terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Pergunta feita: sobre capítulo Teoria da Beleza - Obras Póstumas - Raça Negra

Pergunta: No livro Obras Póstumas no cap. Teoria da Beleza, Kardec faz comentários sobre a raça negra, levando algumas pessoas a considerarem a possibilidade de Allan Kardec ser racista. Gostaria de saber a opinião dos amigos sobre este polêmico tema.

Resposta: Para analisar essa passagem em que Kardec faz referência à raça negra, contido no Capítulo referente à Teoria da Beleza, do livro "Obras Póstumas", é necessário considerar o contexto em que o Codificador fez aquele comentário.
Trata-se de texto escrito em meados do século XIX, na Europa, mais precisamente na França, onde vivia Kardec. Pela realidade da época, a raça negra somente era conhecida naquele Continente pelos escravos trazidos da África. Não havia os meios de comunicações que hoje existe e que permitem um maior intercâmbio entre os povos, possibilitando-se conhecer uns aos outros.
Segundo a teoria da beleza, descrita por Kardec naquela obra, à medida que o espírito vai se depurando, através de sua evolução, seu perispírito vai se tornando mais sutil, menos grosseiro, passando a plasmar, em consequência, corpos físicos de feições mais finas, mais delicadas, menos densos.
Sustenta o Codificador que a perfeição da forma física é resultado da perfeição do espírito. Conclui que a forma dos corpos humanos se modificou à medida que o ser moral se desenvolveu; que a forma exterior mantém relação com o ser interior A raça negra, citada como exemplo, àquela época, no continente europeu, era considerada inferior, pois dela somente se conheciam os escravos, que eram seres brutalizados e incultos, em razão do tratamento covarde e violento que recebiam, sem nenhum direito.
Pode-se fazer um paralelo com o que acontece em relação aos indígenas nos dias de hoje. São seres incultos, próximos do primitivismo, em que o instinto ainda prevalece sobre a razão. Foi o que Kardec quis dizer, que a forma negra retratava a materialidade dos instintos.
Da mesma forma que sabemos que um espírito que já tenha alcançado um grau de evolução razoável não reencarna como indígena, salvo em missão, naquela época, seria inconcebível aceitar-se que um espírito evoluído, com seu perispírito menos grosseiro, reencarnasse na raça negra, que podia se comparar aos indígenas de hoje.
Hoje, podemos afirmar, com toda convicção, que Kardec não pensaria daquela forma. A escravidão do negro já foi banida da Terra há mais de cem anos e a raça evoluiu, não havendo mais distinção para com as outras raças.
O Codificador, pela obra que nos legou, deixou patente que é um espírito superior, que já atingiu um nível evolutivo que nos autoriza afirmar que jamais admitiria o racismo.
De toda sorte, não consideramos essa teoria um ponto doutrinário. Trata-se de uma reflexão de Kardec que, sequer, chegou a publicá-la. Veio à tona após sua desencarnação, quando alguns escritos deixados foram compilados no livro "Obras Póstumas", o que nos leva a concluir que aquele pensamento ainda não estava inteiramente consolidado.


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