Pergunta: No livro Obras Póstumas no cap.
Teoria da Beleza, Kardec faz comentários sobre a raça negra, levando algumas
pessoas a considerarem a possibilidade de Allan Kardec ser racista. Gostaria de
saber a opinião dos amigos sobre este polêmico tema.
Resposta: Para analisar essa passagem em que Kardec faz referência à raça negra, contido no Capítulo referente à Teoria da Beleza, do livro "Obras Póstumas", é necessário considerar o contexto em que o Codificador fez aquele comentário.
Trata-se de texto escrito em meados do século XIX, na Europa,
mais precisamente na França, onde vivia Kardec. Pela realidade da época, a raça
negra somente era conhecida naquele Continente pelos escravos trazidos da
África. Não havia os meios de comunicações que hoje existe e que permitem um
maior intercâmbio entre os povos, possibilitando-se conhecer uns aos outros.
Segundo a teoria da beleza, descrita por Kardec naquela obra,
à medida que o espírito vai se depurando, através de sua evolução, seu
perispírito vai se tornando mais sutil, menos grosseiro, passando a plasmar, em
consequência, corpos físicos de feições mais finas, mais delicadas, menos
densos.
Sustenta o Codificador que a perfeição da forma física é
resultado da perfeição do espírito. Conclui que a forma dos corpos humanos se
modificou à medida que o ser moral se desenvolveu; que a forma exterior mantém
relação com o ser interior A raça negra, citada como exemplo, àquela época, no
continente europeu, era considerada inferior, pois dela somente se conheciam os
escravos, que eram seres brutalizados e incultos, em razão do tratamento
covarde e violento que recebiam, sem nenhum direito.
Pode-se fazer um paralelo com o que acontece em relação aos
indígenas nos dias de hoje. São seres incultos, próximos do primitivismo, em
que o instinto ainda prevalece sobre a razão. Foi o que Kardec quis dizer, que
a forma negra retratava a materialidade dos instintos.
Da mesma forma que sabemos que um espírito que já tenha
alcançado um grau de evolução razoável não reencarna como indígena, salvo em
missão, naquela época, seria inconcebível aceitar-se que um espírito evoluído,
com seu perispírito menos grosseiro, reencarnasse na raça negra, que podia se
comparar aos indígenas de hoje.
Hoje, podemos afirmar, com toda convicção, que Kardec não
pensaria daquela forma. A escravidão do negro já foi banida da Terra há mais de
cem anos e a raça evoluiu, não havendo mais distinção para com as outras raças.
O Codificador, pela obra que nos legou, deixou patente que é
um espírito superior, que já atingiu um nível evolutivo que nos autoriza
afirmar que jamais admitiria o racismo.
De toda sorte, não consideramos essa teoria um ponto
doutrinário. Trata-se de uma reflexão de Kardec que, sequer, chegou a
publicá-la. Veio à tona após sua desencarnação, quando alguns escritos deixados
foram compilados no livro "Obras Póstumas", o que nos leva a concluir
que aquele pensamento ainda não estava inteiramente consolidado.
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