Livro em
estudo: Grilhões Partidos – Editora LEAL - 1974
Autor:
Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco
B027 –
Capítulo 17 – Doutrinação e Surpresas, Primeira parte
Capítulo 17
Doutrinação
e Surpresas
2º “Pelo fluído dos Espíritos, atuando diretamente e sem intermediário
sobre um encarnado, seja para o curar ou acalmar um sofrimento, seja para
provocar o sono sonambúlico espontâneo, seja para exercer sobre o indivíduo uma
influência física ou moral qualquer. É o magnetismo espiritual, cuja qualidade
está na razão direta das qualidades do Espírito” “A GÊNESE” — Capítulo 14º —
Item 33.
Cada processo obsessivo, face aos fatores que o motivam, tem
características especiais, embora genericamente sejam semelhantes. Há que se
levar em conta as resistências morais do paciente, os hábitos salutares ou
desregrados a que se submeteu, os títulos de enobrecimento ou vulgaridade que
coletou, facultando-lhe recursos atenuantes ou agravantes à condição aflitiva.
Normalmente, alem dos implicados na demanda, Entidades ociosas ou
perversas agrupam-se em volta do encarnado em desajuste, complicando-lhe a
alienação. Quando se trata de Espíritos sequiosos de vingança e possuidores de
largos recursos de concentração mental maléfica, fazem-se temidos até mesmo
pelos que se lhes assemelham, batendo-os em retirada. Na generalidade, porém, o
obsesso experimenta a constrição do seu perseguidor e a perturbação dos que lhe
são afins ao problema por sintonia vibratória compreensível.
Iniciada a terapêutica desobsessiva de Ester, com o afastamento do seu
algoz para a competente doutrinação, além dos efeitos diretos e colaterais da
trama insidiosa, por ajustamentos cármicos, não podia a mesma apresentar-se de
inopino restabelecida. Comensais da desordem e viciados desencarnados, que
seriam atendidos em momento próprio, prosseguiam assediando-a... Além disso, a
engrenagem mental demoradamente prejudicada pela interferência dos fluídos
persistentes, deletérios, exigia tempo e tratamento especial para a
reorganização. De qualquer forma, a poderosa carga de ódio que a molestava,
contristora, diminuía de intensidade, graças à impossibilidade de mais direta
influenciação do inimigo desalmado. Não se interromperam, porém, “in totum,” os
vínculos que os estreitavam no programa regenerador.
Quando o Comunicante despertou da indução hipnótica e da assimilação dos
fluídos, incontinente desejou ir ao Manicômio para a hospedagem psíquica
vampirizadora. Assistido pelos dois Enfermeiros Espirituais destacados para o
mister, para ele invisíveis, foi reconduzido ao sono, através de cuja terapia
se reequilibrava emocionalmente, enquanto se aguardava o próximo serviço
socorrista.
Não se pode amar a Deus sem que se sirva com abnegação ao próximo. Da
mesma forma, qualquer incursão para ajudar o perturbado, sem a caridade para
com o perturbador, redundaria improfícua senão perniciosa. Justo atender aos
contendores sem preferencialismos, porqüanto, enfrentando o mesmo problema,
ambos são desditosos. E o que aflige é sempre mais desventurado, em se
considerando a ingestão do ódio que o desvaira hoje como o inapelável resgate
que defrontará amanhã. Piedade, portanto, também, para os que infelicitam,
perseguem, atormentam — não sabem o que fazem!
Seguindo a programação traçada para o problema em tela, no dia
estabelecido para o novo serviço de assistência, os membros que constituíam o
grupo especializado reuniram-se no Centro Espírita, como da vez anterior,
conscientes da própria responsabilidade.
Podia-se notar-lhes a satisfação íntima transparente no semblante de
todos, exteriorizando otimismo e confiança nos desígnios superiores como
inalterável submissão aos resultados buscados, fossem quais fossem.
Procedida à leitura de uma página consoladora e entretecidos leves,
agradáveis comentários sobre o texto, foi feita a prece de abertura, que dava
início ao intercâmbio entre as duas esferas da vida.
Como fôra providenciado da vez anterior, o enfermo desencarnado foi
trazido adredemente e, desde a véspera, quando o médium Joel, em desdobramento
pelo sono, foi conduzido àquele recinto, cuidou-se da sua pré imantação
fluídica para o ministério em pauta. Com esse recurso valioso, procedia-se a um
cuidado propiciatório a mais amplos e frutíferos resultados.
O caroável Bezerra, humilde e diligente, aprestara-se às providências
indispensáveis. Ele próprio, profundo conhecedor das enfermidades obsessivas
desde quando na roupagem carnal atendera a dezenas de subjugados e obsessos
inúmeros, que lhe exigiram expressivas doações de paciência, sabedoria e amor,
mediante cujos valores sempre colimava êxito nos tentames socorristas.
Afeiçoado aos equivocados, por saber o que os aguardava, zelava pela enfermagem
da noite destinada ao implacável antagonista de Ester, com o carinho de
extremoso pai, sem, no entanto, os receios, o pieguismo ou a ansiedade dos que
se demoram em estágio de infância espiritual.
Todas as atividades eram exercidas com extremada ordem, em esfera
psíquica de salutar harmonia.
Tomando a instrumentação mediúnica de Rosângela, que manipulava com
habilidade e delicadeza, após a saudação evangélica, expôs, compassivo:
— Aqui estamos sob a égide de Jesus para
ajudar, pura e simplesmente.
Candidatamo-nos a socorrer sem maiores ambições, pois que os resultados
pertencem sempre ao Senhor, a Quem doamos, também, nossas vidas..
“Desse modo, recordemos o Mestre em
Gadara ou Gerasa diante do obsidiado em desvalimento: nenhuma exprobração,
nenhuma violência, vulgaridade alguma, sem acusação nem reproche. Examinou o
drama de dor e sombra que os envolvia, auscultou os receios do perseguidor e as
necessidades do perseguido, a ambos libertando, conforme suas condições
interiores...
“Calmo e íntegro, superior e amoroso,
infundiu respeito, concedeu oportunidade liberativa, amparou.
“Não desvalorizemos as excelentes
possibilidades que Ele nos coloca ao alcance: oração, paciência, caridade...
Permeando-nos desses poderes, serão dispensáveis a discussão, a agitação, a
ofensa humilhante, a dura verdade para dobrar.
“Ninguém está lutando contra outrem a
perseguir a própria vitória.
“Estamos exercitando vivência cristã
fraternal e caridosa para com nós mesmos, através do auxílio ao próximo.”
Depois de breve silêncio, a fim de que todos pudéssemos absorver o
tônico das suas palavras, obtemperou, concluindo:
— O irmão em tratamento representa o
nosso passado, o que já fomos, e o porvir dos invigilantes, que ainda hoje não
despertaram para as responsabilidades que lhes dizem respeito.
“Atendido como irmão, que não o seja
apenas verbalmente, recebendo o afável tratamento que lhe devemos dispensar.
“Oremos e prossigamos!”
O milagre da palavra oportuna concitava-nos a refletir no conteúdo do
verbete “irmão”, fácil de enunciar, difícil de, aplicando-o ao próximo, tê-lo
em condição que tal.
Meditando nos conceitos expostos, verificávamos, mais uma vez, que o
rude e frio, indigitado e agressivo adversário da débil moçoila e de seus pais,
era somente o irmão doente da retaguarda, carecente de socorro quanto suas
próprias vítimas atribuladas...
Dirigi o olhar aos genitores da obsidiada e ouvi-lhes o pensamento em
prece contrita, a emoção em forma de lágrimas, o sentimento extravasando
compaixão. por aquele que os martirizava, é certo, todavia, se convertera no
motivo precioso do seu encontro com Jesus.
QUESTÕES
PARA ESTUDO
1 – Manoel
Philomeno afirma que, de modo geral, em uma obsessão, se se encontra uma entidade
procurando vingança, há também outras que se aproveitam das condições fluídicas
inferiores para parasitarem a obsessa. Como era a situação de Ester?
Poder-se-ia esperar uma recuperação imediata?
2 – O
benfeitor Bezerra, no início dos trabalhos de nova reunião mediúnica, traz uma
importante reflexão sobre nossa postura perante os obsessores. Que postura é
essa? E por que a atitude de reprovação e acusação às entidades obsessoras não
colabora para a solução da enfermidade espiritual?
Bom estudo a todos!!
Equipe Manoel Philomeno
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