quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

A "lei seca" e o direito à liberdade

A "lei seca" e o direito à liberdade

Sergio Rodrigues

Recente lei decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da República vem causando polêmica na sociedade. Trata-se da lei que altera o Código Nacional de Trânsito, proibindo o consumo de bebida alcoólica por condutor de veículo automotor e estabelecendo sanções para o seu descumprimento. Não vamos emitir juízo de valor quanto ao acerto ou não da medida nem se a proibição deve ser absoluta ou relativa, pois isto fugiria aos objetivos desta publicação. O que gostaríamos de refletir é sobre a necessidade ainda presente de sermos tutelados pela legislação humana, no que concerne a algo que, à primeira vista, de tão óbvio, deveria ser regulado apenas pelo bom senso: a incompatibilidade entre o consumo de alcoólicos e a condução de veículo automotor.

Por que ainda precisamos que o poder público venha intervir numa questão que a nossa própria consciência deveria ser suficiente para ditar o que devemos ou não fazer? Os Espíritos ensinam que unicamente as Leis Naturais bastariam para reger a sociedade, desde que todos as compreendessem e quisessem praticá-las. Quando isto acontecer, as Leis Naturais serão suficientes para regularem as relações entre os homens. Por enquanto, como espíritos ainda imperfeitos, mais próximos do começo da caminhada do que da nossa destinação, que é a condição de espíritos puros, inteiramente depurados e com a evolução concluída, ainda estamos sujeitos a desvios de conduta, precisando de leis severas para colocarem um freio nos desmandos de alguns.

Para que possamos prescindir de dispositivos coercitivos tão rigorosos como este é indispensável que, através da educação, o homem se reforme. Quanto menos evoluídos forem os espíritos que formam uma sociedade, mais duras haverão de ser as leis que regem as relações entre eles. A Lei Natural é perfeita, imutável e existe desde sempre, como o Criador. Mas a legislação humana é temporal e progressiva. Modifica-se naturalmente, pela força do progresso, que cria novas necessidades e faz com que o homem tenha que adaptá-la à nova condição social que ocupa. O Espiritismo mostra que o progresso é lei da natureza e sua ação se faz sentir em todo o Universo. O homem pode criar-lhe embaraços e atrasá-lo, porém não frustrá-lo nem impedí-lo. A legislação humana não foge a esse determinismo divino e vai se adaptando ao progresso realizado.

Nesse estágio de evolução em que nos encontramos, o egoísmo ainda está fortemente presente, fazendo com que alguns não percebam que o homem não pode gozar de uma liberdade absoluta. Há direitos recíprocos que lhe cumpre respeitar. À legislação humana cabe zelar pelo respeito a esses direitos, estabelecendo o limite que deve ser observado por cada indivíduo no uso de sua liberdade. O homem goza de liberdade absoluta apenas quanto ao pensamento e à consciência, aos quais não se pode opor embaraços. Em tudo o mais, de uma ou de outra maneira, a liberdade é relativa, desde que juntos estejam dois ou mais homens.

À medida que o processo civilizatório for avançando, alguns males gerados pelo egoísmo, pela ambição e pelo orgulho deixarão de existir e o progresso moral prevalecerá. Quando os valores morais sobrepujarem os materiais, o homem poderá gozar do  direito à liberdade de modo mais amplo e com menos restrições. Combatendo o homem suas más tendências através da educação, a legislação humana acompanhará esse progresso, tornando-se mais branda e menos punitiva, pois haverá um maior discernimento quanto ao que podemos ou não fazer. A Terra é o educandário que a misericórdia divina nos oferece para que possamos operar essa transformação. Por enquanto, havemos de admitir que, apesar de seu caráter restritivo ao direito de liberdade, não podemos prescindir de leis semelhantes à acima citada, necessárias para frearem essas más tendências que ainda trazemos em nosso íntimo.

Sergio Rodrigues

Mensagem: Carta de Ano Novo

papelembrancoCarta de Ano Novo

Ano Novo é também oportunidade de aprender, trabalhar e servir. O tempo como paternal amigo, como que se reencarna no corpo do calendário, descerrando-nos horizontes mais claros para necessária ascensão.

Lembra-te de que o ano em retorno, é novo dia a convocar-te para a execução de velhas promessas que ainda não tivestes a coragem de cumprir.

Se tens inimigos faze das horas renascer-te o caminho da reconciliação.

Se foste ofendido, perdoa, a fim de que o amor te clareie a estrada para frente.

Se descansaste em demasia, volve ao arado de tuas obrigações e planta o bem com destemor para a colheita do porvir.

Se a tristeza te requisita esquece-a e procura a alegria serena da consciência tranquila no dever bem cumprido.

Ano Novo! Novo Dia!

Sorri para os que te feriram e busca harmonia com aqueles que te não entenderam até agora.

Recorda que há mais ignorância que maldade em torno de teu destino.

Não maldigas nem condenes.

Auxilia a acender alguma luz para quem passa ao teu lado, na inquietude da escuridão.

Não te desanimes nem te desconsoles.

Cultiva o bom ânimo com os que te visitam dominados pelo frio do desencanto ou da indiferença.

Não te esqueças de que Jesus jamais se desespera conosco e, como que oculto ao nosso lado, paciente e bondoso, repete-nos de hora a hora: - Ama e auxilia sempre. Ajuda aos outros amparando a ti mesmo, porque se o dia volta amanhã, eu estou contigo, esperando pela doce alegria da porta aberta de teu coração.

Pelo Espírito Emmanuel

XAVIER, Francisco Cândido. Vida e Caminho. Espíritos Diversos. GEEM.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Mural reflexivo: sobre anjos

vovodesencSobre anjos

A palavra anjo desperta geralmente a ideia da perfeição moral.

É, frequentemente, aplicada a todos os seres, bons e maus, que não pertencem à Humanidade. Diz-se o bom e o mau anjo, o anjo da luz e o anjo das trevas.

Na Bíblia encontra-se muito este termo. Às vezes, com o sentido de criaturas humanas exercendo a função de mensageiros, embaixadores, profetas.

O uso mais frequente se aplica a criaturas já existentes antes da criação do mundo, mas igualmente criadas por Deus.

Distinguem-se do homem pela superioridade da inteligência, sabedoria e poder.

Alguns críticos julgam ser influência dos povos vizinhos a Israel, sobretudo a Pérsia, a ideia de anjos substituindo os deuses.

É assim que eles aparecem, em descrições bíblicas, falando aos homens na forma e linguagem humana. E são mostrados com graus hierárquicos entre si.

Observa-se que, no Novo Testamento, as referências aos anjos são menos frequentes do que no Antigo Testamento.

A existência de seres humanos exercendo as funções de mensageiros da Divindade aos homens é admitida como realidade entre religiões não bíblicas, também.

É assim que vemos descrições de anjos no maometismo, nas mitologias gregas e orientais e em algumas formas do budismo.

O Corão é extraordinariamente rico em referências aos anjos.

A Doutrina Espírita ensina que os anjos são seres criados como todos os Espíritos.

Por já terem percorrido todos os graus e reunirem em si todas as perfeições, se tornaram Espíritos puros.

Como existem Espíritos dessa categoria, muito anteriores ao homem, este acreditou que eles haviam sido criados assim, perfeitos.

Entre os anjos, existem aqueles que se dedicam a proteger: são os anjos da guarda.

São sempre superiores ao homem. Estão ali para aconselhar, sustentar, ajudar a escalar a montanha escarpada do progresso.

São amigos mais firmes e mais devotados do que as mais íntimas ligações que se possam contrair na Terra.

Esses seres ali estão por ordem de Deus, que os colocou ao lado dos homens. Ali estão por Seu amor.

Cumprem junto aos homens uma bela mas, ao mesmo tempo, penosa missão.

Seja nos cárceres, nos hospitais, nos antros do vício, na solidão, eles se encontram ao lado dos seus protegidos.

É deles que a nossa alma recebe os mais doces impulsos e ouve os mais sábios conselhos.

Eles nos auxiliam nos momentos de crise.

Para os que pensam ser impossível os Espíritos verdadeiramente elevados se restringirem a uma tarefa tão laboriosa, e de todos os instantes, é bom lembrar que eles nos influenciam a milhões de léguas de distância.

Para eles, o espaço não existe. Podem estar vivendo em outros mundos e conservar a ligação com os seus protegidos.

Gozam de faculdades que não podemos compreender.

Cada anjo da guarda tem o seu protegido e vela por ele, como um pai vela pelo filho.

Sente-se feliz quando o vê no bom caminho, chora quando os seus conselhos são desprezados.

O anjo da guarda é ligado ao indivíduo desde o nascimento até a morte. Frequentemente o segue depois da morte e mesmo através de numerosas existências corpóreas.

Para o Espírito imortal, essas existências não são mais do que fases bem curtas da vida.

* * *

Foi Gregório Magno o primeiro a introduzir a concepção da angelologia na teologia cristã no Ocidente.

Surgiram assim, além dos anjos e arcanjos, duas outras classes: a dos querubins e serafins, jamais mencionadas em toda a Bíblia como seres angelicais.

No Novo Testamento, os anjos são apresentados como sujeitos a Cristo, o Espírito perfeito.

Redação do Momento Espírita com base nos itens 128 a 130 e 489 a 495 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb e no verbete Anjo, da Enciclopédia Mirador, v. 2, ed.Enclyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Você sabia?!

 

Você sabia...

Todos os Espíritos foram criados simples e ignorantes, isto é, sem saber.

Os Espíritos, conhecidos popularmente como anjos, são, em verdade, os que já muito progrediram por seu próprio esforço e trabalho no bem.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Estudo dirigido: O Evangelho segundo o Espiritismo

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EESE – Cap. VII – Itens 11 a 13
Tema:   O orgulho e a humildade
            Missão do homem inteligente na Terra
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A - Texto de Apoio:

O orgulho e a humildade

11. Que a paz do Senhor seja convosco, meus queridos amigos! Aqui venho para encorajar-vos a seguir o bom caminho.

Aos pobres Espíritos que habitaram outrora a Terra, conferiu Deus a missão de vos esclarecer. Bendito seja Ele, pela graça que nos concede: a de podermos auxiliar o vosso aperfeiçoamento. Que o Espírito Santo me ilumine e ajude a tomar compreensível a minha palavra, outorgando-me o favor de pô-la ao alcance de todos! Oh! vós, encarnados, que vos achais em prova e buscais a luz, que a vontade de Deus venha em meu auxílio para fazê-la brilhar aos vossos olhos!

A humildade é virtude muito esquecida entre vós. Bem pouco seguidos são os exemplos que dela se vos têm dado. Entretanto, sem humildade, podeis ser caridosos com o vosso próximo? Oh! não, pois que este sentimento nivela os homens, dizendo-lhes que todos são irmãos, que se devem auxiliar mutuamente, e os induz ao bem. Sem a humildade, apenas vos adornais de virtudes que não possuís, como se trouxésseis um vestuário para ocultar as deformidades do vosso corpo. Lembrai-vos dAquele que nos salvou; lembrai-vos da sua humildade, que tão grande o fez, colocando-o acima de todos os profetas.

O orgulho é o terrível adversário da humildade. Se o Cristo prometia o reino dos céus aos mais pobres, é porque os grandes da Terra imaginam que os títulos e as riquezas são recompensas deferidas aos seus méritos e se consideram de essência mais pura do que a do pobre. Julgam que os títulos e as riquezas lhes são deferidas; pelo que, quando Deus lhos retira, o acusam de injustiça. Oh! irrisão e cegueira! Pois, então, Deus vos distingue pelos corpos? O envoltório do pobre não é o mesmo que o do rico? Terá o Criador feito duas espécies de homens? Tudo o que Deus faz é grande e sábio; não lhe atribuais nunca as ideias que os vossos cérebros orgulhosos engendram.

Ó rico! Enquanto dormes sob dourados tetos, ao abrigo do frio, ignoras que jazem sobre a palha milhares de irmãos teus, que valem tanto quanto tu? Não é teu igual o infeliz que passa fome? Ao ouvires isso, bem o sei, revolta-se o teu orgulho. Concordarás em dar-lhe uma esmola, mas em lhe apertar fraternalmente a mão, nunca. "Pois quê! dirás, eu, de sangue nobre, grande da Terra, igual a este miserável coberto de andrajos! Vã utopia de pseudofilósofos! Se fôssemos iguais, por que o teria Deus colocado tão baixo e a mim tão alto?" E exato que as vossas vestes não se assemelham; mas, despi-vos ambos: que diferença haverá entre vós? A nobreza do sangue, dirás; a química, porém, ainda nenhuma diferença descobriu entre o sangue de um grão-senhor e o de um plebeu; entre o do senhor e o do escravo. Quem te garante que também tu já não tenhas sido miserável e desgraçado como ele? Que também não hajas pedido esmola? Que não a pedirás um dia a esse mesmo a quem hoje desprezas? São eternas as riquezas? Não desaparecem quando se extingue o corpo, envoltório perecível do teu Espírito? Ah! lança sobre ti um pouco de humildade! Põe os olhos, afinal, na realidade das coisas deste mundo, sobre o que dá lugar ao engrandecimento e ao rebaixamento no outro; lembra-te de que a morte não te poupará, como a nenhum homem; que os teus títulos não te preservarão do seu golpe; que ela te poderá ferir amanhã, hoje, a qualquer hora. Se te enterras no teu orgulho, oh! quanto então te lamento, pois bem digno de compaixão serás.

Orgulhosos! Que éreis antes de serdes nobres e poderosos? Talvez estivésseis abaixo do último dos vossos criados. Curvai, portanto, as vossas frontes altaneiras, que Deus pode fazer se abaixem, justo no momento em que mais as elevardes. Na balança divina, são iguais todos os homens; só as virtudes os distinguem aos olhos de Deus. São da mesma essência todos os Espíritos e formados de igual massa todos os corpos. Em nada os modificam os vossos títulos e os vossos nomes. Eles permanecerão no túmulo e de modo nenhum contribuirão para que gozeis da ventura dos eleitos. Estes, na caridade e na humildade é que tem seus títulos de nobreza.

Pobre criatura! és mãe, teus filhos sofrem; sentem frio; tem fome, e tu vais, curvada ao peso da tua cruz, humilhar-te, para lhes conseguires um pedaço de pão! Oh! inclino-me diante de ti. Quão nobremente santa és e quão grande aos meus olhos! Espera e ora; a felicidade ainda não é deste mundo. Aos pobres oprimidos que nele confiam, concede Deus o reino dos céus.

E tu, donzela, pobre criança lançada ao trabalho, às privações, por que esses tristes pensamentos? Por que choras? Dirige a Deus, piedoso e sereno, o teu olhar: ele dá alimento aos passarinhos; tem-lhe confiança: ele não te abandonará. O ruído das festas, dos prazeres do mundo, faz bater-te o coração; também desejaras adornar de flores os teus cabelos e misturar-te com os venturosos da Terra. Dizes de ti para contigo que, como essas mulheres que vês passar, despreocupadas e risonhas, também poderias ser rica. Oh! caia-te, criança! Se soubesses quantas lágrimas e dores inomináveis se ocultam sob esses vestidos recamados, quantos soluços são abafados pelos sons dessa orquestra rumorosa, preferirias o teu humilde retiro e a tua pobreza. Conserva-te pura aos olhos de Deus, se não queres que o teu anjo guardião para o seu seio volte, cobrindo o semblante com as suas brancas asas e deixando-te com os teus remorsos, sem guia, sem amparo, neste mundo, onde ficarias perdida, a aguardar a punição no outro.

Todos vós que dos homens sofreis injustiças, sede indulgentes para as faltas dos vossos irmãos, ponderando que também vós não vos achais isentos de culpas; é isso caridade, mas é igualmente humildade. Se sofreis pelas calúnias, abaixai a cabeça sob essa prova. Que vos importam as calúnias do mundo? Se é puro o vosso proceder, não pode Deus vo-las compensar? Suportar com coragem as humilhações dos homens é ser humilde e reconhecer que somente Deus é grande e poderoso.

Oh! meu Deus, será preciso que o Cristo volte segunda vez à Terra para ensinar aos homens as tuas leis, que eles olvidam? Terá que de novo expulsar do templo os vendedores que conspurcam a tua casa, casa que é unicamente de oração? E, quem sabe? ó homens! se o não renegaríeis como outrora, caso Deus vos concedesse essa graça! Chamar-lhe-íeis blasfemador, porque abateria o orgulho dos modernos fariseus. E bem possível que o fizésseis perlustrar novamente o caminho do Gólgota.

Quando Moisés subiu ao monte Sinai para receber os mandamentos de Deus, o povo de Israel, entregue a si mesmo, abandonou o Deus verdadeiro. Homens e mulheres deram o ouro e as joias que possuíam, para que se construísse um ídolo que entraram a adorar. Vós outros, homens civilizados, os imitais. O Cristo vos legou a sua doutrina; deu-vos o exemplo de todas as virtudes e tudo abandonastes, exemplos e preceitos. Concorrendo para isso com as vossas paixões, fizestes um Deus a vosso jeito: segundo uns, terrível e sanguinário; segundo outros, alheado dos interesses do mundo. O Deus que fabricastes é ainda o bezerro de ouro que cada um adapta aos seus gostos e às suas ideias.

Despertai, meus irmãos, meus amigos. Que a voz dos Espíritos ecoe nos vossos corações. Sede generosos e caridosos, sem ostentação, isto é, fazei o bem com humildade. Que cada um proceda pouco a pouco à demolição dos altares que todos ergueram ao orgulho. Numa palavra: sede verdadeiros cristãos e tereis o reino da verdade. Não continueis a duvidar da bondade de Deus, quando dela vos dá ele tantas provas. Vimos preparar os caminhos para que as profecias se cumpram. Quando o Senhor vos der uma manifestação mais retumbante da sua demência, que o enviado celeste já vos encontre formando uma grande família; que os vossos corações, mansos e humildes, sejam dignos de ouvir a palavra divina que ele vos vem trazer; que ao eleito somente se deparem em seu caminho as palmas que aí tenhais deposto, volvendo ao bem, à caridade, à fraternidade. Então, o vosso mundo se tornará o paraíso terrestre. Mas, se permanecerdes insensíveis à voz dos Espíritos enviados para depurar e renovar a vossa sociedade civilizada, rica de ciências, mas, no entanto, tão pobre de bons sentimentos, ah! então não nos restará senão chorar e gemer pela vossa sorte. Mas, não, assim não será. Voltai para Deus, vosso pai, e todos nós que houvermos contribuído para o cumprimento da sua vontade entoaremos o cântico de ação de graças, agradecendo-lhe a inesgotável bondade e glorificando-o por todos os séculos dos séculos. Assim seja. Lacordaire. (Constantina, 1863.)

12. Homens, por que vos queixais das calamidades que vós mesmos amontoastes sobre as vossas cabeças? Desprezastes a santa e divina moral do Cristo; não vos espanteis, pois, de que a taça da iniquidade haja transbordado de todos os lados.

Generaliza-se o mal-estar. A quem inculpar, senão a vós que incessantemente procurais esmagar-vos uns aos outros? Não podeis ser felizes, sem mútua benevolência; mas, como pode a benevolência coexistir com o orgulho? O orgulho, eis a fonte de todos os vossos males. Aplicai-vos, portanto, em destruí-lo, se não lhe quiserdes perpetuar as funestas consequências. Um único meio se vos oferece para isso, mas infalível: tomardes para regra invariável do vosso proceder a lei do Cristo, lei que tendes repelido ou falseado em sua interpretação.

Por que haveis de ter em maior estima o que brilha e encanta os olhos, do que o que toca o coração? Por que fazeis do vício na opulência objeto das vossas adulações, ao passo que desdenhais do verdadeiro mérito na obscuridade? Apresente-se em qualquer parte um rico debochado, perdido de corpo e alma, e todas as portas se lhe abrem, todas as atenções são para ele, enquanto ao homem de bem, que vive do seu trabalho, mal se dignam todos de saudá-lo com ar de proteção. Quando a consideração dispensada aos outros se mede pelo ouro que possuem ou pelo nome de que usam, que interesse podem eles ter em se corrigirem de seus defeitos?

Dar-se-ia o inverso, se a opinião geral fustigasse o vicio dourado, tanto quanto o vicio em andrajos; mas, o orgulho se mostra indulgente para com tudo o que o lisonjeia. Século de cupidez e de dinheiro, dizeis. Sem dúvida; mas por que deixastes que as necessidades materiais sobrepujassem o bom senso e a razão? Por que há de cada um querer elevar-se acima de seu irmão? Desse fato sofre hoje a sociedade as consequências.

Não esqueçais que tal estado de coisas é sempre sinal certo de decadência moral. Quando o orgulho chega ao extremo, tem-se um indício de queda próxima, porquanto Deus nunca deixa de castigar os soberbos. Se por vezes consente que eles subam, é para lhes dar tempo a reflexão e a que se emendem, sob os golpes que de quando em quando lhes desfere no orgulho para os advertir. Mas, em lugar de se humilharem, eles se revoltam. Então, cheia a medida, Deus os abate completamente e tanto mais horrível lhes é a queda, quanto mais alto hajam subido.

Pobre raça humana, cujo egoísmo corrompeu todas as sendas, toma novamente coragem, apesar de tudo. Em sua misericórdia infinita, Deus te envia poderoso remédio para os teus males, um inesperado socorro à tua miséria. Abre os olhos à luz: aqui estão as almas dos que já não vivem na Terra e que te vêm chamar ao cumprimento dos deveres reais. Eles te dirão, com a autoridade da experiência, quanto as vaidades e as grandezas da vossa passageira existência são mesquinhas a par da eternidade. Dir-te-ão que, lá, o maior é aquele que haja sido o mais humilde entre os pequenos deste mundo; que aquele que mais amou os seus irmãos será também o mais amado no céu; que os poderosos da Terra, se abusaram da sua autoridade, ver-se-ão reduzidos a obedecer aos seus servos; que, finalmente, a humildade e a caridade, irmãs que andam sempre de mãos dadas, são os meios mais eficazes de se obter graça diante do Eterno. - Adolfo, bispo de Argel. (Marmande, 1862.)

Missão do homem inteligente na Terra

13. Não vos ensoberbais do que sabeis, porquanto esse saber tem limites muito estreitos no mundo em que habitais. Suponhamos sejais sumidades em inteligência neste planeta: nenhum direito tendes de envaidecer-vos. Se Deus, em seus desígnios, vos fez nascer num meio onde pudestes desenvolver a vossa inteligência, é que quer a utilizeis para o bem de todos; é uma missão que vos dá, pondo-vos nas mãos o instrumento com que podeis desenvolver, por vossa vez, as inteligências retardatárias e conduzi-las a ele. A natureza do instrumento não está a indicar a que utilização deve prestar-se? A enxada que o jardineiro entrega a seu ajudante não mostra a este último que lhe cumpre cavar a terra? Que diríeis, se esse ajudante, em vez de trabalhar, erguesse a enxada para ferir o seu patrão? Diríeis que é horrível e que ele merece expulso. Pois bem: não se dá o mesmo com aquele que se serve da sua inteligência para destruir a ideia de Deus e da Providência entre seus irmãos? Não levanta ele contra o seu senhor a enxada que lhe foi confiada para arrotear o terreno? Tem ele direito ao salário prometido? Não merece, ao contrário, ser expulso do jardim? Sê-lo-á, não duvideis, e atravessará existências miseráveis e cheias de humilhações, até que se curve diante dAquele a quem tudo deve.

A inteligência é rica de méritos para o futuro, mas, sob a condição de ser bem empregada. Se todos os homens que a possuem dela se servissem de conformidade com a vontade de Deus, fácil seria, para os Espíritos, a tarefa de fazer que a Humanidade avance. Infelizmente, muitos a tomam instrumento de orgulho e de perdição contra si mesmos. O homem abusa da inteligência como de todas as suas outras faculdades e, no entanto, não lhe faltam ensinamentos que o advirtam de que uma poderosa mão pode retirar o que lhe concedeu. -Ferdinando, Espírito protetor. (Bordéus, 1862.)

B - Questões para estudo e diálogo virtual:

1 – Quais são os meios mais eficazes de se obter graça diante do Eterno? Explique.

2 – Qual é a missão do homem inteligente na Terra?

3 – Extraia do texto acima a frase ou parágrafo que mais gostou e justifique.

domingo, 28 de dezembro de 2014

Qual sua opinião?

Cremação X Células tronco

A Karina nos enviou a seguinte indagação:

“Oi pessoal!!

Estava assistindo uma palestra da AME (Associação de Médicos Espíritas) em que a médica era contra usar as células troncos de embriões congelados pela questão de poder haver um espírito ainda vinculado ao feto.

São permitidas apenas o uso de células troncos dos cordões umbilicais...

Fiquei então pensando. A cremação é possível, porque se considera que após 48 horas o espírito já se desvinculou do corpo. Alguns espíritas esperam até uma semana, tempo em que é possível deixar o cadáver no forno.

O raciocínio do embrião, não seria o mesmo?

Após um período de tempo com um feto congelado, sem vinculo materno, o Espírito não se retiraria?

O que vocês pensam?

beijos, Karina.”

Aguardamos sua participação!

Beijos e abraços,

sábado, 27 de dezembro de 2014

Jogos violentos deixam jovens mais imaturos, diz pesquisa

Jogos violentos deixam jovens mais imaturos, diz pesquisa

Sean Coughlan
da BBC News

Jogar videogames violentos por longos períodos pode prejudicar a "maturidade moral" dos jovens, revelou uma nova pesquisa.
Analisando o comportamento de 100 adolescentes de 13 a 14 anos, uma cientista canadense constatou que a superexposição a esse tipo de jogo diminuiu o sentimento de solidariedade deles com o próximo.
Mais da metade dos jovens que participou da pesquisa jogava videogame todo dia. A preferência era por jogos mais violentos.
Uma das conclusões foi de que os adolescentes estariam perdendo o senso do que é "certo e errado".
O estudo, realizado por Mirjana Bajovic, da Universidade de Brock, no Canadá, observou o comportamento de estudantes de sete escolas em Ontário, no leste do país. O objetivo era entender o tipo de jogos que eles jogavam, o tempo gasto em cada jogo e a influência do videogame em suas atitudes.
Falta de solidariedade
A cientista descobriu que o videogame era o lazer preferido por essa faixa etária, que dedicava entre uma a três horas diárias à atividade.
Jogos "violentos" são aqueles em que os jogadores matam, mutilam ou decepam a cabeça de outros personagens.
O estudo destaca, contudo, que muitos adolescentes podem jogar esse tipo de jogo e não desenvolver nenhuma mudança de comportamento.
Entretanto, os problemas são notados naqueles que passam mais de três horas por dia em frente à tela da TV ou do computador, jogando continuamente os jogos violentos sem qualquer outra interação com o mundo real.
As mesmas evidências não foram encontradas em jogos não violentos, corroborando a tese da pesquisadora.
'Certo e errado'
Segundo o estudo, o hábito acaba atrasando a evolução psicológica dos adolescentes, uma vez que sentimentos como solidariedade, confiança e preocupação com o próximo não são totalmente desenvolvidos.
"Passar muito tempo dentro do mundo virtual da violência pode impedir que esses jovens se envolvam em experiências sociais positivas na vida real, além de desenvolverem uma senso do que é certo ou errado", afirma um trecho da pesquisa.
A pesquisadora também sugere que os professores, pais, e adolescentes trabalhem juntos para proporcionar oportunidades diferentes aos jogadores carentes de interação social, como trabalho voluntário, por exemplo.
O estudo, intitulado "Violent video gaming and moral reasoning in adolescents: is there an association?" ("Videogames violentos e maturidade moral nos adolescentes: existe uma associação?", em tradução livre) foi publicado na revista científica Educational Media International.

Notícia publicada na BBC Brasil, em 16 de fevereiro de 2014.

Humberto Souza de Arruda* comenta

Há mais de dois mil anos, nosso amigo e Mestre Jesus nos trouxe o mandamento maior que é “amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Percebemos aí que para amar ao próximo precisamos nos amar. Uma vez que não podemos dar o que não temos.
Nós desenvolvemos o autoamor para poder distribuir amor sem a preocupação se receberíamos algo em troca. Os sentimentos de autoamar junto com o de amor ao próximo desenvolveram a caridade, pois se ficarmos somente com o sentimento de autoamor sem se preocupar com o próximo, estaremos sendo egoístas.
E, com esta ótica, podemos analisar outra máxima; “Não faças ao outro aquilo que não gostarias que ele te fizesse”. Vemos aí novamente a importância do autoamor.
Sem trabalhar bem este sentimento, podemos ficar sem referência de o que seria prejudicial ao próximo. Poderíamos fazer, por exemplo, algo de ruim a alguém como faríamos conosco. Daí a importância de termos boas referências de conduta moral para construirmos com eficiência o autoamor.
Mas quem seria este próximo que tanto se fala quando se pensa em caridade?
Se nós nos vermos como um todo na sociedade, este próximo seria desde os amigos, familiares a até os companheiros de jogos violentos ou de outras atividades como tal. Assim também como tantas outras pessoas que estão emocionalmente ou fisicamente próximas a nós.
Um sentimento colérico nosso com relação a uma situação de “faz de contas”, como nos jogos virtuais violentos, alteram outros sentimentos que poderíamos oferecer a um familiar, como paciência e segurança.
Agora, se considerarmos a influência espiritual e a comunicabilidade dos espíritos, vemos que a responsabilidade nossa com relação aos nossos próximos passa a ser maior. Com estas primícias, vemos a nossa influência com relação aos nossos obsessores. Pois estão próximos a nós por questão de afinidades.
Vejamos uma situação hipotética, mas pertinente: Um Espírito, que quando encarnado matou por alguma vingança, não teria receio em se aproximar de nós que matamos em um jogo virtual só para fazer pontos. Um Espírito que decapitou por ordens superiores, analogamente, podemos entender que não hesitaria em aproximar de quem decapita em um jogo para ganhar pontos ou “vidas”.
Vemos que, apesar de ser uma brincadeira, somos responsáveis por esta baixa muito grande de vibração. São um risco muito grande estes jogos. Mas foram mostrados nos dados da pesquisa canadense alguns jovens, que mesmo em condições iguais a dos outros, não sofreram mudanças comportamentais. É muito complicado medir a resistência moral de um adulto, muito mais seria medir a de um jovem que se permite estar sob influências de baixa elevação, como o cenário que um jogo violento fornece. Um risco que não vale a pena correr.
Nesta brincadeira, a competição extrapola o que seria saudável. Mas como seria uma competição saudável?
Se nestes jogos não tivessem as violências e fossem trocadas por machucados leves... Seria uma competição saudável? Mas alguém estaria se machucando.
Então seria melhor imaginarmos um jogo sem violência e contatos físicos. Assim seria então uma competição saudável? Mas alguém sairia perdendo. O psiquismo de quem perde algo tem uma avaliação tão pessoal que fica difícil quantificar se seria prejudicial ou só uma queda pra ajudar no crescimento do indivíduo.
Mas então podemos reformular tudo para criar uma competição que julgue em uma disputa quem faz mais caridade. Agora sim... Temos uma competição saudável? Neste caso, quem receberia as ajudas, ficaria com mais intenções de ajuda que se fosse vindo de só um. Mas não receberia mais caridade. Pois os disputadores estariam preocupados em fazer pontos e não se envolver amorosamente com o próximo para crescimento mútuo.
Como nas definições de competição vem a palavra rivalizar, que é criar um rival, podemos então tentar ao máximo mostrar o nosso melhor em tudo que fazemos. Sem necessariamente querermos ser melhores que outros que também fazem algo como nós.
Assim, a violência, mesmo que seja de brincadeira, mostra como é grande a vontade do indivíduo em ser mais forte que os outros. Desta forma, fica muito difícil este mesmo indivíduo praticar a caridade onde ele precisaria se curvar para auxiliar. Se mostrar menos forte para não intimidar. Se mostrar menos intelectual para não ofuscar o atendido. E, principalmente, se igualar com o irmão próximo em um abraço de coração para coração.

* Humberto Souza de Arruda é evangelizador, voluntário em Serviço de Promoção Social Espírita (SAPSE) e colaborador do Espiritismo.net.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Espiritismo nas ondas do rádio no Tocantins

Espiritismo nas ondas do rádio no Tocantins

A Rádio Tocantins FM, da cidade de Gurupi/TO, transmite os programas espíritas “Vinhas de Luz” e “Gotas de Esperança”, apresentados por Grace Gonçalves.
O primeiro vai ao ar de segunda a sexta, de 18h45 às 19h e o outro aos domingos, de 18h às 18h30. A emissora pode ser sintonizada no rádio em 97,9 MHZ FM e pela internet no endereço
www.radios.com.br/aovivo/Radio-Tocantins-97.9-FM/14823.
Mais informações podem ser obtidas através do site
www.tocantinsfmgurupi.com.br ou pelo e-mail gracegoncalveslacerda@hotmail.com.

Assunto: Aproveite suas férias para fazer uma Faxina nos Armários

 
De: brigadas-nao-responda@terracycle.com.br
Enviada: Terça-feira, 16 de Dezembro de 2014 09:48
Assunto: Aproveite suas férias para fazer uma Faxina nos Armários
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quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Perante o Natal

jesusPerante o Natal

Neste dia feliz, em que as aglomerações nos shoppings nos revelam a febre de compras, vamos refletir juntos sobre o significado do Natal?

Natal - todos sabem - é Jesus que nasce, renovando Seu antigo apelo ao amor por todos os seres.

O desafio é fazer com que durante o ano inteiro Ele cresça e Se instale, definitivamente, em nosso coração.

Por isso, em honra do Mestre de Nazaré, não se detenha mais: siga-Lhe os ensinamentos, ouça-Lhe as palavras não apenas com os ouvidos, mas também com a alma.

Ponha Jesus em seu cotidiano.

Observe que, enquanto o Mundo nos convida a acumular bens, Jesus nos oferece a opção da simplicidade.

Ele, que é o único Espírito perfeito nascido na Terra, viveu de forma despojada e não tinha sequer uma pedra para repousar a cabeça.

Sabemos que nem todos podem viver como Jesus e abrir mão dos bens terrenos.

Mas podemos seguir o exemplo do Cristo sendo humildes, não alimentando cobiça e ambição. Isso já faria uma grande diferença.

O segredo é contentar-se com o que se tem. Observe que isso não significa acomodação ou preguiça. Nada disso.

Devemos trabalhar e adquirir o que for necessário para vivermos bem. O conselho de Jesus é para evitarmos os excessos, o supérfluo.

Você já notou que, muitas vezes, sofremos porque desejamos coisas que não são essenciais?

Basta que seja lançado um novo aparelho, modelo de carro ou produto da moda para que boa parte de nós corra a comprar.

Logo que saciamos esse desejo, agimos como crianças e vamos em busca de mais novidades.

Isso nos remete a um outro ensinamento de Jesus: Olhai os lírios dos campos: não tecem nem fiam, mas nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles.

Ensinou o Mestre que devemos confiar em Deus, nosso Pai, pois se Ele veste tão ricamente uma erva do campo, quanto mais fará por nós, Seus filhos.

E assim o Cristo nos ensinou a ter confiança em Deus.

No entanto, como nossa fé é frágil! Costumeiramente nos rebelamos contra Deus. Basta uma contrariedade ou uma perda para nos rebelarmos contra os Céus.

Mais uma vez agimos como crianças: desejamos que Deus - a Majestade que criou e dirige os Mundos - seja uma espécie de secretário particular, que cuide de nossas finanças, que nos faça ter sucesso na vida, que nos dê isso e aquilo.

Mas o que Jesus nos ensinou sobre Deus? Ensinou que nenhum cabelo cai de nossas cabeças sem o conhecimento de Deus.

Portanto, nosso Pai Divino conhece nossos corações e nossas necessidades.

Assim, podemos e devemos orar para Lhe pedir forças e inspiração para os nossos projetos de vida.

Mas o trabalho é nosso: façamos a nossa parte e o céu nos ajudará. Esse é mais um ensinamento esquecido de Jesus.

* * *

Que este Natal seja um momento especial, em que Jesus esteja presente em seu coração.

Que as palavras pronunciadas por Ele, há dois mil anos, possam encontrar lugar em seu Espírito.

Com a simplicidade, o trabalho e a confiança em Deus - essência dos ensinos de Jesus - que o Natal ganhe um novo significado em sua vida.

Para que brilhe a sua luz. Para que você seja aquele que semeia a paz, que vivencia o amor universal.

Redação do Momento Espírita.
Disponível no CD Momento Espírita Especial de Natal, v. 15 e
no livro Momento Espírita, v. 7, ed. Fep.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Jesus Cristo

Jesus Cristo

Sérgio Biagi Gregório

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Etimologia. 3. O messias. 4. O Nascimento de Jesus Cristo. 5. A Infância de Jesus. 6. João Batista e o Batismo. 7. A Pregação. 8. Jesus e o Estado. 9. A Perspectiva da Cruz. 10. A missão de Jesus. 11. Conclusão. 12. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste estudo é analisar a vida e obra de Jesus Cristo, no sentido de melhor compreender a nobre missão desse eminente Espírito reencarnado entre nós.

2. ETIMOLOGIA

Jesus Cristo (de Jesoûs, forma grega do hebraico Joxuá, contração de Jehoxuá, isto é, "Jeova ajuda ou é salvador", e de Cristo, do grego Christós, corresponde ao hebraico Moxiá, escolhido ou ungido).

3. O MESSIAS

A ideia de um messias geralmente atribuída ao Judaísmo, é historicamente anterior e encontra-se em outras crenças, entre vários povos. Ela é explicada, porém, com base na concepção de um passado remoto em que os homens teriam vivido situação melhor e que voltaria a existir pela mediação entre os homens e a divindade, de um Salvador.

Emmanuel entretanto explica que os Capelinos, ao serem recebidos por Jesus, teriam guardado as reminiscências de seu planeta de origem e das promessas do Cristo, que as fortalecera ao longo do tempo, "enviando-lhe periodicamente os seus missionários e mensageiros.

Os enviados do infinito falaram na china milenar, no Egito na Pérsia etc.

Entre os judeus a idéia do Messias Salvador surge entre os séculos IV e III a. C. pela literatura profética. É o ungido, o enviado de Iavé com a missão de instaurar o reino de Deus no mundo. (Curti, 1980, p. 35)

4. O NASCIMENTO DE JESUS CRISTO

Jesus nasceu em Belém e morreu no ano 30 de nossa era. O mês e o ano do nascimento de Jesus Cristo são incertos. A era vulgar, chamada de Cristo, foi fixada no séc. VI por Frei Dionísio, que atribui o Natal ao ano de 754 da fundação de Roma.

O texto evangélico correspondente ao seu nascimento é: "Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, prometida por esposa a José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo. Mas José, seu esposo, sendo justo, e não a querendo infamar, resolveu deixá-la secretamente.

Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo.

Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.

Ora, tudo isto aconteceu, para que lhe cumprisse o que fora dito pelo senhor por intermédio do profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco). (Mateus, 1, 18 a 23)

Comentário: o nascimento de Jesus por uma virgem engravidada pelo Espírito Santo, Deus na terceira pessoa, é figura mitológica, que se prende a concepções filosóficas sincreticamente associadas mais tarde à interpretação da Revelação Cristã.

A ideia de concepção por um Deus prende-se à concepção aristotélica da substância, em que qualquer substância deve derivar dela mesma. Assim, o homem deve derivar do homem, a planta da planta e o animal do animal. Assim sendo, atribuindo a Jesus, substância divina, por entenderem-no Deus, na pessoa do filho, encarnado, ele só poderia ter sido concebido por um Deus, o Espírito Santo, porque de um homem não poderia ter nascido Deus. (Curti, 1980, p. 38 e 39)

5. A INFÂNCIA DE JESUS

A história de Jesus, tal como se processou sua vida, é muito difícil de se reconstituir hoje, porque os Evangelhos são praticamente a única fonte existente a fornecê-la, e eles descrevem muito mais o que Jesus vem a significar, após a sua morte para a Igreja, do que os fatos tal como aconteceram.

O Evangelho nos diz que para fugir à matança das crianças, a Sagrada Família julgou conveniente fugir para o Egito. Depois da morte de Herodes regressou do exílio e estabeleceu-se em Nazaré, na Galileia. Aí passou Jesus a infância e a juventude, exaltando pelo exemplo, como operário na oficina de José, a dignidade do trabalho, no qual a Antiguidade vira unicamente a função própria do escravo.

Além disso, pouco ou nada se sabe acerca de sua infância. Lucas limita-se a dizer que "...crescia e se fortalecia cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre Ele". (Lucas, 2, 40) Narra-se que certa vez, na Páscoa, quando contava 12 anos, seus pais o perderam, reencontrando-o só após três dias "...assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E todos que o ouviam admiravam a Sua inteligência e respostas". (Lucas, 2, 46 e 47)

6. JOÃO BATISTA E O BATISMO

"João, de fato, partiu primeiro, a fim de executar as operações iniciais para a grandiosa conquista. Vestido de peles e alimentando-se de mel selvagem, esclarecendo com energia e deixando-se degolar em testemunho à Verdade, ele precedeu a lição da misericórdia e da bondade". (Xavier, 1977, p. 24) Dizia às pessoas que deviam se arrepender porque estava próximo o reino dos céus. E todos dirigiam-se ao rio Jordão para ser batizado por ele. Dizia também: "Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo" (Mateus, 3, 11)

Lemos em Mateus, 2, 13 a 17; em Marcos, 1, 9 a11; em Lucas, 3, 21 e 22, que Jesus foi batizado por João Batista.

A respeito do batismo, o Espírito Emmanuel, na pergunta 298 do livro O Consolador, comenta que o espiritista deve entender o batismo como o apelo do seu coração ao Pai de misericórdia para a cristianização dos filhos, no apostolado do trabalho e da dedicação.

7. A PREGAÇÃO

Contava trinta anos quando começou a pregar a "Boa Nova". Compreende a sua vida pública um pouco mais de três anos (27 a 30 da era cristã). Utilizou-se, na sua pregação, o apelo combinado à razão e ao sentimento, por meio de parábolas ilustrativas das verdades morais.

As duas regiões de sua pregação:

1) Galileia (Nazaré) - as cercanias do lago de Genesaré e as cidades por ele banhadas, e principalmente Cafarnaum, centro a atividade messiânica de Jesus;

2) Jerusalém - que visitou durante quatro vezes durante o seu apostolado e sempre por ocasião da Páscoa.

Na Galileia, percorrendo os campos, as aldeias e as cidades, Jesus anunciava às turbas que o seguem o Reino de Deus; é aí, também, que recruta os seus doze apóstolos e os prepara para serem as suas testemunhas. Ao mesmo tempo, vai realizando milagres.

Em Jerusalém, continuamente perseguido pela hostilidade dos fariseus (seita muito considerada e muito influente, que constituía a casta douta e ortodoxa do judaísmo), ataca a hipocrisia deles e esquiva-se às suas ciladas. Como prova de sua missão divina, apresenta-lhes a cura de um cego de nascença e a ressurreição de Lázaro. (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira)

8. JESUS E O ESTADO

Rejeitando transformar-se em chefe político, conforme o desejo de muitos dos seus seguidores, Jesus, desde o início do seu ministério, teve de enfrentar a ordem estabelecida, pois o Estado contrariava as suas prédicas do Sermão do Monte. A execução de Jesus pelos romanos, sob o letreiro Rei dos Judeus, indicava que fora legalmente condenado à morte como rebelde contra o Estado romano, isto é, como se fora um zelota. Certas afirmações suas ("não vim trazer a paz, mas a espada"), a expulsão dos vendilhões do templo, as críticas violentas à corte em geral e a Herodes pessoalmente, a que chama "raposa", pareciam colocar Jesus na linha do radicalismo político.

A esfinge da moeda não nega a realidade do poder constituído; mas o que realça, é a preeminência de Deus na vida humana. Dai "a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" significa, antes de tudo, a recusa de dar a César o que é de Deus. Jesus parece defender não a separação das esferas de poder, mas a submissão de todos os poderes à vontade de Deus, a que também César deveria submeter-se. (Enciclopédia Mirador Internacional)

9. A PERSPECTIVA DA CRUZ

Se quisermos adotar, na perspectiva da crítica histórica atual, o ponto de partida mais sólido, para o conhecimento de Jesus Cristo, teremos de escolher os acontecimentos ligados à sua prisão, julgamento e execução na cruz. Daí, tiramos conclusões hermenêuticas para a sua correta interpretação. Por que aquele desfecho e não outro? A terceira razão, a execução na cruz, recomenda uma cristologia da cruz: a cruz permite-nos entender como o significado e ministério de Jesus Cristo é salvação deste mundo através de um julgamento que abrange todos os responsáveis pela sua morte e se exerce, não pela força das armas que matam, mas pelo testemunho da verdade e do amor que leva à doação da própria vida (martyria). (Enciclopédia Verbo de Sociedade e Cultura)

10. A MISSÃO DE JESUS

Moisés trouxe a 1.ª revelação; Jesus a segunda. A primeira revelação dá relevância ao olho por olho e dente por dente; a segunda fala do amor incondicional, estendendo-o até ao amor ao inimigo.

"Jesus não veio destruir a lei, quer dizer, a lei de Deus; ele veio cumpri-la, quer dizer, desenvolvê-la, dar-lhe seu verdadeiro sentido, e apropriá-la ao grau de adiantamento dos homens; por isso, se encontra nessa lei o princípio dos deveres para com Deus e para com o próximo, que constituem a base de sua doutrina. Quanto às leis de Moisés propriamente ditas, ao contrário, ele as modificou profundamente, seja no fundo, seja na forma; combateu constantemente o abuso das práticas exteriores e as falsas interpretações, e não poderia fazê-las sofrer uma reforma mais radical do que as reduzindo a estas palavras: "Amar a Deus acima de todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo". E dizendo: está aí toda a lei e os profetas. (Kardec, 1984, p. 35)

11. CONCLUSÃO

Jesus, embora não tenha deixado nada escrito, é o modelo enviado por Deus para nos ensinar a lei do amor. A sua vida de obediência ao Pai, renunciando a própria vida, deve constituir-se, para todos os cristãos, um estímulo constante à prática do bem na Terra.

12. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

CURTI, R. Monoteísmo e Jesus. São Paulo, FEESP, 1980.

Enciclopédia Mirador Internacional. São Paulo, Encyclopaedia Britannica, 1987.

Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa/Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia, s.d. p.

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo, IDE, 1984.

Polis - Enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado.

XAVIER, F. C. Boa Nova, pelo Espírito Humberto de Campos. 11. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.

http://www.ceismael.com.br/artigo/jesus-cristo.htm

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Natal e Espiritismo

Natal e Espiritismo

Sérgio Biagi Gregório

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Histórico. 4. Nascimento de Jesus: 4.1. A Manjedoura; 4.2. Anúncio Profético; 4.3. Uma Nova Luz. 5. A Simbologia do Natal: 5.1. Papai Noel; 5.2. O Espírito do Natal; 5.3. Numa Véspera de Natal. 6. A Mensagem do Cristo através do Espiritismo: 6.1. Um Conquistador Diferente; 6.2. O Espiritismo como Revivescência do Cristianismo; 6.3. Festa de Natal para os Espíritas. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

De onde vem o termo Natal? Por que 25 de dezembro? Desde quando se comemora nesta data? Qual o espírito do Natal? Qual o significado dos presentes, das árvores e do Papai Noel? Tencionamos desenvolver este assunto analisando o nascimento de Cristo, o espírito natalício e os subsídios oferecidos pelo Espiritismo, para uma melhor interpretação da sua simbologia.

2. CONCEITO

Natal - Do latim natale significa nascimento. Dia em que se comemora o nascimento de Cristo (25 de dezembro). 

3. HISTÓRICO

As Igrejas orientais, desde o século IV, celebravam a Epifania (“aparição” ou “manifestação”), em 6 de janeiro, cujo simbolismo referia-se ao mistério da vinda ao mundo do Verbo Divino feito homem. Em Roma, desde o tempo do Imperador Aureliano (274), o dia 25 de dezembro (solstício de Inverno, no calendário Juliano) era consagrado ao Natalis Solis Invicti, festa mitríaca do “renascimento” do Sol. A Igreja romana não tardou em contrapor-lhe a festa cristã do Natale de Cristo, o verdadeiro “sol de justiça”. Esta festa pronto se estendeu por todo o Ocidente, não tardando também em ser adotada por todas as igrejas orientais. (Enciclopédia luso-Brasileira de Cultura)

O nascimento de Cristo sempre esteve envolvido em controvérsias. Para uns, seria 1.º de janeiro; para outros, 6 de janeiro, 25 de março e 20 de maio. Pelas observações dos chineses, o Natal seria em março, que foi quando um cometa, tal qual a estrela de Belém, reluziu na noite asiática no ano 5 d.C. Como data festiva, é um arranjo inventado pela Igreja e enriquecida através dos tempos pela incorporação de hábitos e costumes de várias culturas: a árvore natalina é contribuição alemã (século VIII); o Papai Noel (vulgo São Nicolau) nasceu na Turquia (século IV); os cartões de natal surgiram na Inglaterra, em meados do século XIX. (Estado de São Paulo, p. D3)

4. NASCIMENTO DE JESUS

4.1. A MANJEDOURA

Conta-se que Jesus nascera numa manjedoura, rodeado de animais. Um monge diz que isso não é verdade, pois como a casa de José era pequena para abrigar toda a sua família, o novo rebento deu-se no estábulo. Em termos simbólicos, a manjedoura revela o caráter humilde e simples daquele que seria o maior revolucionário de todos os tempos, sem que precisasse escrever uma única palavra. Os exemplos de sua simplicidade devem nortear os nossos passos nos dias que correm. De nada adianta dizermo-nos adeptos de Cristo e agirmos de modo contrário aos seus ensinamentos.

4.2. ANÚNCIO PROFÉTICO

O nascimento de Jesus fora anunciado pelos profetas da antiguidade, nos seguintes termos: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus convosco)”. Na época predita veio ao mundo o arauto, o Salvador, aquele que tiraria os “pecados” do mundo.  Os judeus, contudo, não entenderam a grande mensagem do Salvador: esperavam-no na condição de rei, de governador. Ele, porém, dizia ser rei, mas não deste mundo. Enaltecendo a continuidade desta vida, vislumbrava-nos a expectativa da vida futura, muito mais proveitosa e sem as dificuldades materiais da vida presente. 

4.3. UMA NOVA LUZ

O nascimento de Jesus coincide com a percepção de uma nova luz para a humanidade sofredora. Os ensinamentos de Jesus devem servir para transformar não apenas um homem, mas toda a Humanidade. Numa simples visão de conjunto, observamos o que era planeta antes e no que se transformou depois de sua vinda. O Espírito Emmanuel, em Roteiro, diz-nos que antes de Cristo, a educação demorava-se em lamentável pobreza, o cativeiro era consagrado por lei, a mulher aviltada qual alimária, os pais podiam vender os filhos etc. Com Jesus, entretanto, começa uma era nova para o sentimento. Iluminados pela Divina influência, os discípulos do Mestre consagram-se ao serviço dos semelhantes; Simão Pedro e os companheiros dedicam-se aos doentes e infortunados; instituem-se casas de socorro para os necessitados e escolas de evangelização para o espírito popular etc. (Xavier, 1980, cap. 21) 

5. A SIMBOLOGIA DO NATAL

5.1. PAPAI NOEL

Papai Noel, símbolo do Natal, é usado pelos comerciantes, a fim de incrementar as vendas dos seus produtos no final de cada ano. O espírito do natal, segundo a propaganda, está relacionado com a fartura da mesa, a quantidade de brinquedos e outros produtos que o consumidor possa ter em seu lar. À semelhança dos reflexos condicionados, estudados por Pavlov, há repetição, intensidade e clareza dos estímulos à compra, dando-nos a entender que estamos comemorando o renascimento de Cristo. Se não prestarmos atenção, cairemos na armadilha do consumismo exacerbado, dificultando a meditação e a reflexão durante esta data tão especial para a Humanidade. 

5.2. O ESPÍRITO DO NATAL

O espírito do Natal deve ser entendido como a revivescência dos ensinos de Cristo em cada uma de nossas ações. Não há necessidade de esperarmos o ano todo para comemorá-lo. Se em nosso dia-a-dia estivermos estendendo simpatia para com todos e distribuindo os excessos de que somos portadores, estaremos aplicando eficazmente a “Boa-Nova” trazida pelo mestre Jesus. “Não se pode servir a Deus e a Mamon”. A perfeição moral exige distinção entre espírito e matéria. A riqueza existe para auxiliar o homem no seu aperfeiçoamento espiritual. Se lhe dermos demasiado valor, poderemos obscurecer nossa iluminação interior. Útil se torna, assim, conscientizarmo-nos de que somos usufrutuários e não proprietários dos bens terrenos.

5.3. NUMA VÉSPERA DE NATAL

Conta-nos o Espírito Irmão X que Emiliano Jardim, cujas noções materialistas estragavam-lhe os pensamentos, viera a sofrer uma dor de paternidade, ao ver o seu filho arrebatado pela morte. Abatido pela dor, começa a se interessar pelo Catolicismo. Porém, repelia veemente todos os que pensavam de forma diferente a respeito do Cristo. Do Catolicismo passa para o Protestantismo, mas sem que o Mestre penetrasse no seu interior. Depois de longa luta, Emiliano sente-se insatisfeito e ingressa nos arraiais espiritistas. Emiliano, como acontece à maioria dos crentes, vislumbra a verdade dos ensinamentos de Jesus, anseia por vê-lo nos outros homens, antes de senti-lo em si mesmo. 

Com o passar do tempo, teve outros revezes.

Numa véspera de Natal, em que o ambiente festivo lhe falava da ventura destruída do coração, Emiliano quis por termo à própria vida. 

Na hora amargurada em que o mísero se dispunha a agravar as próprias angústias, uma voz se fez ouvir no recôndito de seu espírito:

“— Emiliano, há quanto tempo eu buscava encontrar-te; mas sempre me chamavas através dos outros, sem jamais me procurar em ti mesmo! Dá-me tua dor, reclina a cabeça cansada sobre o meu coração!... Muitas vezes, o meu poder opera na fraqueza humana. Raramente meus discípulos gozam o encontro divino, fora das câmeras do sofrimento. Quase sempre é necessário que percam tudo, a fim de me acharem em si mesmos”.

Emiliano estava inebriado. E a voz continuou:

“— Volta ao esforço diário e não esqueças que estarei com os meus discípulos sinceros até ao fim dos séculos! Acaso poderias admitir que permaneço em beatitude inerte, quando meus amigos se dilaceram pela vitória de minha causa? Não posso estacionar em vãs disputas, nem nas estéreis lamentações, porque necessitamos cuidar do amoroso esclarecimento das almas. É por isso que estou, mais frequentemente, onde estejam os corações quebrantados e os que já tenham compreendido a grandeza do espírito de serviço. Não te rebeles contra o sofrimento que purifica, aprende a deixar os bonecos a quantos ainda não puderam atravessar as fronteiras da infância. Não analises nunca, sem amar. Lembra-te de que quando criticares teu irmão, também eu sou criticado. Ainda não terminei minha obra terrestre, Emiliano! Ajuda-me, compreendendo a grandeza do seu objetivo e entendendo a fragilidade dos teus irmãos”. (Xavier, 1982, p. 40)

6. A MENSAGEM DO CRISTO ATRAVÉS DO ESPIRITISMO

6.1. UM CONQUISTADOR DIFERENTE

A história está repleta de conquistadores: Sesóstris, em seu carro triunfal, pisando escravos e vencidos, em nome do Egito sábio; Nabucodonosor, arrasando Nínive e atacando Jerusalém; Alexandre, à maneira de privilegiado, passa esmagando cidades e multidões; Napoleão Bonaparte, atacando os povos vizinhos. A maioria desses homens fizeram as suas conquistas à custa de punhal e veneno, perseguição e força, usando exército e prisões, assassínio e tortura.

“Tu, entretanto, perdoando e amando, levantando e curando, modificaste a obra de todos os déspotas e legisladores que procediam do Egito e da Assíria, da Judéia e da Fenícia, da Grécia e de Roma, renovando o mundo inteiro. Não mobilizaste soldados, mas ensinaste a um punhado de homens valorosos a luminosa ciência do sacrifício e do amor. Não argumentaste com os reis e com os filósofos; entretanto, conversaste fraternalmente com algumas crianças e mulheres humildes, semeando a compreensão superior da vida no coração popular”. (Xavier, 1978, cap. 49, p. 261)

6.2. O ESPIRITISMO COMO REVIVESCÊNCIA DO CRISTIANISMO

De acordo com os princípios doutrinários do Espiritismo, Jesus foi o personificador da segunda revelação da lei de deus, pois a primeira viera com Moisés, no monte Sinai, onde recebera a tábua dos Dez Mandamentos. Como Moisés misturou a lei humana com a lei divina, Jesus veio para retificar o que de errado havia, como é o caso de transformar a lei do “olho por olho” e a do “dente por dente” na lei do amor e do perdão. A sua pregação da boa nova veio ensinar ao homem a lei de causa e efeito e da justiça divina, quer seja nesta ou na outra vida, ou seja, a vida futura. Allan Kardec, com o auxílio dos Espíritos superiores,  deu continuidade a esta grande obra de elucidação dos caminhos da evolução.

6.3. FESTA DE NATAL PARA OS ESPÍRITAS

Na noite em que o mundo cristão festeja a Natividade do Menino Jesus, os espíritas devem se lembrar de comemorar o nascimento da Doutrina Espírita, entendida como a terceira revelação, um novo marco no desenvolvimento espiritual da humanidade, em que todos os problemas, todas as dúvidas, todas as dores serão explicadas à luz da razão e do bom senso. Dentro deste contexto, a lei da reencarnação é um dos princípios fundamentais para o perfeito entendimento do sofrimento e da dor. De acordo com a reencarnação ou a diversidade das vidas sucessivas, temos condições de melhor vislumbrar o nosso futuro, que nada mais é do que uma continuidade daquilo que estivermos fazendo nesta vida. Optando pela prática do bem, teremos uma vida futura feliz; escolhendo o mal, teremos que sofrer as suas consequências, no sentido de nos adaptarmos à lei do progresso, que é inexorável. 

7. CONCLUSÃO

Jesus, através de seus emissários, está sempre falando conosco, no sentido de nos incentivar a amar cada vez mais o nosso próximo, independentemente de como este esteja nos tratando. Pergunta-se: que vantagem há em amarmos os que nos amam?

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE CULTURA. Lisboa: Verbo, [s. d. p.]

ESTADO DE SÃO PAULO. 21/12/1996

XAVIER, F. C. Roteiro, pelo Espírito Emmanuel. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1980.

XAVIER, F. C. Reportagens de Além-Túmulo, pelo Espírito Irmão X. 6. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1982.

XAVIER, F. C. Pontos e Contos, pelo Espírito Irmão X. 4. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1978.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Religião de Jesus

Religião de Jesus

Sérgio Biagi Gregório

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito: 2.1 Religião; 2.2. Jesus Cristo. 3. Contexto Histórico da Vinda de Jesus: 3.1. Judaísmo; 3.2. O Messias. 4. O Problema da Religião. 5. Jesus Cristo: 5.1. Nascimento e Infância; 5.2. A Pregação; 5.3. A Perspectiva da Cruz. 6. A Religião de Jesus: 6.1. Evangelho; 6.2. Jesus e os Apóstolos; 6.3. As Instruções aos Discípulos. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

Professava Jesus alguma religião? Qual o alcance que devemos dar ao termo religião? Devemos ter uma religião ou sermos religiosos? Estas e outras questões são pertinentes a este assunto. Assim, o nosso objetivo é enaltecer o ser religioso que há dentro da cada um de nós, independentemente da religião que venhamos a professar.

2. CONCEITO

2.1 RELIGIÃO

A palavra religião é de origem latina (religio). O significado não é claro. Cícero (106-43 a. C.) no De Natura Deorum afirma que a palavra vem da raiz relegere ("considerar cuidadosamente"), oposto de neglere, descuidar. Já Lactâncio, escritor cristão (m. 330 d.C.), diz que vem de religare ("ligar", "prender"). Para Cícero, a religião é um procedimento consciencioso, mesmo penoso, em relação aos deuses reconhecidos pelo Estado. Para Lactâncio, a religião liga os homens a Deus pela piedade. Um termo de partida e um de chegada, em que princípio e fim são os mesmos. As duas raízes complementam-se. (Enciclopédia Luso-Brasileira)

2.2. JESUS CRISTO

Jesus Cristo (de Jesoûs, forma grega do hebraico Joxuá, contração de Jehoxuá, isto é, "Jeová ajuda ou é salvador", e de Cristo, do grego Christós, corresponde ao hebraico Moxiá, escolhido ou ungido).

3. CONTEXTO HISTÓRICO DA VINDA DE JESUS

3.1. JUDAÍSMO

O povo judeu, ao qual Jesus e os apóstolos pertenciam, fazia parte do grande império romano que estendia as asas das suas águias do Atlântico ao Índico. O jugo romano, porém, pesava de modo especial sobre a Palestina ao contrário dos outros povos.

O ambiente histórico-religioso em que os ensinamentos de Jesus floresceram é o do judaísmo, formado e alimentado pelos livros sacros do Antigo Testamento, condicionado pelos acontecimentos históricos, pelas instituições nas quais se encontrou inserido e pelas correntes religiosas que o especificaram.

Embora o cristianismo seja uma religião revelada, diferente da judaica, apareceu historicamente como continuação e aperfeiçoamento da revelação dada por Deus ao povo de Israel. Jesus era um judeu, que nasceu e viveu na Palestina. Os apóstolos eram todos da sua gente e da sua religião. (Battaglia, 1984, p. 118)

3.2. O MESSIAS

A ideia de um messias geralmente atribuída ao Judaísmo, é historicamente anterior e encontra-se em outras crenças, entre vários povos. Ela é explicada, porém, com base na concepção de um passado remoto em que os homens teriam vivido situação melhor e que voltaria a existir pela mediação entre os homens e a divindade, de um Salvador.

Emmanuel entretanto explica que os Capelinos, ao serem recebidos por Jesus, teriam guardado as reminiscências de seu planeta de origem e das promessas do Cristo, que as fortalecera ao longo do tempo, "enviando-lhe periodicamente os seus missionários e mensageiros.

Os enviados do infinito falaram na china milenar, no Egito na Pérsia etc.

Entre os judeus a ideia do Messias Salvador surge entre os séculos IV e III a. C. pela literatura profética. É o ungido, o enviado de Iavé com a missão de instaurar o reino de Deus no mundo. (Curti, 1980, p. 35)

4. O PROBLEMA DA RELIGIÃO

Esta palavra, como tantas outras, quando estudada em profundidade, traz dificuldade de entendimento. Depois de evocada, vem à nossa mente um sistema de crenças, cuja ortodoxia dogmática deve ser seguida pelos seus adeptos. O Espírito Emmanuel, contudo, esclarece-nos a diferença entre religiões e religião: religião é o sentimento divino que une a criatura ao Criador; as religiões são organizações dos homens, falíveis e imperfeitas como eles próprios, embora dignas de todo o acatamento pelo sopro de inspiração superior que as faz surgir. Assim, se quisermos falar em RELIGIÃO DE JESUS, não podemos nos prender a nenhuma ortodoxia existente, mas ao sentimento que une o indivíduo a Deus. Negligenciando esta observação, podemos cair em graves erros e discussões infindáveis que não nos levam a lugar nenhum.

5. JESUS CRISTO

5.1. NASCIMENTO E INFÂNCIA

Jesus nasceu em Belém e morreu no ano 30 de nossa era. O mês e o ano do nascimento de Jesus Cristo são incertos. A era vulgar, chamada de Cristo, foi fixada no séc. VI por Frei Dionísio, que atribui o Natal ao ano de 754 da fundação de Roma.

A história de Jesus, tal como se processou sua vida, é muito difícil de se reconstituir hoje, porque os Evangelhos são praticamente a única fonte existente a fornecê-la, e eles descrevem muito mais o que Jesus vem a significar, após a sua morte para a Igreja, do que os fatos tal como aconteceram.

O Evangelho nos diz que para fugir à matança das crianças, a Sagrada Família julgou conveniente fugir para o Egito. Depois da morte de Herodes regressou do exílio e estabeleceu-se em Nazaré, na Galiléia. Aí passou Jesus a infância e a juventude, exalçando pelo exemplo, como operário na oficina de José, a dignidade do trabalho, no qual a Antigüidade vira unicamente a função própria do escravo.

Além disso, pouco ou nada se sabe acerca de sua infância. Lucas limita-se a dizer que "...crescia e se fortalecia cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre Ele". (Lucas, 2, 40) Narra-se que certa vez, na Páscoa, quando contava 12 anos, seus pais o perderam, reencontrando-o só após três dias "...assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E todos que o ouviam admiravam a Sua inteligência e respostas". (Lucas, 2, 46 e 47)

5.2. A PREGAÇÃO

Contava trinta anos quando começou a pregar a "Boa Nova". Compreende a sua vida pública um pouco mais de três anos (27 a 30 da era cristã). Utilizou-se, na sua pregação, o apelo combinado à razão e ao sentimento, por meio de parábolas ilustrativas das verdades morais.

As duas regiões de sua pregação:

1) Galileia (Nazaré) - as cercanias do lago de Genesaré e as cidades por ele banhadas, e principalmente Cafarnaum, centro a atividade messiânica de Jesus;

2) Jerusalém - que visitou durante quatro vezes durante o seu apostolado e sempre por ocasião da Páscoa.

Na Galileia, percorrendo os campos, as aldeias e as cidades, Jesus anunciava às turbas que o seguem o Reino de Deus; é aí, também, que recruta os seus doze apóstolos e os prepara para serem as suas testemunhas. Ao mesmo tempo, vai realizando milagres.

Em Jerusalém, continuamente perseguido pela hostilidade dos fariseus (seita muito considerada e muito influente, que constituía a casta douta e ortodoxa do judaísmo), ataca a hipocrisia deles e esquiva-se às suas ciladas. Como prova de sua missão divina, apresenta-lhes a cura de um cego de nascença e a ressurreição de Lázaro. (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira)

5.3. A PERSPECTIVA DA CRUZ

Se quisermos adotar, na perspectiva da crítica histórica atual, o ponto de partida mais sólido, para o conhecimento de Jesus Cristo, teremos de escolher os acontecimentos ligados à sua prisão, julgamento e execução na cruz. Daí, tiramos conclusões hermenêuticas para a sua correta interpretação. Por que aquele desfecho e não outro? A terceira razão, a execução na cruz, recomenda uma cristologia da cruz: a cruz permite-nos entender como o significado e ministério de Jesus Cristo é salvação deste mundo através de um julgamento que abrange todos os responsáveis pela sua morte e se exerce, não pela força das armas que matam, mas pelo testemunho da verdade e do amor que leva à doação da própria vida (martyria). (Enciclopédia Verbo de Sociedade e Cultura)

6. A RELIGIÃO DE JESUS

Em que se funda a religião de Jesus? Onde podemos encontrar argumentos para fundamentar a sua existência?

6.1. EVANGELHO

O Evangelho é a única fonte fidedigna da vida e missão de Jesus Cristo. Esta palavra vem do grego euangelion e significa "boa notícia", "boa nova". Buscando o conteúdo narrado por Mateus, Marcos, Lucas e João, teremos os subsídios necessários para a compreensão da religião de Jesus, ou seja, da boa nova que ele quis nos passar. Observe que Allan Kardec, na introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo escolhe, dentre as 5 divisões, o ensino moral, o único que não está afeito a controvérsias, podendo, inclusive, unir todas as crenças em torno da sua mensagem universalista.

6.2. JESUS E OS APÓSTOLOS

Em muitos aspectos, a relação entre Jesus e seus discípulos era semelhante às relações entre o rabino hebreu e seus discípulos. Os rabinos ou doutores da Lei reuniam em torno de si muitos discípulos, aos quais transmitiam a sua doutrina. Esses discípulos, por seu turno, podiam tornar-se rabinos e continuar a tradição que tinham recebido. Os hebreus consideravam o próprio Jesus como um rabino que tinha os seus discípulos.

As relações entre Jesus e seus discípulos não eram exatamente iguais às relações que havia entre um rabino e seus discípulos. Jesus pedia uma adesão pessoal mais completa do que aquela que era pedida pelos rabinos. O seu discípulo deveria estar disposto a abandonar pai, mãe, filho e filha, a tomar a sua cruz e dar a vida no seguimento de Jesus. Como seu mestre, os discípulos deveriam abandonar suas casas, ficando sem ter onde repousar a cabeça. (Mackenzie, 1984)

6.3. AS INSTRUÇÕES AOS DISCÍPULOS

"A estes doze enviou Jesus, dando-lhes as seguintes instruções: Não tomeis rumo aos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos; mas, de preferência, procurai as ovelhas perdidas da casa de Israel; e, à medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos céus. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, purificai leprosos, repeli demônios; de graça recebestes, de graça dai. Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre nos vossos cintos; nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de sandálias, nem de bordão: porque digno é o trabalhador do seu alimento. E em qualquer cidade ou povoado em que entrardes, indagai quem neles é digno; e aí ficai até vos retirardes. Ao entrardes na casa, saudai-a; se, com efeito, a casa for digna, venha sobre ela a vossa paz; se, porém, não o for, torne para vós outros a vossa paz. Se alguém não vos receber, nem ouvir as vossas palavras, ao sairdes daquela casa ou daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés". (Mateus, 10, 5 a 14)

7. CONCLUSÃO

Como vimos, Jesus não teve uma religião no sentido ortodoxo do termo, mas deixou-nos todos os fundamentos para a verdadeira religião, aquela que une todas as almas crentes num vínculo comum, em que o amor se expressa como o alimento de todas as almas.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BATTAGLIA, 0. Introdução aos Evangelhos — Um Estudo Histórico-crítico. Rio de Janeiro, Vozes, 1984.
CURTI, R. Monoteísmo e Jesus. São Paulo, FEESP, 1980.
Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura. Lisboa, Verbo, s. d. p.
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa/Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia, s.d. p.
Polis - Enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado. Lisboa/São Paulo, Verbo, 1986.

domingo, 21 de dezembro de 2014

A Humildade é o Esteio da Evolução Espiritual

A Humildade é o Esteio da Evolução Espiritual

Sérgio Biagi Gregório

Entrevista
Humildade é o esteio da evolução espiritual
São José do Rio Preto, 8 de março de 2009
Rita Fernandjes

A verdadeira humildade é aquela que faz as pessoas enxergarem as próprias potencialidades e limitações, dando a medida exata de ambos. De acordo com o presidente da Casa Espírita Ismael, de São Paulo, e coordenador dos cursos de Expositor e Aprofundamento Doutrinário, Sérgio Biagi Gregório, a verdadeira humildade auxilia as pessoas a tomarem consciência das suas limitações, alertando-as a tomar sempre o caminho do meio, da ponderação e do justo procedimento. Embora muitas pessoas confundam humildade com poucos recursos financeiros, Biagi explica que humildade significa simplicidade espiritual e, portanto, independe de classe social ou grau de inteligência. “O humilde não se deixa lisonjear pelos elogios ou pela situação de destaque em que se encontre. Todo sábio é humilde, porque sabe que sabe pouco do muito que deveria saber”, diz. Leia abaixo a entrevista de Biagi à Revista Bem-Estar.
Bem-Estar - Por que a humildade é o fundamento de todas as virtudes?
Sérgio Biagi Gregório - Virtude é uma disposição adquirida voluntária, que consiste na conduta racional de um ser humano ponderado. De acordo com Aristóteles, a virtude é a média entre duas extremidades, uma por excesso, a outra por falta. Ela se situa no ponto mais elevado no que se refere ao bem e à perfeição. É o justo meio. A humildade auxilia-nos a encontrar esse ponto médio, esse justo meio.
Bem-Estar - O que é a verdadeira humildade?
Biagi - A verdadeira humildade é aquela que nos faz ver as nossas potencialidades e as nossas limitações, dando-nos a medida exata de ambos. Ela nos auxilia a tomar consciência de nossas limitações, alertando-nos a tomar sempre o caminho do meio, da ponderação, do justo procedimento. Os nossos desejos são infinitos; atendendo-os, podemos nos tornar prepotentes. A humildade ensina-nos a administrá-los de acordo com os nossos recursos pessoais, para não darmos o passo maior do que a perna.
Bem-Estar - Como podemos nos tornar verdadeiramente humildes?
Biagi - Jesus Cristo nos deixou a boa-nova, os ensinamentos evangélicos, as bem-aventuranças. Se seguirmos os seus exemplos, as suas diretrizes, com certeza nos tornaremos verdadeiros humildes. A sua vida, desde o nascimento numa estrebaria até a morte na cruz, foi uma vida dedicada a atender a vontade do Pai e não a sua. Observe que toda a moral do Cristo se resumiu na caridade e na humildade, mostrando-nos que essas virtudes são os verdadeiros caminhos para a felicidade eterna.
Bem-Estar - Por que o verdadeiro humilde geralmente não sabe que o é?
Biagi - A humildade faz parte do indivíduo, sem que ele a perceba. É uma espécie de reflexo congênito. O verdadeiro humilde pratica o bem sem outro móvel que o próprio bem. Não está preocupado sobre o que os outros pensam dele. Em contrapartida, tão logo nos dizemos humildes, já não o somos mais, porque este pensamento fez-nos despertar o seu oposto, que é o orgulho, o orgulho de ser humilde.
Bem-Estar - A humildade é fundamental para a nossa evolução?
Biagi - Evolução é a atualização das virtualidades inscritas em nossa consciência. Se não formos humildes, como vamos detectar com clareza essas virtualidades? Observe o orgulhoso: ele geralmente se acha mais merecedor de elogios, de cuidados, do que os outros. Com isso, dificulta o verdadeiro conhecimento de si mesmo. Falta-lhe a autenticidade, ou seja, ver as coisas como realmente elas são.
Bem-Estar - A humildade faz com que reconheçamos os nossos próprios erros? Por quê?
Biagi - Sim, porque a pessoa humilde aceita pacientemente as críticas e as observações que lhe são dirigidas. Ela não tem receio de uma reprimenda, de um vexame público, pois sabe tirar proveito das coisas contrárias. Tem plena consciência de que aprendizado vem pelo erro e aplica a frase latina errando “corrigitur error” (errando, corrige-se o erro), com maestria.
Bem-Estar - É verdade que nosso objetivo de vida na Terra só será atingido com humildade? Por quê?
Biagi - A humildade é um dos esteios de nossa evolução espiritual. Há, porém, outros fatores a serem considerados, como, por exemplo, a caridade. Tanto é verdade que os Espíritos de Luz costumam dizer que a caridade e a humildade são as virtudes por excelência, por serem os opostos do egoísmo e do orgulho.
Bem-Estar - A vida nos dá oportunidades para alcançarmos a humildade? Como podemos reconhecê-las?
Biagi - Toda situação contrária aos nossos desejos é uma ótima oportunidade para exercitarmos a humildade. Quantas vezes não somos incompreendidos? Por um mal-entendido, recebemos repreensão deste, admoestação do outro. Qual a nossa reação? Nos rebelarmos ou assumirmos uma atitude de humildade? Se optarmos pela humildade, poderemos nos silenciar, fazer uma prece pelo ocorrido e esperar pela atuação dos bons Espíritos de Luz.
Bem-Estar - Como o senhor define um falso humilde?
Biagi - O falso humilde é aquele que não conhece a si mesmo. Ele está sempre pronto a mudar de ideia frente a uma observação contrária. Se alguém faz um elogio ao seu trabalho, ele diz que foi o outro que fez aquele trabalho; se alguém elogia a sua roupa, a sua pessoa, acha sempre uma desculpa para não assumir aquilo que é. Nós não precisamos cultuar o egocentrismo, mas quando a observação mostra aquilo que realmente somos, devemos aceitá-la naturalmente, sem subterfúgios.
Bem-Estar - Ser humilde não significa ser pobre?
Biagi - É um dos principais equívocos acerca da humildade. Confundimos simplicidade, humildade com pobreza, com parcos recursos materiais. Ouvimos dizer: “Ela é um pessoa simples, ela é uma pessoa humilde”, referindo-se ao ser humano de poucos recursos materiais. A humildade, porém, é algo inerente ao Espírito encarnado, independe de ser pobre ou rico, inteligente ou não.
Bem-Estar - É somente o orgulho que nos impede de sermos humildes?
Biagi - O orgulho, que é o seu oposto, é um dos principais empecilhos. Contudo, podemos acrescentar também o egoísmo que, segundo Allan Kardec, é o maior cancro da sociedade. Se cada um de nós aplicasse a “lei áurea” (fazer aos outros o que gostaríamos que nos fizessem), com certeza teríamos uma sociedade mais justa e mais igualitária.
Bem-Estar - Qual é a relação entre humildade e fé?
Biagi - A fé é um sentimento inato do ser humano. Este sentimento pode ter um desfecho dogmático ou racional. Segundo Allan Kardec, deveríamos praticar a fé raciocinada. Para que possamos raciocinar a fé, há necessidade da humildade, porque a humildade estimula a pureza de nossa alma, desviando-nos de tudo aquilo que pudesse atrapalhar a busca do sumo bem.
Bem-Estar - Qual é a relação entre humildade e amor?
Biagi - O amor pode ser analisado na mesma linha da fé. O amor é uma palavra que basta a si mesma. Ela não precisa dos complementos que normalmente usamos, ou seja, “amor é renúncia”, “amor é perdão.” A pessoa que realmente ama não precisa perdoar, não precisa renunciar. A sua vida é uma vida de doação. Nesse sentido, quanto mais humilde alguém for, mais condição terá de alcançar esse amor maior, que é o amor incondicional, ensinado pelo mestre Jesus.
Bem-Estar - Qual é a grande lição que os Espíritos Benfeitores nos trazem?
Biagi - O capítulo VII – “Bem-Aventurados os Pobres pelo Espírito”, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, traz-nos diversas lições para a compreensão pormenorizada deste tema. De início, esclarece-nos que os pobres pelo Espírito não são as pessoas pobres, mas as pessoas humildes, que também podem ser os pobres. A grande lição é o combate ao orgulho, alertando-nos para os diversos tentáculos desse sentimento, que corrói todo o nosso ser, dificultando-nos a prática da humildade.
Bem-Estar - O “Reino dos Céus” é um estado de espírito? Podemos alcançá-lo nesta existência? Como?
Biagi - O Reino dos Céus não é um lugar circunscrito, nem governo ou Estado; é o governo de cada um pela obediência às leis naturais, inscritas por Deus em nossa consciência. Todas as vezes que obedecemos à Lei Natural estamos construindo esse reino de Deus. É uma construção ininterrupta, tal qual o conhecimento, cujo horizonte nos foge sempre, a ponto de Sócrates dizer que ele foi considerado o mais sábio, porque ele era o único que sabia que não sabia nada.
Bem-Estar - Outras informações que considerar importante.
Biagi - O termo humildade vem de húmus, palavra de origem latina que quer dizer terra fértil, rica em nutrientes e preparada para receber a semente. Nesse sentido, uma pessoa humilde está sempre disposta a aprender e a deixar brotar em sua alma, a boa semente. Na Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo, é a virtude que conduz o indivíduo à consciência das suas limitações. O humilde não se deixa lisonjear pelos elogios ou pela situação de destaque em que se encontre. Todo sábio é humilde, porque sabe que só sabe pouco do muito que deveria saber.

Fonte: http://www.diarioweb.com.br/noticias/corpo_noticia.asp?IdCategoria=195&IdNoticia=119404