Consolar,
que ser consolado
A oração da paz, que carrega em sua poesia a essência da vida de
Francisco de Assis, o apóstolo da pobreza, traz a seguinte proposta:
Senhor,
fazei que eu procure mais consolar que ser consolado; compreender que ser compreendido; amar que ser amado.
Aqui está
a postura de um verdadeiro instrumento da paz, alguém que se coloca na posição
de dar, antes de querer receber.
Espírito
maduro, mensageiro do Alto, trabalhador do Cristo.
Porém, há
uma sutileza nos versos inspirados da oração.
O requinte poético e moral está na palavra mais. Que eu
procure mais.
Francisco
não quis afirmar que ele só iria consolar, compreender e amar, mas que
iria procurar fazer isso em primeiro lugar, entendendo que haveria momentos que
ele também necessitaria de consolo, compreensão e amor.
Isso
aproxima as grandes almas de nós. Isso mostra que ser instrumento da paz não é
ser perfeito, puro, inquebrável, apenas dedicado, zeloso e esforçado.
Ser
instrumento do amor na Terra é possível para todos os que desejamos construir
um mundo melhor dentro e fora de nós.
Precisamos
estar dispostos a consolar, a compreender e a amar, estendendo as mãos ao
outro, saindo da posição egoísta, pequena; passando para o lado altruísta e
lúcido da vida.
Mas, isso não significará que ficaremos
livres de momentos em que nós também precisaremos de auxílio e de colo.
Mesmo
aqueles que estamos engajados em causas nobres, que estamos à frente de
movimentos importantes na Terra, de grandes responsabilidades, temos momentos
de fraqueza e necessitamos de ajuda.
Não
vejamos isso como sinal de derrota. O bom guerreiro precisa conhecer seus
limites. Sentar sobre uma rocha,
avaliar a luta, pedir conselhos, ouvir, chorar.
Depois
disso, levantar-se, animar-se,
erguer os olhos e seguir adiante em sua missão bendita.
Há ainda, mais uma beleza nisso tudo: as leis
de Deus, em Sua grandeza infinita, funcionam de uma forma que, quando estamos
consolando, enxugando lágrimas, amparando irmãos, ao mesmo tempo, estamos tratando de nós mesmos.
Na oração
citada lembramos do é dando que se recebe, que nos permite captar a
essência dessa ideia.
Isso
mesmo. Ao doarmo-nos, estaremos,
igualmente, recebendo. A lâmpada que emite a luz é a primeira a se iluminar. O
frasco de perfume é o primeiro a ficar perfumado.
Não
estamos falando de retribuição, mas de uma simples ação natural das leis
divinas que encharcam de alegria e beleza aqueles que se propõem a levar
alegria e beleza aos demais.
Entendendo
isso, a alma madura buscará mais consolar, obviamente, e essas ações na direção
do próximo a preencherão de uma forma muito especial.
Assim
compreenderemos porque pensar no outro em primeiro lugar não significa esquecer
de si mesmo, ou mesmo desvalorizar-se.
Estamos
todos interligados. Eu, você, ele, ela, como filhos do mesmo Pai estamos
interconectados pelo mesmo amor, pelas mesmas energias.
Amar a si
mesmo, amar ao próximo e a Deus se confundem num mesmo facho luminoso de
amorosidade, pois um amor depende do outro para se desenvolver, para se
edificar dentro de nós.
* * *
Senhor, fazei que eu procure mais
Consolar,
que ser consolado;
Compreender,
que ser compreendido;
Amar,
que ser amado;
Pois é
dando que se recebe;
É
perdoando que se é perdoado;
E é
morrendo que se vive para a vida eterna.
Redação do Momento
Espírita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário