sexta-feira, 15 de junho de 2018

Dois em cada três brasileiros acham que 'direitos humanos defendem mais os bandidos', diz pesquisa

André Shalders - @shaldim
Da BBC Brasil em São Paulo


Na opinião de dois em cada três brasileiros, os direitos humanos defendem mais os criminosos que suas vítimas. Os dados são de uma pesquisa inédita do instituto Ipsos, obtida pela BBC Brasil.
Embora 63% se digam genericamente "a favor" dos direitos humanos, 21% se manifestam contrariamente à mera existência deles. As conclusões estão na edição 157 da pesquisa Pulso Brasil. O Ipsos entrevistou presencialmente 1,2 mil pessoas em 72 municípios nas cinco regiões brasileiras - as entrevistas foram feitas entre os dias 1º e 15 de abril.
A pesquisa também revela um desconhecimento sobre a real aplicação dos direitos humanos no país. Enquanto 94% dos que responderam afirmaram já terem ouvido falar sobre eles, 50% admitem que gostariam de conhecer melhor a questão.
"As pessoas são a favor 'conceitualmente' do que elas entendem ser os direitos humanos, e do que elas gostariam que fosse a aplicação deste conceito. Mas, do ponto de vista da realidade concreta, elas acham que hoje tais direitos servem para defender bandidos", diz Danilo Cersosimo, diretor do Ipsos e um dos responsáveis pela pesquisa.
A ideia básica dos direitos humanos é a de que todas as pessoas - sem distinção - têm direito à vida, à liberdade, à integridade física, à saúde, à moradia, alimentação, liberdade de expressão etc.
Trata-se de um conceito muito antigo no Ocidente: a maioria dos teóricos considera que a primeira declaração formal dos DH do mundo seja a Declaração de Direitos de Virgínia, escrita nos EUA em 1776. O documento mais famoso, porém, é a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, ratificada na Revolução Francesa de 1789.
Numa pergunta para resposta espontânea (quando o entrevistador não dá alternativas pré-estabelecidas), 21% dos entrevistados disseram que os direitos humanos significam "igualdade de direitos" ou de tratamento para ricos e pobres, brancos e negros, etc. Logo atrás, para 20%, o conceito se refere a direitos de criminosos ou bandidos.
Em outra pergunta, desta vez com alternativas pré-definidas, a maioria (56%) disse que "os bandidos" são os maiores beneficiados pelos direitos humanos. Outros 9% responderam "os mais ricos" e só 9% citaram "toda a sociedade brasileira".
Para Maristela Basso, professora de Direito Internacional na Universidade de São Paulo (USP), a percepção brasileira de que as garantias mínimas servem para "defender bandidos" provavelmente tem origem nos primeiros grupos a trabalhar a favor da questão: as comissões de direitos humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) nos Estados, especialmente nos anos finais da ditadura militar (1964-1985).
"Eram grupos que se apresentavam como defensores da dignidade e do devido processo legal para todos, inclusive para os presidiários, e aí ficou essa ideia de que são pessoas que defendem bandidos", diz ela.
Basso defende que o tema seja tratado nas escolas e nas famílias, para garantir que crianças e adolescentes saibam do que se trata. "Negar direitos humanos aos presos ou a qualquer outra pessoa não te torna mais protegido, pelo contrário. Quem nega os direitos humanos está desprotegendo a si próprio. Um dia, você ou uma pessoa próxima pode ter os próprios direitos ameaçados."

Estado não garante os direitos da população

O levantamento do Ipsos mostra, ainda, que os brasileiros percebem a fragilidade do Estado na hora de fazer valer os direitos dos cidadãos: para 66%, o governo brasileiro não garante integralmente os direitos humanos da população.
Outros 54% concordam com a afirmação de que "os direitos humanos não defendem pessoas como eu" - o que a rigor é falso, já que os direitos humanos, ao menos em tese, se aplicam a todas as pessoas.
"As pessoas se sentem desamparadas pelo Estado, e isso não deixa de ser verdade no caso dos direitos humanos. Há uma lacuna entre o que elas esperariam que fossem esses direitos, e o que elas percebem como sendo a realidade (a defesa de criminosos)", diz Cersosimo.
"A realidade é que os direitos humanos sempre tiveram esta imagem no Brasil. O resultado é chocante, mas não chega a ser surpreendente", avalia o sociólogo.
Na média, há mais homens contrários aos DH (25%) do que mulheres (21%), e a faixa etária que menos apóia os DH é a de 35 a 44 anos (23% contra). Em termos regionais, há mais pessoas contrárias aos direitos humanos na região Sul (29%, contra 21% no Brasil como um todo).

Caso Marielle

Para 61% dos brasileiros, o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco na noite de 14 de março deste ano teve motivação política, e não um crime comum. A história é amplamente conhecida: 93% dos entrevistados sabiam do ocorrido, e só 6% não tinham ouvido falar.
Eleita em 2016 pelo PSOL, Marielle estava a caminho de casa depois de uma reunião, por volta das 21h. Já na região central do rio, um carro emparelhou com o veículo onde estavam a legisladora, o motorista Anderson Pedro Gomes e uma assessora parlamentar. Marielle e Anderson não resistiram aos vários disparos de arma de fogo, e os criminosos fugiram sem levar nada.
Testemunhas ouvidas pela Polícia Civil do Rio disseram que a morte de Marielle foi encomendada por adversários políticos que desejavam interromper o trabalho realizado por ela na favela da Maré, onde cresceu.
Novamente, as mulheres se mostraram mais sensíveis em relação ao caso: 65% delas consideram que a morte teve motivação política, contra 58% dos homens.
Apesar do predomínio da percepção de que foi um crime político, uma parte significativa dos entrevistados (44%) acha que o assassinato de Marielle foi "mais discutido do que deveria" ou "muito mais discutido do que deveria". Em contraste, só 22% acham que o assunto recebeu menos atenção da mídia do que deveria.
Notícia publicada na BBC Brasil, em 16 de maio de 2018.

Sergio Rodrigues* comenta

Essa conclusão a que chegou a pesquisa é antiga e já bastante conhecida. Infelizmente – e a própria pesquisa demonstra isso – a imensa maioria das pessoas já ouviu falar em direitos humanos, mas não têm a menor noção do que se trata (cerca de 94% dos entrevistados), o que é um verdadeiro absurdo. Direitos humanos são aqueles inerentes à condição de seres humanos, independente do grau de virtudes ou de defeitos de que alguém seja portador.
Sendo assim, quando se trata de direitos humanos, não há que perquirir se refere-se a uma pessoa de bem ou a alguém com desvios de conduta. Aquele que se desvia das normas sociais, muitas vezes, até, chegando ao cometimento de um ato considerado criminoso, não deixa a condição humana por agir contrariamente às normas estabelecidas. Para esses casos, cabe à sociedade organizada, por meio de suas instituições apropriadas para esse fim, estabelecer mecanismos de punição e correção do infrator, exigindo, inclusive e principalmente, reparação do dano que seu comportamento antissocial ocasionou à toda coletividade, a algum grupo ou a alguém em particular. Quando os direitos humanos são ignorados e se adota meios punitivos puramente impulsivos, a sociedade retrograda à época da barbárie, ao estado natural da humanidade, quando não existiam leis nem formas civilizadas que propiciassem a correção de seus indivíduos.
Particularmente em relação à pesquisa de que dá notícia a matéria comentada, o resultado apontado é consequência da desinformação, como dissemos acima, e de reação emocional à crescente criminalidade que se verifica de norte a sul em nosso País. É preciso, contudo, serenidade e convicção de que não é retrocedendo a métodos primitivos e ultrapassados que modificaremos o rumo das coisas.
Por outro lado, a atuação abaixo do desejado e do que seria necessário por parte das instituições responsáveis pela repressão ao crime também contribui fortemente para que esse sentimento de repulsa aos direitos humanos se instale nas consciências. Equivocadamente, então, ao invés de se pugnar pela reforma das instituições, tornando-as mais ágeis, prega-se contra os direitos humanos, ideia que vem de longe, como a própria matéria dá notícia, e que foi ratificada pela Organização das Nações Unidas em 1948.
Desse modo, nessa fase em que Terra está em trânsito para se tornar um mundo melhor, com a prevalência do bem sobre o mal, é fundamental que todos façamos a nossa parte, começando por respeitar o nosso semelhante como um ser humano igual a nós, com os mesmos direitos e deveres, e contribuindo para aperfeiçoar a sociedade e suas instituições. Tudo isso pode e deve ser feito sem se atentar contra a dignidade humana, que é essência e a razão de ser dos direitos humanos.
* Sergio Rodrigues é espírita e colaborador do Espiritismo.Net

terça-feira, 12 de junho de 2018

Cidadão do Universo - O que faria Jesus?


TAG ESPIRITISMO É... NO GOOGLE #1 (Meninas Espíritas)


EAH 34º EMEES #01 - Farol (Eq. de Música DIJ - FEEES)


YEAH! 35º EMEES #3 - Sinais dos Tempos (Eq. de Música DIJ - FEEES)


Forças do Ser - Música tema do 32° EMEES - Autor: André Pirola


Quem Vai dizer de amor - Música DIJ / FEEES


O ceu e o Inferno - Música DIJ / FEEES


segunda-feira, 11 de junho de 2018

Mural reflexivo: A Dádiva de Viver


A DÁDIVA DE VIVER

    Por vezes, você caminha pela vida com o olhar voltado para o chão, pensamento em desalinho, como quem perdeu o contato com sua origem divina.

    Olha, mas não vê... Escuta, mas não ouve. Toca, mas não sente...

    Perdido na névoa densa que envolve os próprios passos, não percebe que o dia o saúda e convida a seguir com alegria, com disposição, com olhar voltado para o horizonte infinito, que lhe acena com o perfume da esperança.

    Considere que seu caminhar não é solitário e suas dores e angústias não passam despercebidas diante dos olhos atentos do Criador, que lhe concede a dádiva de viver.

    Sua vida na terra tem um propósito único, um plano de felicidade elaborado especialmente para você.

    Por isso, não deixe que as nuvens das ilusões e de revoltas infundadas contra as leis da vida, tornem seu caminhar denso e lhe toldem a visão do que é belo e nobre.

    Siga adiante refletindo na oportunidade milagrosa que é o seu viver.

    Inspire profundamente e medite na alegria de estar vivo, coração pulsante, sangue correndo pelas veias, e você, vivo, atuante, compartilhando deste momento do mundo, único, exclusivo. E você faz parte dele.

    Sinta quão delicioso é o aroma do amanhecer, o cheiro da grama, da terra após a chuva, do calor do sol sobre a sua cabeça, ou da chuva a rolar sobre sua face.

    Sinta o imenso prazer de estar vivo, de respirar. Respire forte e intensamente, oxigenando as idéias, o corpo, a alma.

    Sinta o gosto pela vida. Detenha-se a apreciar as pequeninas coisas que dão sentido à vida.

    Aquela flor miúda que, em meio à urze sobrevive linda, perfumosa, a brilhar como se fosse grande.

    Sinta-se vivo ao apreciar o vôo da borboleta ou do pássaro à sua frente.

    Escute os barulhos da natureza, a água a escorrer no riacho, ou simplesmente aprecie o céu, com suas nuvens a formar desenhos engraçados fazendo e desfazendo-se sobre seus olhos.

    Quão maravilhosa é a vida!

    Mas, se o céu estiver escuro e você não puder olhá-lo, detenha-se no micro universo, olhe o chão.

    Quanta vida há no chão...

    Minúsculos seres caminhando na terra, na grama...

    A formiga na sua luta diária pela sobrevivência...

    A aranha, a tecer sua teia caprichosamente, e tantas coisas para ver, ouvir, sentir, cheirar, para fazer você sentir-se vivo.

    Observar a natureza é pequeno exercício diário que fará você relaxar, esquecer por instantes as provas, ora rudes, ora amenas, que a vida nos impõe.

    Somos caminhantes da estrada da reencarnação, somando, a cada dia, virtudes às nossas vidas ainda medíocres, mas que se tornarão luminosas e brilhantes.

    Aprenda a dar valor à dádiva da vida. Isso fará o seu dia se tornar mais leve e, em silêncio, sem palavras, sem pensamentos de revolta, você terá tido um momento de louvor a Deus.

    Aprenda a silenciar o íntimo agitado e a beneficiar-se das belezas do mundo que Deus lhe oferece.

    A sabedoria hindu aprecia, na natureza, o que Deus desejou para ela: que fosse aliada do homem no seu progresso, oferecendo o alimento, dando-lhe os meios de defender-se das intempéries.

    E, sobretudo, sendo o seu colírio diário suavizando as aflições da vida.

    Pense nisso, e aprenda a dar graças pela dádiva de viver. 

(Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em mensagem do Espírito Stephano, psicografada por Marie-Chantal Dufour Eisenbach, na Sociedade Espírita Renovação em junho de 2005. http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=1261&let=D&stat=0)