sexta-feira, 13 de maio de 2016

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970 - A016 – Cap. 4 – Estudando o hipnotismo – Segunda parte


Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

A016 – Cap. 4 – Estudando o hipnotismo – Segunda parte
 

«Em todo processo hipnológico, pois, convém exa­minar a questão da sintonia e da sugestão, com razões poderosas, senão imprescindíveis para a consecução dos objetivos: a fixação da ideia invasora.
«O Professor José Grasset, por exemplo, o excelente mestre de Montpeliier, inspirado nas observações rea­lizadas em torno do polígno cerebral que também ser­vira de base a Wundt e Charcot, afirmava ter desco­berto ali o centro da consciência, o núcleo da vontade, colocando, imediatamente abaixo, o centro de Broca, res­ponsável, pelos encargos da linguagem e os responsá­veis pela visão, audição, gustação, etc... Imaginava, então, um ponto de referência que passava a ser o cen­tro do psiquismo superior, encarregado dos fenômenos conscientes e no polígono propriamente dito o campo do pensamento e da vontade, encarregado de todas as ta­refas do automatismo psicológico. Elucidava, em con­sequência, que toda sugestibilidade que dimana do ope­rador se transmite inconscientemente tomando posse do campo cerebral, no polígono do hipnotizado. A vontade dominante se encarrega de conduzir a vontade domina­da, como se a alma de quem hipnotiza substituísse momentaneamente a alma do que foi hipnotizado». Dessa forma, o hipnotismo pode ser denominado, como querem alguns experimentadores, «O anestésico da razão».
Já o psicólogo inglês Guilherme Mac-Dougall, igual­mente fascinado pelo assunto, asseverava, examinando o problema da sugestão na hipnose, que esta é um meio de transmissão do pensamento, tendo como resultado a convicta aceitação de qualquer mensagem proposta in­dependendo de análise pelo paciente com exame lógico para a sua aquiescência. Isto é: o operador impõe-se ao sujeito, que o recebe sem reação proveniente de exa­me prévio.
Em bom vernáculo, sugestão é «o ato ou efeito de sugerir. Inspiração, estímulo, instigação. Ideia provocada em uma pessoa em estado de hipnose ou por sim­ples telepatia”.
«A sugestão é, portanto, a inspiração incidente, constante, que atua sobre a mente, provocando a acei­tação e a automática obediência.
«Por essa razão, Forel informa que os cérebros sa­dios são mais fáceis de aceitar a sugestão, e Emilio Coué, discípulo de Liébault, prefere considerar que os pacientes capazes de autossugestionar-se são melhores para que com eles se lobriguem resultados mais explícitos e imediatos.
«Outros autores, como é o caso do insigne Pavlov, o «pai» dos reflexos nos animais e no homem, elucidam que o sono natural hipnótico e a inibição constituem a mesma coisa, deixando transparecer que, no momento em que essa inibição se generaliza, permanecendo a cau­sa preponderante, tende a espalhar-se, facultando ao hipnotizando aceitar a sugestão que prepondera.
«Ocorre, entretanto, que todos os seres têm uma tendência ancestral, natural, para a obediência, o que se transforma num condicionamento inconsciente para aceitar toda ordem exterior, quando não se tem uma lu­cidez equilibrada e firme capaz de neutralizar as ideias externas que são sugeridas.
«No fenômeno hipnológico há outro fator de gran­de valia que é a perseverança, a constância da ideia que se sugere naquele que a recebe. Lentamente a princí­pio tem início a penetração da vontade que, se conti­nuada, termina por dominar a que se lhe submete.
«Os modernos psicanalistas e reflexologistas situam as suas observações, os primeiros nos reflexos condi­cionados, que pretendem ser um «estado de inibição di­fusa somática cortical» com a presença de um ponto de vigília, enquanto os segundos se referem a um «processo regressivo particular que pode ser iniciado por privação senso-motora ideativa ou por estimulação de uma rela­ção arcaica com o hipnotista».
Os conceitos emitidos com sabedoria e em síntese prodigiosa, considerando-Se a imensa variedade de opi­niões em torno do Hipnotismo, nos deslumbravam. Que mundo estranho e imenso, o da mente! Quantas paisa­gens desconhecidas para nós! Os próprios estudiosos dos fenômenos psíquicos, na Terra e além da vida física, encontravam-Se empenhados milenarmente na elucida­ção das questões palpitantes da vida mental, encontran­do, só agora, alguns pontos vígeis para elucidações dos processos de intercâmbio entre homens e homens, es­píritos desencarnados e encarnados. Deixava-me arras­tar em considerações, na pausa que se fizera espontanea, quando a Entidade Abnegada prosseguiu:
«Isto posto, meus irmãos, examinemos o proble­ma das obsessões entre os desencarnados e encarnados, na esfera física.
«Em todo processo de imantação mental, do qual decorrem os sucedâneos da obsessão simples, da fasci­nação e da subjugação — conforme a classificação per­feita de Allan Kardec —, há sempre fatores predispo­nentes e preponderantes que se perdem no intrincado das reencarnações.
«Toda vítima de hoje é algoz de ontem, tomando o lugar que lhe cabe no concerto cósmico.
«Assim considerando, em quase todos os processos de loucura — exceção feita não somente aos casos or­gânicos de ataque microbiano à massa encefálica ou traumatismo por choques de objetos contundentes — de­frontamos com rigorosas obsessões em que o amor de­sequilibrado e o ódio devastador são agentes de pode­rosa atuação.
«Quando há um processo de obsessão desta ou da­quela natureza, o paciente possui os condicionamentos psíquicos — lembranças inconscientes do débito através das quais se vincula ao perseguidor —, que facultam a sintonia e a aceitação das ideias sugeridas e constrin­gentes que chegam do plano espiritual.
Se o paciente é experimentado nas disciplinas mo­rais, embora os compromissos negativos de que padece, consegue, pela conquista de outros méritos, senão con­trabalançar as antigas dívidas pelo menos granjear re­cursos para resgatá-las por outros processos que não os da obsessão.
As Leis Divinas são de justiça, indubitavelmente; no entanto, são também de amor e de misericórdia. O Senhor não deseja a punição do infrator, antes quer o seu reajuste à ordem, ao dever, para a sua própria fe­licidade.
«Desse modo, quando a entidade perseguidora, cons­ciente ou não, se vincula ao ser perseguido, obedece a impulso automático de sintonia espiritual por meio da qual estabelece os primeiros contactos psíquicos, no cen­tro da ideia, na região cortical inicialmente e depois nos recônditos do polígono cerebral, donde comanda as di­retrizes da vida psíquica e orgânica, produzindo ali le­sões desta ou daquela natureza, cujos reflexos apare­cem na distrofia e desarticulação dos órgãos ligados à sede atacada pela força-pensamento invasora.
«Desse centro de comando, em que o hóspede se so­brepõe ao hospedeiro, as alienações mentais e os distúr­bios orgânicos se generalizam em longo curso, que a morte do obsidiado nem sempre interrompe.
«A consciência culpada é sempre porta aberta à invasão da penalidade justa ou arbitrária. E o remorso, que lhe constitui dura clave, faculta o surgimento de ideias-fantasmas apavorantes que ensejam os processos obsessivos de resgate das dívidas.
«Invariavelmente, na obsessão, há sempre o apro­veitamento da ideia traumatizante — a presença do cri­me praticado —, que é utilizada pela mente que se faz perseguidora revel, apressando o desdobramento das for­ças deprimentes em latência, no devedor, as quais, desgovernadas, gravitam em torno de quem as elabora, sendo consumido por elas mesmas, paulatinamente.
Nas atividades da obsessão de espíritos a espíri­tos desencarnados, aqueles verdugos, conhecedores das limitações e dos erros dos recém-chegados da jornada carnal, após os terem acompanhado anos a fio, com si­cários implacáveis, utilizam-se de ardis com que apavo­ram os desassisados, e por processos de sugestão, apli­cados com veemência nos centros perispirituais, conse­guem produzir lamentáveis condicionamentos de altera­ção na forma das vítimas que se lhes demoram nas gar­ras, dominando-as, por fim, em demorado curso de vingança ultriz e devastadora.
«As ideias plasmadas e aceitas pelo cérebro, du­rante a jornada física, criam nos painéis delicados do pe­rispírito as imagens mais vitalizadas, de que se utili­zam os hipinotizadores espirituais para recompor o qua­dro apavorante, em cujas malhas o imprevidente se vê colhido, derrapando para o desequilíbrio psíquico total e deixando-se revestir por formas animalescas grotes­cas — que já se encontram no subconsciente da própria vítima — e que estrugem, infelizes, como o látego da justiça no necessitado de corretivo.
«No sentido oposto, as ideias superiores, alimenta­das pelo espírito em excursão vitoriosa, condicionam-no à libertação, concedendo «peso específico» ao seu peris­pírito, que pode, então, librar além e acima das vicis­situdes grosseiras do liame carnal.
«Com muita sabedoria, Allan Kardec enunciou que:
«Relativamente às sensações que vêm do mundo exterior, pode-se dizer que o corpo recebe a impressão; o perispírito a transmite e o Espírito, que é o ser sensí­vel e inteligente, a recebe. Quando o ato é de iniciativa do Espírito, pode dizer-se que o Espírito quer, o perispírito transmite e o corpo executa — elucidando, em admirável síntese, o poder do pensamento na vida or­gânica e das sensações no Espírito (4).
Amplo silêncio se espraiou pela sala. Todos mer­gulhamos em meditações, enquanto o angélico Instrutor propiciou uma pausa para reflexão dos ouvintes. E como fazendo as elucubrações para finalizar, arrematou:
— “Por essa razão, a vitalização de idéias edifi­cantes constrói o céu generoso da felicidade, tanto quan­to a mentalização deprimente gera o inferno da aflição que passa a governar o comportamento do espírito.
«É nesse particular que se avultam as lições sobe­ranas do Mestre Galileu, conclamando o homem ao ajus­tamento à vida, respeitando-lhe as diretrizes abençoa­das, através das medidas da mansuetude, da compaixão, da misericórdia, do amor indistinto e do perdão inces­sante.
«Reverenciamos hoje na Terra, felizmente, o Espi­ritismo com Jesus, verdadeira fonte de idéias superiores e enobrecidas que libertam õ espírito e o conduzem às verdadeiras causas em que devem residir os seus legí­timos interesses, fazendo que a dúvida seja banida, no que diz respeito à vida verdadeira, e trabalhando con­tra o egoísmo, fator infeliz de quase todos os males que afligem a Humanidade.
«Se alguém incide em erro, que se levante do equí­voco e recomece o trabalho da própria dignificação. O erro representa lição que não pode constituir látego, mas ensejo de enobrecimento pela oportunidade que faculta para a reparação e o refazimento.
«O intercâmbio permanente dos Espíritos de uma com outra esfera da vida objetiva, seguramente, ofere­ce ao homem a visão porvindoura do que, desde já, lhe está reservado. No entanto, para dizer-se alguém espí­rita não basta que se tenha adentrado nos conceitos espiritistas ou participado de algumas experiências práti­cas da mediunidade... É imprescindível incorporar ao modo de vida os ensinamentos dos Espíritos da Luz, to­mando parte ativa na jornada de redenção do homem, por todos os modos e por todos os meios ao alcance, para que triunfem os postulados da paz, da justiça e do amor entre todas as criaturas.
«Nesse particular, o amor, conforme nos legou Je­sus-Cristo, possui a força sublime capaz de nos preser­var de nós mesmos, ainda jornaleiros do instinto, ensi­nando-nos que a felicidade tem as suas bases na renún­cia e na abnegação, ensejando-nos mais ampla visão de responsabilidade e dever na direção do futuro.
«Dia virá, não muito longe, em que a dor baterá em retirada, definitivamente, e o intercâmbio do bem, pela força criadora do amor que se origina nos Dínamos Mentais da Divina Providência, envolverá vigorosamente todos os seres e os conduzirá à direção da tranquili­dade plena, em cujo caminho já nos encontramos desde agora...
«Confiemos, pois, na vitória final do bem e desde logo nos entreguemos ao Sumo Bem que cuidará do nosso próprio bem».
Calou-se o Amigo Espiritual.
Suaves vibrações como que carreadas por mãos in­visíveis invadiram a sala, e ondas de imensa tranqui­lidade nos dominavam a todos.
Proferindo expressões de despedida carinhosa e dei­xando-nos com lágrimas que fluíam abundantes dos olhos, o Venerando Mentor desligou-se do médium e a sessão foi encerrada
Um silêncio de emoções indescritíveis nos acompanhou a todos de retorno ao lar, para o necessário re­pouso, enquanto a noite serena salmodiava canções em fios estelares, estuando no Infinito.

 
(4)   “Obras Póstumas” Allan Kardec — 11ª edição —“Manifestações dos Espíritos” — Item 11 — FEB. — Nota do Autor espiritual.

 

QUESTÕES PARA ESTUDO E DIÁLOGO VIRTUAL

 
1)     O que é preciso para que uma idéia torne-se fixa na mente de uma pessoa? Basta uma simples sugestão de um Espírito desencarnado?
2)     Por que o hipnotismo foi considerado o “anestésico da razão”?
3)     Que tipo de predisposição uma pessoa pode ter para ser vítima da obsessão?
4)     O que uma pessoa que já cometeu muitos males em existências anteriores pode fazer para prevenir-se do assédio de Espíritos obsessores?
5)     Dúvidas sobre este capítulo?
 

Um abraço a todos!

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