sexta-feira, 21 de julho de 2017

Mural reflexivo: Mente e sintonia

Mente e sintonia

     É creditado ao italiano Guilherme Marconi o uso das ondas eletromagnéticas para transmitir informações a longas distâncias.
     No final do Século XIX, Marconi inicia seus experimentos, que darão origem ao telégrafo e, posteriormente, ao rádio.
     Graças a isso, as distâncias passam a ser menores, e a comunicação intensifica-se.
     Marconi partiu de um princípio da Física, segundo o qual ao se emitir ondas com determinada frequência, essas se propagam no espaço, podendo ser captadas por outro aparelho sintonizado na mesma frequência.
     Hoje, os experimentos de Marconi pertencem à História e seus equipamentos são peças de museu, frente a toda a tecnologia desenvolvida desde então.
     Porém, ainda podemos tecer valiosas reflexões a respeito desses seus estudos e descobertas.
     Nossa mente atua, sempre, como uma grande usina geradora de ondas, com frequências peculiares.
     A natureza do nosso pensar e sentir gera a qualidade da emissão, daquilo que emitimos e exteriorizamos em forma de pensamento.
     Como as ondas de rádio, invisíveis e imperceptíveis para nós, assim são nossos pensamentos.
     Não percebemos de imediato e nem visualizamos o que emitimos, mas nosso pensar está sempre gerando o ambiente, a psicosfera em torno de nós mesmos.
     Assim é que pessoas otimistas vivem em uma frequência, em uma ambiência mais salutar do que as pessoas pessimistas.
     Alguém sempre amoroso, carinhoso, compreensivo, terá em torno de si as qualidades relativas à natureza desses sentimentos.
     Por sua vez, quem seja amargo, intolerante, impaciente gerará, para sua própria vivência, um ambiente mais tormentoso e difícil.
     Assim, cuidar dos pensamentos é tarefa de urgente necessidade, mas, muitas vezes relegada, quando não esquecida ou desconhecida.
     Somos o resultado do que pensamos, sentimos e agimos, direta e indiretamente.
     Portanto, será sempre mais proveitoso buscarmos a reflexão otimista ao pensamento pessimista, a análise compreensiva ao julgamento crítico, o bem pensar ao julgamento severo.
     Não é alienar-se do mundo, ou vê-lo de maneira ingênua ou parcial.
     É a opção por viver no mundo, enfrentando seus desafios e lutas, com ferramentas diferentes, que serão mais valiosas e eficazes, nos proporcionando, ademais, saúde e bem-estar.
     Dessa forma, vigiar nosso pensar no dia a dia, será sempre ação benéfica para nós mesmos.
     Ao optarmos pela vigilância da nossa casa mental, nos proporcionamos a oportunidade de abandonar o medo, a insegurança, as angústias. E abraçarmos o bem, o bom e a confiança em Deus.
     Atentemos para a recomendação de Jesus de orarmos e vigiarmos, entendendo que o Amigo Divino nos convida a  vigiarmos nosso pensar e a utilizarmos a oração como ferramenta de apoio e reestruturação mental.
     *   *   *
     O pensamento é força vital gravitando no Universo. Fonte poderosa, pode verter luz pacificadora ou se transformar em cachoeira destruidora.
     Pensemos nisso.


     Redação do Momento Espírita.

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão - A037 – Cap. 15 – Enfermidade salvadora – Primeira Parte

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

A037 – Cap. 15 – Enfermidade salvadora – Primeira Parte

15 - Enfermidade salvadora

Havia um mês que o Sr. Mateus retornara ao lar, após a crise que o conduzira inconsciente ao Pronto Socorro, vítima de embolia cerebral. O ambiente espiritual na residência dos Soares era sensivelmente melhor. Havia mesmo uma atmosfera de paz inabitual naquele domicílio longamente sacudido por tempestades de vária ordem. O genitor de Mariana, carinhosamente assistido pela esposa e filhas, dava mostras de confortadora recuperação orgânica. Já conseguia falar com menor dose de esforço e as lições consoladoras do Espiritismo, a que se acostumara paulatinamente, mediante a leitura de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” realizada pela ex-obsidiada, penetravam-no fundo, fazendo-o reformular conceitos e modificar disposições íntimas...
O Delegado de Polícia, que continuava à espera de poder ouvir o depoimento da vítima contra o Sr. Marcondes Pereira, o agressor, visitou o enfermo para tomar por termos a queixa-crime contra o desafeto, e, para surpresa geral, o Sr. Mateus esteve à altura da situação. Pediu que tudo fosse esquecido, em considerando a própria leviandade, causadora do acontecimento, pois que ele não pretendia apresentar qualquer acusação. Germinava já naquele terreno, antes sáfaro, a semente do Evangelho Redentor.
O responsável pela ordem saiu agradecido e igualmente feliz com a decisão do Sr. Mateus, em considerando, afinal, os danos não terem sido de grande monta e que o tempo tudo regularizaria.
Dias depois, acompanhado do mesmo Policial, o cidadão Marcondes veio visitar a sua vítima e lhe solicitou escusas, considerando a circunstância de se conhecerem de há muito, conquanto a pouca afinidade espiritual existente entre ambos. Que fossem esquecidos os incidentes lutuosos que poderiam ter culminado na desgraça de dois chefes de família e na consequente desdita dos seus descendentes. Aquilo lhes serviria a ambos de lição preciosa.
Foi com essas noticias alvissareiras que nos reunimos para os trabalhos ordinários de desobsessão, após ouvi-las dos lábios de Dona Rosa e Amália que, serenadas as dificuldades no lar, retomavam os deveres do culto espiritual e da caridade aos desencarnados.
As operações socorristas estavam no término, quando Saturnino, incorporando o médium Morais, teceu algumas considerações em torno dos labores desobsessivos junto aos Soares.
— As nossas palavras de hoje — falou com inflexão de muita ternura e bondade, como lhe era habitual — são dirigidas à irmã Rosa, cujo exemplo de resignação nos comove e nos felicita. Convidada ao resgate em caudaloso rio de sofrimentos, a irmã querida tem sabido honrar a confiança do Senhor. Desde cedo requisitou a bênção da renúncia pessoal, reunindo no lar velhos compromissos que se complicavam e aceitou a incumbência de labutar infatigável até o fim da tarefa, sem desânimo nem rebeldia. É justo que lhe seja conferido o salário pela fidelidade no posto do dever retamente atendido. E o salário do servo devotado é a esperança de melhores horas, com a paz de todos os instantes, para a continuação do empreendimento de luz interior, ao qual se encontra nobremente vinculada.
E desejando, talvez, demonstrar a elevação dos méritos da mãe de Amália, acrescentou:
— Tínhamos em mãos o dilema de como conduzir o Sr. Mateus, em face das dores que pesavam sobre o seu lar e a sua irreverente deslealdade para com os deveres espontâneamente assumidos junto ao altar da família. Logo após o lamentável incidente de que se fez merecedor, reunimo-nos, aqueles que assumimos a responsabilidade do socorro a Mariana e posteriormente à família, para examinar o transcurso das tarefas futuras no seu lar, chegando à conclusão de que o remédio mais eficaz e mais bem aplicado para o nosso irmão seria o de demorada permanência no leito, a fim de que a limitação das forças e o constrangimento da enfermidade lhe pudessem despertar o espírito atormentado para as questões vitais da reencarnação, da imortalidade... Sabemos, por experiência e observação, que os mais calcetas e inveterados adversários da razão, do siso, dos sentimentos espirituais, modificam os conceitos logo se deparam com as perspectivas próximas da desencarnação e, embora não acreditando na continuação da vida, como fazem crer, rogam, desesperados, tempo para refazer o caminho e preparar-se... Assim, concluímos pela hipótese de retê-lo, no leito, dependendo das mãos da família, à queda espetacular e irreversível no despenhadeiro da delinquência para onde marchava sob poderoso comando de insensíveis inimigos com os quais se imantava desde há muito. Dessa forma, após o delíquio no atrito com Marta, igualmente perturbada, recorremos a providencial socorro, aplicando-lhe recursos magnéticos que libertaram a bolha de ar que se alojou em circuito especial do cérebro, gerando a embolia de que foi acometido... Como o Divino Benfeitor dispõe de recursos e terapêutica especializada para todos os problemas e enfermidades, a dor, que agora lhe é mestra e mãe gentil, abre-lhe, também, as portas da compreensão da família e da paz no lar, ajudando-o a descobrir o mundo novo do espírito para a própria felicidade.
Silenciou por breves momentos e, logo depois, prosseguiu:
— Certamente que há muito ainda por fazer. Ele mesmo deverá desatar inúmeros liames a que se deixou prender, na retaguarda. Inclinado, no entanto, a observações mais prudentes e valiosas, poderá refazer muito dos danos antes gerados, iniciando novos cometimentos em prol de si mesmo. Seus verdugos se aquietam na encruzilhada das tramas soezes e aguardam ensejo. Alguns sitiam-no durante os momentos da libertação pelo sono, pois que de mente fortemente fascinada pelas dissipações, por cujos caminhos enveredou, sintoniza livremente com os antigos comparsas e deles recebe sugestões negativas, abundantes, e altas doses de energia deletéria, retornando à organização física acabrunhado, saudoso, rebelde... A providencial e inspirada interferência de Mariana, quando se prontificou à leitura do Evangelho junto ao seu leito, lentamente lhe modifica os painéis mentais, permitindo-lhe deslocar o centro de interesse, antes monoideado pelo jogo, para a elevação dos deveres, fazendo-o considerar a perda de tempo até então e a desvalia das suas aspirações, ante a vida carnal que se extingue com a enfermidade, a idade, o acidente... Impossibilitado de falar com a clareza desejável, não pode reagir nem discutir a temática espírita, e, semi-imobilizado, sente-se constrangido à reflexão dos conceitos ouvidos. Vagarosamente se lhe acalmam os centros desordenados dos raciocínios, impondo-se-lhe necessários novos comentários íntimos sobre as belezas da reencarnação, até então despercebidos...
Concomitantemente, a união da família em torno dos estudos elevados e das meditações salutares granjeia simpatias enobrecidas do Mundo Espiritual e o reduto doméstico se transforma num pouso de refrigério para os lidadores desencarnados afeitos ao bem e, porque não dizer, uma escola viva para aprendizagem, na qual as lições são vidas que se rearmonizam em torno da Excelsa Vida de Jesus.
Frutificam já, nos ramos do arvoredo da fé, as doações do amor e da caridade, transformadas em seiva sadia e produtora.
Quando o Benfeitor silenciou, havia uma saturação de paz e alegria geral, que parecia carreada por mãos invisíveis e poderosas ali presentes.
Dirigiu-se, ainda, generoso e calmo, a alguns outros companheiros, quando, então, os trabalhos da noite foram encerrados.

QUESTÕES PARA ESTUDO

1 – O benfeitor Saturnino comentou, através da psicofonia do médium Morais, a estratégia para evitar um desastre de terríveis consequências sobre o Sr. Mateus. Comente-a.

2 – Quais benefícios vieram a partir da leitura sistemática do Evangelho Segundo o Espiritismo junto ao leito do Sr. Mateus?


Bom estudo a todos!!
 Equipe Manoel Philomeno

Conversando com Léon Denis - Esquecimento do Passado


Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão - CONCLUSÃO A036 – Cap. 14 – O Cristo consolador – Segunda Parte

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

A036 – Cap. 14 – O Cristo consolador – Segunda Parte
CONCLUSÃO

QUESTÕES PARA ESTUDO

1 – Um importante hábito para a família é a prática regular do Culto do Evangelho no Lar. Por quê? Quais são os resultados positivos advindos dessa ação?
O Culto do Evangelho no Lar é o convite por excelência para que entidades superiores frequentem a casa, e assim a família esteja sob suas proteções. Através da prática, o lar vai se impregnando de fluidos positivos, o clima vai se tornando mais cristão, e, deste modo, menos favorável à presença de entidades inferiores.
No tratamento da desobsessão, sobretudo, a família deve se firmar na prática do culto, sempre em mesmo horário e dia. Com o tempo, a frequência de benfeitores no lar vai transformando de um lado os  integrantes encarnados da família, e de outro, as entidades perturbadoras.

2 – Marta ouviu de Petitinga que suas relações espirituais com entidades infelizes não poderiam perdurar indeterminadamente... Porém, o que ela deveria fazer para promover as modificações de vinculações espirituais?
Marta receava o assédio das entidades inferiores continuasse e que, assim, ela falisse mais uma vez. Deste modo, ela continuaria vinculada indeterminadamente com estes espíritos... Porém, Petitinga a tranquilizou afirmando que isso não poderia acontecer, desde que ela se mantivesse firme nos propósitos cristãos transformadores.
De fato, não há ligação espiritual inferior que possa prevalecer frente à vontade positiva do encarnado. Desde que Marta procurasse transformar-se intimamente, sintonizando-se com benfeitores sempre dispostos a ajudar, nenhuma ação obsessiva prevaleceria. Porém, era necessário que ela não desistisse: permanecesse no estudo, na prece e na ação fraterna. Se esforçasse para receber a atenção dos benfeitores, e, certo, conseguiria se libertar da ação de seus antigos parceiros espirituais.

3 – Qual é o grande ministério do Espiritismo?
O grande ministério do Espiritismo é aquele descrito por Jesus quando prometeu a vinda do Consolador: relembrar os ensinos do Mestre que foram ou esquecidos ou deturpados, ensinar coisas novas, e, então, promover a transformação do homem.
Através do esclarecimento e do estímulo à prática das virtudes cristãs, o Espiritismo colabora para que o homem mude suas afinidades espirituais, se preserve de uma série de sofrimentos e conquiste mais facilmente a felicidade... 


Equipe Manoel Philomeno

quarta-feira, 19 de julho de 2017

REVISTA ESPIRITA - MARÇO 1864 - DA PERFEIÇÃO DOS SERES CRIADOS.

REVISTA ESPIRITA 
JORNAL DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS
7 a ANO Nº 3 MARÇO 1864
DA PERFEIÇÃO DOS SERES CRIADOS.

Sobre o primeiro ponto, diremos que a felicidade completa é o resultado da perfeição; uma vez que as vicissitudes são o produto da imperfeição, criar os Espíritos perfeitamente felizes, teria sido criá-los perfeitos.
A questão dos animais pede alguns desenvolvimentos. Eles têm um princípio inteligente, isto é incontestável. De que natureza é esse princípio? Que relações tem com o do homem? É estacionário em cada espécie, ou progressivo passando de uma espécie à outra? Qual é para ele o limite do progresso? Caminha paralelamente ao homem, ou bem é o mesmo princípio que se elabora e ensaia a vida nas espécies inferiores, para receber mais tarde novas faculdades e sofrer a transformação humana? São tantas questões que ficaram insolúveis até este dia, e se o véu que cobre esse mistério não foi ainda levantado pelos Espíritos, é que isso teria sido prematuro: o homem não está ainda maduro para receber tanta luz. Vários Espíritos deram, isto é verdade, teorias a esse respeito, mas nenhuma tem um caráter bastante autêntico para ser aceita como verdade definitiva; não se podem, pois, considerá-las, até nova ordem, senão como sistemas individuais. Só a concordância pode dar-lhes uma consagração, porque aí está o único e verdadeiro controle do ensino dos Espíritos. É por isso que estamos longe de aceitar como verdades irrecusáveis tudo o que ensinam individualmente; um princípio, qualquer que seja, para nós não adquire autenticidade senão pela universalidade do ensinamento, quer dizer, pelas instruções idênticas dadas sobre todos os pontos por médiuns estranhos uns aos outros e não sofrendo as mesmas influências, notoriamente isentos de obsessões e assistidos por Espíritos bons e esclarecidos, é preciso ouvir aqueles que provam a sua superioridade pela elevação de seus pensamentos, a alta importância de seus ensinos, não se contradizendo jamais, e não dizendo jamais nada que a lógica mais rigorosa não possa admitir.
Foi assim que foram controladas as diversas partes da doutrina formulada em O Livro dos Espíritos e em O Livro dos Médiuns. Tal não é ainda o caso da questão dos animais, é porque não resolvemos o dilema; até constatação mais séria, não é preciso aceitar teorias que podem ser dadas a esse respeito senão em benefício de inventário, e à espera da confirmação ou da negação.
Em geral, não se poderia trazer muita 'prudência em fato de teorias novas sobre as quais pode-se iludir; também quantas deIas se viram, desde a origem do Espiritismo, que, prematuramente entregues à publicidade, não tiveram senão uma existência efêmera!
Assim o será com todas aquelas que não tiverem senão um caráter individual e não tiverem sofrido o controle da concordância. Em nossa posição, recebendo as comunicações de perto de mil centros Espíritas sérios, disseminados sobre os diversos pontos do globo, somos capazes de ver os princípios sobre os quais essa concordância se estabelece; foi essa observação que nos guiou até este dia, e será igualmente a que nos guiará nos novos campos que o Espiritismo está chamado a explorar. É assim que, há algum tempo, notamos nas comunicações vindas de diversos lados, tanto da França quanto do exterior, uma tendência a entrar numa via nova, pelas revelações de uma natureza toda especial.
Essas revelações, freqüentemente feitas com palavras veladas, passaram desapercebidas para muitos daqueles que as obtiveram; muitos outros acreditaram só eles tê-las; tomadas isoladamente, seriam para nós sem valor, mas a sua coincidência lhes dá uma alta seriedade, da qual será capaz de julgar mais tarde, quando chegar o momento de entregá-las à luz da publicidade.
Sem essa concordância, quem poderia estar seguro de ter a verdade? A razão, a lógica, o julgamento, sem dúvida, são os primeiros meios de controle dos quais é preciso fazer uso; em muitos casos isto basta; mas quando se trata de um princípio importante, da emissão de uma idéia nova, seria preciso presunção em se crer infalível na apreciação das coisas; é aliás um dos caracteres distintivos da revelação nova, de ser feita sobre todos os pontos ao mesmo tempo; assim ocorreu em diversas partes da Doutrina. A experiência aí está para provar que todas as teorias arriscadas pelos Espíritos sistemáticos e pseudo-sábios sempre foram isoladas e localizadas; nenhuma se tornou geral e nem pôde suportar o controle da concordância; várias mesmo caíram sob o ridículo, prova evidente de que elas não estavam na verdade. Esse controle universal é uma garantia paraa unidade futura da Doutrina.
Esta digressão nos afastou um pouco de nosso assunto, mas era útil para nos fazer conhecer de que maneira procedemos em fato de teorias novas concernentes ao Espiritismo, que está longe de ter dito a sua última palavra sobre todas as coisas. Não emitimos jamais uma que não haja recebido a sanção da qual acabamos de falar, é por isso que algumas pessoas, um pouco impacientes, se espantam de nosso silêncio em certos casos. Como sabemos que cada coisa deve vir ao seu tempo, não cedemos a nenhuma pressão, de qualquer parte que ela venha, sabendo a sorte daqueles que querem ir muito depressa e têm em si mesmos, e em suas próprias luzes, uma confiança muito grande; não queremos colher um fruto antes de sua maturidade; mas pode-se estar seguro de que, quando estiver maduro, nós o deixaremos cair.
Estabelecido este ponto, nos resta pouca coisa a dizer sobre a questão proposta, não podendo ainda ser resolvido o ponto capital.
Está constatado que os animais sofrem; mas é racional imputar esses sofrimento à imprevidência do Criador, ou uma falta de bondade de sua parte, porque a causa escapa à nossa inteligência, como a utilidade dos deveres e da disciplina escapa ao escolar? Ao lado desse mal aparente não se vêem manifestar-se suas solicitudes pelas mais ínfimas de suas criaturas? Os animais não são providos de meios de conservação apropriados ao meio em que devem viver? Não se vêem seus pêlos se proverem mais ou menos segundo o clima? seu aparelho de nutrição, suas armas ofensivas e defensivas proporcionais aos obstáculos que têm a vencer e aos inimigos que têm a combater?
Pergunta-se, por vezes, se Deus não poderia ter criado Espíritos perfeitos para poupar-lhes o mal e todas as suas consequências.
Sem dúvida, Deus teria podido, uma vez que é todo-poderoso, e se não o fez, foi porque julgou, em sua soberana sabedoria, mais útil que isso fosse de outro modo. Não cabe ao homem escrutar os seus desígnios, e ainda menos julgar e condenar as suas obras. Uma vez que não pode se admitir Deus sem o infinito das perfeições, sem a soberana bondade e a soberana justiça, que se tem incessantemente sob os olhos as milhares de provas de sua solicitude por suas criaturas, deve-se pensar que essa solicitude não pôde fazer falta na criação dos Espíritos. O homem, sobre a Terra, é como a criança, cuja visão limitada não se estende além do círculo estreito do presente, e não pode julgar da utilidade de certas coisas. Ele deve, pois, se inclinar diante do que está ainda acima de sua capacidade. No entanto, tendo Deus lhe dado a inteligência para se guiar, não lhe está proibido de procurar compreender, tudo em se detendo humildemente diante do limite que não pode transpor. Sobre todas as coisas ficadas no segredo de Deus, ele não pode senão estabelecer sistemas mais ou menos prováveis. Para julgar aquele desses sistemas que mais se aproxima da verdade, tem um critério seguro, que são os atributos essenciais da Divindade; toda teoria, toda doutrina filosófica ou religiosa que tendesse a destruir a mínima parte de um único desses atributos, pecaria pela base, e seria, por isso mesmo, maculada de erro; de onde se segue que o sistema mais verdadeiro seria aquele que concordasse melhor com esses atributos.
Sendo Deus todo sabedoria e todo bondade, não pôde criar o mal para fazer contrapeso ao bem; se tivesse feito do mal uma lei necessária, teria enfraquecido voluntariamente o poder do bem, porque o que é mal não pode senão alterar e não fortalecer o que é bem. Estabeleceu leis que são muito justas e boas; o homem seria perfeitamente feliz se as observasse escrupulosamente; mas a menor infração a essas leis causa uma perturbação da qual experimenta o contragolpe, daí todas as suas vicissitudes; é, pois, ele mesmo que é a causa do mal por sua desobediência às leis de Deus. Deus criou-o livre para escolher seu caminho; aquele que tomou o mau, fê-lo por sua vontade, e não pode senão se acusar das consequências que disso lhe resulte. Pela destinação da Terra, não vemos senão os Espíritos dessa categoria, e é isso que faz crer na necessidade do mal; se pudéssemos abarcar o conjunto dos mundos, veríamos que os Espíritos que permaneceram no bom caminho percorrem as diferentes fases de sua existência em condições todas outras, e que desde que o mal não sendo geral, não saberia ser indispensável.
Mas resta sempre a questão de saber porque Deus não criou os Espíritos perfeitos. Essa questão é análoga a esta; Por que a criança não nasce toda desenvolvida, com todas as aptidões, toda a experiência e todos os conhecimentos da idade viril? Há uma lei geral que rege todos os seres da criação, animados e inanimados: é a lei do progresso; os Espíritos a ela estão submetidos pela força das coisas, sem isso essa  exceção perturbaria a harmonia geral, e Deus quis nisso dar um exemplo abreviando-o no progresso da infância. Mas o mal não existindo como necessidade na ordem das coisas, uma vez que não é senão o fato dos Espíritos prevaricadores, a lei do progresso não os obriga, de nenhum modo, a passarem por essa fieira para chegarem ao bem; ela não os submete senão a passar pelo estado de inferioridade intelectual, dito de outro modo, pela
infância espiritual. Criados simples e ignorantes, e por isso mesmo imperfeitos, ou melhor, incompletos, eles devem adquirir por si mesmos e pela sua própria atividade a ciência e a experiência que não podem ter no início. Se Deus os tivesse criado perfeitos, teria devido dotá-los, desde o instante de sua criação, da universalidade dos conhecimentos; tê-los-ia assim isentado de todo o trabalho intelectual; mas ao mesmo tempo ter-lhes-ia tirado a atividade que devem se desdobrar por adquirir, e pela qual concorrem, como encarnados e desencarnados, ao aperfeiçoamento material dos mundos, trabalho que não incumbe mais aos Espíritos superiores encarregados somente de dirigir o aperfeiçoamento moral.
Por sua própria inferioridade eles tornam-se uma engrenagem essencial à obra geral da criação. De um outro lado, se os tivesse criado infalíveis, quer dizer, isentos da possibilidade de fazer mal, teriam sido fatalmente como máquinas bem montadas que cumprem maquinalmente as obras de precisão; mas então não mais de livre arbítrio, e, por consequência, não mais de independência; teriam se assemelhado a esses homens que nascem com a fortuna toda feita, e se creem dispensados de nada fazer. Submetendo-os à lei do progresso facultativo, Deus quis que tivessem o mérito de suas obras para terem direito à recompensa e gozarem da satisfação de terem eles mesmos conquistado a sua posição.
Sem a lei universal do progresso aplicada a todos os seres, teria havido uma ordem de coisas diferentes a estabelecer. Deus, sem dúvida, disso tinha a possibilidade; por que não o fez? Teria feito melhor em agir de outro modo? Nesta hipótese teria, pois, se enganado! Ora, se Deus pôde se enganar, é que não era perfeito; se não é perfeito, é que não é Deus. Desde que não se pode concebê-lo sem a perfeição infinita, disso é preciso concluir que o que fez é pelo melhor; se não estamos ainda aptos para compreender seus motivos, sem dúvida, podê-lo-emos mais tarde, num estado mais avançado. À espera disso, se não podemos sondar as causas, podemos observar os efeitos, e reconhecer que tudo, no universo, é regido por leis harmônicas cuja sabedoria e a admirável previdência confundem nosso entendimento. Bem presunçoso seria, pois, aquele que pretendesse que Deus deveria reger o mundo de outro modo, porque isso significaria que, em seu lugar, teria feito melhor do que ele. Tais são os Espíritos dos quais Deus castiga o orgulho e a ingratidão, relegando-os aos mundos inferiores, de onde não sairão senão quando, curvando a cabeça sob a mão que o fere, reconhecerão o seu poder. Deus não lhes impõe esse reconhecimento; quer que ele seja voluntário e o fruto de suas observações, é por isso que os deixa livres e espera que, vencidos pelo próprio mal que atraem, retornem a ele.
A isso responde-se: "Compreende-se que Deus não haja criado os Espíritos perfeitos, mas se julga a propósito de submetê-los todos à lei do progresso, não teria podido, pelo menos, criá-los felizes, sem sujeitá-los a todas as misérias da vida? A rigor, o sofrimento se compreende para o homem, porque pôde desmerecer, mas os animais sofrem também; comem-se entre si; os grandes devoram os menores. Há os que cuja vida não é senão um longo martírio; têm, como nós, seu livre arbítrio e desmereceram?" Tal é ainda a objeção que se faz algumas vezes e à qual os argumentos acima podem servir de respostas; lhe acrescentaremos, no entanto, algumas considerações.
 Enviado por: "Joel Silva"


Qual sua opinião? - On demand


On demand

Por Wendell Guiducci
http://www.tribunademinas.com.br/colunas/cronimetricas/18-07-2017/on-demand.html


No último domingo estreou a sétima temporada de “Game of Thrones”.

Eu, ansioso pelo início do fim como milhões de pessoas ao redor do mundo, não vi.

Eu, que não sou assinante da HBO como milhões de pessoas ao redor do mundo, verei hoje ou no máximo amanhã. Por outros meios.

Mas verei.

Como Daenerys, Cersei ou Sansa, terei o que quero.

Nestes tempos de revolução informacional, nestes ambientes virtuais-ficcionais em que nos encontramos cada dia mais imersos, acostumamo-nos a ter o que queremos. Quando queremos.

Aquele disco de 1973 do T. Rex impossível de achar?

Spotify.

Aquele filme meio obscuro do Akira Kurosawa safra 1980?

Netflix.

Não achou?

Pirate Bay.

Essa facilidade tem nos deixado mal-acostumados. Mimados mesmo. Propensos à birra.

Como as nobilíssimas senadoras que acharam que, sentando-se na cadeira do presidente do Senado, barrariam a votação-aprovação da nefasta reforma trabalhista.

A isso foi reduzida a resistência: a um pití.

E se nós mesmos, que aprendemos que tínhamos de virar mundos e fundos para botar a mão naquele álbum do T. Rex, estamos ficando assim meio folgados, o que dizer dessa geração on demand que já nasceu tendo tudo à mão, na superfície das telas sensíveis ao toque?

Aos adultos, o banco dá crédito.

Aos filhos, os pais dão a senha.

Aos miseráveis, a rua dá a oportunidade.

O que não podemos é ficar sem o que queremos. E pra já.

Como explicar que não é assim no mundo aí fora?

Que não é assim no trabalho?

Que não é assim no amor?

Nem na guerra?

Que a vida exige labor, paciência, cuidado, humildade?

A consciência de que talvez não consigamos tudo o que queremos.

Pelo menos não agora.

E talvez nunca.

terça-feira, 18 de julho de 2017

O mundo está um caos? Muita maldade!



Crie a história - Desenvolva à luz da Doutrina Espírita


Você sabia?!


A mulher que fugiu para salvar dois bebês intersexuais de seus próprios pais

Helen Grady e Anne Soy
Do Serviço Mundial da BBC, no Quênia


Há cinco anos, uma parteira no Quênia ajudou uma criança que tinha órgãos genitais masculinos e femininos a nascer.
O pai ordenou que ela matasse o bebê, mas, em vez disso, ela escondeu e criou a criança como se fosse dela. Dois anos depois, a mesma coisa aconteceu - e ela se viu obrigada a fugir para salvar a vida das crianças.
Como uma parteira tradicional no oeste do país africano, Zainab estava acostumada a realizar partos e trabalhou em dezenas de nascimentos. Mas nenhum como aquele de 2012.
Foi um parto difícil, mas nada com que ela não soubesse lidar. O cordão umbilical estava enrolado na cabeça da criança e ela precisou agir rapidamente, usando uma colher de madeira para desenrolá-lo.
Depois de liberar as vias respiratórias e limpar o bebê, ela cortou o cordão umbilical e viu algo que nunca tinha visto antes.
"Quando olhei para saber se era menino ou menina, eu vi uma protusão - esse bebê tinha órgãos masculinos e femininos", disse.
Em vez de dizer o que estava acostumada em momentos como aquele - "É um menino", ou "É uma menina" -, Zainab apenas entregou a criança à mãe e disse: "Aqui está seu bebê".
Quando a mãe, exausta, viu que o sexo do bebê não estava definido, ficou impressionada. O marido chegou e não teve dúvidas do que deveria ser feito.
"Ele me disse: 'Não podemos levar esse bebê para casa. Queremos que ele seja morto'. Eu disse que a criança era uma criatura de Deus e que não poderia ser morta. Mas ele insistiu. Então respondi: 'deixe o bebê comigo, eu o matarei para você'. Mas eu não o matei, eu fiquei com ele", conta Zainab.
O pai voltou a procurar Zainab várias vezes para garantir que ela tinha cumprido a promessa. Ela escondia a criança e dizia que havia matado o bebê. Mas isso não funcionou por muito tempo.
"Um ano depois, os pais ouviram dizer que o bebê estava vivo e vieram me ver. Disseram que eu jamais poderia revelar que o bebê era deles. Eu concordei e desde então crio a criança como se fosse minha."

Crenças tradicionais

Foi uma decisão rara - e arriscada.
Na comunidade de Zainab, assim como em outras no Quênia, um bebê intersexual é visto como mau presságio, que traz maldição para a família e os vizinhos. Ao adotar a criança, Zainab estava desrespeitando as crenças tradicionais e corria risco de ser responsabilizada por qualquer infortúnio.
Isso foi em 2012. Dois anos depois, Zainab ficou impressionada ao se deparar, durante mais um parto, com um segundo bebê intersexual.
Apesar de não haver estatísticas confiáveis sobre quantos quenianos são intersexuais (ou seja, nascem com os dois órgãos sexuais), os médicos acreditam que a incidência seja a mesma de outros países - aproximadamente 1,7% da população.
"Dessa vez, os pais não me pediram para matar a criança. A mãe estava sozinha e simplesmente fugiu, e me deixou com o bebê."
Mais uma vez, Zainab levou a criança para casa e a criou como parte da família. Mas o marido dela, um pescador no lago Victoria, não gostou da ideia.
"Quando íamos ao lago pescar e a pescaria era ruim, ele colocava a culpa nas crianças. Ele disse que elas tinham lançado uma praga sobre nós e sugeriu que eu entregasse as crianças para que ele pudesse afogá-las no lago. Eu disse que jamais permitiria aquilo. Ele então ficou violento e começamos a brigar o tempo todo", contou.
Zainab ficou tão preocupada com o comportamento do marido que decidiu deixá-lo e levar as crianças consigo.
"Foi uma decisão difícil porque financeiramente eu tinha uma situação confortável com meu marido, já tínhamos filhos criados e até netos. Mas ninguém consegue viver em um ambiente com tantas brigas e ameaças. Eu fui forçada a fugir."
As condições de nascimento de crianças vêm mudando no Quênia. Cada vez mais, as mulheres têm trocado os vilarejos por hospitais ao dar à luz. Mas até pouco tempo o uso de parteiras era regra, e havia uma norma tácita sobre como lidar com bebês intersexuais.
"Elas costumavam matar essas crianças", diz Seline Okiki, diretora do Ten Beloved Sisters, grupo de parteiras tradicionais do oeste do Quênia.
"Se um bebê intersexual nascia, automaticamente era visto como maldição e não poderia viver. Já era comum entre as parteiras - elas matavam as crianças e diziam às mães que o bebê havia nascido morto."
Na língua luo, havia até mesmo um eufemismo para como os bebês eram mortos. As parteiras diziam que elas haviam "quebrado a batata doce" - uma referência ao uso de uma batata doce dura para quebrar e danificar o cérebro frágil e delicado dos bebês.
"Os pais não tinham nenhum poder de decisão nesse assunto. A expectativa era que o bebê nem ficasse tanto tempo vivo a ponto de chorar", afirmou Anjeline Naloh, secretária do Ten Beloved Sisters.
Atualmente, o grupo deixa os partos para as responsáveis nos hospitais, e trabalha alertando as mães e gestantes sobre a transmissão do HIV. Mas em áreas mais remotas, onde o acesso aos hospitais é difícil, as parteiras ainda promovem nascimentos da forma tradicional e o grupo acredita que o infanticídio ainda aconteça em certas regiões.
"É escondido. Não é tão aberto como era antes", disse Anjeline Naloh.
Seline Okiki concorda: "Essas coisas ainda acontecem, mas são segredos agora".
Para Georgina Adhiambo, diretora-executiva da ONG Voices of Women, que trabalha para reduzir o estigma contra pessoas intersexuais no Quênia, o assunto ainda seja um tabu.
"Encontramos pessoas que tentaram esconder crianças intersexuais, ou até trancá-las porque estavam com vergonha ou medo de que os outros pudessem machucá-las", conta.
"Temos explicado quem as pessoas intersexuais realmente são. Esta é uma sociedade muito religiosa, então explicamos que as crianças intersexuais também são criaturas de Deus".
Mas a endocrinologista pediátrica Joyce Mbogo, integrante de uma nova geração de médicos treinados especificamente para lidar com problemas de desenvolvimento sexual (DSD, na sigla em inglês), afirma que a atitude em relação a crianças intersexuais já começa a mudar.
"Temos um novo grupo de pais que estão dispostos a procurar ajuda. A internet é acessível até em áreas rurais, então eles podem pesquisar e procurar saber do que se trata."
As opções de tratamento variam muito. Alguns pacientes não precisam de cuidados, enquanto outros podem precisar de remédios ou terapia hormonal. Há ainda aqueles que precisam de cirurgia - opção que costuma ser protelada até a puberdade, para que a própria criança possa escolher seu sexo.
Para os filhos adotivos de Zainab, essas decisões ainda estão distantes. As crianças são saudáveis e felizes - a parteira abre um sorriso ao falar sobre elas, e expressa orgulho da vida que construiu. Ela ainda faz partos quando necessário, mas vive do comércio de roupas e sandálias.
"Nós nos alimentamos bem e consigo ver que elas são crianças normais. Nós conversamos, a mais velha ajuda com as coisas de casa e meu filho as trata como irmãos. Eles são minha família e é um milagre de Deus."
Questionada sobre algum eventual arrependimento, ela ri como se fosse uma pergunta ridícula.
"Eu deveria me livrar delas? Não, eu sou mãe delas. Elas são seres humanos e eu tenho que cuidar das criaturas de Deus".
Notícia publicada na BBC Brasil, em 21 de maio de 2017.

Jorge Hessen* comenta

A Intersexualidade, em seres humanos, é alguma alteração de caracteres sexuais, incluindo cromossomos, gônadas e/ou órgãos genitais que dificultam a identificação de um indivíduo como inteiramente feminino ou masculino. Essa variação pode envolver ambiguidade genital, combinações de fatores genéticos e aparência e variações cromossômicas sexuais diferentes de XX para mulher e XY para homem. Pode incluir outras características de dimorfismo sexual como aspecto da face, voz, membros, pelos e formato de partes do corpo.(1)
Georgina Adhiambo, diretora-executiva da ONG Voices of Women, que trabalha para reduzir o estigma contra pessoas intersexuais no Quênia, disse que o assunto ainda é um tabu. Atualmente as opções de tratamento dos intersexuais variam muito. Alguns pacientes não precisam de cuidados, enquanto outros podem precisar de remédios ou terapia hormonal. Há ainda aqueles que precisam de cirurgia - opção que costuma ser protelada até a puberdade, para que a própria criança possa escolher seu sexo.
A palavra intersexual é preferível ao termo hermafrodita, já bastante estigmatizado, precisamente porque hermafrodita se referia apenas a questão dos genitais visíveis. Alguns intersexuais podem ser considerados como transgêneros. Porém, tanto a intersexualidade quanto a transexualidade são temas polêmicos, e menos discutidos do que deveriam. Talvez por isso não se compreenda exatamente do que se trata, e essa condição seja motivo de tantos casos de preconceito.
Ademais, sobre o tema, uma pessoa pode ser cisgênero ou transgênero. O cisgênero se identifica com o gênero correspondente ao sexo biológico, ou seja, se possui órgão sexual feminino é uma menina, se possui órgão sexual masculino é um menino. É o que todo mundo considera regra. Já o transgênero é a pessoa que contesta essa regra, que não tem seu gênero definido pelo sexo biológico. Muitas vezes o transexual se identifica com o gênero oposto ao sexo com que nasceu. Podemos dizer que o transexual é transgênero, mas nem todo transgênero é transexual.
Um estudo realizado pela Universidade de Washington, nos Estados Unidos, publicado pela revista Psychological Science, concluiu que as crianças transgênero começam a reivindicar um gênero diferente, ao mesmo tempo que as crianças cisgênero se identificam com o gênero correspondente ao sexo biológico, por volta dos 2 anos. É como se a criança olhasse no espelho e não se reconhecesse. É uma expectativa constante de que ela vá acordar no corpo certo.
Independentemente das demarcações e definições controvérsas, a sociedade dará sinais de avanço quando compreender a neutralidade de gênero e que o ser humano não se reduz à morfologia de “macho” ou “fêmea”.
Ainda sobre a “transexualidade”, por exemplo, Emmanuel adverte que “encontramo-nos diante de um fenômeno perfeitamente compreensível à luz da reencarnação. Inobstante as características morfológicas, o Espírito reencarnado, em trânsito no corpo físico, é essencialmente superior ao simples gênero masculino ou feminino”.(2)
O mentor de Chico Xavier ainda acrescenta que “aprenderemos, gradualmente, a compreender que os conceitos de normalidade e de anormalidade deixam a desejar quando se trate simplesmente de sinais morfológicos, para se erguerem como agentes mais elevados de definição da dignidade humana, de vez que a individualidade em si exalta a vida comunitária pelo próprio comportamento na sustentação do bem de todos ou a deprime pelo mal que causa com a parte que assume no jogo da delinquência”.(3)
Além disso, aprendemos com o autor de Há Dois Mil Anos, “que é urgente amparo educativo adequado [aos sexuais e morfologicamente diferentes], tanto quanto se administra instrução à maioria heterossexual”.(4) E para que isso se verifique em linhas de justiça e compreensão, caminha o mundo de hoje para mais alto entendimento dos problemas do amor e do sexo, porquanto, à frente da vida eterna “os erros e acertos dos irmãos de qualquer procedência, nos domínios do sexo e do amor, são analisados pelo mesmo elevado gabarito de Justiça e Misericórdia. Isso porque todos os assuntos nessa área da evolução e da vida se especificam na intimidade da consciência de cada um.”(5)

Referências bibliográficas:

(1) Money, John; Ehrhardt, Anke A. (1972). Man & Woman Boy & Girl. Differentiation and dimorphism of gender identity from conception to maturity. USA: The Johns Hopkins University Press. ISBN 0-8018-1405-7;
(2) Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, RJ: Ed. FEB, 1977;
(3) Idem;
(4) Idem;
(4) Idem.
* Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal aposentado do INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados

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segunda-feira, 17 de julho de 2017

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