Em vários textos há referência aos animais (excetuando-se os
homens) como portadores do princípio inteligente. Isso não está claro no Livro
dos Espíritos, muito pelo contrário, como podemos verificar na questão 71.
Também se referem aos animais como tendo "alma", contrariando também ao livros
dos espíritos. Neste último caso há uma confusão de alma como corpo espiritual.
Gostaria que comentassem a respeito.
O Livro dos Espíritos é muito claro quanto à
existência de um princípio inteligente nos animais. Na resposta à questão 593,
os Espíritos afirmam que os animais "têm inteligência, porém, limitada".
Comentando, também Kardec afirma que "há neles uma espécie de inteligência, mas
cujo exercício quase que se circunscreve à utilização dos meios de satisfazerem
às suas necessidades físicas e de proverem à conservação própria".
Mais adiante, na questão 597, ensinam os Espíritos
que há nos animais uma inteligência que lhes faculta certa liberdade de ação,
princípio independente da matéria e que sobrevive ao corpo. "É também uma alma,
se quiserdes, dependendo isto do sentido que se der a esta palavra. É, porém,
inferior à do homem. Há entre a alma dos animais e a do homem distância
equivalente à que medeia entre a alma do homem e Deus", ensinam os Espíritos. Na
questão 606, afirmam que o princípio inteligente dos animais é tirado do
elemento inteligente universal, assim como o do homem, sendo que no homem passou
por uma elaboração que o coloca acima da que existe no animal.
Portanto, o princípio inteligente, tal qual somos
hoje, espíritos, antes de atingir a chamada fase ou reino hominal em que nos
encontramos, passou por um processo de desenvolvimento nos reinos inferiores da
criação, ou seja, nos reinos mineral, vegetal e animal, como os Espíritos
ensinam na questão 540: "...tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo
primitivo até o arcanjo, que também começou pelo átomo."
Criado por Deus, é nos reinos mineral, vegetal e
animal que o princípio inteligente se elabora e se individualiza aos poucos,
pois a Natureza não dá saltos. É uma fase de preparação para alçar voos mais
altos. Uma espécie de germinação, que vai propiciar a esse princípio espiritual
evoluir até sofrer uma transformação e se tornar espírito.
Entra, então, a partir daí, no período de
humanização, adquirindo pensamento contínuo e livre-arbítrio pleno, que o
permite ter senso moral e consciência de sua existência. Desse momento em
diante, o espírito passa a escolher livremente seus atos e pensamentos. Adquire
a capacidade de distinguir o bem e o mal, o que o torna único responsável pelas
consequências de seus atos e de seus pensamentos.
Os reinos inferiores são, portanto, como que uma
espécie de infância do princípio espiritual, que passa por ela até atingir a
fase adulta, em que se torna espírito. Todo esse processo de elaboração e
evolução do princípio inteligente até se tornar espírito demonstra a grandeza e
a bondade de Deus, que não teria esses atributos se criasse seres destinados a
serem eternamente inferiores.
Portanto, o princípio inteligente que habita o animal
é o mesmo do mineral, do vegetal e do homem, isto é, tem a mesma origem e
natureza. A diferença que se constata é o momento evolutivo em que se encontra.
Nos reinos inferiores, como vimos, ainda está em fase de elaboração. Na
humanidade, já atingiu a sua condição máxima possível, de espírito.
Vemos, assim, que os animais são dotados da mesma
inteligência e dos mesmos sentidos que nós. O que ocorre é que essa inteligência
e esses sentidos encontram-se em fases evolutivas diferentes, em
desenvolvimento, cujo grau de evolução varia de acordo com a espécime do animal.
Recomendamos o estudo do capítulo XI da parte 2a. do Livro dos Espíritos,
intitulado "Os três reinos".
(Fonte CVDEE)
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