REVISTA ESPIRITA
JORNAL DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS
7 a ANO NO. 2 FEVEREIRO 1864
ESTUDOS SOBRE A REENCARNAÇÃO.
(Sociedade
Espírita de Paris. - Médium, senhorita A. C.)
V - O
progresso entravado pela reencarnação indefinida.
Até aqui a reencarnação foi admitida de um modo
muito prolongado; não se pensou senão nessa prolongação da corporeidade, embora
cada vez menos material, ocasionando, no entanto, necessidades que deviam
entravar o voo do Espírito. Com efeito, admitindo a persistência da geração nos
mundos superiores, atribui-se ao Espírito encarnado necessidades corpóreas,
dão-lhe deveres e ocupações ainda materiais que constrangem e detêm o impulso
dos estudos espirituais. Que necessidade desses entraves? O Espírito não pode
gozar as felicidades do amor sem sofrer as enfermidades corpóreas? Sobre a
própria Terra, esse sentimento existe por si mesmo, independente da parte
material de nosso ser; os exemplos, embora sejam raros, estão aí, suficientes
para provar que deve ser sentido mais geralmente entre os seres mais
espiritualizados.
A reencarnação ocasiona a união dos corpos, o amor
puro somente a união das almas. Os Espíritos se unem segundo suas afeições
começadas nos mundos inferiores, e trabalham juntos para o seu adiantamento
espiritual. Eles têm uma organização fluídica muito diferente daquela que era a
consequência de seu aparelho corpóreo, e seus trabalhos se exercem sobre os
fluidos e não sobre os objetos materiais. Vão em esferas que, também elas,
cumpriram seu período material, em esferas cujo trabalho humano levou a
desmaterialização, e que, chegados ao apogeu de seu aperfeiçoamento, também
passaram por uma transformação superior, que os torna próprios para sofrer
outras modificações, mas num sentido todo fluídico.
Compreendeis,
desde hoje a força imensa do fluido, força que não podeis senão constatar, mas
que não vedes nem apalpais. Num estado menos pesado do que aquele em que
estais, teríeis outros meios de ver, de tocar, de trabalhar esse fluido que é o
grande agente da vida universal. Porque, pois, o Espírito teria ainda
necessidade de um corpo que está fora das apreciações corpóreas? Dir-me-eis que
esse corpo está em relação com os novos trabalhos que o Espírito terá que
cumprir; mas uma vez que esses trabalhos serão todo fluídicos e espirituais nas
esferas superiores, por que dar-lhe o embaraço das necessidades corpóreas,
porque a reencarnação ocasiona sempre, como eu o disse, geração e alimentação,
quer dizer, necessidade da matéria a satisfazer, e, em compensação, entraves
para o Espírito. Compreendeis que o Espírito deve ser livre em seu voo para o
infinito; compreendeis que tendo saído dos cueiros da matéria, ele aspira, como
a criança, a caminhar e correr sem ser contido pelas andadeiras maternas, e que
essas primeiras necessidades da primeira educação da criança são supérfluas
para a criança crescida, e insuportáveis ao adolescente. Não desejeis, pois,
permanecer na infância; considerai-vos como alunos fazendo seus últimos estudos
escolares, e se dispondo a entrar no mundo, e a ter nele seu lugar, e a começar
os trabalhos de um outro gênero que seus estudos preliminares terão facilitado.
O Espiritismo é a alavanca que levantará de um pulo
ao estado espiritual todo encarnado que, querendo bem compreendê-lo e pô-lo em
prática, se ligará em dominar a matéria, a dela se tornar senhor, a
aniquilá-la; todo Espírito de boa vontade pode se colocar em estado de passar,
deixando este mundo, ao estado espiritual sem retorno terrestre; somente, lhe é
preciso a fé ou vontade ativa. O Espiritismo a dá a todos aqueles que querem
compreendê-lo em seu sentido moralizador.
Enviado por: "Joel Silva"
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