sábado, 27 de abril de 2013

Fórum da Mocidade: O Homem no Mundo

"Olá (...)
Você nos ajuda a divulgar o evento da Mocidade.
Neste Fórum, abordaremos o Homem no Mundo - Vamos conversar sobre o Prazer, Sucesso, Conexões e o Fortalecimento do Jovem para que se torne ativo em sua vida, na sociedade e no Brasil!
Segue o link para inscrições e maiores detalhes e o cartaz: http://fmecs.wordpress.com/
Obrigada"
Ane Amorim
 

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Educação Moral e Espiritismo

Educação Moral e Espiritismo


Sérgio Biagi Gregório


SUMÁRIO:
1. Introdução. 2. Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. O Problema Moral: 4.1. Ética e Moral; 4.2. Relativismo e Dogmatismo; 4.3. Kant e os Princípios. 5. Educação Moral: 5.1. Técnica e Abertura; 5.2. Preparar o Educando para as Incertezas da Vida; 5.3. Educação é Processo e não Produto. 6. Espiritismo: 6.1. As Leis Morais; 6.2. A Ética Espírita não é Dogmática; 6.3. A Postura Espírita frente aos Problemas Sociais. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

 
A educação moral é um tema controvertido. Para muitos, há necessidade de se ter essa matéria nos cursos de 2.º Grau; para outros, não, pois a educação está sempre presente nos atos do dia-a-dia. Pergunta-se: é possível uma educação moral? Quem educa quem? A moral evangélica evangeliza? O desenvolvimento deste assunto versará sobre a ética e a moral, a educação moral e a contribuição do Espiritismo para o entendimento do problema.
2. CONCEITO
Educação.
É a transmissão de valores e conhecimento acumulado de uma sociedade. Etimologicamente, provém de duas raízes: 1ª) educare - criar, alimentar; 2ª) educere - direção para fora (mais antigo). Daí surgem dois conceitos diversos e opostos de educação, ou seja, um de fora para dentro (Magister Dixit) - ensino autoritário; outro, de dentro para fora - liberalismo.
Moral
. É um conjunto de normas de comportamento que orientam o ser humano para a realização do seu fim. É aquilo que aceitamos como válidos do ponto de vista do que é bom.
3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Enquanto o ser humano esteve preso ao mito, o fundamento da moral não se lhe apresentou como um problema. Como se passa do plano mito ou revelado o plano da dúvida e da responsabilidade? É um longo caminho a percorrer.
O nosso ponto de partida é a frase: "Poderias dizer-me tu, Sócrates, se a virtude se adquire mediante o ensino ou mediante o seu exercício? Ou, se ela não é conseqüência nem do ensino nem do exercício, se é antes a natureza que a dá ao homem ou, inclusive, se ela provém de outra causa?", encontrada em Menon, 70a, de Platão.
 
Aristóteles, em Ética a Nicômaco, já observava que "as matérias relativas à conduta nada têm de fixo como nada têm de fixo as relativas à saúde".
Muitos outros nomes poderiam ser listados aqui. Entre tais pensadores, a lembrança de Jean Jacques Rousseau é imprescindível, especialmente pelo seu Emilio ou da Educação, em que mostra que "ninguém ensina ninguém; o aluno é que deve aprender", dando uma outra postura à relação ensino-aprendizagem.
À semelhança do "conhece-te a ti mesmo" de Sócrates, a educação moral é um velho tema que requer nova abordagem, no sentido de atualizá-lo na consciência de cada um de nós, tanto educadores quanto educandos. É o que pretendemos fazer.
4. O PROBLEMA MORAL

4.1. ÉTICA E MORAL

Etimologicamente, o termo ética, do grego ethos, significa "costumes". É o conjunto dos costumes, hábitos e valores de uma determinada sociedade ou cultura. Foi traduzido pelos romanos como mos, moris ("moral"). Ética é a parte da Filosofia que se ocupa com o valor do comportamento humano. Investiga o sentido que o homem imprime à sua conduta para ser verdadeiramente feliz.
O problema ético é o de distinguir o bem do mal, o justo do injusto, o certo do errado, o que é permitido e do que é proibido, tendo em vista o conjunto de normas adotado por uma sociedade.
Ética e moral são sinônimos, embora alguns queiram fazer uma diferença: a Moral é normativa, enquanto a Ética é especulativa. A Moral, referindo-se aos costumes dos povos nas diversas épocas, é mais abrangente; a Ética, procurando o nexo entre os meios e os fins dos referidos costumes, é mais específica. Pode-se dizer, que a Ética é a ciência da Moral.
De qualquer forma, a ética e a moral devem ser vistas dentro de uma circunstância e não como uma norma rígida.
4.2. RELATIVISMO E DOGMATISMO

A questão da possibilidade da educação moral assenta-se em duas perspectivas:
a) relativa. As posições relativistas defendem a impossibilidade ou mesmo a não necessidade da educação moral. Baseiam-se num argumento simples: avaliar e julgar depende dos critérios de cada um. Nesse caso, basta o indivíduo agir apenas de acordo com a sua consciência, de acordo com a sua visão de mundo, não importando se a consciência é bem ou mal formada.
b) dogmática. As posturas tradicionais sustentam que o ensino da ética deveria assentar-se na transmissão de determinados valores ou comportamentos de maneira preestabelecida. (Cenci, 2002)
4.3. KANT E OS PRINCÍPIOS

Kant, por sua vez, acha que a moral não deve ser construída através dos exemplos, da tradição, da disciplina, mas de acordo com as máximas, os princípios. Daí a sua célebre frase: "Age de tal forma que a tua ação possa ser considerada uma lei natural". A sua ética é autônoma e não heterônoma. Quer dizer, o indivíduo deve agir e ser responsável pelos seus atos, mas só poderá sê-lo se proceder segundo os princípios e não segundo uma norma externa.
Não somos responsáveis pela circunstância. Ao contrário, somos responsáveis pela resposta que dermos diante dessa circunstância, porque a resposta depende de nossa formação ética e moral. E se os princípios que nortearem as nossas ações tiverem uma dimensão universal, tanto melhor.
5. EDUCAÇÃO MORAL

5.1. TÉCNICA E ABERTURA

A educação moral deve ter um aspecto técnico e um aspecto criativo. A técnica nos dá a conhecer certas regras, certos procedimentos, certos mecanismos. A parte criativa pertence ao sujeito. O que faz um professor de arte? Ele ensina certas técnicas. No caso da pintura, como se deve segurar o pincel, como misturar a tinta etc. A pintura, em si mesma, pertence ao aluno que, se tiver um dom para a pintura, produzirá maravilhas. Aquele outro que não tiver esse dom especial fará muitos rabiscos na tela, mas não produzirá obra de arte. O mesmo raciocínio pode ser aplicado ao orador. Ele poderá fazer leituras, freqüentar cursos de oratória, apreender todas as técnicas e ainda assim não se tornar um grande orador, porque não tinha essas qualidades em seu interior.
5.2. PREPARAR O EDUCANDO PARA AS INCERTEZAS DA VIDA

A educação moral deve se ater às incertezas da vida. Como dissemos anteriormente, não deve se basear em normas preestabelecidas, mas criar condições para que o educando saiba agir, por si mesmo, de uma forma racional, em quaisquer circunstâncias em que for colocado. O aprendizado de uma norma não pode ser somente para uma circunstância interna, mas deve ser utilizada também externamente. Não se deve responder automaticamente, mas de forma raciocinada, de acordo com o meio em que nos encontrarmos. E as situações são sempre novas, pois as pessoas mudam, as avaliações mudam e nós também mudamos.
5.3. EDUCAÇÃO É PROCESSO E NÃO PRODUTO

A educação moral, enquanto práxis, deve ser vista como um processo (do grego autotélico) e não como produto (do grego poíesis). Em matéria de comportamento moral, consideremo-nos sempre como eternos aprendizes. Há que se estar sempre estimulando a força de vontade, pois são muitos os deslizes de nossa conduta. Na Inglaterra, há um monitoramento pelas câmeras televisão e alto-falantes instalados nas ruas. Na cabine, o guarda vê o que se passa e transmite uma ordem. Exemplo: uma pessoa jogou papel no chão. A voz diz: "pegue o papel e joga-o na lixeira mais próxima". A pessoa gesticula: "é comigo?". A voz diz: "sim". Depois disso, vemo-lo depositando o papel na lixeira.
O monitoramento externo deveria ser um estímulo ao nosso monitoramento interno. Se sabemos que não se deve jogar papel na rua, deveríamos fazer um esforço para segurá-lo e colocá-lo na lixeira mais próxima. O mais importante é que isso faça parte de nosso projeto de vida e não simplesmente uma ação causada pelo medo, pela repreensão. O fato citado poderia servir como exemplo da reelaboração teórico-prática dos referenciais que regem a nossa ação espontânea.
6. ESPIRITISMO

6.1. AS LEIS MORAIS

O Espiritismo tem muito a contribuir com a educação moral do indivíduo. Basta estudarmos as Leis Morais – Adoração, Trabalho, Reprodução, Conservação, Destruição, Sociedade, Progresso, Igualdade, Liberdade e Justiça, Amor e Caridade – contidas em O Livro dos Espíritos. Essas mesmas leis podem ser complementadas pelas explicações dadas pelos Espíritos superiores em O Evangelho Segundo o Espiritismo. No caso de O Evangelho Segundo o Espiritismo, há um toque de Jesus Cristo, o nosso mestre maior. Os seus ensinamentos e os seus exemplos devem fazer parte de nossas reflexões, para que possamos melhorar a nossa conduta em sociedade. Lembremo-nos de que Aristóteles já havia dito que o ser humano é um animal social e deve viver em sociedade.
6.2. A ÉTICA ESPÍRITA NÃO É DOGMÁTICA

 
Allan Kardec, quando codificou o Espiritismo, deixou claro que não tinha inventado nada. Apenas organizou, coordenou, baseado no método teórico-experimental e secundado pelos Espíritos de luz, os conhecimentos que estavam espalhados pelo mundo.
Nesse sentido, o Espiritismo não tem dogmas, não faz proselitismo e tampouco prescreve ações padronizadas para os seus seguidores. Simplesmente aponta os problemas enfrentados pelos seres humanos e lança uma luz sobre eles. E por esta razão é denominado de o "Consolador Prometido". Em outros termos, podemos agir da maneira que quisermos. Temos total liberdade. Os Espíritos, porém, nos alertam: "Se você seguir esse caminho terá essas conseqüências; se seguir aquele outro terá aquelas conseqüências".
Aquele que pratica o bem terá como conseqüência a liberdade; aquele que pratica o mal terá como conseqüência a escravidão. De modo que somos o resultado do que pensamos e agimos. Não há privilégios, não há jeitinho. Seremos julgados pelo bem ou pelo mal que fizermos aos outros. Às vezes, os pregadores da Doutrina Espírita se inflamam e começam a ditar normas. Não nos deixemos influenciar por qualquer palavra que lemos e ouvimos. É mais prudente refletirmos sobre os ensinamentos contidos, principalmente, nas obras básicas do espiritismo: O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Livros dos Médiuns, O Céu e o Inferno e A Gênese.
 
José Herculano Pires que, nos dizeres do Espírito Emmanuel, foi o melhor metro que mediu Allan Kardec, dizia-nos que a reforma íntima, tão propalada pelos espíritas, deve ser de fundo e não de forma. Quer dizer, os planos de melhoria interior têm o seu valor, mas o que realmente importa é o crescimento real do Espírito imortal.
6.3. A POSTURA ESPÍRITA FRENTE AOS PROBLEMAS SOCIAIS

Há muitos problemas, inclusive aqueles apontados pela bioética, disciplina que trata de problemas relacionados à vida humana, como é caso da mulher que aluga o seu útero para o nascimento de uma criança. Esta postura é ética? Quem é a mãe da criança? O que será dessa criança no futuro?
Analisemos, sucintamente, apenas dois problemas: o aborto e o suicídio. Ambos se referem à paralisação da vida. No aborto, o feto não tem escolha: a vida lhe é tirada. No suicídio, o indivíduo é que tira a sua própria vida. O que o Espiritismo tem a nos dizer? Em ambos os casos, há uma infração à lei de Deus. Tanto o que comete o aborto como o que comete o suicídio terá de responder pelos seus atos. Em se tratando do aborto, a Doutrina Espírita fala em crime. As conseqüências podem vir em futuras encarnações: quantos casais querem ter filhos e a mulher não consegue engravidar? Em se tratando do suicídio, mesmo se levando em conta os atenuantes e os agravantes, o infrator deverá sofrer as conseqüências, inclusive com a perda do seu livre-arbítrio.
7. CONCLUSÃO

Os Espíritos de luz estão sempre nos advertindo. Eles nos dizem: "Olha pelo que te trocas; talvez não percebas de pronto, mas cada um se dá por aquilo em que se troca". Reflitamos sobre a nossa conduta ética. É possível que os outros nos tachem de tolo, de retrógrado, de alienado. Não nos importemos com isso. Saibamos, sim, antever o que o futuro nos reserva.
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

CENCI, Ângelo V. Sobre a Educação Moral. In PIOVESAN, Américo (et al). Filosofia e Ensino em Debate. Ijui: Unijui, 2002 (Coleção Filosofia e Ensino, 2)
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo: Feesp, 1995.
 
(fonte:http://www.ceismael.com.br/artigo/educacao-moral-e-espiritismo.htm)

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Qual sua opinião?!

Valores

 
"Valores. Não importa em que lugar vivemos, vivemos de acordo com nossos valores. Porque valem mais quando os divulgamos." (The Foundation For a Better Life)
 
Nos envie qual seu valor mais importante e nos conte sua história para vivenciá-lo...
Te aguardamos. :)
Beijos e abraços
 

solidariedade

solidariedade - dar ajuda ou suporte aos necessitados
A casa era maravilhosa. Minha mulher e eu ficamos muito entusiasmados quando a encontramos. Depois de cinco anos vivendo em um pequeno apartamento, e com um bebê a caminho, era hora de finalmente ter uma casa com um quintal de verdade.
Passamos a manhã carregando o caminhão de mudança e fazendo a limpeza final do apartamento. Eu preferia encerrar o dia por ali, mas sabia que tínhamos apenas algumas horas para descarregar a mudança na nova casa e devolver o caminhão para evitar mais um dia de aluguel.
Estacionei o caminhão de ré e levei as primeiras caixas para dentro da casa. Eu não fazia a menor ideia de como conseguiria descarregar tudo antes das 5 da tarde. Ao passar pela porta para buscar a próxima carga de caixas, quase fui derrubado por uma cadeira em movimento. Segurando a cadeira estava uma adolescente desdobrando-se em desculpas.
"Desculpe", disse ela, "não fiz de propósito. Vi sua mulher grávida lá fora e pensei que vocês pudessem precisar de ajuda". Só então percebi uma fila de caixas entrando na casa, todas carregadas por vizinhos sorridentes. Minha mulher começou a correr pela casa para organizar as coisas.
Eu mal carreguei outras quatro cargas, e em menos de meia hora o caminhão estava vazio. Sem dúvida, tínhamos encontrado a casa dos nossos sonhos.


A vida que influencio por bem ou por mal influenciará outra vida que, por sua vez, influenciará outra, e quem sabe onde a influência para ou em que paragens longínquas minha influência far-se-á sentir.

(Frederick Buechner - 1926 educador, escritor, teólogo)

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Revista Espírita: Conversas familiares de além-túmulo - Voltaire e Frédéric

Agosto de 1859
 
Diálogo obtido por intermédio de dois médiuns servindo de intérpretes à cada um desses dois Espíritos, na sessão da Sociedade de 18 de março de 1859.
Questões preliminares endereçadas a Voltaire.
1. Em que situação estais como Espírito? - R. Errante, mas arrependido.
2. Quais são as vossas ocupações como Espírito? - R. Eu rasgo o véu do erro que, em minha vida, acreditava ser a luz da verdade.
3. Que pensais de vossos escritos em geral? - R. Meu Espírito estava dominado pelo orgulho; depois, eu tinha uma missão de arrojo a dar a um povo na infância; minhas obras são dela as conseqüências.
4. Que direis, em particular, de vossa Jeanne D’Arc? - R. Esta foi uma diatribe; fiz mais ruim que isso.
5. Quando vivo, que pensáveis de vosso futuro depois da morte? - R. Eu não acreditava senão na matéria, vós bem o sabeis, e ela morre.
6. Éreis ateu no verdadeiro sentido da palavra? - R. Eu era orgulhoso; eu negava a divindade por orgulho, é do que sofro e do que me arrependo.
7. Gostaríeis de conversar com Frédéric, que também consentiu em responder ao nosso apelo. Essa conversa seria instrutiva para nós. - R. Se Frédéric o quer, eu estou pronto.
Voltaire. - Vedes, meu caro monarca, que reconheço meus erros e que estou longe de falar como nas minhas obras; outrora dávamos o espetáculo de nossas torpezas; agora somos obrigados a dar o de nosso arrependimento e do nosso desejo de conhecer a grande e pura verdade.
Frédéric. - Eu vos acreditava menos bom do que não o sois realmente.
Voltaire. - Uma força que somos obrigados a adorar, e reconhecer toda soberana, força nossa alma a proclamar para aqueles que talvez abusamos, uma doutrina toda oposta àquela que professamos.
Frédéric. - É verdade, meu caro Arouet, mas não finjamos mais, é inútil, todos os véus caíram.
Voltaire. - Deixamos tantos desastres atrás de nós, que nos seriam necessárias muitas lágrimas para deles obter o perdão e nos absolver! Não saberíamos muito nos unir para fazer esquecer e reparar os males que causamos.
Frédéric. - Confessemos também que o século que admirávamos foi bem pobre em julgamento e que é preciso pouca coisa para deslumbrar os homens: nada mais que um pouco de audácia.
Voltaire. - Por que não? Fizemos tanta fama em nosso século!
Frédéric. - Foi essa fama que, caindo de repente num completo silêncio, nos lançou de novo na reflexão amarga, quase no arrependimento. Eu choro minha vida, mas também sinto falta de não ser mais Frédéric! E tu de não seres mais o senhor de Voltaire!
Voltaire. - Falai, pois, por nós, Majestade.
Frédéric. - Sim, eu sofro; mas não repitais mais.
Voltaire. - Mas abdicais, pois! Mais tarde fareis como eu.
Frédéric. - Eu não posso...
Voltaire. - Pedis-me para ser vosso guia; eu o serei ainda; tratarei somente de não vos perder no futuro. Se podeis compreender, procurai aqui o que pode vos ser útil. Não são mais altezas que vos interrogam, mas Espíritos que procuram e acham a verdade com a ajuda de Deus.
Frédéric. - Tomai-me, pois, pela mão; traçai-me uma linha de conduta, se o puderdes... esperemo-la... mas isso será por vós... por mim estou muito perturbado, e eis que isso dura um século.
Voltaire. - Deixais-me, ainda, a inveja de ter orgulho de valer melhor que vós; isso não é generoso. Tornai-vos bom e humilde, para que eu mesmo seja humilde.
Frédéric. - Sim, mas a marca que a minha qualidade de Majestade me deixou no coração, impede-me sempre de me humilhar como tu. Meu coração está fechado como um rochedo, árido como um deserto, seco como a arena.
Voltaire. - Serieis, pois, poeta? Não vos conhecia esse talento, Senhor.
Frédéric. - Tu finges, tu... Não peço a Deus senão uma coisa, o esquecimento dç passado... uma encarnação de prova e de trabalho.
Voltaire. - E melhor unir-me também a vós, mas sinto que esperarei por muito tempo minha remissão e o meu perdão.
Frédéric. - Bem, meu amigo, pecamos, pois, juntos uma vez.
Voltaire. - Eu o faço sempre, desde que Deus se dignou levantar para mim o véu da carne.
Frédéric. - Que pensas desses homens que nos chamam aqui?
Voltaire. - Eles podem nos julgar, e nós não podemos senão nos humilharmos com eles.
Frédéric. - Eles me incomodam, eu... seus pensamentos são muito diferentes.
P. (a Frédéric.) - Que pensais do Espiritismo? - R. Sois mais sábios que nós; não viveis um século depois de nós? E embora no céu desde esse tempo, não fazemos apenas senão nele entrar.
P. Nós vos agradecemos por consentirdes em vir ao nosso chamado assim como ao vosso amigo Voltaire.
Voltaire. - Viremos quando quiserdes.
Frédéric. - Não me evoqueis freqüentemente... Não sou simpático.
P. Por que não sois simpático? - R. Eu desprezo e me sinto desprezível.


terça-feira, 23 de abril de 2013

Estudos do paltalk: O problema do ser e do destino


Quintas-feiras:

  • 18h15min às 19h15min - estudo do livro "O Problema do Ser e do Destino", de Léon Denis - coordenadora: Wania Flintz;

Data
Tema
Coordenador
28/03/2013
"A vontade" - Parte V
Wania Flintz
04/04/2013
"A consciência. O sentido íntimo" - Parte I
Beth Rosado
11/04/2013
"A consciência. O sentido íntimo" - Parte II
Wania Flintz
18/04/2013
"A consciência. O sentido íntimo" - Parte III
Beth Rosado
25/04/2013
"A consciência. O sentido íntimo" - Parte IV
Wania Flintz

domingo, 21 de abril de 2013

Revista Espírita: Conversas familiares de além-túmulo

Setembro de 1859

Um Oficial do exército da Itália.

segunda conversa (Sociedade; 1o de julho de 1859. - Ver o número de Julho).


1. Evocação. - R. Eis-me; falai-me.
2. Prometestes voltar a nos ver, e disso nos aproveitamos para vos pedir dar-nos algumas explicações complementares. - R. De bom grado.
3. Depois da vossa morte, assististes a alguns combates que ocorreram? - R. Sim, o último.
4. Quando sois testemunha, como Espírito, de um combate e vedes os homens se massacrarem, isso vos faz experimentar o sentimento de horror que sentimos, nós mesmos, vendo semelhantes cenas? - R. Sim, eu o experimento mesmo sendo homem, mas então o respeito humano reprimia esse sentimento como sendo indigno de um soldado.
5. Há Espíritos que sentem prazer em ver essas cenas de carnificina? - R. Poucos.
6. Que sentimento experimentam, com essa visão, os Espíritos de uma ordem superior? - R. Grande compaixão; quase desprezo. O que vós mesmos experimentais quando vedes animais se dilacerarem entre si.
7. Assistindo a um combate, e vendo os homens morrerem, sois testemunha da separação da alma e do corpo? - R. Sim.
8. Nesse momento, vedes dois indivíduos: o Espírito e o corpo? - R. Não; que é, pois, o corpo? - Mas o corpo não está menos ali, e deve ser distinto do Espírito? - R. Um cadáver, sim; mas não é mais um ser.
9. Que aparência tem, para vós, o Espírito nesse momento? -R. Leve.
10. O Espírito se afasta imediatamente do corpo? - Consenti em nos descrever, eu vos peço, tão explicitamente quanto possível as coisas tais quais se passam, e que a vejamos como se lhes fôssemos testemunhas - R. Há poucas mortes inteiramente instantâneas; a maior parte do tempo o Espírito, cujo corpo acaba de ser ferido por uma bala comum ou uma bola de canhão, se diz: eu vou morrer, pensemos em Deus, sonhemos com o céu, adeus, Terra que eu amei. Depois desse primeiro sentimento, a dor vos arranca de vosso corpo, e é então que se pode distinguir o Espírito que se move ao lado do cadáver. Isso parece tão natural que a visão, do corpo morto, não produz nenhum efeito desagradável. Estando toda a vida transportada para o Espírito, só ele chama a atenção; é com ele que se conversa, ou a ele que se dirige.
Nota. - Poder-se-ia comparar esse efeito ao que produz um grupo de banhistas; o espectador não presta atenção às roupas que eles deixaram à beira d'água.
11. Geralmente, o homem surpreendido por uma morte violenta, durante algum tempo, não se crê morto. Como se explica sua situação, e como pode iludir-se, uma vez que deve bem sentir que seu corpo não é mais material, resistente? - R. Ele o sabe, e não tem ilusão.
Nota. - Isso não é perfeitamente exato; sabemos que os Espíritos se iludem em certos casos, e que não se crêem mortos.
12. Uma violenta tempestade manifestou-se no fim da batalha de Solferino; foi por uma circunstância fortuita ou por um fim providencial? - R. Toda circunstância fortuita é o fato da vontade de Deus.
13. Essa tempestade tinha um objetivo, e qual era ele? - R. Sim, certamente: parar o combate.
14. Foi provocado no interesse de uma das partes beligerantes e qual? - R. Sim, sobretudo para os nossos inimigos.
- Por que isso? Podeis nos explicar mais claramente? - R. Perguntais-me por quê? Mas não sabeis que, sem essa tempestade, nossa artilharia não deixaria escapar um Austríaco?
15. Se essa tempestade foi provocada, deveu ter agentes; quais eram esses agentes? - R. A eletricidade.
16. É o agente material; mas há Espíritos tendo em suas atribuições a condução dos elementos? - R. Não, a vontade de Deus basta; não há necessidade de ajudas assim comuns.

Fonte: www.espirito.org.br