sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Sintonia 035 - Espiritismo: A nova visão do 3° milênio


Desenvolva o tema...


Revista Espírita - setembro 1863 - Perguntas e problemas sobre a expiação e a prova

REVISTA ESPIRITA
JORNAL DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS
SETEMBRO 1863
 
PERGUNTAS E PROBLEMAS
 
Sobre a expiação e a prova.
Moulins, 8 de julho de 1863.
 
Resposta. - A distinção estabelecida pelo autor da notícia acima, entre o caráter da expiação e o das provas é perfeitamente justa, e, no entanto, não saberíamos partilhar sua opinião no que concerne à aplicação dessa teoria à situação do homem sobre a Terra.
A expiação implica necessariamente a idéia de um castigo mais ou menos penoso, resultado de uma falta cometida; a prova implica sempre a de uma inferioridade real ou presumida, porque aquele que chegou ao ponto culminante, ao qual aspira, não tem mais necessidade de provas. Em certos casos, a prova se confunde com a expiação, quer dizer que a expiação pode servir de prova, e reciprocamente. O candidato que se apresenta para obter um grau, sofre uma prova; se fracassa, lhe é preciso recomeçar um trabalho penoso; esse novo trabalho é a punição da negligência levada no primeiro; a segunda prova torna-se assim uma expiação. Para o condenado a quem se faz esperar um abrandamento ou uma comutação conduzindo-se bem, a pena é, ao mesmo tempo, uma expiação por sua falta, e uma prova para a sua sorte futura; se, em sua saída da prisão, não estiver melhor, a prova é nula, e um novo castigo trará uma nova prova.
Se consideramos agora o homem sobre a Terra, vemos que ele aqui sofre males de todas as espécies e freqüentemente cruéis; esses males têm uma causa; ora, a menos de atribuí-las ao capricho do Criador, é-se forçado a admitir que essa causa está em nós mesmos, e que as misérias que experimentamos não podem ser o resultado de nossas virtudes; portanto, elas têm sua fonte em nossas imperfeições. Que um Espírito se encarne sobre a Terra no seio da fortuna, das honras e de todos os gozos materiais, poder-se-á dizer que sofre a prova do arrastamento; para aquele que cai na infelicidade por sua má conduta ou sua imprevidência, é a expiação de suas faltas atuais, e pode-se dizer que é punido por onde pecou. Mas que se dirá daquele que, desde seu nascimento, luta com as necessidades e as privações, que arrasta a existência miserável e sem esperança de melhoria, que sucumbe sob o peso de enfermidades congênitas, sem ter ostensivamente nada feito para merecer uma semelhante sorte? Que isso seja uma prova ou uma expiação, a sua posição não é menos penosa, e isso não seria mais eqüitativo do ponto de vista de nosso correspondente, uma vez que se o homem não se lembra da falta, não se lembra mais de ter escolhido a prova. É preciso, pois, procurar em outra parte a solução da questão.
Todo efeito tendo uma causa, as misérias humanas são efeitos que devem ter uma causa; se essa causa não está na vida atual, deve estar na vida anterior. Além disso, admitindo a justiça de Deus, esses efeitos devem ter uma relação mais ou menos íntima com os atos precedentes, dos quais são, ao mesmo tempo, o castigo pelo passado, e a prova para o futuro. São expiações nesse sentido de que são a conseqüência de uma falta, e provas em relação ao proveito que dela se retira. A razão nos diz que Deus não pode ferir um inocente; portanto, se somos feridos, é que não somos inocentes: o mal que sentimos é o castigo, a maneira pela qual o suportamos, é a prova.
Mas ocorre, freqüentemente, que, a falta não se achando nesta vida, acusa-se a justiça de Deus, nega-se sua bondade, duvida-se mesmo de sua existência; aí, precisamente, está a prova mais escabrosa: a dúvida sobre a divindade. Quem admite um Deus soberanamente justo e bom deve-se dizer que ele não pode agir senão com sabedoria, mesmo nesse caso que não compreendemos, e que se sofremos uma pena, é que a merecemos; portanto, é uma expiação. O Espiritismo, pela revelação da grande lei da pluralidade das existências,- levanta completamente o véu sobre o que essa questão deixava de obscuro; nos ensina que, se a falta não foi cometida nesta vida, o foi em uma outra, e que assim a justiça de Deus segue seu curso nos punindo por onde nós pecamos.
Vem em seguida a séria questão do esquecimento que, segundo nosso correspondente, dá aos males da vida o caráter de expiação. É um erro; dai-lhe o nome que quiserdes, não fareis que não sejam a conseqüência de uma falta; se o ignorais, o Espiritismo vo-lo ensina. Quanto ao esquecimento das próprias faltas, não tem as conseqüências que lhe atribuís. Demonstramos em outra parte que a lembrança precisa dessa faltas traria inconvenientes extremamente graves, em que isso nos perturbaria, nos humilharia aos nossos próprios olhos e aos de nossos próximos; que nos traria uma perturbação nas relações sociais, e que, por isso mesmo, entravaria nosso livre arbítrio. De um outro lado, o esquecimento não é tão absoluto quanto se supõe; não ocorre senão durante a vida exterior de relação, no próprio interesse da Humanidade; mas a vida espiritual não tem solução de continuidade; o Espírito, seja na erraticidade, seja em seus momentos de emancipação, se lembra perfeitamente, e essa lembrança lhe deixa uma intuição que se traduz pela voz da consciência que o adverte do que deve fazer ou não fazer; se não a escuta, é, pois, culpado. O Espiritismo dá, além disso, ao homem um meio de remontar ao seu passado, senão nos atos precisos, pelo menos nos caracteres gerais desses atos que pesaram mais ou menos sobre a vida atual. Das tribulações que sofre, expiações ou provas, deve concluir que foi culpado; da natureza dessas tribulações, ajudado pelo estudo de suas tendências instintivas, e apoiando-se sobre o princípio de que a punição mais justa é aquela que é a conseqüência de sua falta, pode deduzir disso seu passado moral; suas más tendências lhe mostram o que resta de imperfeito a corrigir em si. A vida atual é para ele um novo ponto de partida; aqui chega rico ou pobre de boas qualidades; basta-lhe, pois, estudar a si mesmo para ver o que lhe falta, e se dizer: "Se sou punido, é que pequei," e a própria punição lhe ensinará o que fez.
 
        Enviado por: "Joel Silva"

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão - A023 – Cap. 9 – Reencontro com o passado – Primeira Parte


Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

A023 – Cap. 9 – Reencontro com o passado – Primeira Parte

 

Cercado por acólitos paramentados estranhamente, que se faziam secretários e selecionavam os casos para o Chefe, também se apresentava resguardado por entidades ferozes, em cujos semblantes, sulcados por fundos sinais de perturbação íntima, a hipnose produzira estados de alucinação e truculência. Incapazes de qualquer raciocínio, tais seres exteriorizavam a acuidade do animal que resguarda o sino e agride os menos vigilantes.

Dentre eles se destacavam os que foram vítimas de transformações nas sedes do perispírito, ali presentes possivelmente com a finalidade de criarem condicionamentos psicológicos de medo, nos consulentes menos avisados.

O irmão Glaucus, muito sereno, concitou-nos à prece muda e à preservação do estado espiritual de equilíbrio, fossem quais fossem os acontecimentos que, porventura, viessem a ocorrer, e nos manteve imediatamente atrás dos pequenos magotes que eram interrogados pelos acólitos.

O nosso grupo, unido, aguardava, enquanto o Sacerdote, a pequena distância, tomava atitudes e decisões, utilizando-se sempre do pavor de que se fazia fâmulo avaro para dominar e influir consulentes.

Uma Entidade de aparência cruel se destacou dentre os fâmulos atuantes, acercou-se do irmão Glaucus e indagou dos motivos da entrevista, e quem eram os participantes do conjunto.

O venerando Benfeitor elucidou com simplicidade que se tratava de Espíritos dos dois planos da vida, necessitados de ouvir o Dr. Teofrastus a respeito de grave problema de obsessão em andamento e para o qual somente ele possuía os recursos necessários. Aduziu que fora indicado por Guilherme, o moço holandês que antes era membro daquela agremiação.

Repassando o olhar de quase alucinado, fiscalizando-nos, como tentando descobrir além das palavras os motivos reais da entrevista, sacudido por espasmos da face, sucessivos, colocou-nos de lado, e prosseguiu no mister a que se dedicava.

Só então me foi possível reparar o Dr. Teofrastus, considerando a pequena distância que nos separava. O rosto cruel, adornado de barba rala, à oriental, em torno de lábios grossos em rito de permanente ira, nos olhos avermelhados e grandes, algo fora das órbitas, ameaçadores, zigomas salientes, testa larga e cabeleira abundante, era a encarnação clássica do pavor.

Como se adivinhasse a minha observação discreta, ele desviou o olhar da chusma que atendia e cravou nos meus os seus olhos, com interrogação forte e dura, fazendo-me baixar a vista, perturbado. O irmão Glaucus, que observava o acontecimento, advertiu-me, delicado:

— Estamos em tarefa do Senhor. Todo o cuidado é indispensável para o êxito do empreendimento. Curiosidade agora é, também, desconsideração ao compromisso. Tenhamos tento!

Com a oportuna observação, convocou-me, caridoso, ao recolhimento, à prece. Atendidos os que se encontravam à frente, foi chegada a nossa vez. Ficamos um pouco mais atrás, enquanto o irmão Glaucus, representando a equipe, humilde e nobre, falou sem preâmbulos:

— Senhor, aqui estamos indicados por Guilherme, o neerlandês que há pouco tempo se despediu desta Organização, rumando em direção do corpo.

O mago ergueu o sobrolho carrancudo e penetrou com dura expressão os olhos do Benfeitor, procurando devassar-lhe o íntimo do espírito.

Um dos asseclas aproximou-se e confidenciou alguma observação.

A pausa oportuna, proposital, era dirigida no sentido de criar melhor recepção no ouvinte silencioso, de expressão ferina.

Prosseguindo, elucidou o nosso condutor:

— Ocorre que nos encontramos em perfeita identificação com Guilherme, que vos tem servido com dedicação, buscando-vos nesta oportunidade para falar-vos sobre Henriette, que sabemos vinculada ao vosso coração, desde há muito...

— Henriette Marie de Beauharnais? — Inquiriu, quase fulminado por forte raio de ódio.

— Sim, Senhor — confirmou, imperturbável o Irmão Glaucos.

A entidade levantou-se do trono ridículo e avançou furioso, como se fosse aniquilar o informante, que continuou sereno, confiante. Em chegando ao lado do Instrutor, que revelava no semblante marmórea palidez, estancou o passo e, erguendo o simulacro de cetro, golpeou o piso reiteradas vezes, ameaçando com voz soturna, atitude essa que impôs alarmante silêncio no Anfiteatro, que ainda se mantinha com alguma algaravia. Todas as atenções se concentraram em volta dos dois parlamentadores e as Entidades mais infelizes da coorte aproximaram-se em atitude ameaçadora, cercando o Chefe dolorosamente vitimado pela irascibilidade.

— E que deseja informar-me que porventura eu não saiba? Ignora quem sou?

— Esbravejou, compreensivelmente revoltado.

— Sabemos, sim, Senhor — prosseguiu o Mensageiro. — Ocorre, porém, que considerando a magnitude do assunto, que viemos tratar, muito agradeceríamos se pudéssemos ser ouvidos a sós, sem os circunstantes... Somos portadores de notícias que somente à vossa autoridade devemos confiar...

Depois de expressivo silêncio, arrematou:

— Henriette necessita do vosso socorro...

O Espírito ferido pela inesperada surpresa, estrugiu cruas exclamações e gritos, dando ordens diversas, simultâneas, e segurando o irmão Glaucus violentamente, ordenou, rouquenho:

— Venha comigo!

O Benfeitor não opôs qualquer resistência e o seguimos.

Os demais membros do grupo foram cercados pelos sequazes do Chefe e conduzidos à parte dos fundos do Anfiteatro, para onde ele rumara com o nosso Mentor.

A sala de amplas proporções era decorada em tons fortes e sombrios em que bruxuleavam luzes de tonalidades chocantes - Aquele era o gabinete do vigoroso espírito das sombras, temido e detestado.

Sentando-se em cadeira colocada em posição de destaque, ordenou:

— Estou aguardando as informações.

Imprimindo à voz inflexão nobre, sem qualquer afetação, o Instrutor esclareceu:

— Dedicamo-nos ao serviço de socorro aos padecentes, em nome de Jesus, e...

— Jesus? Esta é minha casa — estrugiu o truculento Espírito. — Aqui, esse nome é maldito, detestado. Como se encoraja a dizer-me que se dedica a socorrer os padecentes diante do Chefe da Casa da Justiça?

Avançou feroz, espumejante, como se desejasse destruir aquele que o enfrentava, sentindo-se, no entanto, impossibilitado de fazê-lo.

— Não desejamos desafiar a força do nobre doutor Teofrastus, que conhecemos, e a quem aprendemos a respeitar como sendo instrumento da Vida e da Verdade — evidenciou o Mensageiro humilde. — Ocorre, no entanto, que não poderíamos trair os objetivos desta entrevista, se falamos ao Comandante destes sítios, em nome da Verdade mesma, sim, mas sobretudo da Misericórdia e do Amor.

Erguendo o olhar lúcido, o Instrutor, concentrado em Jesus e utilizando todo o potencial das suas forças magnéticas e hipnológicas, enfrentou a vibração em crispas exteriorizadas pelo interlocutor, como se naquele entrechoque de forças a corrente do amor vencesse as descontroladas energias do ódio e da animosidade, dando continuidade à narração:

— Visitando perturbados espirituais, encarcerados no corpo, identificamos, há pouco tempo, Henriette, em doloroso processo de vampirização, vitimada por elementos desta Organização, e por isso...

— Desta Casa? Estarei ouvindo corretamente? —Indagou, interrompendo, abrupto

— Henriette, vítima de nossa Organização? E que o induz a pensar que me interessa a vida de qualquer pessoa, da Terra, somente porque é supostamente Henriette-Marie de Beauharnais? Quem o informou de que eu poderia ter algo a ver com essa personagem?

— Ela mesma — redarguiu o Mentor, tranquilo. —Assistindo-a com recursos magnéticos, conseguimos fazê-la recordar o passado, para fixar-lhe socorros, e, enquanto narrava o próprio drama, evocou o imenso amor que dedicou à sua pessoa, nos idos do século 15, antes de funesto acontecimento..

O Dr. Teofrastus, colhido intempestivamente pela informação segura e indiscutível, ergueu-se outra vez, de um salto, e, apoplético, segurou com mãos de aço o narrador, indagando, descontrolado:

— Onde se encontra ela? Que lhe aconteceu? Que foi feito da sua vida? Leveme até à sua presença imediatamente. Desejo averiguar.

— Não posso, amigo. Não depende de mim e sim de vós. Esta a razão da entrevista que estamos mantendo. Desejamos concertar o meio de conciliar os objetivos elevados a que todos nos propomos, de modo a regularizar situações em desalinho, de cujo labor resultem os benefícios de que temos necessidade.

— Mas eu sou um dos Gênios do Mal, e as minhas medidas diferem das suas — estrondou, ofegante. — Represento a Justiça e odeio a Misericórdia. Desperto cada consciência criminosa para o relho da punição. Nunca defrontei nem usei a piedade ou a comiseração. Sou vítima do Cordeiro e O odeio... Não há, pois, termo de conciliação entre nós. Sinto-me, portanto, obrigado a extirpar-lhe a confissão através dos meus métodos, que certamente não lhe são desconhecidos.

— Sim, certamente os conhecemos — assentiu, o Benfeitor. — Convém, todavia, considerar que, antes de tomarmos a atitude de procurar-vos o local de dominação, examinamos as diversas possibilidades de vitória e fracasso, concluindo pela primeira hipótese, tendo em vista que não vimos aqui solicitar, mas oferecer em nome do Doador Supremo da Vida, de Quem não nos evadiremos indefinidamente. Afirma o Dr. Teofrastus que foi vítima do Cordeiro, e sabe que a informação não confere com o fato. As diretrizes do Cordeiro jamais foram compatíveis com os processos da Inquisição Católica, como não são concordes com os métodos da Justiça de Deus esses da justiça aplicados pelas vossas mãos. Quanto à ameaça de arrancar-me as informações que deseja, por métodos incompatíveis com os intuitos deste encontro, concluímos pela inexequibilidade, já que a nossa presença informa do interesse que temos de ofertar os esclarecimentos sem qualquer pugna que gere uma situação infeliz entre nós ambos.

— Mas eu posso reter os participantes da sua embaixada nos meus domínios, nos quais sou senhor absoluto — baldoou, soberbo.

— Não discuto a posição relativa do Chefe — clarificou o irmão Glaucus. — Desejamos, porém, lembrar-vos de que o poder, de que falais, vem todo ele do Alto, de Deus, desde que ninguém é o dono da vida, senão Ele. Quanto a ficarmos retidos em vossas mãos, isto somente viria a acontecer se essa for a vontade dEle, e, sendo, submetemo-nos humildemente, tendo em vista poder servi-Lo em qualquer lugar e em toda situação, por mais embaraçosa nos pareça.

Lágrimas nos orvalharam os olhos. A linguagem desataviada e franca do Benfeitor, a atitude firme e humilde testemunhavam as mil necessidades de porfiarmos na verdade sempre, em nome do Senhor.

O Dr. Teofrastus, vencido pela lógica irrefutável do visitante, dissimulou a ira que o empolgava e, embora continuasse arrogante, inquiriu:

— Que deseja, afinal, de mim?

— Que me ajudeis a libertar Henriette.

— Como eu poderia fazê-lo?

Se nos acompanhásseis ao recinto de provações e dor em que se encontra, vencida e arquejante sob implacável revel, que a dilacera, vencedor...

— Sigamos, então, sem delongas.

— Recordamos ao nobre Dr. Teofrastus que seguiremos em missão de misericórdia e que os métodos junto ao verdugo que a infelicita serão os vigentes nas leis de amor, conforme ensinados por Jesus-Cristo...

— Não percamos tempo com discussão inútil. Adiante!

Convocando dois guardas que se encontravam postados fora do recinto, confidenciou algumas instruções. As demais entrevistas foram suspensas, e, abrindo caminho entre os sofredores que ainda se encontravam no recinto, acompanhamos o antigo Mago na direção dos veículos que nos aguardavam à porta.

Transcorridos 15 minutos, aproximadamente, chegamos a velho casarão, de aspecto apavorante pelo abandono a que se encontrava relegado, e penetramos pelo imenso portão de entrada. O trânsito de desencarnados de aparência lastimável era muito grande. Encarnados em desprendimento parcial pelo sono apresentavam-se agitados, semiloucos. Saturnino que nos assistia mais de perto, a mim, a Petitinga e ao médium Morais, informou que nos encontrávamos num Lazareto, que albergava mais de 200 portadores do mal de Hansen. Odor nauseante e forte empestava o ar e densas nuvens originadas pelas vibrações carregadas de revolta e desespero ofereciam o aspecto das regiões infelizes do Mundo Espiritual Inferior, em que muitos se reeducam pelo sofrimento.

 

QUESTÕES PARA ESTUDO

1 – O benfeitor Glaucus ao conversar do Dr. Teofrastus identifica-se a trabalho de Jesus-Cristo, provocando a ira do mago... Por que o mago não conseguiu se impor ao benfeitor?

 

2 – Por que Dr. Teofratus se interessou pelo pedido do benfeitor?

 

3 – O mago acreditava que aplicava a Justiça em seu anfiteatro e o benfeitor Glaucus discordava de tal afirmação... Em que se diferenciava o conceito de Justiça para o Glaucus e Dr. Teofrastus?

 

Bom estudo a todos!!
Equipe Manoel Philomeno

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Nos Domínios da Mediunidade - Cap. 12 - Clarividência e clariaudiência


Pesquisadores em MG avaliam efeitos do passe espírita na medicina

Pesquisadores em MG avaliam efeitos do passe espírita na medicina

Estudo foi realizado com pacientes internados em hospitais de Uberaba. Conselho Regional de Medicina informou que não há nada confirmado.
Do G1 Triângulo Mineiro com informações do MGTV
Pesquisadores de duas universidades de Uberaba avaliaram os efeitos do passe espírita em pacientes internados em hospitais. As pesquisas foram feitas por médicos, estudantes de medicina, profissionais da área da saúde e voluntários de centros espíritas da cidade. Depois de três anos de estudo, o grupo chegou à conclusão de que a prática é considerada uma terapia complementar à medicina convencional.
A pesquisa consistiu em doação de passes em pacientes internados em diversos hospitais da cidade. Todo o processo foi feito com a autorização dos pacientes, que receberam a bênção espírita, além dos familiares.
Segundo a pesquisadora e integrante da Associação Médico Espírita, Élida Mara Carneiro, após três anos de estudo, os resultados foram surpreendentes.
“Nosso objetivo principal é comprovar cientificamente os efeitos do passe espírita na saúde dos indivíduos, tanto recém-nascidos como em adultos. Nós tivemos como resultados nos recém-nascidos uma diminuição da frequência respiratória, um aumento das células de defesa, dos linfócitos, das plaquetas, ou seja, uma alteração na resposta hematológica, inclusive diminuiu as complicações e o tempo de internação dos recém-nascidos", explicou a pesquisadora.
O trabalho científico deverá ser publicado em breve em uma revista internacional da área médica. Uma das pesquisas já foi publicada, no fim de agosto, numa revista americana especializada.

A pesquisa
Ao todo, 81 pacientes foram convidados a participar da pesquisa, sendo que nove se recusaram a receber a bênção espírita. A aceitação do passe foi de quase 90%.
O estudo avaliou os efeitos do passe, levando em consideração fatores psicológicos, como ansiedade, depressão e sensação de bem-estar, além de fatores fisiológicos, como a intensidade da dor, tensão muscular e frequência cardíaca.
Uma das etapas do estudo científico foi feito na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM). Antes de dar o passe, as voluntárias passam por um ritual de preparação, entoando cantos e fazendo a higienização necessária antes de se aproximarem dos bebês internados.
Segundo a pesquisa, os recém-nascidos internados no berçário da UTI Neonatal que receberam o passe ganharam alta, em média, sete dias antes dos bebês que não foram submetidos à terapia espiritual e tinham problemas semelhantes.
Segundo Élida Carneiro, nos adultos, os resultados também surpreenderam. "Os efeitos tanto em adultos internados na enfermaria da clínica médica, quanto nos cardiopatas foram muito similares. Houve redução da ansiedade, da tensão muscular, da depressão e aumento da sensação de bem estar. Ainda houve uma alteração importante nos cardiopatas que foi o aumento da oxigenação periférica", completou.
A médica delegada do Conselho Regional de Medicina (CRM) em Uberaba, Fabiana Prado Nogueira, explicou o que a sociedade médica, em geral, acha do passe espírita. "Pode ser considerada uma terapia complementar, mas não existe nada comprovado ainda. A espiritualidade vem sendo amplamente estudada no campo científico. As pesquisas cientificas que abordam a espiritualidade têm os mesmos padrões de outras pesquisas, com orientações e descrição de quem está sendo analisado, mas ainda não há nada de concreto sobre esses estudos", contou a médica.

Transmissão de energia
Na doutrina espírita, o passe é uma transferência de energia imposta pelas mãos dos médiuns sobre a cabeça das pessoas. Para dar o passe, é preciso estar bem de saúde física e em equilíbrio espiritual. Segundo o médium passista, Vanderlei Thobias, o passe espírita é magnético, e o médium é o mediador da energia.
"Todos nós temos magnetismos e o passe espírita é magnético. Nós temos energia e sabemos que temos quando fazemos eletrocardiograma, eletrocefalograma. Então nós temos eletricidade em nosso corpo e é essa transposição de energia que a gente faz para a pessoa que está tomando passe naquele momento", contou Thobias.
Notícia publicada no Portal G1, em 4 de setembro de 2016.

Marcia Leal Jek* comenta
O passe não surgiu com o Espiritismo; ele não é uma criação da Doutrina Espírita. Bem antes do advento do Cristo já existia a relação do passe, que foi pelos magos da Caldéia(1) com a imposição das mãos.
Mais tarde os cristãos herdaram essa prática que era utilizada por Jesus, que ensinou aos seus discípulos e apóstolos.(2) (Momentos antes de se elevar aos céus, após a ressurreição, Jesus disse para os seus discípulos imporem as mãos sobre os doentes para curá-los.)
No século anterior a Allan Kardec havia muita ignorância sobre o que fossem os fluidos e a forma de sua transmissão e, após muitas experiências, Franz Anton Mesmer(3) reconhecia que podia curar mediante a aplicação de suas mãos, e acreditava que dela se desprendia um fluido e que alcançava o doente.
Segundo Aulus Cornelius Celsus,(4) o passe é uma transfusão de energias, alterando o campo celular. Para explicar suas palavras, ele disse: “Vocês sabem que na própria ciência humana de hoje o átomo não é mais o tijolo indivisível da matéria... que, antes dele, encontram-se as linhas de força, aglutinando os princípios subatômicos, e que, antes desse princípio, surge a vida mental determinante... Tudo é espírito no santuário da natureza”. E aduziu: “Renovemos o pensamento e tudo se modificará conosco”. Na assistência magnética, os recursos espirituais se entrosam entre a emissão e a recepção, ajudando a criatura necessitada para que ela ajude a si mesma. “A mente reanimada reergue as vidas microscópicas que a servem, no templo do corpo, edificando valiosas reconstruções.”
A Ciência ainda está engatinhando no que diz respeito aos efeitos do passe, o assunto é delicado e embora alguns membros da comunidade científica já estejam levando em consideração a existência de um algo a mais no ser humano, do que só o corpo físico, muitos ainda são totalmente céticos com relação a isso.
"O fluido humano está sempre mais ou menos impregnado de impurezas físicas e morais do encarnado; o dos bons Espíritos é necessariamente mais puro e, por isto mesmo, tem propriedades mais ativas, que acarretam uma cura mais pronta. Mas, passando através do encarnado pode alterar-se. Daí, para todo médium curador, a necessidade de trabalhar para seu melhoramento moral".(5)

Bibliografia:
(1) A Caldeia era uma região no sul da Mesopotâmia, principalmente na margem oriental do rio Eufrates, mas muitas vezes o termo é usado para se referir a toda a planície mesopotâmica. <https://pt.wikipedia.org/wiki/Caldeia>;
(2) Marcos 16, 15-18;
(5) Allan Kardec - Revista Espírita, setembro, 1865.

* Marcia Leal Jek é espírita e colaboradora do Espiritismo.net.




domingo, 4 de dezembro de 2016

Reflexão: Não ao aborto

Não ao aborto
 
Ely Matos (CVDEE - FEAK/JF)
 
 
Se você é a favor da legalização do aborto, pode parar a leitura aqui: este texto não é para você. Quero me dirigir apenas aos que são contra a legalização, mas têm sido submetidos a uma avalanche de argumentos (e pseudo-argumentos) típicos desta sociedade confusa em que estamos vivendo. Eu gostaria que o texto fosse lido pelos espíritas, em especial os mais jovens.
 
Isso não é uma discussão. Ninguém muda a crença de ninguém. São apenas elementos, apresentados muito rapidamente, para reflexão pessoal. Alguns argumentos que temos visto a favor da legalização são:

 a) “Se você é contra, não aborte; mas deixe cada um cuidar da sua vida”. Um pseudo-argumento. Basta trocarmos por “se vc é contra matar, não mate, mas deixe os outros matarem” ou “se vc não é preconceituoso, deixe os outros serem”, para vermos a fragilidade da argumentação. É a explícita negação da vida em sociedade.

 b) Freakonomics Movie. “Em suma, vamos evitar que futuros criminosos nasçam”. Bom, se a ideia é essa, porque não matar logo a mãe, já que existe o risco dela continuar “produzindo” estes “futuros criminosos”? Aqui se esconde um tipo sutil de eugenia.

 c) “Até 3 meses não é um ser humano” (ou qualquer outro período de tempo). Muitos senhores de engenho achavam que os escravos não eram seres humanos; os nazistas achavam que os judeus não eram seres humanos. “Desumanizar” existe apenas para tentar aliviar a consciência (que vai pesar, mais cedo ou mais tarde). A questão básica é que o óvulo fecundado já é um ser humano.

 d) “A legalização do aborto vai diminuir o número de abortos”. Então matar menos é melhor que matar mais? É uma sociedade feita de números, não de gente. Por que não considerar que o dinheiro a ser gasto para a realização do aborto “oficialmente” (e outros milhões desviados) fosse usado em programas sociais de prevenção à gravidez, ou de acompanhamento social depois que a criança nascesse? É ilusão? Não tem dinheiro pra isso? Mas matar oficialmente, pelo SUS, pesa menos para a sociedade, não? Isso demonstra apenas como nós, enquanto sociedade, estamos (muito) doentes.

 e) “O corpo é meu e faço dele o que quiser”. Sim, seu corpo é seu, mas aquele outro que está no útero não é seu. É corpo de outro alguém. 

 f) Vamos lembrar que nem todas as mulheres que abortam são a favor do aborto. Abortam com medo da reação da sociedade, da reação dos pais, ou porque estão com vergonha de si mesmas (entre milhares de outros motivos). É para muitos casais uma solução extrema. Mas pergunte a qualquer pai ou mãe, que realmente amem as suas filhas e filhos, se eles preferem ser avós prematuramente ou se preferem ser pais de uma assassina ou de um assassino (quando houver cumplicidade do homem).

 g) “É fácil você falar quando não é com você”. É claro que é fácil, o que não significa que não seja necessário. Cada um enfrenta as situações que criou para si mesmo. O que podemos fazer é oferecer o maior número de informações para que a “livre escolha” seja o mais livre possível, ou seja, com mais plena consciência dos resultados dos atos. 

 h) “isso não deveria ser questão religiosa”, “o estado é laico”, “isso é sua crença pessoal”, “a religião não deve limitar a liberdade das outras pessoas”, “não se deve misturar direito com religião”, etc etc. Outro pseudo-argumento, já que aqueles que defendem a legalização, defendem suas crenças com fervor “religioso”. Apenas acreditam em outras coisas diferentes das religiões tradicionais. Mas nem por isso estão certos.

 i) “As mulheres continuarão abortando, seja legalizado ou não”. Bom, isso demonstra que o problema real não é apenas a legislação, não? Enquanto continuarmos fingindo que não estamos vendo o problema real, o assassinato em massa, oficial ou não, vai continuar.

 j) “Não vou colocar no mundo uma criança que não tenho condições de criar”. Outro pseudo-argumento. Imagine apenas o que aconteceria se seus pais, seus avós ou seus bisavós tivessem pensado assim também, seriamente.
 
A lista é grande. E claro que cada item aqui dá uma conversa imensa. Mas só estou publicando minha opinião. Não quero convencer ninguém. Mas todos precisamos de pensar mais e melhor a respeito do assunto.
 
Ely Matos (CVDEE - FEAK/JF)