Livro em
estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970
Autor: Espírito Manoel Philomeno
de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco
A031 – Cap. 12 – Desobsessão e responsabilidade – Parte 2
ESTUDO
(...)
E
reflexionando, com maior ênfase acrescentou:
— Em todo problema
de desobsessão há que considerar o espírito sofredor que provoca sofrimento e
levar em conta os recursos éticos do doutrinador, ao lado da sua conduta
espírita, isto é, sua responsabilidade moral. Conduta e responsabilidade,
essas que são essenciais na tarefa de doutrinar, porqüanto a instrução que não
se faz acompanhar do exemplo não possui a tônica da verdade. Sem dúvida, o
mérito do próprio obsidiado, as possibilidades que se lhe podem oferecer com o
retorno da saúde, no sentido de libertar-se da obsessão, constituem também
pontos favoráveis para desatar o enfermo das amarras com o delito passado, de cuja cobrança o desencarnado se faz infeliz
intermediário. Todavia, nas atuais realizações dos Templos Espíritas que se
transformam em Hospitais-Escolas na Terra para encarnados e desencarnados, a
densa população dos ali residentes, do lado
de cá, acompanha a lealdade do ensino quando incorporado ou não ao «modus vivendi» ou «modus-operandi» dos médiuns, dos doutrinadores, dos diretores
das Casas. Palavras belas e sonantes, conceitos elevados são de fácil aquisição
em muitos lugares. A excelência, porém, de uma idéia, de uma convicção, da
Religião se constata pelo número daqueles que foram modificados, que se
transformaram e que se deram à sua realidade.
«Em todo processo
de desobsessão não podemos desconsiderar o concurso do tempo, que nos exige
alta dosagem de paciência e perseverança. Aqueles que se propõem a ajudar,
compreendem a necessidade de criar condições para o desiderato. Assim,
portanto, assumem consciente ou inconscientemente significativa responsabilidade
espiritual com aqueles que se perturbam reciprocamente nos compromissos
infelizes a que se jugulam. Logo surjam os primeiros resultados favoráveis da
saúde, não podem nem devem os lidadores do socorro deixar à mercê da
insegurança e da distonia psíquica em reequilíbrio os que antes estavam
esmagados pelas forças dissolventes da perturbação. Despertando para a
compreensão dos deveres novos e amplos, impõe-se-nos ajudá-los com carinho de
pais ou mestres, ministrando-lhes demoradas lições de fé e instrução contínua,
para a manutenção dos requisitos básicos da saúde interior, a fim de que lhes
não ocorra uma reincidência mais danosa e mais grave, portanto, do que a
anterior. Algumas das entidades afastadas dos seus comensais nem sempre se
esclarecem de imediato, ou se conformam com a situação nova. Continuam
acompanhando suas antigas vítimas e aguardando oportunidade... Por outro lado,
diversos desencarnados responsáveis por obsessões soezes prosseguem requerendo
carinhosa assistência, até que se lhes firmem os propósitos superiores e
sintonizem com o auxílio dos seus Mentores. Qualquer tarefa de desobsessão,
portanto, representa nobre e elevada responsabilidade para todos os que nela se
envolvem, requerendo conhecimento doutrinário seguro e vivência cristalina
evangélica. »
Compreendíamos, e
confirmávamos que, sem dúvida, o Espiritismo é lição imortalista e que as
nossas responsabilidades são, verdadeiramente, muito grandes. Longe, porém, nos
encontrávamos de perceber as implicações transcendentais do ensino espírita no
dia-a-dia da nossa jornada à frente dos irmãos desencarnados. Acompanhávamos,
pois, as elucidações do Mentor, com vivo interesse e, porque não dizer, com
algum assombro. Muito lógicos, os conceitos penetravam-nos fundo na alma.
Depois de breve
intervalo, o irmão Glaucus continuou:
— Participando das
reuniões caridosas de intercâmbio com os sofredores desencarnados, o nosso
amigo aprende a aquilatar o valor do amor, nas operações de toda ordem. Percebe
a «não-violência» poderosa do amor, o
resultado dos fluídos magnéticos manipulados pelos sentimentos dos que os
orientam e, acima de tudo, a magia sublime da presença do Cristo Inconsumpto,
pelos laços do intercâmbio através da oração. Tem constatado nos serviços
entre as duas Esferas da Vida o resultado da excelência da fraternidade e a
eficiência dos métodos da caridade cristã. De apurado senso de observação e
profunda acuidade mental, compreende que nos utilizamos das mesmas técnicas,
algumas das quais lhe são familiares, usando as mesmas expressões de energia,
aplicadas, porém, com finalidades amplas e diferentes das suas, abastecendo-nos
nas Fontes Inexauríveis do Amor Divino. Diante dessas descobertas novas
realizadas pelo seu espírito, ávido agora de paz íntima, modifica-se-lhe o
panorama mental e altera-se-lhe a visão da realidade. Já experimenta a sede da
libertação, embora reconheça a necessidade do tributo pesado do ressarcimento
que os seus atos ora lhe impõem, com a urgência de que carece para sair do
labirinto das paixões em que tem estado, em cujos sítios aspirava os miasmas
do ódio, da alucinação, do desespero inominável.
«A consciência da
verdade oferece ao ser consciência lúcida, O erro já lhe não empana o
raciocínio e o Espírito não mais se conforma com engodos nem aceita ilusões.
Impõe-se a si mesmo o imposto do resgate como impositivo do próprio êxito.
Sente que não merece felicidade desonesta e estatuída à base da astúciá, o que
representaria impedimento à paz. »
Refletindo mais
demoradamente, exteriorizando pela face do médium a nobreza de linhas da sua
face e a harmonia do seu espírito em sublimação, o Sábio Instrutor concluiu:
— Quando abrimos
pequeno orifício num obstáculo que nos impede a visão, desdobra-se exuberante,
além do impedimento, o campo largo dos acontecimentos. Penetrando-o com
observação cuidadosa, descortinamos um quase horizonte sem fim, mais além...
Assim são os nossos atos: produzem orifícios nas paredes das dificuldades. Uma
ação negativa, dirigida contra alguém, talvez não lhe produza danos
imediatamente; aquele, no entanto, que foi nossa vítima, pode tomar o petardo
e atirá-lo mais adiante, ferindo, desequilibrado, quantos se lhe encontrem ao
alcance. Era já um enfermo, sim, esperando alguém que lhe desse o impulso para
a prática de desmandos inesperados. Ai, de nós, porém! É semelhante à lição
do escândalo: «Ai de quem o pratique»; conquanto necessário, não nos devemos
tornar instrumento dele, conforme asseverou Jesus. Também assim atuam o gesto
nobre, o pensamento elevado, a palavra edificante. Socorrendo este alguém que
está à mercê da ignorância, ou sob a constrição do desespero, ou às portas da
loucura, quanto produza ele de futuro em paz e alegria, cheio de esperança e
ânimo, deve-o ao Senhor da Vida, certamente, e, também, àquele alguém que lhe
ofertou o socorro recebido. Estará viajando o impulso da nossa doação através
deste ou daquele. Uma agressão de qualquer natureza faz-se antecipar da
vibração selvagem do ódio, da ira, da perversão que envolve o que lhe cai nas
malhas, predispondo-o à reação compatível ao atentado que venha a
experimentar. O plano do socorro e da caridade também exterioriza energia envolvente
que permeia o ser a quem objetiva, e quando o ato o alcança eis que ele já está
investido da reserva favorável ao registro e aceitação da oferta de amor.
Mudando de
acento, o Amigo Espiritual reportou-se à família Soares, elucidando que os
processos de desobsessão aos diversos membros do clã nos exigiriam ainda por
algum tempo larga faixa de labor, de forma a doarmos um auxílio mais
eficiente.
— Ante a aflição de
alguém — fez-se explícito —, costumamos interrogar à cata de esclarecimentos.
Parecem-nos injustos os sofrimentos de pessoas que se enobrecem pelo trabalho
e que alçam vôo às regiões do amor; apresentam-se-nos como indébitos ou
severamente fortes os tributos de dor a que muitos são convocados, quando estão
em renovação, na esfera de trabalhos edificantes; Espíritos em santificação
surgem-nos carregados de contínuas provas e elas nos parecem demasiadas...
Todos esses Espíritos, porém, rogaram a oportunidade do resgate no passado,
quando se acreditavam capazes. Nem sempre, todavia, quando o solicitaram
possuíam as necessárias resistências para produzi-los. Vindo as aflições somente
agora, quando amam e servem, produzem e ajudam, dispõem do largo patrimônio do
amor e da resignação, do conhecimento e da esperança para diminuir-lhes o peso
do fardo... A prova chega quando o aluno realizou o curso, ôbviamente, como
consequência natural para a verificação da aprendizagem na seleção dos mais
aptos e valorosos. Noutros casos, porém, a enfermidade e a dor são medidas
preventivas impeditivas de danos maiores na economia do progresso. O próprio
amor, após examinar os recursos e possibilidades de determinados pacientes da
alma, aprofundando neles a observação demorada e comprovando-lhes o pouco
aproveitamento das lições da reencarnação com os agravantes dos planos
maléficos que acalentam, impossibilita-os de caírem em danos mais graves,
comprometimentos mais ásperos para eles mesmos, resolvendo que, por enquanto,
para a melhora das suas aquisições, só a doença, o agravamento do seu estado,
ensejando, desse modo, enquanto presos ao leito, tempo de meditar e transformar
idéias, de buscar o pensamento divino e renovar-se... Diante, pois, dos
sofredores deste ou daquele jaez, não nos apressemos em revelações aventureiras quanto às suas causas, para não corrermos o
perigo de errar. Em toda e qualquer situação valorizemos a bênção do resgate,
a lição viva para aprendizagem valiosa, e submetamo-nos, tranquilos, aos
impositivos da Lei. Pacientes há, rebeldes de tal monta, que o melhor medicamento
para a saúde deles é a continuação do sofrimento em que se encontram...
«Cientificados e
esclarecidos, seguros de que tudo obedece a Planificação Superior, sejamos o
irmão da caridade, do amor, da compaixão, e envolvamos os sofredores que nos
buscam nos tecidos da nossa prece e dos nossos sentimentos bons, ajudando e
passando. A Lei a todos nos alcançará... Predisponhamo-nos pelo bem para o
momento do nosso exame, na abençoada escola do progresso. »
Despedindo-se, o
Amorável Benfeitor deixou-nos em esfera de paz e raciocínios preciosos, que nos
capacitariam a entender com segurança e em profundidade os acontecimentos
futuros, bem como a logicar com valor em torno de ocorrências passadas,
tranquilizando-nos com as revelações sobre a Divina Justiça e o Sublime Amor.
QUESTÕES PARA
ESTUDO E DIÁLOGO VIRTUAL
1. De acordo com o amigo espiritual Glaucus
que condições são necessárias para uma desobsessão eficaz?
2. Por que nem sempre é possível
realizar uma desobsessão em um período curto de tempo?
3. O que acontece quando o Espírito
desperta para uma “consciência lúcida”?
4. Por que não devemos nos apressar em
“revelações aventureiras” sobre o sofrimento?
Bom estudo a todos!!
Equipe Manoel Philomeno
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