condicionados, estudados por Pavlov, há repetição, intensidade e clareza dos estímulos à compra, dando-nos a entender que estamos comemorando o renascimento de Cristo. Se não prestarmos atenção, cairemos na armadilha do consumismo exacerbado, dificultando a meditação e a reflexão durante esta data tão especial para a Humanidade. 

5.2. O ESPÍRITO DO NATAL

O espírito do Natal deve ser entendido como a revivescência dos ensinos de Cristo em cada uma de nossas ações. Não há necessidade de esperarmos o ano todo para comemorá-lo. Se em nosso dia-a-dia estivermos estendendo simpatia para com todos e distribuindo os excessos de que somos portadores, estaremos aplicando eficazmente a “Boa-Nova” trazida pelo mestre Jesus. “Não se pode servir a Deus e a Mamon”. A perfeição moral exige distinção entre espírito e matéria. A riqueza existe para auxiliar o homem no seu aperfeiçoamento espiritual. Se lhe dermos demasiado valor, poderemos obscurecer nossa iluminação interior. Útil se torna, assim, conscientizarmo-nos de que somos usufrutuários e não proprietários dos bens terrenos.

5.3. NUMA VÉSPERA DE NATAL

Conta-nos o Espírito Irmão X que Emiliano Jardim, cujas noções materialistas estragavam-lhe os pensamentos, viera a sofrer uma dor de paternidade, ao ver o seu filho arrebatado pela morte. Abatido pela dor, começa a se interessar pelo Catolicismo. Porém, repelia veemente todos os que pensavam de forma diferente a respeito do Cristo. Do Catolicismo passa para o Protestantismo, mas sem que o Mestre penetrasse no seu interior. Depois de longa luta, Emiliano sente-se insatisfeito e ingressa nos arraiais espiritistas. Emiliano, como acontece à maioria dos crentes, vislumbra a verdade dos ensinamentos de Jesus, anseia por vê-lo nos outros homens, antes de senti-lo em si mesmo. 

Com o passar do tempo, teve outros revezes.

Numa véspera de Natal, em que o ambiente festivo lhe falava da ventura destruída do coração, Emiliano quis por termo à própria vida. 

Na hora amargurada em que o mísero se dispunha a agravar as próprias angústias, uma voz se fez ouvir no recôndito de seu espírito:

“— Emiliano, há quanto tempo eu buscava encontrar-te; mas sempre me chamavas através dos outros, sem jamais me procurar em ti mesmo! Dá-me tua dor, reclina a cabeça cansada sobre o meu coração!... Muitas vezes, o meu poder opera na fraqueza humana. Raramente meus discípulos gozam o encontro divino, fora das câmeras do sofrimento. Quase sempre é necessário que percam tudo, a fim de me acharem em si mesmos”.

Emiliano estava inebriado. E a voz continuou:

“— Volta ao esforço diário e não esqueças que estarei com os meus discípulos sinceros até ao fim dos séculos! Acaso poderias admitir que permaneço em beatitude inerte, quando meus amigos se dilaceram pela vitória de minha causa? Não posso estacionar em vãs disputas, nem nas estéreis lamentações, porque necessitamos cuidar do amoroso esclarecimento das almas. É por isso que estou, mais freqüentemente, onde estejam os corações quebrantados e os que já tenham compreendido a grandeza do espírito de serviço. Não te rebeles contra o sofrimento que purifica, aprende a deixar os bonecos a quantos ainda não puderam atravessar as fronteiras da infância. Não analises nunca, sem amar. Lembra-te de que quando criticares teu irmão, também eu sou criticado. Ainda não terminei minha obra terrestre, Emiliano! Ajuda-me, compreendendo a grandeza do seu objetivo e entendendo a fragilidade dos teus irmãos”. (Xavier, 1982, p. 40)

6. A MENSAGEM DO CRISTO ATRAVÉS DO ESPIRITISMO

6.1. UM CONQUISTADOR DIFERENTE

A história está repleta de conquistadores: Sesóstris, em seu carro triunfal, pisando escravos e vencidos, em nome do Egito sábio; Nabucodonosor, arrasando Nínive e atacando Jerusalém; Alexandre, à maneira de privilegiado, passa esmagando cidades e multidões; Napoleão Bonaparte, atacando os povos vizinhos. A maioria desses homens fizeram as suas conquistas à custa de punhal e veneno, perseguição e força, usando exército e prisões, assassínio e tortura.

“Tu, entretanto, perdoando e amando, levantando e curando, modificaste a obra de todos os déspotas e legisladores que procediam do Egito e da Assíria, da Judéia e da Fenícia, da Grécia e de Roma, renovando o mundo inteiro. Não mobilizaste soldados, mas ensinaste a um punhado de homens valorosos a luminosa ciência do sacrifício e do amor. Não argumentaste com os reis e com os filósofos; entretanto, conversaste fraternalmente com algumas crianças e mulheres humildes, semeando a compreensão superior da vida no coração popular”. (Xavier, 1978, cap. 49, p. 261)

6.2. O ESPIRITISMO COMO REVIVESCÊNCIA DO CRISTIANISMO

De acordo com os princípios doutrinários do Espiritismo, Jesus foi o personificador da segunda revelação da lei de deus, pois a primeira viera com Moisés, no monte Sinai, onde recebera a tábua dos Dez Mandamentos. Como Moisés misturou a lei humana com a lei divina, Jesus veio para retificar o que de errado havia, como é o caso de transformar a lei do “olho por olho” e a do “dente por dente” na lei do amor e do perdão. A sua pregação da boa nova veio ensinar ao homem a lei de causa e efeito e da justiça divina, quer seja nesta ou na outra vida, ou seja, a vida futura. Allan Kardec, com o auxílio dos Espíritos superiores,  deu continuidade a esta grande obra de elucidação dos caminhos da evolução.

6.3. FESTA DE NATAL PARA OS ESPÍRITAS

Na noite em que o mundo cristão festeja a Natividade do Menino Jesus, os espíritas devem se lembrar de comemorar o nascimento da Doutrina Espírita, entendida como a terceira revelação, um novo marco no desenvolvimento espiritual da humanidade, em que todos os problemas, todas as dúvidas, todas as dores serão explicadas à luz da razão e do bom senso. Dentro deste contexto, a lei da reencarnação é um dos princípios fundamentais para o perfeito entendimento do sofrimento e da dor. De acordo com a reencarnação ou a diversidade das vidas sucessivas, temos condições de melhor vislumbrar o nosso futuro, que nada mais é do que uma continuidade daquilo que estivermos fazendo nesta vida. Optando pela prática do bem, teremos uma vida futura feliz; escolhendo o mal, teremos que sofrer as suas conseqüências, no sentido de nos adaptarmos à lei do progresso, que é inexorável. 

7. CONCLUSÃO

Jesus, através de seus emissários, está sempre falando conosco, no sentido de nos incentivar a amar cada vez mais o nosso próximo, independentemente de como este esteja nos tratando. Pergunta-se: que vantagem há em amarmos os que nos amam?

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE CULTURA. Lisboa: Verbo, [s. d. p.]

ESTADO DE SÃO PAULO. 21/12/1996

XAVIER, F. C. Roteiro, pelo Espírito Emmanuel. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1980.

XAVIER, F. C. Reportagens de Além-Túmulo, pelo Espírito Irmão X. 6. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1982.

XAVIER, F. C. Pontos e Contos, pelo Espírito Irmão X. 4. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1978.

São Paulo, dezembro de 1999.

Por Sérgio Biagi Gregório

Fonte: Ceismael

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

A vaca é sagrada na Índia, mas o país é o maior exportador de carne vermelha

A vaca é sagrada na Índia, mas o país é o maior exportador de carne vermelha

Segundo Departamento de Agricultura americano, país supera Brasil e Austrália graças ao abate de búfalos

por O Globo

RIO - O país onde a vaca é um animal sagrado exportou uma quantidade recorde de carne vermelha no ano passado. É isso mesmo. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, a Índia foi o maior exportador de carne bovina em 2014, ampliando a vantagem sobre outros líderes do mercado, como Brasil e Austrália.

A liderança indiana, de acordo com o site CNN Money, se deve ao fato de o país exportar grandes quantidades de carne de búfalo, um membro da família bovina e que é classificado como carne bovina pelas autoridades americanas. O comércio de carne de búfalo tem crescido rapidamente e já rende mais à Índia do que a exportação de arroz basmati.

A carne de búfalo — uma alternativa mais dura e barata do que a de boi — geralmente vai parar em pratos da Ásia e do Oriente Médio, onde o aumento da renda elevou a demanda por proteína animal.

Mas o papel da Índia no comércio mundial de carne é diferente do cenário doméstico. No país, de maioria hindu, o vegetarianismo é generalizado. A vaca é um animal sagrado no hinduísmo, seguido por 80% dos 1,3 bilhão de indianos. Além disso, há restrições ao abate de gado na maioria dos estados. Os búfalos, porém, geralmente estão de fora das limitações.

Ainda segundo o site CNN Money, esse comércio, que anualmente gera US$ 4,8 bilhões em exportações, cresceu sem querer, já que os búfalos são necessários para abastecer a crescente indústria de laticínios do país. A carne do animal é barata no país. E o crescimento da exportação do produto disparou a uma taxa anual de 30% entre 2010 e 2013.

Os principais importadores da carne de búfalo da Índia são Vietnã, que fica com quase 40% da produção, Malásia, Egito e Arábia Saudita. A China é o principal consumidor e boa parte do produto entra no país pela fronteira vietnamita.

Notícia publicada no Jornal O Globo, em 8 de agosto de 2015.

Jorge Hessen* comenta

Um leitor e amigo sugeriu-me comentar sobre a alimentação carnívora. A princípio não ignoro que a ingestão de carne deriva dos nossos vícios milenários de nutrição. Afirma-se que a nossa atual constituição física ainda depende da alimentação carnívora para a manutenção da saúde e, por consequência, da vida, pois a carne é proteína e proteína é necessária para boa formação muscular, inclusive a cardíaca. Contudo, sei que as substâncias que o nosso corpo necessita também podem ser retirados dos vegetais.

Sobre nossas carências vitamínicas e nutritivas, André Luiz narra que “encarecíamos, com toda a responsabilidade da ciência, a necessidade de proteínas e gorduras diversas, mas esquecíamos de que a nossa inteligência, tão fértil na descoberta de comodidade e conforto, teria recursos de encontrar novos elementos e meios de incentivar os suprimentos proteicos ao organismo, sem recorrer às indústrias da morte. Esquecíamo-nos de que o aumento de laticínios para enriquecimento da alimentação constitui elevada tarefa, porque tempos virão, para a Humanidade terrestre, em que o estábulo, como o Lar, será também sagrado.”(1)

É importante saber, a princípio, se a alimentação animal é, com relação ao homem, contrária à lei da Natureza? Os Benfeitores disseram a Kardec que em razão “da nossa constituição física, a carne nutre a carne, do contrário morremos. A lei de conservação nos prescreve, como um dever, que mantenhamos nossas forças e saúde, para cumprir a lei do trabalho. Temos que nos alimentar conforme exige a nossa organização fisiológica.”(2) Como vimos, o ser humano é onívoro(3) e inclui a necessidade de carne em sua alimentação. Foi o Criador que nos constituiu fisiologicamente necessitando de carne. O difícil é nos autoconvencer que não precisamos mais da carne.

Sem dúvida que a frase “a carne nutre a carne” justifica a alimentação carnívora sem remorsos. Porém, há os que defendem que podemos nos esforçar para diminuirmos a ingestão da carne paulatinamente. Para tais vegetarianos há indícios que a dieta carnívora potencializa o advento de inúmeras doenças que provavelmente têm menos expectativas de se alargarem em pessoas que fazem uso da dieta vegetariana, esse fato é um bom argumento para a abstenção, até porque, segundo sustentam, os Espíritos expõem que "permitido é ao homem alimentar-se de tudo o que lhe não prejudique a saúde”.(4) Os abstêmios da carne afirmam que há estudos sobre o risco cardiovascular em vegetarianos e onívoros. Constatou-se que a alimentação onívora, com excessos de proteínas e gorduras de origem animal, potencializa eventos cardiovasculares. Ao passo que as dietas na base de ovo, leite e vegetais ou só vegetais apresentaram menores riscos cardiovasculares.

Mas os cientistas alertaram que ainda é muito cedo para se estabelecer uma relação entre o consumo de carne vermelha e laticínios e o câncer de próstata, embora  disseram que as descobertas fornecem pistas para o estudo da ligação. Os abstêmios da carne afiançam que a adrenalina produzida no estresse da morte, as toxinas (lixo metabólico) e a ureia que circulavam no organismo quando o animal é morto se impregnam na carne. Fora os micro-organismos patogênicos: bactérias, vírus, protozoários  (nenhum boi ou porco faz check-up antes de morrer), lembrando que quase a metade da carne consumida no Brasil provém de abatedouros clandestinos, portanto as condições sanitárias são uma roleta-russa, porém com todas as balas no tambor.

Será que a prática do vegetarianismo é uma demonstração de evolução espiritual e ser onívoro é, por si só, um sinal de inferioridade? Respondo com Chico Xavier, que não dispensava um bife com arroz e feijão. Isso não é lenda, mas fato. Pela narrativa dos evangelistas, o próprio Cristo comia peixe. O Mestre nunca desaprovou alimento algum. Comumente recorria a figura do pastor e as ovelhas. Ora, indago, para que um pastor criava ovelhas? Seria só para adorno caseiro ou para engordá-las e em seguida abocanhá-las? Se tal situação fosse censurável perante a vida, o Galileu não usaria essa metáfora, pois o pastor seria pior que o lobo.

Sim, Jesus comia peixes, portanto comia carne (peixe não é alface), por isso Ele mesmo advertiu que o importante não é o que entra na boca do homem, mas o que sai dela. O que não significa aqui que a frase deva ser interpretada ao pé da letra e de modo extemporâneo para justificar o abuso da ingestão de carne, até porque o abuso é ilícito em tudo.

Apesar dos intransigentes e cansativos debates, não creio que comer carne possa acarretar expiações futuras. Contrariamente, a carne ainda serve de base alimentar para muita gente. E ainda mais porque a atual tecnologia tem produzido a carne em laboratório, isso sinaliza um futuro sem os matadouros que não serão mais necessários.

Sem adentrar no mérito sobre a decisão particular daqueles que não ingerem carne, recorro a Kardec quando inquiriu aos Espíritos se era importante abster-se o homem da alimentação animal, ou de outra qualquer, por expiação. Os Benfeitores explanaram que “era meritório se tal abstenção fosse em benefício dos outros. Aos olhos de Deus, porém, só há mortificação, havendo privação séria e útil. Por isso é que qualificamos de hipócritas os que apenas aparentemente se privam de alguma coisa.”(5)

A Doutrina Espírita não proíbe nada; orienta com o apelo que faz à razão. É uma questão de bom-senso! Se a “carne nutre a carne” nada me obriga a parar de comê-la? Até mesmo porque não são muitas as pessoas que se despojam de alguma coisa em benefício do próximo. Os motivos de alguns abstêmios da carne, raramente são convincentes; os discursos tangem para filosofias espiritualistas que não têm conexão com o Espiritismo.

Ressalte-se que os fariseus também não comiam a carne de porco e outros animais, que segundo eles eram impuras; também vestiam-se de branco e lavavam as mãos, mas não purificavam a alma. Eram sepulcros caiados por fora e por dentro eram cheios de podridão.

Em suma, como descreveria Herculano Pires (o metro que melhor mediu Kardec), espírita não faz “vestibular para santo”.

Referências bibliográficas:

(1) XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da Luz, ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2007;

(2) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed. FEB. 2001, perg. 723;

(3) O termo onívoro vem do latim omnis, que significa todos, e por isso alguns dizem que os onívoros são aqueles capacitados para consumir qualquer tipo de alimento. Seguindo a definição de que onívoro é o ser que se alimenta de carnes e vegetais, podemos dizer que o ser humano é onívoro, embora o hábito de comer carne seja mais ligado a fatores culturais, uma vez que o aparelho digestivo humano se assemelha mais ao dos seres herbívoros;

(4) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed. FEB. 2001, perg. 722;

(5) Idem, perg. 724.

* Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal aposentado do INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Natal na Federação Espírita Brasileira

Será realizado no dia 24 de dezembro o Natal na Federação Espírita Brasileira. Com início às 17h, no Cenáculo da FEB, o Encontro contará com música, palestra e muita reflexão, neste momento de paz e luz em homenagem ao Mestre Jesus. A FEB fica localizada na SGAN 603, Conjunto F Av. L2 Norte Brasília (DF). Informações: (61) 2101-6161
Será realizado no dia 24 de dezembro o Natal na Federação Espírita Brasileira. Com início às 17h, no Cenáculo da FEB, o Encontro contará com música, palestra e muita reflexão, neste momento de paz e luz em homenagem ao Mestre Jesus. A FEB fica localizada na SGAN 603, Conjunto F Av. L2 Norte Brasília (DF). Informações: (61) 2101-6161
ENCONTRO-DE-NATAL-FEB (1)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Parte 2 - Administrar Com Jesus

Administrar Com JesusReflexões organizacionais
(Parte 2)

André Henrique de Siqueira



Na
primeira parte deste artigo discutimos a importância da definição de uma missão institucional. Vimos que para definir a missão de uma organização é fundamental levar em conta que quando alguém perguntar coisas como “Para que serve esta instituição?”, “Qual o papel desta organização?” ou “Qual a função desta organização?” a resposta será dada pelo texto da declaração da missão. Este texto precisará ser claro o suficiente para que todos entendam o que a instituição faz de mais importante. Assinalamos que as instituições espíritas deveriam fundamentar as suas missões a partir do próprio objetivo do Espiritismo e que o papel fundamental da instituição espírita é promover o estudo, a vivência e a difusão do Espiritismo. Diante disso, na definição da missão de um centro espírita é necessário levar em consideração a própria função do Espiritismo como um instrumento de educação da espiritualidade humana.

Nesta segunda parte discutiremos a importância de se criar estratégias para promover o desempenho da instituição, o que significa garantir que ela cumpra a sua missão de forma eficaz (fazendo o que precisa ser feito) e de modo eficiente (conseguindo o melhor rendimento com o mínimo de erros e/ou dispêndios).

1. A CRIAÇÃO DE ESTRATÉGIAS PARA O DESEMPENHO NO BEM
A missão organizacional define qual é a função da organização na sociedade, mas é preciso destacar que cumprir com os seus objetivos institucionais é o maior interesse de uma organização. Para fazê-lo é necessário compor e realizar um conjunto de estratégias visando o melhor desempenho, o qual está relacionado a duas dimensões:
a) A Dimensão dos Objetivos – é uma dimensão que expressa o que se deseja fazer em termos qualitativos. Um objetivo institucional é uma declaração do que se pretende fazer para cumprir a missão da instituição. Por exemplo: Implantar um grupo de estudo sistematizado da doutrina espírita – é uma declaração de objetivo, considerando que o estudo do Espiritismo é parte da missão institucional da Casa Espírita.
b) A Dimensão das Metas – expressa o que se deseja realizar em termos quantitativos. As metas traduzem o que se pretende fazer em termos numéricos, em geral com vistas a um acompanhamento por indicadores. O motivo pelo qual se utilizam metas é para facilitar a avaliação do desempenho e possibilitar o acompanhamento de o quanto estamos realizando os objetivos. Por exemplo: Implantar 4 grupos de estudo sistematizado neste semestre – é a declaração de uma meta. Pode-se desdobrar a meta de modo a permitir um melhor acompanhamento. Veja este exemplo: Implantar 4 núcleos de evangelização para o atendimento de 300 famílias no ano. Neste exemplo a declaração numérica permite acompanhar a quantidade de núcleos implantados e a quantidade de famílias atendidas. É para isto que servem as metas: para uma avaliação numérica dentro de uma escala de parâmetros.
Um aspecto importante na definição das estratégicas para o desempenho é não trocar o essencial pelo acessório. A administração da Casa Espírita não é uma atividade baseada em cumprimento de atividades ou de metas, mas é uma atividade orientada para a educação do Espírito. Assim deveremos sempre focar o que é essencial e deixar o acessório como aditivo, sabendo abrir mão dele sempre que seja inoportuno ou comprometa os princípios, valores e interesses do que é essencial na Casa Espírita: a promoção da educação da alma à luz do ensinamento espírita.

Recordando que os objetivos centrais do Espiritismo dizem respeito à redenção humana nos planos individuais e coletivos é justo ponderar se devemos aplicar técnicas de administração humanas para atividades de cunho espiritual. Muitos companheiros expressam preocupações para que não se transforme o Centro Espírita em uma empresa nos moldes tradicionais, nas quais a preocupação com planos, projetos, processos e metas obscurecem o verdadeiro propósito de desenvolvimento da Educação Espiritual.

A ponderação é justa e deve ser considerada para que não se troque o que é essencial pelo que é circunstancial. Essencial é a Educação da Alma! O Centro Espírita é uma Escola do Espírito, um Hospital da Alma, um Templo de Amor e Justiça a expressar em diferentes práticas da Caridade incondicional para com a Humanidade em ambos os planos da Vida. Contudo, para cumprir o mister de Educar, Cuidar e Integrar o Espírito para a Vida imortal é necessário aplicara todos os recursos dos quais dispomos, pois a edificação dos valores imortais deverá ser a preocupação central de nossa existência. Daí transformar-se a instituição espírita em um empreendimento valoroso em cujo cumprimento devemos investir nossas melhores ferramentas e recursos.

Uma estratégia define as ações que devam ser tomadas para consolidar um objetivo ou manter o desempenho de um estado. Podemos definir estratégias para realizar um novo objetivo inédito – então criamos um projeto estratégico cujo papel é desenvolver algo de novo (inovação). Ou podemos criar estratégias para garantir o desempenho de um processo que realizamos continuamente. A definição das estratégias nos permite aprimorar o emprego de nossos esforços com vistas a obter-se os melhores resultados.

Diante disso, é forçoso reconhecer que no âmbito do trabalho espírita duas estratégias são fundamentais:
O Desenvolvimento da Instrução – que é a estratégia utilizada para ampliar o entendimento das Leis Divinas e melhor empregar os nossos esforços na prática da Justiça, Amor e Caridade em todas as circunstâncias da vida. Pela instrução desenvolve-se a compreensão, identificam-se oportunidades de progresso, explicam-se os fatores de harmonia ou perturbação. Por meio da Instrução ilumina-se a Razão para melhor compreender a Verdade, a expressar-se em nossos entendimentos transitórios que nos aproximam dela pela melhoria de nós mesmos.

O Desenvolvimento do Amor – que é a estratégia de construir o futuro buscando aprimorar o sentimento através do reflexo da Providência Divina em nossas atitudes. No exercício do amor ampliamos a nossa capacidade de compreender a vida pelas vias do sentimento. O Amor é a estratégia que investe no futuro. Quando agimos pelo amor, buscamos a construção dos valores imortais, o desenvolvimento das virtudes verdadeiras que nos tornam aptos para a vida na comunidade espiritual.

Em nossos esforços de planejamento das ações no Movimento Espírita deveremos sempre expressar estas duas estratégias, conscientes de que elas promoverão os melhores resultados para a Vida Espiritual.

Pensemos por um exemplo.

Considere a necessidade de desenvolver os objetivos de Estudo e Vivência da doutrina Espirita – elemento que faz parte da missão de qualquer instituição espiritista. Escolhemos como exemplo de uma Ação Estratégica – “Implantar reuniões de estudo sistemático da doutrina espírita”. Agora vejamos a aplicação das estratégias de desempenho conforme discutimos:

Figura 1 - Estratégias de Desempenho

Na figura 1 vemos representadas as dimensões qualitativas (objetivo) e quantitativas (metas) coordenadas com as estratégias de Instrução e Amor. Na dimensão qualitativa expressamos o quê desejamos realizar para cumprir a missão institucional através de uma Ação Estratégica. Na dimensão quantitativa estabelecemos indicadores numéricos que nos servirão de referência para acompanhar o desempenho dos objetivos traçados.
Depois de estabelecidas as estratégias de desempenho, é hora de realizar ações de gestão – que significa o emprego do conhecimento para promover os melhores resultados – de modo a obter o melhor desempenho. Esse será o tema da próxima parte deste artigo... Até lá.
12 de Dezembro 2015
Continua em breve - Parte 3...

domingo, 20 de dezembro de 2015

Seminário no Rio Grande do Sul


Seminário no Rio Grande do Sul

  

Acontecerá nos dias 30 e 31 de janeiro de 2016 no Ministério Público do Rio Grande do Sul, o Seminário "Sexualidade e os Desafios da Evolução".

 

Alberto Almeida e Maria Elisabeth Barbieri serão os facilitadores, abordando temas como pedofilia, homossexualidade, mediunidade e obsessão.

 

No sábado o evento ocorrerá de 8h30 às 18h30 e no domingo de 8h30 às 12h.

 

O Ministério Público do Rio Grande do Sul fica na Avenida Aureliano de Figueiredo Pinto, 80 -Centro, Porto Alegre/RS. Mais informações podem ser obtidas em www.fergs.org.br.

sábado, 19 de dezembro de 2015

Feira do Livro em Minas Gerais – de 19 e 22 de dezembro de 2015 – Ouro Fino/MG

 

Será realizado nos dias 19 e 22 de dezembro de 2015 no Éden Clube de Ouro Fino/MG a 5ª Feira do Livro Espírita.

O evento é promovido pelo Centro Espírita Antonio de Pádua. No primeiro dia acontecerá das 14h às 20h e no segundo das 18h30 às 22h. Levando um quilo de alimento não perecível ou um pacote de fraldas de bebê o participante pode trocar por um livro em boas condições de uso.

O Éden Clube fica na Rua Treze de Maio, 603 - Centro, Ouro Fino/MG. Mais informações podem ser obtidas através do telefone (35) 3441-5875.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Apelo aos Palestrantes: Menos Tecnicismo, Mais Simplicidade

artigo18122015Apelo aos Palestrantes: Menos Tecnicismo, Mais Simplicidade

Pedro Vieira

Querido amigo palestrante espírita,
A Doutrina Espírita é realmente apaixonante por sua organização, por sua clareza, por sua profundidade, mas também por sua aplicabilidade às diferentes situações da vida. Ela abre espaço para todos os tipos de abordagem: desde a pesquisa pura como ciência espiritual até a ação direta na caridade, passando pelos estudos participativos e pelas palestras de cunho mais expositivo.

Por que os Espíritos Superiores se deram ao trabalho de organizar esse maravilhoso compêndio de ensinamentos? De outra forma perguntando: quando o Espiritismo efetivamente cumpre seu papel: quando apenas gera teses ou quando transforma a vida do mundo para melhor?
O mundo atravessa um momento importante de disrupturas com posturas cristalizadas há séculos em 3 grandes eixos: com o meio ambiente, com a sociedade e consigo mesmo. As convulsões que vemos, os radicalismos, as doenças da alma, os descalabros sociais, refletem a ação da Lei de Destruição convidando o ser humano para um novo nível consciencial e de convivência nesses eixos, necessário para a construção de um mundo melhor.
E a Filosofia Espírita? Poderia ser uma alavanca, um guia, um suporte para ajudar a humanidade a entender e passar de forma mais efetiva e útil por essa crise? Certamente. Ela foi ditada com esse objetivo. Está sendo eficaz? Talvez, mas certamente há espaço de melhora. E parte desse espaço está nas suas mãos, caro palestrante!
É possível falar de perispírito para quem nunca ouviu falar de Espiritismo? E apresentar o capítulo de Astronomia Geral da Gênese para um público heterogêneo? Haveria possibilidade de falar sobre Mediunidade de Efeitos Físicos para crianças de 10 anos? Tudo isso é perfeitamente possível - embora não seja fácil.
É muito mais difícil sintetizar do que analisar. Aliás, os grandes gênios da humanidade foram os grandes sintetizadores, encontrando seu ápice no próprio Jesus, que trouxe as grandes verdades universais, cujos detalhes ele conhecia melhor do que ninguém, na forma de simples historinhas que o povo entendesse. Outros exemplos são encontrados na Ciência: prêmios Nobel como Einstein explicando a relatividade do tempo ou John Nash sua teoria econômica com situações cotidianas. Por que muitas vezes não vemos o mesmo esforço nas palestras públicas dos Centros Espíritas?
É preciso que haja o que corporativamente se conhece como "foco no resultado", ou seja, adaptar o processo para que o objetivo seja atingido. O que se espera de uma palestra pública? Que forme filósofos ou cientistas? Que sirva de demonstração de erudição do palestrante? Ou que as pessoas que ali estão saiam com alguma ideia nova, com algum motivo para reflexão, por menor que seja, de forma a melhorarem sua postura perante a vida? Será útil detalhar o modelo de deslocamento da cúpula perispiritual de Hernani Guimarães Andrade, ou o conceito de capacitância mediúnica de André Luiz para alguém que ainda não entende que existe o Espírito? Será que, num evento público e rápido como a palestra, perscrutar as estratificações perispirituais ou detalhar os nomes dos protagonistas e datas exatas de eventos históricos fará o que sofre e busca a Sociedade Espírita mais consolado, mais feliz? Ou será que há locais mais indicados para esse aprofundamento, como grupos de estudo?
O Espiritismo, caro amigo, é, antes, o Consolador Prometido. Seu codinome é também a indicação clara de sua missão. Ele pode ser também o Explicador Prometido? Claro. Para aqueles que desejarem mergulhar nos meandros da ciência do Espírito, ele tem vastíssimo material. Para os demais, deve ter sempre os braços, os ouvidos e os sorrisos abertos. Pela linguagem da fraternidade, do interesse, da orientação da existência da Vida Espiritual, a Doutrina Espírita poderá tocar os corações e despertar as mentes para quem resolve ficar e quem se vai.
Deixo algumas dicas a você para sua organização de uma palestra "espiriticamente eficaz":

  • Não leia. Converse.
  • Use o mesmo padrão de vestimenta da assistência. Não vá de terno aonde todos vão de chinelo. Nem o contrário.
  • Não faça referências a si mesmo.
  • Use menos citações e mais aplicações na vida prática.
  • Use metáforas do dia a dia.
  • Conceitue primeiro de forma simples, dê exemplos depois.
  • Escolha no máximo 4 ideias/palavras para serem lembradas de sua palestra. Deixe-as visíveis. É o número de informações que o cérebro consegue guardar em nível consciente.
  • Sempre que for mudar de tema, avise. Conclua o tema anterior e introduza o novo.
  • Prefira os termos mais conhecidos aos termos técnicos espíritas. Se for obrigado a usar um termo técnico, explique seu significado.
  • Mostre a conexão do tema com outros conhecidos ou recentemente abordados para facilitar a construção do modelo mental na assistência.
  • Use, mas não abuse de recursos tecnológicos. Se for usar slides, prefira imagens a textos.
  • Use o quadro branco para construir um pensamento encadeado deixando marcado o que é importante.
  • Se for usar vídeos, prefira os curtos (máximo 5 minutos). Eles não devem substituir sua palestra.
  • O humor ajuda a fixar ideias, seu abuso tem o efeito oposto.
  • Conclua sempre com uma mensagem de esperança e uma proposta de exercício interior de reflexão daquele tema.
  • Se possível, deixe espaço para perguntas, ​uma ou duas são suficientes.


A palestra é o ambiente de preparar o solo, não de plantar a árvore inteira. Bom trabalho!

27 de Novembro de 2015

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Tem um outro ser humano vivendo dentro de você?

Tem um outro ser humano vivendo dentro de você?

Você é a fusão de vários organismos, potencialmente, até uma pessoa

por Isabela Moreira*

Somos formados pelos genes dos nossos pais e das nossas mães, certo? Certo. Mas os cientistas Peter Kramer e Paola Bressan, da Universidade de Pádua, na Itália, sugerem que nós seres humanos somos ainda mais complexos do que parecemos.

“O verdadeiro valor de um ser humano pode ser encontrado no grau em que ele deseja alcançar liberação do ser”, disse Einstein certa vez. O que Kramer e Paola sugerem é que essa visão do ser pode ser mais abrangente, englobando vírus, bactérias, micróbios e, potencialmente, até outros humanos. Logo, os seres humanos não seriam indivíduos, e sim superorganismos. “Um grande número de diferentes indivíduos humanos e não-humanos estão brigando incessantemente por controle dentro de nós”, disse Kramer à BBC.

Ao divulgar o estudo “Humanos como Superorganismos” na publicação científica Perspectives in Psychological Science, os autores fazem diversos questionamentos, buscando fazer com que psicólogos e psiquiatras considerem que esse aspecto pode influenciar no nosso comportamento.

Um conjunto de micróbios que vivem no nosso intestino, por exemplo, pode produzir neurotransmissores que podem alterar nosso humor. Outros tipos de micróbios podem também estimular ou aumentar a possibilidade de sermos afetados por doenças mentais. Por isso é necessário prestar mais atenção nessas outras formas de vida dentro nós.

Há ainda a possibilidade da existência de outras vidas humanas dentro de nós. Para entender, pense em gêmeos conjuntos, que compartilham o cérebro. Ou gêmeos comuns, que também podem ter dividido órgãos sem perceber. Durante o desenvolvimento no útero, as células podem transitar entre gêmeos ou trigêmeos. Tanto que 8% dos gêmeos não-idênticos possuem não um, mas dois tipos sanguíneos diferentes: um produzido pelas células de um deles, e outros produzido pelas células do irmão. Esses casos são conhecidos na ciência como quimeras humanas, fazendo uma referência à criatura mitológica cujo corpo é a mistura de partes de vários animais.

Isso pode ocorrer de outras maneiras. Bem no início do desenvolvimento, dois fetos podem se unir dentro do útero, formando uma só pessoa que, por conta disso, carrega dois códigos genéticos. “Você tem a aparência de uma pessoa, mas tem as células de outra pessoa dentro de você. Efetivamente, você sempre foi duas pessoas”, explica Kramer. Relatos também indicam que existe a possibilidade de as células de um irmão ficarem dentro da mãe e, quando o outro filho estiver se formando, o corpo as passe adiante.

“Não podemos entender o comportamento humano considerando somente um ou outro indivíduo. Basicamente, devemos entender como ‘nós’ nos comportamos”, diz Kramer.

*Com supervisão de André Jorge de Oliveira

Matéria publicada na Revista Galileu, em 18 de setembro de 2015.

Claudio Conti** comenta

O controle da mente do hospedeiro por parte de um verme, por exemplo, não é tão incomum quanto possa parecer.

Existe um tipo de verme que é transmitido pelas fezes de pássaros e um tipo de caracol que se alimenta destas fezes. Assim, o caracol contaminado passa por uma alteração no corpo em decorrência da ação deste verme que eclode dos ovos por ele ingeridos; esta alteração leva o caracol a cometer suicídio, isto é, faz com que busque por locais altos nas árvores, passando a presas fáceis de pássaros. Desta forma, o ciclo do verme se mantém, atingindo a maturidade no organismo do pássaro e se reproduzindo, infestando as fezes que irão contaminar outros caracóis.

O artigo em análise é decorrente de um artigo original publicado no site da BBC, em inglês, cujo “link" é apresentado no próprio artigo. Neste artigo original, maiores detalhes são apresentados e encontra-se a descrição de um processo semelhante com ratos, no qual são induzidos a procurarem por gatos.

Todos os seres vivos são expressões do princípio inteligente, desde o menor até o maior, mantendo uma rede de relação psíquica entre todos os seres relacionados com uma condição de existência, no caso em questão, este mundo de expiações e provas, atual estágio evolutivo do planeta Terra.

Desta forma, por que não poderia acontecer com humanos?

A complexidade da vida em um mundo de expiações e provas vai muito além do que podemos imaginar, as possibilidades são infinitas, tanto em uma direção, a da harmonia, quando em outra, a da desarmonia.

Os humanos necessitam de muitos seres para a manutenção de sua vida orgânica, o corpo é mantido com o auxílio de seres menores, sem os quais a vida orgânica seria impossível. Assim, não se pode conceber uma via unidirecional apenas, pois o resultado de suas atividades se refletem nesta mesma organização física na qual o espírito se expressa.

Mantemos uma relação profunda com todos os seres da Criação, em vários níveis, sendo que, entre os afins, esta relação é muito mais estreita. Somente a saúde psíquica viabilizará que os espíritos mais evoluídos mantenham sua posição de condutores daqueles que se encontram na retaguarda, inclusive os denominados “seres inferiores da Criação”, pois, é fundamental a interrelação entre todos os seres que lutam nas lides encarnatórias.

** Claudio Conti é graduado em Química, mestre e doutor em Engenharia Nuclear e integra o quadro de profissionais do Instituto de Radioproteção e Dosimetria - CNEN. Na área espírita, participa como instrutor em cursos sobre as obras básicas, mediunidade e correlação entre ciência e Espiritismo, é conferencista em palestras e seminários, além de ser médium pscógrafo

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Pobreza também é um fenômeno psicológico, diz professor

Pobreza também é um fenômeno psicológico, diz professor

João Pedro Caleiro, de EXAME.com

São Paulo - Pela primeira vez na história, a parcela de pessoas que vivem em extrema pobreza no mundo ficou abaixo dos 10%, de acordo com o Banco Mundial.

Mais de 1 bilhão de pessoas saíram da pobreza extrema desde 1990. A meta da ONU (Organização das Nações Unidas) é erradicar o problema até 2030.

As armas para isso são bem conhecidas: crescimento econômico com distribuição de renda e programas sociais com garantia de acesso a serviços básicos.

Ao invés da suposta oposição entre "dar o peixe" ou "ensinar a pescar", os últimos estudos têm pensado a pobreza como um fenômeno de várias dimensões - inclusive a psicológica.

Não significa dizer que os pobres são culpados pela pobreza, e sim que ela molda o cérebro com certos incentivos difíceis de entender por quem nunca passou por ela.

Alguns exemplos: o que significa pensar no futuro quando você não sabe se terá o que comer amanhã? Qual é o valor do chamado autocontrole quando suas recompensas são incertas? Dá para fazer boas decisões com fome?

"Quem não é pobre tem o luxo de pensar em resultados de longo prazo porque suas necessidades imediatas já estão supridas; as pessoas pobres, não", diz o professor de psicologia americano Elliot Berkman.

Como diretor do Laboratório de Neurociência Social e Afetiva da Universidade do Oregon, ele estuda como o cérebro é parte da armadilha da pobreza e pode prejudicar até quem já conseguiu escapar dela.

Por e-mail, Berkman respondeu a algumas perguntas de EXAME.com. Veja a seguir:

EXAME.com - Quais são as diferenças na estrutura psicológica de pessoas pobres e não pobres?

Elliot Berkman - Não são diferenças na estrutura, e sim nos fatores salientes para quem é pobre ou não pobre e que contam nas suas decisões.

Quem não é pobre tem o luxo de pensar em resultados de longo prazo porque suas necessidades imediatas já estão supridas; as pessoas pobres não tem esse luxo, ou pelo menos não no mesmo grau.

EXAME.com - Por que é difícil para um indivíduo na pobreza praticar o auto-controle?

Berkman - Isso depende da sua definição de autocontrole. Uma definição comum entre psicólogos é escolher o longo prazo em detrimento do curto.

Um exemplo disso é ver o que uma pessoa faz com 5 dólares - ela gasta agora ou guarda para depois? Se alguém está faminto e gasta isso para comer agora, é correto chamar isso de falta de auto-controle? É essencialmente o que muitas sociedades fazem.

EXAME.com - Você diz que a pobreza faz as pessoas viverem sempre no "agora". Isso não é algo positivo?

Berkman - Entre pessoas de classe média ou alta, existe uma idealização da ideia de "viver no momento" baseado em práticas de atenção e consciência.

Mas este foco no presente deve ser voluntário e não forçado; caracterizado por uma abertura à experiência e não por uma luta constante para sobreviver ao dia.

E mesmo entre quem tem recursos suficientes para não precisar pensar na próxima refeição, o foco no presente não é sempre a melhor ideia. Algumas horas você precisa pensar no futuro e antecipar obstáculos.

EXAME.com - Você pode dar alguns exemplos de barreiras psicológicas que se fazem presentes mesmo quando as pessoas conseguem escapar da pobreza?

Berkman - Muitas são relacionadas ao aprendizado. Uma criança que cresceu pobre pode não saber como guardar dinheiro ou se planejar para o futuro.

Não é algo que se aprenda na escola. Se os pais não te ensinarem a criar uma conta de popupança para a faculdade, não há porque esperar que alguém saiba como fazer isso.

Atletas profissionais nos Estados Unidos são um bom exemplo: muitos cresceram pobres, e mesmo sendo espertos de forma geral, muitos acabam torrando quantias enormes de dinheiro simplesmente porque não sabem economizar e se planejar.

EXAME.com - Isso tem relação com o conceito de "exaustão cognitiva", a ideia de que as preocupações graves da pobreza consomem os recursos mentais e levam a decisões ruins, como mostram alguns estudos importantes?

Berkman - Talvez. A "exaustão cognitiva" ou "esgotamento do ego" é sempre demonstrada em laboratório e geralmente não é comparando pessoas pobres ou não pobres.

O esgotamento do ego pode ter mais a ver com manter algum equilíbrio entre "trabalho" e "diversão", ou com pessoas sentindo que já satisfizeram o experimentador e perderam a motivação de trabalhar duro.

Em contraste, pessoas pobres frequentemente tem muita motivação para trabalhar duro e ter vários empregos. É que elas colocam o foco na sobrevivência no momento presente ao invés do sucesso de longo prazo.

EXAME.com - O que pode ser feito, de uma perspectiva de política pública, para ajudar as pessoas pobres a superarem estes obstáculos?

Berkman - A resposta mais óbvia seria garantir que ninguém precise se preocupar se vai sobreviver até o final do dia, o que significa garantir para todos comida, abrigo e talvez até uma renda mínima.

Libertar as pessoas da preocupação da sobrevivência diária é a melhor forma de garantir que eles foquem no futuro.

Educação sobre orientação futura também é um bom plano: literalmente, ensinar as pessoas a pensar e planejar para o futuro já seria um grande avanço.

Matéria publicada em Exame.com, em 22 de outubro de 2015.

Jorge Hessen* comenta

O problema da pobreza é muito diverso e complexo. Talvez o ser pobre significa ter falta de segurança e estabilidade, portanto não é só uma questão de carência de dinheiro. O mundo atual tem alguns vencedores e muitos perdedores. Os pobres se encaixam na categoria dos perdedores, daqueles que não podem surfar na onda de mudança e que, de certa forma, são esmagados por ela.

A palavra “pobre” deriva do latim pauper, radicado em paucus (pouco). No conceito original, “pobre” não era o deserdado, mas o terreno agrícola ou gado que não produzia o suficiente. Sob outro ponto de vista, entre alguns grupos, especificamente os religiosos, a pobreza é considerada como necessária e desejável, e deve ser aceita para alcançar um certo nível espiritual, moral ou intelectual.

Nesse aspecto, o papa Francisco assevera que a Igreja deve articular com a verdade e também com o testemunho da pobreza. Não é possível que um fiel fale de pobreza e dos sem teto e leve uma vida de faraó. Na Igreja há alguns que, ao invés de servir, de pensar nos demais, se servem da Igreja. São os arrivistas, os apegados ao dinheiro. Quantos padres e bispos deste tipo já vimos? É triste dizer, não? Pronunciei o pontífice ao jornal holandês "Straatnieuws", de Utrecht.

A pobreza é considerada como um elemento essencial de renúncia por budistas e jainistas enquanto que para o catolicismo romano, como vimos acima, é um princípio evangélico e é assumido como um voto por várias ordens religiosas e é entendida de várias formas. A ordem franciscana, por exemplo, abandona tradicionalmente todas as formas de posse de bens. Neste caso, a pobreza voluntária é normalmente entendida como um benefício para o indivíduo, uma forma de autodisciplina através do qual as pessoas se aproximam de Deus.

O professor de psicologia Elliot Berkman, diretor do Laboratório de Neurociência Social e Afetiva da Universidade do Oregon/EUA, estuda como o cérebro é parte da armadilha da pobreza. As pessoas pobres frequentemente têm muita motivação para trabalhar duro e ter vários empregos porque colocam o foco na sobrevivência no momento presente ao invés do sucesso de longo prazo. Libertar as pessoas da preocupação da sobrevivência diária é a melhor forma de garantir que eles foquem no futuro. Afiança Berkman.

Para o Espiritismo, a pobreza, tal como a riqueza, nada mais é que uma prova pela qual o Espírito necessita passar, tendo em vista um objetivo mais alto que é o seu progresso. Deus concede, pois, a uns a prova da riqueza, e a outros a da pobreza, para experimentá-los de modos diferentes. A pobreza é, para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação.

Ao que nasce na pobreza é dado aprender o valor do trabalho árduo, resistir às tentações do ganho fácil, descobrir os valores reais do espírito, e não raro se vê entre os pobres as mais dignas demonstrações de solidariedade. Na pobreza aprendemos a nos compadecer dos males alheios fazendo-nos compreendê-los melhor.

É evidente que a desigual repartição de bens materiais, culturais e políticos exclui um vasto número de pessoas deserdadas dos processos de participação e consente a coexistência em formas inumanas de sobrevivência e de insignificante protagonismo social. Por isso mesmo, diante dos deserdados, a nossa primeira e obrigatória ação deve ser a do auxílio.

Mas primeiramente suavizemos o sofrimento dos pobres, abraçando-o fraternalmente, manifestando de tal modo o nosso sentimento de acolhida a fim de estabelecer o laço de confiança essencial e poder ajudá-los. Em seguida, nos informemos a respeito da situação transitória de seu sofrimento. Dessa forma, não cairemos nas armadilhas que consideram o pobre como “coitadinho’, não vendo nele as potencialidades de Espírito imortal e de indivíduo capaz de, com as devidas oportunidades, prover dignamente a própria existência.

Aliás, a síndrome do “coitadinho” é uma das moléstias oportunistas mais comuns da sociedade atual, onde muitos deserdados têm medo de encarar a vida de frente e de cabeça erguida, sendo maduros e responsáveis. A principal característica de uma pessoa que sofre da síndrome do “coitadinho” é colocar-se como “vítima” das circunstâncias, e como tal passa a ideia de que a culpa de sua pobreza é dos outros. Aliás, os arautos das ideias do socialismo ATEU adoram fazer isso!

Diante dos pobres, procuremos nos informar de suas lutas materiais e verifiquemos se a oferta de trabalho e de orientação espírita não será mais eficaz do que a aviltante doação da esmola em seu favor. Recordando aqui que a esmola dentro da lógica assistencialista é uma ação que atende a deficiência material sem o móvel educativo e que envilece a humanidade do sujeito, adestrando-o à condição da mendicância ou da dependência. Como tal, não atende ao projeto regenerador do Espiritismo para Humanidade.

Não se pode esquecer que a Lei do Trabalho e do Progresso, promulgada em O Livro dos Espíritos, relata justamente a importância de o indivíduo romper com o acomodamento e ultrapassar os obstáculos existenciais, o que inclui buscar sair também da penúria material (pobreza) através de seu esforço.

* Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal aposentado do INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.