Natal - Festa Real de Jesus
Feliz Natal! Natal se aproxima. Bem antes do tempo as
vitrines enfeitadas convidam as pessoas a se lembrarem da época dos
presentes.
Nesta fase aguda de crise é preciso recordar mais vivamente
que o tempo do Natal esta chegando e é necessário provar aos parentes e amigos
que pensamos neles.
Feliz Natal! Para muitos, esta pequena frase não se realiza
tão facilmente quanto é pronunciada.
Cercado de presentes, diante de iguarias, o ser humano não
está feliz.
Nele, vai uma emoção tocada de incompletude, como se algo ou
alguém estivesse faltando.
Lá fora, na noite, noutras casas onde a luz escasseia e a
mesa é pobre também se ouve: Feliz Natal! Lá e aqui a Noite Feliz parece não
significar quase nada, a não ser o estranho paradoxo de se ter que aparentar
felicidade porque assim é estabelecido. Afinal, o que se está comemorando? Um
repórter, em movimentada avenida, perguntando aos transeuntes, que saem das
lojas com embrulhos e sacolas, o que se comemora no dia 25 de dezembro,
possivelmente obtivesse respostas variadas entre estas alguém se lembrasse de
dizer que é a data do nascimento de Jesus.
Mas, por mais que se procure o aniversariante, Ele não é
encontrado.
Não há qualquer sinal nas ruas e lojas.
A exata compreensão do Natal sugere uma averiguação histórica
quanto a data do nascimento de Jesus. Os pesquisadores não são unânimes em
afirmar que ocorreu em dezembro, porque, na história do Cristianismo primitivo,
os primeiros cristãos não tinham o hábito de celebrar o Natal, por considerarem
a comemoração um costume pagão.
As primeiras observações acerca do nascimento aparecem por
volta do ano 200. 0 dia 25 de dezembro foi mencionado em 336, o que não impedia
que em outras datas também ocorressem os festejos, como, por exemplo, no dia 06
de janeiro, ate hoje é mantido pelas igrejas ortodoxas Orientais.
Com o passar dos séculos, o Natal foi deixando de ser uma
festa de cunho religioso e passou a ganhar novos contornos, originários de
culturas anteriores ao Cristianismo. Na Inglaterra, durante a Idade Media, o
Natal transformou-se no dia mais alegre do ano, mas como esse estado de alma não
era muito compatível com o "espírito sombrio" da época, os puritanos que
encaravam a festa como pagã proibiram-na no país.
No ocidente, a celebração do Natal, anteriormente ligada ao
nascimento de Jesus, aos poucos foi sendo modificada. A figura do Papai Noel, o
bom velhinho, tornou-se um atrativo maior para as crianças, logo também para os
adultos. As festas natalinas assumiram um caráter notadamente comercial, onde se
estimula o consumismo desenfreado sob o pretexto de que esta é a época de se
presentear os amigos e parentes.
Com tudo isso, Jesus foi sendo gradualmente substituído, de
motivo central da festividade a elemento secundário na preferência popular, que
resolveu homenagear outros ídolos.
Ele porém, dissera com convicção - "Na casa de meu Pai há
muitas moradas. Se assim não fosse, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos o
lugar". Ao fazer tal afirmação, o Cristo garantiu que há lugar para todos, que a
Ele cabe preparar.
Mas, e Ele? Que lugar ocupa no mundo atual? Será um lugar
específico? Numa escala de valores, está em primeiro lugar? A civilização
ocidental rotulada como cristã, todavia, é muito difícil encontrarmos o Cristo
no Cristianismo presente. Parece que os homens o baniram, substituindo-o por
outros modelos de heróis, que na verdade, não expressam nenhum dos valores
cristãos.
Cultuam-se ídolos que se sobressaem pela força de seus
músculos, pela facilidade de manter grande número de pessoas, pelas conquistas
amorosas, pela adoção deliberada de extravagantes atitudes eróticas para a venda
milionária de discos e livros.
Longe está o modelo do herói cristão, que traz à memória as
figuras de Gandhi, Albert Schweitzerer, Madre Tereza de Calcutá e alguns poucos
mais.
Por isso o Natal se distancia cada vez mais do seu real
significado. 0 aniversariante, por certo, não se importaria de ser presenteado.
Um dia uma mulher pecadora rendeu-lhe homenagens perfumando os Seus pés com
essência de nardo, diante dos fariseus estupefatos e dos apóstolos um tanto
constrangidos. 0 Mestre aceitou a oferenda porque sabia da atitude que a
impulsionava. Todavia, quão distante esse gesto de humildade, respeito e amor da
comercialização desenfreada que ocorre em nossos dias! Onde está Jesus neste
Natal? Ele nos prepara o lugar. E que lugar lhe damos em nossa vida? No momento
em que nossa cultura comemora esta data, vale a pena guardar na memória e no
sentimento uma certeza: essa região, que o Mestre prepara para nós, começa no
território do coração, e só com muito trabalho e comprometimento com o amor
genuíno é que ampliamos horizontes seguros de nossa paz.
Isto equivale dizer que o homem reconheceria, então, o lugar
do Cristo como o legítimo Governador Espiritual da Terra.
Na verdade, o Natal não significa somente o nascimento de
Jesus, em um dia específico, diante das datas do mundo, mas também o nascimento
do Cristo na consciência renovada do Homem Integral, em qualquer dia, a qualquer
hora.
É com essa visão que Carmem Cinira traduz, em poesia, a festa
real de Jesus:
"Natal!... 0 mundo é todo um lar festivo...
Claros guizos no ar vibram em bando...
E Jesus continua procurando
A humilde manjedoura do amor vivo.
Natal! Eis a Divina Redenção!...
Regozija-te e canta, renovado,
Mas não negues ao Mestre desprezado
A estalagem do próprio coração".
(Revista O Reformador Ano 110, Dezembro, 1992, N 1965, Suely
Caldas Schubert/Carlos Augusto Abranches)
(fonte:CVDEE)
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