sábado, 25 de fevereiro de 2017

Você sabia?!


"Quero matar um muçulmano", disse homem ao esfaquear passageiro em trem

"Quero matar um muçulmano", disse homem ao esfaquear passageiro em trem


Por iG São Paulo

Ataque a faca aconteceu na estação Forest Hill, no sul de Londres. Agressor foi detido no local pela polícia, que foi acionada por testemunhas; entenda

Um passageiro foi esfaqueado no trem em Londres, na Inglaterra, nesta segunda-feira (12). O esfaqueamento ocorreu na estação Forest Hill, ao sul da cidade. Passageiros e consumidores na região procuraram abrigo em lojas e pubs a fim de fugir do agressor, que corria pelas ruas com a faca em mãos.

De acordo com testemunhas, o homem esfaqueou múltiplas vezes o passageiro, que estava sentado no trem ao lado de sua esposa. Após o esfaqueamento, saiu correndo pela região da estação Forest Hill e gritava que "queria matar um mulçumano".

Por aproximadamente 15 minutos, o agressor aterrorizou pedestres próximos à estação, até que as autoridades chegaram ao local. Mais tarde, a polícia divulgou que o homem foi preso e está sob custódia por lesão corporal grave, que é a maior sentença por agressão na Inglaterra.

O agressor tinha a intenção declarada de agredir mulçumanos. De acordo com o jornal britânico "The Mirror", o homem gritava “quem é mulçumano? Eu quero matar um mulçumano” e “quem quer que seja mulçumano, eu vou te matar!”. Uma testemunha diz que ele chegou a apontar a faca para uma mulher com lenço no cabelo e perguntar onde estava seu marido.

O acontecimento, que foi batizado ‘o esfaqueamento de Forest Hill’, foi amplamente discutido nas redes sociais. As pessoas no local publicaram informações e imagens do ataque e da ação da polícia via Twitter, Facebook e Snapchat.


Ataques em trens europeus

O ataque em Forest Hill não é o primeiro deste ano. Em julho um jovem refugiado feriu cinco pessoas em um trem com um machado depois de supostamente gritar “Allahu alkbar” (Deus é grande, em tradução livre). O jovem foi detido pela polícia com um tiro e morreu no local.

Em agosto, foram dois ataques. O primeiro ocorreu na Suíça, quando um homem ameaçou e feriu passageiro com uma faca e, em seguida, ateou fogo ao trem. No total, seis pessoas foram feridas, entre elas uma criança. Em ambos os ataques, o Estado Islâmico declarou responsabilidade.

O segundo esfaqeuamento, apenas três dias após o ataque na Suíça, foi na Áustria. Um homem atacou dois jovens, de 17 e 19 anos, que foram levados ao hospital em estado grave. O agressor, que supostamente sofria de doença mental, foi morto durante sua fuga.

Notícia publicada no Portal Último Segundo, em 12 de dezembro de 2016.


Carlos Miguel Pereira* comenta

“Zaqueu, desce dessa árvore porque é preciso que eu me aloje hoje em tua casa.” - Jesus

Em tempos absurdos, é urgente lembrar a suprema lucidez. Quando julgávamos que bastaria educar as pessoas para a fraternidade, ouvimos o discurso do ódio repetido por responsáveis políticos de países que eram o símbolo da liberdade. Quando pensávamos que o derrube do muro de Berlim era o início de uma nova era de aproximação entre os povos, assistimos com estupefação ao levantamento de mais barreiras, ao encerramento de fronteiras, à proibição de acesso por razões relacionadas com a nacionalidade e religião. Em tempos não muito distantes, os Homens construíram muros à volta das cidades para se defenderem dos ataques dos salteadores e dos exércitos inimigos. Reclusos dentro dos seus cárceres sentiam-se seguros e invioláveis, mesmo reconhecendo que a maior fortaleza poderia ser vergada pela persistência de um grande exército. O tempo foi transformando as muralhas em vestígios arqueológicos, mas o Homem não extinguiu a necessidade de levantar novas barreiras que o protegessem do medo e da suspeição que as diferenças continuavam a provocar-lhe. Umas mais visíveis do que outras, em todas as paredes de segregação que foram e continuam a ser construídas, ficam gravadas as dores e os vícios morais que ainda nos atormentam como Humanidade.

“É preciso respeitar o direito à diferença” – ouve-se gritar de forma convincente. É uma afirmação tão óbvia que nem deveria ser preciso repeti-la tantas vezes, mas uma coisa são as palavras que se atiram ao vento e outra bem distinta é o que se faz com elas. Vivemos numa época em que a informação é global, abundante e propaga-se a velocidades impensáveis. Basta um toque num minúsculo botão para ficarmos em contacto com outra pessoa em qualquer lugar do planeta, acumulamos amigos virtuais com quem partilhamos mensagens, ideias e opiniões, as redes sociais ostentam os mais minuciosos detalhes das vidas privadas e daquilo que queremos que os outros saibam sobre nós. Poderia pensar-se que esta é uma época que potencia a comunhão fraternal e a igualdade, mas não é. Ao sairmos do virtual para o real, não pode deixar de ser com incredulidade e muita preocupação que em pleno século XXI assistimos ao aprofundar das desigualdades socias, ao crescimento das ideias nacionalistas, do racismo e do preconceito contra grupos minoritários, à proliferação de atitudes xenófobas em recintos desportivos e de criação de leis cada vez mais rígidas contra os emigrantes e refugiados. Isto significa que esta sociedade da nanotecnologia, e que se julga tão avançada, ainda se encontra cheia de medos e perversidades medievais que, reconhecendo virtualmente o direito à diferença, demonstra muita dificuldade em libertar-se da ignorância, da desconfiança e dos preconceitos. No fundo, parece que a diferença é tolerada se estiver bem escondida, delimitada por altas muralhas ou reduzida à sua dimensão superficial, mas o caso muda de figura quando ela é ostentada no cenário da vida quotidiana e passa a criar incómodos às convicções íntimas ou aos interesses instalados. Os tiques nacionalistas, mascarados de patriotismo, acicatam a desconfiança, alimentam o ressentimento, promovem a exclusão e vão reduzindo o sentido de dignidade que reconhecemos ao outro que é diferente, ou seja, o direito que lhe atribuímos para ser tratado, compreendido e respeitado em toda a sua humanidade.

Apesar do caminho percorrido, como indivíduos e sociedade, ainda há muito que caminhar em direcção à comunhão para com todos os que são, agem e pensam de forma diferente. Para alcançarmos esse objetivo seria necessário ter a coragem para galgar as fronteiras do nosso mundinho acanhado e bafiento, dos muros construídos pelo medo e pela ignorância. Muros que geram competição, ciúmes e dependências, que criam polaridades exaltando a urgência da posse, do poder e do domínio sobre os outros. Muros que têm retalhado o mundo entre o preto e o branco, o certo e o errado, o bom e o mau, o nosso e o deles, entre ricos e pobres, inteligentes e preguiçosos, evoluídos e sofredores, entre aqueles que são filhos de Deus e os que são meros enteados do criador. Muros que nos impedem de sentir o outro na sua singularidade, de tocar as suas dores, ambições e vontades, muros que não nos deixam compreender.

A vivência de uma espiritualidade saudável precisa empurrar-nos em direção à fraternidade para com todos. Uma fraternidade que salta das páginas dos livros, da complexidade das ideologias e dos cómodos mundos virtuais, e que vem concretizar-se pela aproximação ao outro e à sociedade, através de uma solidariedade que faz cada um sentir-se responsável por todos, de uma humildade que reconhece que não existem senhores nem privilegiados e em que todos os seres humanos têm os mesmos direitos e dignidade. “É urgente o amor!” Escreveu o poeta Eugénio de Andrade. É urgente não desistir de lutar pelos princípios de liberdade, igualdade e fraternidade que sustentam o mundo democrático. Em cada muro derrubado, em cada preconceito vencido, em cada lágrima que não seja chorada em solidão, em cada gesto de bondade arrancado ao egoísmo, em cada passo dado na compreensão da diferença, todos ficaremos mais próximos da humanidade real. Ficaremos mais perto da concretização do sonho a que um bondoso carpinteiro dedicou a sua vida: a fraternidade universal.

* Carlos Miguel Pereira trabalha na área de informática e é morador da cidade do Porto, em Portugal. Na área espírita, é trabalhador do Centro Espírita Caridade por Amor (CECA), na cidade do Porto, e colaborador regular do Espiritismo.net.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Cinquenta perguntas sobre o livro 'Nosso Lar' - 21 a 25

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21 – Temos uma lembrança rápida do passado ou devemos esperar algum tempo?
R. – Tudo vai depender do equilíbrio do Espírito. A lembrança de fatos sombrios nem sempre são úteis ao nosso aprimoramento espiritual. De qualquer forma, podemos ter acesso à Seção do Arquivo, no Ministério do Esclarecimento, onde podemos ler as nossas anotações particulares.
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22 – O que é o bônus-hora? Para que serve?
R. – "Bônus-hora é uma ficha de serviço individual, funcionando como valor aquisitivo". Quer os espíritos trabalhem ou não, todos têm direito a moradia e alimentação no mundo espiritual. Contudo, os que trabalham e ganham bônus-hora podem adquirir casa própria e melhores alimentos.
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23 – Qual a explicação de Lísias para a restrição à comunicação com os parentes terrenos?
R. – As queixas dos que ficaram estavam atrapalhando o desenvolvimento espiritual dos que lá estavam. Eles, no plano espiritual, não sabiam ouvir; ficavam envolvidos com os parentes em estado de sofrimento. Devemos ouvir, ajudar e passar, o que é difícil.
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24 – Até que ponto o apelo da colônia à paz terrena (Guerra de 1939) pode auxiliar o cessar fogo?
R. – "O Ministério da União Divina esclareceu que a humanidade carnal, como personalidade coletiva, está nas condições do homem insaciável que devorou excesso de substância no banquete comum. A crise orgânica é inevitável. Nutriram-se várias nações de orgulho criminoso, vaidade e egoísmo feroz. — Experimentam, agora, a necessidade de expelir os venenos letais".
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25 – Por que a curiosidade, mesmo sadia, pode ser perigosa?
R. – Podemos caminhar para vários assuntos sem nos prendermos a nenhum deles. Laura orienta-nos que o espírito de serviço deve sobrepujar o espírito de investigação. Diz: "Todos querem observar, raros se dispõem a realizar". 

Desenvolva o tema... Qual sua opinião? - Trocando ideia

Oi, Galera!
Retiramos o trecho abaixo de parte de uma exposição feita em um grupo de leituras diversas.
Por que retiramos? Porque o assunto é bem legal para desenvolvermos o tema, para trocarmos ideias e opiniões à luz da Doutrina Espírita e até mesmo para nossas reflexões de autoconhecimento e percepções de nós e do mundo.
Aguardamos a participação de você, beleza?!
Beijos e abraços

“(...)
Como a gente julga as pessoas pela aparência, pelo que está na superfície, sem se importar em como a pessoa é na realidade...

(...) como podemos cometer erros de julgamento e por vezes sermos muito intolerantes com pessoas que apenas precisam de uma chance, de atenção, de um segundo olhar para serem compreendidas. Que às vezes, com certas atitudes, elas estão apenas fazendo um apelo desesperado por ajuda, mas estamos tão iludidos coma aparência das coisas que acabamos deixando passar. E que, por muitas vezes, aquele que parece bom e íntegro na superfície pode ser um belo de um monstro disfarçado...

(...)”

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Artigo: CONHECIMENTO DO FUTURO E LIVRE ARBÍTRIO

CONHECIMENTO DO FUTURO E LIVRE ARBÍTRIO


Cláudio C. Conti
31/01/2017


O tempo é um tema para muito debate e questionamentos. É comum pensarmos no tempo como passado, presente e futuro sem, com isso, dedicarmos muito atenção do que se trata nem, tampouco, ponderar mais atentamente para o passado e futuro que se estendem de um ponto, o presente, para o infinito, porém, sentidos opostos. 


O que jaz atrás e à frente do presente? Onde foram aqueles momentos vivenciados que, muitas vezes nos trazem lembranças alegres ou tristes, mas que são capazes de causar palpitações no peito? 


Quanto ao futuro? O passado nós já vivemos e não existe mais, enquanto que o futuro também não existe, porém, ainda. 


A sensação é de que o tempo funciona como uma esteira rolante, levando o passado embora e trazendo o futuro? Porém, o futuro é trazido de algum lugar ou surge espontaneamente? 


Com relação ao futuro, Kardec questiona os espíritos na questão 868 de O Livro dos Espíritos: 



Pode o futuro ser revelado ao homem? 

“Em princípio, o futuro lhe é oculto e só em casos raros e excepcionais permite Deus que seja revelado.” 



É difícil de dizer se esta resposta dada pelos espíritos esclarece ou complica ainda mais, pois, somente poderá ser ocultado ou revelado algo que já exista. Ninguém poderá ocultar ou revelar o nada. Assim, pode-se concluir que, de alguma forma, o futuro exista. 


Contudo, ao se considerar que o futuro exista, surge questionamentos acerca da existência do livre arbítrio. Kardec apresenta longa explanação sobre o livre arbítrio em O Livro dos Espíritos: 



872. A questão do livre-arbítrio se pode resumir assim: O homem não é fatalmente levado ao mal; os atos que pratica não foram previamente determinados; os crimes que comete não resultam de uma sentença do destino. Ele pode, por prova e por expiação, escolher uma existência em que seja arrastado ao crime, quer pelo meio onde se ache colocado, quer pelas circunstâncias que sobrevenham, mas será sempre livre de agir ou não agir. Assim, o livre-arbítrio existe para ele, quando no estado de espírito, ao fazer a escolha da existência e das provas e, como encarnado, na faculdade de ceder ou de resistir aos arrastamentos a que todos nos temos voluntariamente submetido



Verifica-se, portanto, que o livre arbítrio existe e também está disponível para o espírito ao longo de sua encarnação, nas escolhas que faz ao longo da experiência carnal. 


Voltamos, deste modo, novamente à questão do tempo. 


O que é o tempo? 


Como esta pergunta ainda é de difícil resposta e na tentativa de tornar o tema mais fácil, podemos nos deter ao presente: O que é o presente? 


Podemos chamar o dia como presente? A hora? O minuto? O segundo? O cronômetro do meu celular mede centésimos de segundo, então o presente seria o milésimo de segundo? 


Talvez o presente seja apenas a linha divisória entre o passado e o futuro. Contudo, se o passado já não existe mais e o futuro ainda está por vir, o que é que o presente divide? 


Esta análise foi desenvolvida pelo filósofo Agostinho de Hipona no livro Confissões, ainda no Século IV.



Kardec torna a abordar o tema no livro A Gênese, Cap. XVI - TEORIA DA PRESCIÊNCIA, e aborda o conhecimento do futuro sob dois aspectos distinto: 1) Resultado de eventos em andamento e; 2) Eventos futuros que não guardam relação com os atuais. 


Com relação aos eventos em andamento, é fácil o entendimento de que a previsão do futuro é decorrente do que se observa, contudo, não é garantia de que realmente o evento previsto irá ocorrer realmente. Kardec entra na questão dos eventos que não guardam relação com os eventos em andamento e diz: 



“Se, agora, sairmos do âmbito das coisas puramente materiais e entrarmos, pelo pensamento, no domínio da vida espiritual, veremos o mesmo fenômeno produzir-se em maior escala. Os Espíritos desmaterializados são como o homem da montanha; o espaço e a duração não existem para eles”. 



Assim, verifica-se que a possibilidade de conhecer o futuro não é a condição de todos os espíritos, pois está diretamente relacionada com elevação espiritual. 


Na questão 27 d’O Livro dos Espíritos, onde Kardec questiona sobre os elementos gerais do universo, a resposta obtida apresenta considerações sobre o fluido cósmico diz que: “Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo (o fluido cósmico) com o elemento material, ele se distingue deste por propriedades especiais”. 


O capítulo VI, também do livro A Gênese, intitulado Uranografia Geral, Kardec aborda esta e outras questões relacionadas: o espaço e o tempo, a matéria, as leis e as forças, dentre outros. Tanto o tempo, quanto o espaço, forças, etc, são modificações do fluido, portanto, formados por fluido cósmico. 


O fluido cósmico, portanto, apresenta propriedades de expressão distintas da matéria daquela mais comum, a matéria. Assim, o tempo poderia ser considerado como uma expressão do fluido cósmico e, sendo fluido, poderá ser acessado pelo pensamento daqueles que apresentam a possibilidade para tal - os espíritos elevados. Portanto, o futuro pode ser acessado pelo pensamento. 


A nossa percepção de tempo e espaço são formas como o fluido cósmico se expressa e a ação do pensamento sobre este fluido dependerá, obviamente, do nível evolutivo do espírito. 


Livre arbítrio X fatalidade 


Kardec, em sua dissertação sobre o tema deixa o entendimento claro nas passagens extraídas do item 872 de O Livro dos Espírito: 



"…Ele pode, por prova e por expiação, escolher uma existência em que seja arrastado ao crime, quer pelo meio onde se ache colocado, quer pelas circunstâncias que sobrevenham, mas será sempre livre de agir ou não agir. Assim, o livre-arbítrio existe para ele, quando no estado de Espírito, ao fazer a escolha da existência e das provas e, como encarnado, na faculdade de ceder ou de resistir aos arrastamentos a que todos nos temos voluntariamente submetido.” 


"Contudo, a fatalidade não é uma palavra vã. Existe na posição que o homem ocupa na Terra e nas funções que aí desempenha, em consequência do gênero de vida que seu Espírito escolheu como prova, expiação ou missão. Ele sofre fatalmente todas as vicissitudes dessa existência e todas as tendências boas ou más, que lhe são inerentes. Aí, porém, acaba a fatalidade, pois da sua vontade depende ceder ou não a essas tendências. Os pormenores dos acontecimentos, esses ficam subordinados às circunstâncias que ele próprio cria pelos seus atos, sendo que nessas circunstâncias podem os Espíritos influir pelos pensamentos que sugiram.” 


"Há fatalidade, portanto, nos acontecimentos que se apresentam, por serem estes consequência da escolha que o Espírito fez da sua existência de homem. Pode deixar de haver fatalidade no resultado de tais acontecimentos, visto ser possível ao homem, pela sua prudência, modificar-lhes o curso. Nunca há fatalidade nos atos da vida moral."



Cláudio C. Conti
http://www.ccconti.com/Texto10/textos10.htm#continua

31/01/2017

Tema: O Espírita no Mundo

Expositor: Claudio C. Conti  

Tema: O Espírita no Mundo


clique aqui: O ESPÍRITA NO MUNDO


A militar que morreu após tratamento polêmico contra câncer com bicarbonato de sódio

A militar que morreu após tratamento polêmico contra câncer com bicarbonato de sódio


Giles Yeo e Tristan Quinn
De San Diego (EUA) para a BBC

Em maio de 2009, Naima Houder-Mohammed tornou-se capitã do Exército britânico. No ano seguinte, ela foi diagnosticada com câncer de mama, se tratou e foi considerada curada.

Mas, em 2012, enquanto treinava com a equipe militar de esqui, foi detectado que seu câncer havia retornado. Sua situação era tão séria que foi oferecido a ela um tratamento paliativo até sua morte.

"Ela se recusou a aceitar que era seu fim", recorda seu amigo e ex-companheiro de profissão, Afzal Amin.

"Naima era uma batalhadora. Ela lutou para entrar na academia militar e para se formar. Ela lutou por tudo em sua vida. Essa era apenas mais uma batalha em sua longa lista de vitórias."

Como suas opções médicas eram limitadas, Naima fez o que muitos fazem: recorreu à internet em uma busca de uma solução.

Isso a levou até Robert O. Young, autor de livros sobre Medicina alternativa que vendia uma mensagem de esperança para pacientes com câncer pela rede.

Naima começou a se corresponder por e-mail com ele, em uma história que revela o quanto a pseudociência pode ser usada para manipular quem se encontra em um estado vulnerável.

Young é autor de uma série de livros entitulada O Milagre do pH, que teve mais de 4 milhões de cópias vendidas ao redor do mundo. Seus textos explicam sua "abordagem alcalina" quanto à alimentação e à saúde, que já influenciou muitas pessoas.

Em um e-mail de Naima para Young em julho de 2012, ele diz a ela que "há uma maior necessidade de se concentrar em um regime diário focado em...espalhar alcalinidade pelo sangue."

"Sugiro que seu tratamento seja de ao menos 8 a 12 semanas. Não será fácil, mas você estará em um ambiente supervisionado em que receberá todos os cuidados necessários."

Naima foi em busca do dinheiro que precisaria para isso - em um e-mail, Young menciona o valor de US$ 3 mil (R$ 9,5 mil) por dia.

Sua família deu a ela suas economias, organizou eventos para arrecadar fundos e conseguiu dezenas de milhares de dólares com a ajuda de uma organização de caridade.

Mas o tratamento não teve o resultado que Naima esperava.

Em uma manhã ensolarada, nós fomos de carro até os arredores de San Diego, na Califórnia, para visitar Young em seu paraíso milionário conhecido como "Rancho do Milagre do pH".

Enquanto Young nos recebia, nosso olhar foi atraído por um aquário vazio incrustado na parede que separa a sala da cozinha. Ele notou nosso interesse e passou a compartilhar sua visão alcalina do mundo, começando pelo que chama de metáfora do aquário vazio.

"Se um peixe está doente, o que você faz? Trata o peixe ou troca a água?", disse ele, emendando em seguida: "Em seu estado perfeito, o corpo humano é alcalino por natureza."

O pH do nosso sangue é de 7,4, ou seja, ligeiramente alcalino. Então, em termos gerais, Young está certo - ainda que diferentes partes de nosso corpo, como o estômago, funcionem com diferentes níveis de pH.

Mas é a partir daí que a visão de uma "vida alcalina" de Young torna-se uma fantasia completa. Ele acredita que, para manter o pH de nosso sangue, devemos ingerir alimentos "alcalinos".

O principal problema é não levar em conta nosso estômago, que funciona com um pH de cerca de 1,5 e é a região mais ácida do corpo. Portanto, tudo que ingerimos, seja qual for seu pH, torna-se ácido antes de chegar ao intestino.

Além disso, a classificação de comidas como alcalinas e ácidas nessa dieta não parece seguir nenhuma regra consistente - certas frutas cítricas (repletas de ácido cítrico) são consideradas alcalinas, por exemplo.

No entanto, a visão de Young de que a alcalinidade é boa e a acidez é ruim vai além dos alimentos. Ele nos disse: "Toda doença pode ser prevenida controlando o delicado equilíbrio do pH dos fluidos do corpo".

Young acredita que, quando seu sangue se torna ácido, algo estranho acontece, e as células sanguíneas se transformam em bactérias - um fenômeno que ele chama de pleomorfismo - e geram uma doença.

Essa visão vai contra todo o conhecimento científico atual. Quando dissemos isso a ele, Young simplesmente discordou. "Germes nada mais são que a transformação biológica da matéria animal ou vegetal. Eles nascem a partir disso."

Isso é uma "pós-verdade".

O maior problema é Young acreditar que doenças surgem a partir da acidez e, portanto, podem ser revertidas por meio da alcalinidade - ecoando sua metáfora do aquário que você não trata a doença, você muda o ambiente em que ela se desenvolve.

Quando Young disse que Naima receberia cuidados em um ambiente supervisionado, ele se referiu a seu rancho, em que uma grande área foi convertida em uma "clínica" para tratamento de câncer.

Young nos disse que usa o termo "cancerígeno" como um adjetivo para descrever um estado de acidez.

Desde 2005, ele recebeu mais de 80 pacientes terminais em seu rancho. O tratamento feito ao longo de alguns meses inclui infusões intravenosas de uma solução alcalina feita com bicarbonato de sódio. Foi isso que ele ofereceu a Naima.

Não há dúvidas do impacto do e-mail de Young sobre a oficial britânica. Em resposta à oferta, Naima respondeu: "Em alguns meses, serei declarada curada".

"Naima estava muito confiante de que, com sua força de vontade e essa terapia, ela se curaria", disse seu amigo Afzal.

Dissemos a Young que uma pessoa em estado terminal como Naima, desesperada por uma cura, compraria qualquer coisa que ele dissesse, faria qualquer coisa para melhorar.

"Mas eu não estava vendendo nada a ela... Não a forcei a vir aqui, foi uma decisão dela", ele respondeu. Mas, em outro e-mail, Young insistiu para que Naima pagasse pelo tratamento antes de viajar para seu rancho.

Ao todo, Naima e sua família pagaram mais de US$ 77 mil (R$ 244 mil) a Young pelo tratamento.

"Médicos precisam ser pagos, as pessoas que fazem as massagens precisam ser pagas, assim como o material usado. Mas dei a ela o melhor preço possível" disse Young.

Não há qualquer evidência que infusões de soluções alcalinas na corrente sanguínea tenham qualquer efeito contra câncer. Diante disso, Young disse: "Isso precisa ser estudado".

Depois de cerca de três meses no rancho de Young, Naima piorou e foi levada para um hospital. Depois, viajou de volta para o Reino Unido, onde morreu junto à sua família. Ela tinha 27 anos.

"Eles se sentiram completamente traídos. É horrível que alguém possa explorar as pessoas. Acho isso o elemento mais perturbador de tudo: que, por dinheiro, ele destrua vidas", disse Afzal.

As atividades de Young em seu rancho não passaram despercebidas. Em 2011, o Conselho de Medicina da Califórnia começou uma investigação em segredo depois de uma mulher tratada no local manifestar suas preocupações.

Investigadores identificaram 15 pacientes com câncer que passaram por lá - nenhum deles sobreviveu.

Um deles, Genia Vanderhaeghen, morreu de insuficiência cardíaca congestiva - fluídos em torno do coração - enquanto era tratada. Young nos disse que estava "viajando" na época.

De acordo com documentos obtidos por nós, ela havia recebido 33 infusões intravenosas de bicarbonato de sódio, cada uma a um custo de US$ 550 (R$ 1,7 mil), ao longo de 31 dias. Algumas foram administradas pelo próprio Young.

No ano passado, Young foi considerado culpado de praticar medicina sem licença, e, agora, pode ficar até três anos preso. No julgamento, foi revelado que ele não é médico e que comprou seu diploma de PhD.

Perguntamos se ele sentia remorso pelo que fez. "Não, porque milhares ou até mesmo milhões de pessoas foram ajudadas pelo programa (da dieta alcalina)", Young respondeu.

Notícia publicada na BBC Brasil, em 23 de janeiro de 2017.


Claudio Conti* comenta

Os ensinamentos que Jesus deixou entre nós, há cerca de dois mil anos, continuam tão atuais quanto em sua época. Isto se deve ao fato de que os espíritos ligados ao mundo, no caso, à Terra, sempre se renovam. Assim, aqueles que se atentaram para o que foi dito e resolveram abandonar este tipo de prática, seguiram adiante com seu processo evolutivo. No entanto, outros permanceram no comportamento inadequado.

Este é um processo dinâmico. Enquanto uns se regeneraram, espíritos de outros mundos, necessitando da mesma orientação, se ligam à Terra; uns com o mesmo padrão de comportamento, enquanto outros, ainda sequiosos de facilidades, adotam as práticas inadequadas que observam.

Os ensinamentos de Jesus ainda são atuais em decorrência do fato de espíritos com necessidades equivalentes ocuparem o lugar dos que já aprenderam e partiram para mundos mais amenos.

No caso em questão, dentre tantos ensinamentos, podemos salientar aquele que diz:

"Tende cuidado para que alguém não vos seduza; - porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Eu sou o Cristo”, e seduzirão a muitos'.

"Levantar-se-ão muitos falsos profetas que seduzirão a muitas pessoas; - e porque abundará a iniquidade, a caridade de muitos esfriará. - Mas aquele que perseverar até o fim se salvará.

"Então, se alguém vos disser: O Cristo está aqui, ou está ali, não acrediteis absolutamente; - porquanto falsos Cristos e falsos profetas se levantarão que farão grandes prodígios e coisas de espantar, ao ponto de seduzirem, se fosse possível, os próprios escolhidos.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. XXI.)

Estas palavras de Jesus não devem ser aplicadas exclusivamente para as religiões, mas para tudo e qualquer coisa, pois sempre haverá alguém tentando convencer outros a irem em determinada direção, muitas vezes na contramão do bom senso, com promessas infundadas e, muitas, aloucadas.

Por outro lado, espíritos com este tipo de comportamento somente encontram campo para agir porque existem espíritos incautos que, de uma outra forma, buscam facilidades. Uma grande verdade é que o estelionatário aplica seus golpes naqueles que buscam ganho alto e sem esforços.

Assim, precisamos todos estar atentos para o próprio comportamento e verificar se estamos, de alguma forma, buscando facilidades além do aceitável e factível para não incorrermos no equívoco de sermos os exploradores ou explorados.

Assim, os falsos profetas encontram campo de ação nas religiões, medicina, economia, política, etc.

O eixo de referência para o espírita será sempre os ensinos destes espíritos que deixaram um grande legado, a Codificação Espírita, onde se encontra as diretrizes que norteiam para uma existência adequada e não sermos exploradores nem explorados.

Para nós, espíritas, verificamos que muitas vezes nos deixamos levar por promessas em que a Codificação diz o oposto. Desta forma, estejamos alertas, pois também há “falsos espíritas” pregando ideias equivocadas.

* Claudio Conti é graduado em Química, mestre e doutor em Engenharia Nuclear e integra o quadro de profissionais do Instituto de Radioproteção e Dosimetria - CNEN. Na área espírita, participa como instrutor em cursos sobre as obras básicas, mediunidade e correlação entre ciência e Espiritismo, é conferencista em palestras e seminários, além de ser médium psicógrafo e psicofônico (principalmente). Detalhes no site www.ccconti.com.

19ª Conferência Estadual Espírita (Pinhais/PR) - Tema central: “160 anos de Espiritismo na Terra”

Conferência Espírita no Paraná


De 17 a 19 de março de 2017 acontecerá no Expotrade Convention Center a 19ª Conferência Estadual Espírita.

O tema central é “160 anos de Espiritismo na Terra”. Na programação, palestras de Divaldo Franco, Alberto Almeida, Haroldo Dutra Dias e Sandra Della Pola.

O Expotrade Convention Center fica na Rodovia Deputado Leopoldo Jacomel, 10454 – Vila Amélia, Pinhais/PR. Mais informações podem ser obtidas em www.conferenciaespirita.com.br ou através do telefone (41) 3223-6174.

Seminário “A Moral Espírita em Tempos de Mudanças” (Itaguaí/RJ)

Seminário Espírita em RJ


Será realizado no dia 12 de março de 2017, a partir das 9h no Centro Espírita Amor, Verdade e Caridade, o Seminário “A Moral Espírita em Tempos de Mudanças”.

O facilitador será Cosme Massi - escritor, palestrante e estudioso da ciência e filosofia espíritas baseadas em Allan Kardec.

O Centro Espírita Amor, Verdade e Caridade fica na Avenida Itaguaí, 222 – Engenho, Itaguaí/RJ.  Mais informações podem ser obtidas através do telefone (21) 3313-6572.

Revista Espírita - Dezembro 1863 - São Paulo, precursor do Espiritismo


REVISTA ESPIRITA

JORNAL DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS

DEZEMBRO 1863

 

SÃO PAULO, PRECURSOR DO ESPIRITISMO.

 

A comunicação seguinte foi obtida na sessão da Sociedade de Paris, de 9 de outubro de 1863:

"Quantos dias se escoaram desde que tive a felicidade de me entreter convosco, meus muito queridos filhos! Também, é com uma muito doce satisfação que me reencontro no meio de minha cara Sociedade de Paris.

"Do que vos entreterei hoje? A maioria das questões morais foram tratadas por penas hábeis; no entanto, elas são de tal modo de meu domínio e seu campo é tão vasto, que encontrarei ainda alguns grãos de verdade a respigar. De resto, quando bem mesmo não fizer senão tornar a dizer o que outros já vos disseram, disso ressaltará talvez alguns novos ensinamentos, porque as boas palavras, como as boas sementes, trazem sempre seus frutos.

"Os livros santos são para nós celeiros inesgotáveis, e o grande apóstolo Paulo, que outrora tanto contribuiu para o estabelecimento do Cristianismo pela sua poderosa pregação, vos deixou monumentos escritos, que servirão não menos energicamente ao desabrochamento do Espiritismo. Não ignoro que vossos adversários religiosos invocam seu testemunho contra vós; mas isto não impede que o ilustre iluminado de Damasco não seja por vós e convosco, disto ficai bem convencidos. O sopro que corre em suas epístolas, a inspiração santa que anima seus ensinos, longe de ser hostil à vossa doutrina, é, ao contrário, cheia de singulares previsões tendo em vista o que ocorre hoje. É assim que, em sua primeira aos Coríntios, ensina que sem a Caridade não existe nenhum homem, fosse ele santo, fosse profeta, transportasse montanhas, que possa se gabar de ser um verdadeiro discípulo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como os Espíritas, e antes dos Espíritas, foi ele quem proclamou primeiro esta máxima que faz a vossa glória: Fora da caridade não há salvação! Mas este não é o único lado que se liga à Doutrina que nós vos ensinamos e que propagais hoje. Com essa alta inteligência que lhe era própria, previu o que Deus reservava ao futuro, e notadamente essa transformação, essa regeneração da fé cristã, que sois chamados a assentar profundamente no espírito moderno, uma vez que descreve na epístola já citada, e de maneira indiscutível, as principais faculdades medianímicas que chama os dons benditos do Espírito Santo.

"Ah! meus filhos, esse santo doutor contempla, com uma amargura que não pode dissimular o grau de aviltamento em que caiu a maioria daqueles que falam em seu nome, e que proclamam, urbe et orbi, que Deus outrora deu à Terra toda a soma de virtudes que esta era capaz de receber. E, no entanto, o apóstolo proclamava que, em seu tempo, não havia senão uma ciência e senão profecias imperfeitas. Ora, aquele que se lamentava dessa situação sabia, por isso mesmo, que essa ciência e essas profecias se aperfeiçoarão um dia. Não está aí a condenação absoluta de todos aqueles que condenam o progresso? Não está aí o mais duro revés para aqueles que pretendem que o Cristo e os apóstolos, os Pais da Igreja, e sobretudo os reverendos casuístas da Companhia de Jesus, deram à Terra toda a ciência religiosa à qual essa tinha direito? Felizmente o próprio apóstolo tomou o cuidado de desmenti-los antecipadamente.

"Meus caros filhos, para apreciar com seu valor os homens que vos combatem, não tendes senão que estudar os argumentos de sua polêmica, suas palavras acerbas e os desgostos que testemunham, como o Rev. Pé. Pailloux, que as fogueiras estão extintas, e que a Santa Inquisição não funciona mais ad majorem Dei glorian. Meus irmãos, tendes a caridade, eles têm a intolerância: são, pois, muito a lamentar; é porque vos convido a orar por esses pobres desviados, a fim de que o Espírito Santo, que eles invocam tão frequentemente, se digne, enfim, esclarecer sua consciência e seu coração."

FRANÇOISNICOLAS MADELEINE.

A esta notável comunicação acrescentamos as palavras seguintes de São Paulo, tiradas da primeira epístola aos Coríntios:

"Mas alguém me dirá: Em que maneira os mortos ressuscitarão, e qual será o corpo no qual eles retornarão?  Insensatos que sois! não vedes que o que semeais não retorna mais da vida, se não se move antes? e quando semeais, não semeais o corpo da planta que deve nascer, mas somente o grão, como do trigo ou de qualquer outra coisa. Depois de que Deus lhe dá um corpo tal que lhe agrade, e dá a cada semente o corpo que é próprio a cada planta. Toda carne não é a mesma carne; mas outra é a carne dos homens, outra a carne dos animais, outra a dos pássaros, outra a dos peixes.

"Há também corpos celestes e corpos terrestres; mas os corpos celestes têm um outro brilho do que os corpos terrestres. O Sol tem seu brilho, que difere do brilho da Lua, como o brilho da Lua difere do brilho das estrelas, e, entre as estrelas, uma é mais brilhante do que a outra.

"Ocorrerá o mesmo na ressurreição dos mortos. O corpo, como uma semente, é agora colocado na terra cheia de corrupção, e ressuscitará incorruptível. É posto na terra todo disforme, e ressuscitará todo glorioso. Ele é posto na terra privado de movimento, e ressuscitará cheio de vigor. Ele é posto na terra como um corpo animal e ressuscitará como um corpo espiritual. Como há um corpo animal, há um corpo espiritual.

"Quero dizer, meus irmãos, que a carne e o sangue não podem possuir o reino de Deusr e que a corrupção não possuirá essa herança incorruptível. (São Paulo, 1ª Ep. aos Coríntios, cap. XV, v. de 35 a 44 e 50.)

Que pode ser este corpo espiritual, que não é o corpo animal, senão o corpo fluídico do qual o Espiritismo demonstra a existência, o perispírito do qual a alma é revestida depois da morte? Na morte do corpo, o Espírito entra em perturbação; ele perde por um instante a consciência de si mesmo; depois recobra o uso de suas faculdades, renasce na vida inteligente, em uma palavra, ele ressuscita com seu corpo espiritual.

O último parágrafo, relativo ao julgamento final, contradiz positivamente a doutrina da ressurreição da carne, uma vez que disse: "A carne e o sangue não podem possuir o reino de Deus." Os mortos não ressuscitarão, pois, com sua carne e seu sangue, e não terão necessidade de juntar seus ossos dispersos, mas terão seu corpo celeste, que não é o corpo animal. Se o autor do Catecismo filosófico tivesse bem meditado o sentido de suas palavras, teria podido se dispensar de fazer o sábio cálculo matemático ao qual se entregou, para provar que todos os homens mortos desde Adão, ressuscitarão em carne e osso, com seu próprio corpo, poderiam perfeitamente estar no vale de Josafá, sem estarem muito incomodados (1(1) Catecismo filosófico, pelo abade de Feller, t. III, p. 83.)

São Paulo, pois, colocou em princípio e em teoria o que ensina hoje o Espiritismo sobre o estado do homem depois da morte.

Mas São Paulo não foi o único que pressentiu as verdades ensinadas pelo Espiritismo; a Bíblia, os Evangelhos, os apóstolos e os Pais da Igreja delas estão cheios, de sorte que condenar o Espiritismo é desautorizar as próprias autoridades sobre as quais se apoia a religião. Atribuir todos esses ensinos ao demônio é lançar o mesmo anátema sobre a maioria dos autores sagrados. O Espiritismo não vem, pois, destruir, mas, ao contrário, restabelecer todas as coisas, quer dizer, restituir a cada coisa o seu verdadeiro sentido.

 

 

Enviado por: "Joel Silva"

 

Reflexão... teu destino

"(...) teu destino está constantemente sob teu controle. Tu escolhes, recolhes, eleges, atrais, buscas, expulsas, modificas tudo aquilo que te rodeia a existência. Teus pensamentos e vontade são a chave de teus atos e atitudes, são as fontes de atração e repulsão na tua jornada vivencial. Não reclames nem te faças de vítima. Antes de tudo, analisa e observa. A mudança está em tuas mãos. Reprograma tua meta, busca o bem e viverás melhor."
- Francisco do Espírito Santo Neto - Um Modo de Entender: Uma Nova Forma de Viver. Editora Boa Nova.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão - A027 – Cap. 10 – Programação redentora – Segunda Parte


Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

A027 – Cap. 10 – Programação redentora – Segunda Parte

 
Aqueles conceitos penetravam-nos a todos, especial­mente no Chefe do Anfiteatro, que se mostrava cada vez mais triste, mais infeliz, não ocultando o sofrimento que o libertava dele mesmo, escravo das paixões séculos a fio.
Levantando-se, sem a soberbia de antes, o Dr. Teo­frastus arremeteu:
—  Mas isto aqui é uma Casa Espírita! Sou uma das Mentes encarregadas de combater a peçonha cristã, que teima em reaparecer com indumentária nova. Detes­temos esses aventureiros do corpo, que se atrevem inva­dir os domínios, que somente pertencem aos mortos.
—  Equivocam-vos, amigo — obtemperou amàvelmen­te o irmão Glaucus. — Não há mortos, e sim vivos. Encar­nados ou desencarnados somos todos Espíritos imortais, transitando numa ou noutra vibração, marchando, porém, na direção da imortalidade. O Cristianismo não teima em aparecer ou reaparecer: não desapareceu nunca, conquan­to as interpolações e desrespeitos de que foi vítima atra­vés dos séculos. Refletindo o pensamento do Cristo é a es­perança dos homens e o pão das vidas. Combatê-lo é en­venenar-se; persegui-lo significa dilatar-lhe os horizontes que se perdem nas fronteiras do Sistema Solar. Vã loucura da ignorância pelejar contra o conhecimento e da estultice investir contra a sabedoria... Jesus vive e vence, meu amigo. É tudo inútil e vós sabeis.
—  Não o sei — replicou, já combalido — mas o sinto. Ele me persegue inexoràvelmente. Não me deixa repousar; tortura-me em cada um a quem torturo; deses­pera-me em todos aqueles nos quais descarrego a minha sanha. Que tem Ele contra mim?
—  Ou que tendes contra Ele? — retrucou o Ben­feitor. — Jesus é o amor inexaurível: não persegue: ama; não tortura: renova; não desespera: apascenta! O amigo Teofrastus, sim, arvorou-se em Seu adversário e sofre as contingências da alucinação e da procrastinação do momento de entregar-se-lhe em total doação. Não te-mais, pois. A verdadeira coragem se manifesta, também, quando o ser reconhece o que é e o que possui, refazendo o caminho por onde deseja seguir, reunindo forças para retemperar o ânimo, e, qual criança, aprender o amor desde as suas primeiras lições.
—  Temo, sou constrangido a confessar.
—  O temor descende da consciência em culpa.
—  Tenho sido a expressão da força e da violência e aprendi a não confiar.
—  Jesus, porém, é a expressão do amor e sua não-violência oferece a confiança que agiganta aqueles que O seguem em extensão de devotamento.
—  Temo, porque creio... E crendo, sofro. Em todo o pelejar, mesmo odiando, nunca O bani da minha mente.
—  Nem poderíeis fazê-lo. O ódio é o amor que en­louqueceu...
—  Nos primeiros dias do século atual fui convocado a abandonar o solo da França para vir aqui operar, tendo em vista a transformação que se realizava neste país, ante o reverdescér do pensamento cristão, amortecido em toda a parte e revivente aqui pelo contacto com a - nossa Esfera de vida. Nosso grupo deveria encarregar-se de sitiar a mediunidade e os novos cruzados do Cristianis­mo, instaurando tribunal de punição e trazendo-os a nos­sos recintos, quando semidesligados pelo sono, para que as visões dos nossos cenários e das nossas operações di­versas pudessem infundir-lhes medo ou sedução, deixando nas suas lembranças as sementes do desejo, no culto do sexo, da ambição, no culto do dinheiro, da prepotência, no culto da vaidade. Em diversas sessões Espíritas, emis­sários nossos têm procurado penetrar, com o objetivo de semear ali a discórdia, multiplicar as suspeitas, irradiar o azedume e difundir a maledicência... E quando as circunstâncias facultam, mantemos o comércio pela in­corporação sutil ou violenta, conforme o paladar da le­viandade dos membros da Colmeia... Sem dúvida que temos conseguido boa colheita, principalmente no campo das agressões morais de vária ordem, em que os falsa-mente bons e os aparentemente honestos oferecem semi­nário favorável para as nossas mudas, que logo medram exuberantes, multiplicando-se facilmente. É evidente que o nosso acesso não se faz em todos os recintos, porque, alertados, muitos se mantêm em atitude de vigilância, coibindo-nos a interferência. Além disso, os seguidores do Cordeiro conseguem dispersar os nossos agentes, uti­lizando-se de processos muito eficientes. Como me pode­rei agasalhar numa Casa que tal? Como me liberarei dos compromissos com aqueles aos quais me encontro vinculado?
—  Ouvimos-vos com atenção — respondeu o Benfei­tor, lúcido e claro. — Embora não fossemos colhidos de surpresa ante o vosso informe, porque conhecíamos as tarefas do irmão Teofrastus, elucidamos-vos que esta Casa dispõe de defesas construídas em muitas décadas de santas realizações, merecendo do Plano Divino carinhosa assistência. Resguardada das forças agressoras, é agasalho e hospedagem abertos aos que sofrem, sob a direção do Cristo. Não há porque considerar compromis­sos senão com a Verdade. Os outros não podem ser de­nominados compromissos, mas conchavos da ignorância, destituídos de qualquer valor, pelos propósitos infelizes de que se revestem. Nossa destinação, meu amigo, é a Verdade. Como Jesus é o Caminho, não mais recalci­tremos.
Todos nos encontrávamos mergulhados na mais co­movente concentração. O duelo verbal entre a impostura e a verdade convincente aclarava-nos o espírito, alargando as percepções em torno da vitória dos altos propósitos e dos superiores desígnios.
A um sinal quase imperceptível, o irmão Saturnino deixara antes o recinto, atendendo à orientação do Ben­feitor Espiritual.
Naquele momento em que o silêncio se fizera natu­ral e quando a Entidade meditava, dominada por com­preensível inquietação do espírito em febre, retornou o Guia Amigo, trazendo, adormecida, qual criança agasa­lhada no afeto paternal, Ana Maria, que foi colocada ca­rinhosamente sobre alvo leito, reservado e vazio no re­cinto, desde o começo da entrevista.
Vendo-a, de inopino, o Dr. Teofrastus foi acometido de angustiante expectativa. O Benfeitor vigilante acal­mou-o com gesto delicado, após o que se aproximou da jovem adormecida e, tocando-lhe as têmporas, despertou-a com voz amiga e confortadora.
A leprosa circunvagou o olhar em torno, e, devida-mente acalmada pelo Instrutor, reconheceu o Dr. Teo­frastus. O olhar adquiriu brilho especial, alongou os bra­ços e, ante a aquiescência do Mentor, o antigo Mago es­treitou-a, com imensa ternura, envolvendo-a em ondas de afetividade e carinho.
—  Quanto esperei por este momento! — aludiu o antigo vingador.
—  Também eu, também eu! — retrucou a sofredora, em lágrimas.
—  Perdoa-me, Henriette...
—  Perdoar-te? Nosso dorido amor é maior do que tudo e por si só anula todas as aflições antigas. Sou eu quem te roga, Teo: ajuda-me e não me abandones mais! Eu sou a esperança quase morta e tu és o hálito do meu reviver. Não me negues a migalha da tua presença, haja o que haja. Levantemo-nos do torpor que nos aniquila a longo prazo e roguemos a Deus que nos resguarde de nós mesmos e nos ajude, a partir de hoje. Não supor­taria mais viver sem ti. Sonho, Teo, isto é um sonho! Estamos numa esfera de sonho em que me apareces des­figurado e triste. Porque demoraste tanto?
—  Perdoa-me! Por mais te buscasse, jamais reen­contrei-te. Não, não nos separaremos mais, nunca mais. Juro! Renunciarei a tudo, para experimentar a ternura das tuas mãos e a meiguice dos teus olhos. Ouve, Hen­riette-Marie, o que te irei falar... Escuta com atenção...
Não pôde prosseguir. O choro convulsivo desatou-lhe nalma e ele recuou, vencido, cambaleante, aos gritos, em atroada desesperadora.
O   Mentor amoroso aproximou-se e exortou-o ao equi­líbrio. Falou-lhe da significação do momento e das pou­cas reservas que possuía Ana Maria, recém-libertada da constrição psíquica do seu antagonista e necessitada de estímulo para aceitar os novos encargos de esposa e não, logo se lhe refizessem os departamentos fisiomentais, com vistas ao futuro. A palavra oportuna ajudou o ator­mentado a recompor-se.
Achegando-se à jovem, em espírito, o irmão Glaucus relatou:
       - Filha, hoje tem início etapa nova na jornada do teu espírito eterno. Embora o passado não esteja morto, todo ele deve ser esquecido. A construção do amanhã tem início agora. Sombras e receios, mágoas -e recrimi­nações devem ser superados e a eles se faz necessário antepor esperança e paz, fé e trabalho na reconstrução da felicidade que tem demorado. Muitas vezes, ou quase sempre, quanto nos ocorre é consequência do que reali­zamos. O nosso teto de albergue deve possuir sem dú­vida segurança e estabilidade para não ruir sobre as nos­sas cabeças. Longo tem sido o teu peregrinar e demo­rado o teu prazo de aflição corretiva. Jesus, porém, que não deseja a «morte do pecador», mas a sua redenção, faculta-nos, a todos, ensejos de resgate luminoso.
Fez uma pausa oportuna. A entidade acompanhava as palavras felizes do Benfeitor, buscando imprimi-las no imo dalma. Após breve silêncio, este prosseguiu:
—  O teu sonho de amor, esperado por largo período de tempo, que agora já passou, se concretizará... O nosso Teofrastus necessita, também, de recomeçar a experiên­cia, a benefício dele mesmo. Entre ambos, porém, medeia o impedimento dos estados em que permanecem. Enquanto, filha, jornadeias no corpo carnal, o nosso ami­go se encontra libertado dos fluídos fisiológicos. Ante, pois, a impossibilidade de uma comunhão matrimonial que a vida lhes não pode oferecer de momento, solicita­mos que lhe ofertes a intimidade orgânica para que ele recomece o caminho, na condição de filho da tua devo­ção e do teu carinho...
Ana Maria, sacudida por impulso inesperado, ajoe­lhou-se e, abrindo os braços, balbuciou:
—  Que se faça a vontade de Deus!
O   irmão Glaucus, utilizando-se da expressiva oca­sião, prosseguiu:
—  Tu, porém, filha, deverás oferecer ensejo a ou­tro ser que ama e padece, esperando compreensão e pie­dade. Trata-se de Jean Villemain, o infeliz sacerdote que, no pretérito, desencadeou todas estas aflições...
—  A ele, eu me recuso ajudar —, replicou a jo­vem. — Odeio-o com todas as forças. Como lhe pode­ria ser mãe?
—  O ódio, filha — considerou o Benfeitor —, somente desaparece na pira do sacrifício do amor. É certo que ele te fez sofrer em demasia; no entanto, a tua fe­licidade que agora tem início é, de certo modo, facul­tada porque ele te libera dos vínculos da rebeldia com os quais se ata a ti. Afastado para tratamento, senti­rás o benefício da saúde e da paz em retorno. Negar-lhe-ás a sublime oferta do recomeço, que a ti a Mise­ricórdia Divina, por sua vez, está concedendo? O teu seio, transformado em santuário maternal, receberá o amigo e o adversário e os terás como filhos diletos na forja do lar, sofrendo e amando, ajudando-os recíproca­mente para que transformem os floretes do duelo em arados do amanho ao solo da esperança, em cujos sul­cos sejam depositadas as sementes da paz.
A voz do Instrutor traía a emoção que o visitava. Como se recordasse serem os homens da Terra todos vítimas das paixões dissolventes, retomou a palavra e acentuou:
—  Jesus, embora nossa ingratidão, continua aman­do-nos. Quando na Cruz, conquanto escarnecido, esteve amando, e agora, apesar de propositadamente ignorado por milhões de seres, prossegue amando. Sigamos-Lhe, filha, o exemplo, e transformemo-nos em célula de amor, a fim de que as nossas construções se assentem em ali­cerces de segurança.
Ana Maria, em lágrimas, fitou o antigo afeto, que permanecia atoleimado, e, inspirada pelas forças supe­riores que saturavam o recinto, concordou:
Se o meu amor pode beneficiar o Teo e a mi­nha recusa a Jean pode ser fator de insucesso, em ho­menagem ao Amor de todos os Amores, aceito-o, tam­bém, como filho, e que Deus tenha piedade de nós...
O irmão Glaucus enlaçou a jovem mulher em terno abraço, e, tomando o Dr. Teofrastus no mesmo envol­vente gesto, rogou ao Senhor que os abençoasse, feli­citando-os com a concessão da união espiritual.
A jovem foi reconduzida de volta ao corpo, no La­zareto.
Depois de mais alguns estudos sobre a nova con­dição do irmão Teofrastus, este aproximou-se da porta e despediu os dois guardas, ficando combinado que ele se demoraria naquela Casa sob os auspícios dos Instrü­tores, até o momento em que seria encaminhado a uma Colônia preparatória para. a reencarnação futura, mes­mo porque outros trâmites no processo da desobsessão de Mariana requereriam sua presença.
Ante os sucessos daquela madrugada, o irmão Glaucus, sensivelmente comovido, orou a Jesus, em gra­tidão, e os trabalhos foram encerrados, depois do que, fomos reconduzidos ao lar.

 

QUESTÕES PARA ESTUDO E DIÁLOGO VIRTUAL

 

1.     Como podemos entender a presença de Jesus junto a Teofrastus que perseguia centros espíritas?

2.     Como Teofrastus em sua organização atuava junto a casa espírita?

3.     Ana Maria receberia como filhos tanto Teofrastus que amou, como um antigo perseguidor. Qual a importância da família para a redenção do Espírito imortal de acordo com a Doutrina Espírita?

 
Um abraço a todos!
Equipe Manoel Philomeno