quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Número de consultas em centros espíritas ultrapassa o de grandes hospitais

Número de consultas em centros espíritas ultrapassa o de grandes hospitais


Valéria Dias
Da Agência USP de Notícias

Um levantamento realizado em 55 centros espíritas da cidade de São Paulo aponta que, juntos, os atendimentos espirituais chegam a cerca de 15 mil por semana (60 mil ao mês). "Este número é muito superior ao atendimento mensal de hospitais como a Santa Casa, que atende cerca de 30 mil pessoas, ou do Hospital das Clínicas, com cerca de 20 mil atendimentos", destaca o médico psiquiatra Homero Pinto Vallada Filho, professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). A média relatada de atendimentos semanais em cada instituição foi de 261 pessoas.

"Sabemos, por meio de vários estudos, que a abordagem do tema religiosidade ou espiritualidade exerce um efeito bastante positivo na saúde de muitos pacientes. Por isso, podemos considerar a terapia complementar religiosa ou espiritual como uma aliada dos serviços de saúde", revela, lembrando que, geralmente, o paciente não tem o hábito de falar sobre suas crenças religiosas e muito menos de contar que realiza tratamentos espirituais em centros espíritas.

Vallada Filho foi o orientador da dissertação de mestrado Descrição da terapia complementar religiosa em centros espíritas da cidade de São Paulo com ênfase na abordagem sobre problemas de saúde mental, de autoria da médica Alessandra Lamas Granero Lucchetti, apresentada ao Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP em dezembro.

A ideia foi mostrar a dimensão do trabalho realizado pelos centros, o grande número de atendimentos prestados e os diferentes serviços oferecidos. Observou-se também que apenas uma pequena minoria realiza cirurgias espirituais, sendo todas sem cortes. Na segunda parte da dissertação, a pesquisadora descreve passo a passo uma terapia complementar espiritual para pacientes com depressão realizada na Federação Espírita do Estado de São Paulo (Feesp).


Centros espíritas

A autora realizou um levantamento inicial de todos os centros espíritas da capital paulista que possuíam site na internet contendo endereço de contato. A médica chegou ao número de 504 instituições. Neste levantamento, foram considerados apenas centros espíritas "kardecistas", ou seja, aqueles que seguem a doutrina codificada pelo pedagogo francês Hippolyte Leon Denizad Rivail, sob o pseudônimo de Allan Kardec, e que tem como base as obras O Livro dos Espíritos (publicado na França em 1857), O Livro dos Médiuns (1861), O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864), O Céu e o Inferno (1865) e A Gênese (1868).

A médica enviou, via Correios, uma carta registrada a cada um dos 504 centros. Destas cartas, 139 voltaram devido a problemas como mudança ou erro no endereço. Das 370 que restaram, apenas 55 foram respondidas. "Se considerarmos que essa média de 60 mil atendimentos mensais representa menos de 15% da totalidade dos centros existentes na cidade, chegaremos a um número total de atendimentos muito superior aos dos 55 que participaram do estudo", destaca Vallada.

Um questionário foi respondido apenas pelo dirigente ou pessoa responsável do centro. O material era bastante extenso e continha perguntas ligadas à identificação e funcionamento do centro, o número de voluntários e de atendimentos, as atividades realizadas e os tipos de tratamentos, quais os motivos levavam as pessoas a buscar ajuda, e como é feita a diferenciação entre mediunidade, obsessão e transtorno psicótico e quais orientações para estes casos, entre outras questões.


Resultados

Entre os resultados, foi observado que a maioria são centros já estabelecidos e que têm mais de 25 anos de existência, sendo o mais velho funcionando há 94 anos e o mais jovem com dois anos. Em praticamente quase todos, os usuários são orientados a continuar com o tratamento médico convencional, caso estejam fazendo algum, ou mesmo com as medicações indicadas pelos médicos.

Os principais motivos para a procura pelo centro foram os problemas de saúde: depressão (45,1%), câncer (43,1%) e doenças em geral (33,3%). Também foram relatados dependência química, abuso de substâncias e problemas de relacionamento. Entre os tratamentos realizados, a prática mais presente foi a desobsessão (92,7%) e a menos frequente foi a cirurgia espiritual, (5,5%), sendo todas sem uso de cortes.

Quanto à diferenciação entre experiência espiritual e doença mental, realizada com base em nove critérios propostos pelos pesquisadores Alexander Moreira Almeida e Adair de Menezes Júnior, da Universidade Federal de Juiz de Fora, a média de acertos foi de 12,4 entre 18 acertos possíveis. Apenas quatro entrevistados (8,3%) tiveram 100% de acertos. Entre esses critérios, estão a integridade do psiquismo; o fato de a mediunidade não trazer prejuízos em nenhuma área da vida; a existência da autocrítica; e a mediunidade sendo vivenciada dentro de uma religião e cultura específicos, entre outros.

"Esse levantamento procurou descrever as atividades realizadas nos centros espíritas e salientar não só a grande importância social desempenhada por eles, mas também a grande contribuição ao sistema de saúde como coadjuvante na promoção de saúde, algo que a grande maioria das pessoas desconhece", finaliza.

Notícia publicada no Portal UOL, em 6 de março de 2014.


Raphael Vivacqua Carneiro* comenta

O tema “espiritualidade” definitivamente fincou raízes no terreno acadêmico e científico da área da saúde. Vários estudos revelam que a religiosidade ou a espiritualidade, independentemente de qual seja o segmento religioso, exerce um efeito muito positivo na saúde dos enfermos. Por isso, nestes meios o tratamento espiritual é considerado uma terapia complementar, aliada aos processos médicos convencionais.

O psiquiatra norte-americano Harold G. Koenig, pesquisador da Duke University e autor do livro “Medicina, Religião e Saúde”, esteve no Brasil em 2005, a convite da Associação Médico-Espírita (AME-Brasil), para apresentar as suas pesquisas. Segundo afirma, duas em cada três universidades norte-americanas possuem em sua grade curricular uma disciplina formal de “Espiritualidade e Medicina”, dada a relevância do assunto para a área médica. Conforme fundamentam as pesquisas, a prática religiosa dos pacientes tem relação profunda com os reflexos em sua saúde e recuperação. A lista inclui: melhor cicatrização após as cirurgias cardíacas, maior número de linfócitos que atacam o vírus da aids, maior número de células que combatem as cancerígenas, menor perda de memória, melhor nível de reatividade vascular.

No Brasil, isto também se constata. A prática da “Capelania Hospitalar” vem sendo difundida e estimulada nos grandes hospitais. A terapia espiritual de apoio aos pacientes inclui: visitação, cultos, leituras edificantes e outras atividades conduzidas por vários grupos religiosos.

O movimento espírita no Brasil, desde as suas origens, sempre manteve o foco no processo de espiritualização do indivíduo, como forma de aprimoramento do ser, com consequência no seu estado de saúde integral. É conceito comum no corolário espírita que a origem das doenças está nos desequilíbrios da alma. A maioria das instituições espíritas oferece regularmente aos seus frequentadores uma terapia espiritual que inclui: atendimento fraterno por meio de diálogo e palestras edificantes de cunho evangélico, fluidoterapia por meio de passes e água magnetizada, desobsessão espiritual de encarnados e desencarnados. Algumas casas oferecem também “cirurgias espirituais”, embora a prática não seja muito presente.

Pesquisa da psiquiatra Alessandra Lucchetti, apresentada em 2013 na Universidade de São Paulo (USP), mostrou a dimensão do trabalho de terapia complementar espiritual realizado pelas instituições espíritas. Numa amostra de 55 centros espíritas da capital paulista, a pesquisa constatou que cerca de 60 mil atendimentos são realizados por mês. Isto é mais do que a quantidade realizada em grandes hospitais, como a Santa Casa e o Hospital das Clínicas. Levando-se em conta que o número total de instituições espíritas da capital paulista é superior a 500, pode-se ter uma ideia da importância social e da grande contribuição à saúde que estes serviços de terapia espiritual representam.

“Cada árvore é conhecida pelo seu fruto”, ensinava Jesus. O trabalho espírita em favor do indivíduo, espiritualizando e contribuindo para a sua saúde geral, é reconhecido pelo grande público que o desfruta. Em algumas casas espíritas, este público atendido inclui um grande número de profitentes de outras religiões, o que atesta o valor terapêutico de cunho geral.

* Raphael Vivacqua Carneiro é engenheiro e mestre em informática. É palestrante espírita e dirigente de grupo mediúnico em Vitória, Espírito Santo. É um dos fundadores do Espiritismo.net.

Confraternização Espírita no Maranhão - Tema central : “O Papel do Espírita na Construção da Pátria do Evangelho”.

Confraternização Espírita no Maranhão

De 26 a 28 de fevereiro acontecerá no Auditório da Faculdade Fama/Pitágoras a CONESMA 2017 – Confraternização Espírita do Maranhão.
 
O tema central é “O Papel do Espírita na Construção da Pátria do Evangelho”. Na programação, momentos de arte, palestras e dinâmicas. Paralelamente acontecerá a CONEJ – Confraternização Espírita Jovem – e o CONESMINHA, voltado para as crianças.
 
A Faculdade Fama/Pitágoras fica na Avenida São Luís Rei da França, 32 – Turu, São Luís/MA. Mais informações em www.femar.org.br ou pelo telefone (98) 3232-9907.

Seminário sobre psicologia na Bahia - Tema central: "Psicologia e Espiritualidade".

Seminário sobre psicologia na Bahia

No dia 4 de fevereiro de 2017 acontecerá de 9h às 17h30 no Fiesta Convention Center o Seminário "Psicologia e Espiritualidade".

O evento é organizado pela Fundação José Petitinga, tem apoio da FEEB e do Instituto Hólon e contará com Divaldo Franco, Roberto Crema e Kaká Werá como facilitadores.

O Fiesta Convention Center fica na Av. Antônio Carlos Magalhães, 711 - Pituba, Salvador/BA. Mais informações em www.feeb.org.br ou pelo telefone (71) 3351-3220.

Semana Espírita em MG - Tema central: "Bem-aventurados os aflitos".

Semana Espírita em MG

De 24 a 28 de janeiro de 2017 acontecerá na Câmara Municipal de Carandaí a 23ª Semana Espírita do município.
 
O tema central é "Bem-aventurados os aflitos". Na programação, palestras de Helaine Coutinho, Juselma Coelho, Wilson Carazza, Afonso Chagas e Jairo Avelar.
 
A Câmara Municipal de Carandaí fica na Rua Bem Amado, 217 - Bairro Nossa Senhora do Rosário, Carandaí/MG. Mais informações podem ser obtidas através do telefone (32) 3361-1501.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

A mãe que luta contra memes que usam fotos de seu filho de 3 anos com doença terminal

A mãe que luta contra memes que usam fotos de seu filho de 3 anos com doença terminal


Will Yates
Da BBC Trending

Grayson Smith tem apenas três anos de idade e sofre de doença terminal. Mas nada disso impediu que sua imagem fosse alvo de piadas nas redes sociais.

A mãe dele decidiu, porém, combater as mensagens zombando de Grayson - e ela não é a única mãe empenhada nessa luta.

O garoto nasceu numa cidade na área rural do Estado americano do Alabama, no sul dos EUA.

Ele tem várias doenças, entre elas epilepsia, apneia, um defeito no coração e protuberâncias do tecido cerebral em várias partes do crânio.

Segundo a mãe dele, Jenny, no nascimento os médicos lhe deram no máximo duas semanas de vida. Três anos e meio depois, no entanto, o menino segue desafiando todos os prognósticos.

Ela diz que, embora tenha passado por 24 cirurgias cerebrais, o filho é uma criança alegre e inteligente.

"Ele é muito sociável e alegra o coração de qualquer um", contou Jenny à BBC Trending.

"Você pode ser um completo estranho e mesmo assim ele vai lhe dar um abraço. É uma criança muito aberta e sempre está contente."

Mas Grayson também se tornou o protagonista involuntário de vários memes na internet.


 
Combate à crueldade

Tudo começou quando Jenny decidiu criar uma página no Facebook chamada Grayson's Story ("A história de Grayson") para documentar a vida do filho com fotos, vídeos e arrecadar dinheiro para seu tratamento.

Rapidamente a página conquistou mais de 20 mil seguidores.

Mas em novembro Jenny ficou chocada ao descobrir que uma foto de Grayson tinha se tornado alvo de piadas.

A foto mostrava o menino sorrindo e segurando uma abóbora, com a legenda: "A cara que você faz quando seus pais na verdade são primos". Era uma clara referência à aparência de Grayson.

"Quando vi o meme, meu coração deu um salto: era o primeiro passeio de Grayson em uma plantação e pela primeira vez ele havia escolhido uma abóbora", contou Jenny.

"Decidi brigar porque não queria que ninguém se apropriasse do que havia sido um dia tão especial e o transformasse em algo tão cruel", acrescentou em entrevista à BBC Trending.

A primeira coisa que Jenny fez foi entrar em contato com as redes sociais e os administradores dos sites que estavam compartilhando o meme para que o apagassem.

Alguns atenderam o pedido, outros simplesmente o ignoraram.

Para responder às piadas, Jenny criou um meme com uma foto dela segurando Grayson, que vestia uma camiseta de super-herói, e a frase: "A cara que você faz quando segura o seu herói".


A história de Jameson

AliceAnn Meyer conhece bem a situação pela qual Jenny passou. No começo do ano, seu filho Jameson também foi alvo de trolls - pessoas que se dedicam a fazer comentários polêmicos para causar indignação e desestabilizar debates nas redes sociais.

No meme, Jameson, que tem quatro anos, aparecia comparado a um cachorro.

O filho de AliceAnn sofre de craniossinostose, também chamada de estenose craniofacial, uma anomalia causada pela fusão prematura das suturas dos ossos do crânio. A doença está associada a mutações genéticas.

AliceAnn conseguiu que vários sites retirassem a postagem após ameaçar processá-los por desrespeito ao direito autoral, mas de vez em quando a imagem reaparece na internet.

"Minha experiência com o Facebook mostra que, quando se denuncia um meme, a rede social simplesmente responde que ele não desrespeita seus padrões. A única forma de retirar uma foto é preencher um formulário de violação de direito autoral", explica AliceAnn.

"Depois disso, demora entre 24 e 48 horas para que se receba uma resposta", acrescentou.

O Facebook, por sua parte, disse à BBC Trending que vai investigar os dois casos e citou seus "Padrões da Comunidade".

Neles há a advertência de que será eliminado do Facebook "todo conteúdo que atacar diretamente pessoas em função de... raça, grupo étnico, nacionalidade, religião, orientação sexual, sexo, gênero ou identidade de gênero, deficiências ou doenças graves".

Mas AliceAnn e Jenny procuraram derrotar os trolls em seu próprio território, publicando memes em que celebram a vida dos seus filhos.

"Estamos dizendo que eles (os trolls) não vão vencer", disse Jenny.

"A única coisa que eles conseguiram foi nos tornar mais fortes: nossa comunidade se uniu e essas condições médicas estão sendo mais conhecidas. E a crueldade deles ajudou nossas famílias a transformarem isso em uma experiência positiva", concluiu.

Notícia publicada na BBC Brasil, em 20 de dezembro de 2016.


Jorge Hessen* comenta

Paulo escreveu aos Gálatas: “Não vos enganeis; Deus não se deixa zombar; pois tudo o que o homem semear, isso também ceifará.”(1) Alguns humoristas impiedosos, armados de repertórios controvertidos, costumam debochar das desgraças alheias (bêbados, homossexuais, analfabetos, jagunços, idosos, aleijados etc.), a fim de bancarem os seus estúpidos shows.

Há dois mil anos Jesus foi ridicularizado. Notemos: Nisso os soldados do governador levaram Jesus ao pretório, e reuniram em torno dele toda a coorte. E, despindo-o, vestiram-lhe um manto escarlate; e tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e na mão direita, uma cana, e ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos judeus! E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana, e davam-lhe com ela na cabeça. Depois de o terem escarnecido, despiram-lhe o manto, puseram-lhe as suas vestes, e levaram-no para ser crucificado.(2)

Ridicularizar, segundo o dicionarista, é aquele que tira "onda", zomba; que vive caçoando, causando riso com a intenção de debochar de algo ou de alguém; fazendo chacota com palavras, expondo-a ao ridículo. Que trata alguém com escárnio. Que exprime, demonstra e utiliza sarcasmo. Procurar tornar ridículo por meio de gestos, atitudes ou palavras irônicas.

Os motivos podem ser muitos, dentre eles: por diferenças raciais, doenças deformantes, forma de ser (personalidade), características regionais. Na verdade, muitas pessoas são ridicularizadas pelo fato de não estarem enquadradas no atual perfil psicossocial, que parece eleger as pessoas "normais" e as "estranhas" que são alvos de zombarias cruéis.

Cientistas da Universidade de Leiden (Holanda) concluíram que rir dos problemas dos outros – um hábito muito comum entre os seres humanos – é sinal de baixa autoestima. Isso significa que cada vez que alguém faz chacota ao ver alguma pessoa em desventura está mostrando que tem sérios problemas de auto aceitação.

Os estudos foram liderados pelo professor Wilco W van Djik e analisaram 70 pessoas. A grande maioria delas confessou ficar ditosa quando sabe que outra pessoa cometeu alguns deslizes ou se machucou. Van Djik afirmou para a revista LiveScience que “pessoas com menor autoestima se sentem melhor quando observam a desgraça alheia”. E esse sentimento (de gostar de ver os outros sofrendo) tem um nome: Schadenfreude.(3)

Raciocinando, dialogando ou trabalhando, “a força de nossas ideias, palavras e atos alcança, de momento, um potencial tantas vezes maior quantas sejam as pessoas encarnadas ou não que concordem conosco, potencial esse que tende a aumentar indefinidamente, impondo-nos, de retorno, as consequências de nossas próprias iniciativas”.(4)

Nos anos 1940, Chico começava a ser conhecido nacionalmente, e também era processado pela família do jornalista Humberto de Campos, que exigia na justiça o pagamento dos direitos autorais pela venda dos livros psicografados. Nessa mesma época, desembarcou em Pedro Leopoldo, David Nasser(5) e Jean Manzon, respectivamente, repórter e fotógrafo da revista O Cruzeiro, a revista de maior circulação no Brasil nessa época. O objetivo era entrevistar e achincalhar Chico Xavier.

A dupla expôs ao extremo ridículo a vida de Chico, justamente no momento mais crítico de sua vida, faltavam apenas alguns dias para que o juiz proferisse a sentença no caso Humberto de Campos. Com o título de “Chico Xavier, detetive do além” e dez páginas, a reportagem foi publicada na revista no dia 12 de agosto de 1944. Em meio a elogios, David aproveitava também para colocar em contradição os dons mediúnicos de Chico, sua ingenuidade em alguns momentos e sua esperteza em outros.

Chico ficou indignado ao ler a reportagem. Ao ver sua vida e sua imagem (dentro de uma banheira) sendo manipulada daquela maneira, teve a certeza de que seria condenado. Chico chorava desesperadamente, não acreditava que havia sido enganado, e se perguntava porque Emmanuel não o alertou, se assim tivesse feito toda aquela humilhação não estaria acontecendo.

Em meio à crise de choro Emmanuel surgiu no quarto e perguntou:

- Por que você chora?

- Por quê? É muita humilhação, uma vergonha, um vexame.

E Emmanuel respondeu:

- Chico você tem que agradecer. Jesus foi para a cruz, você foi só para “O Cruzeiro”.(6)

Toda a brecha de sombra em nossa personalidade retrata a sombra maior. Qual o pequenino foco infeccioso que, abandonado a si mesmo, pode converter-se dentro de algumas horas no bolo pestífero de imensas proporções, o deboche, a zombaria, “a maledicência pode precipitar-nos no vício, tanto quanto a cólera sistemática nos arrasta, muita vez, aos labirintos da loucura ou às trevas do crime”.(7)

Em suma, se zombarem de nós, sigamos o sábio conselho de Emmanuel - façamos do limão uma limonada e prossigamos em paz.


Referências bibliográficas:

(1) Galatas, 6:7;

(2) Mateus, 27: 27-31;

(3) A palavra deriva do alemão Schaden - “dano, prejuízo” - e Freude - “alegria, prazer”. É um empréstimo linguístico da língua alemã também usado em outras línguas do Ocidente para designar o sentimento de alegria ou satisfação perante o dano ou infortúnio de um terceiro;

(4) Xavier, Francisco Cândido. Pensamento e Vida, cap. 8, ditado pelo Espírito Emmanuel, RJ: Ed. FEB, 1977;

(5) Na década de 1970, David Nasser, em uma reportagem publicada no jornal carioca O Dia, se mostrou arrependido ao definir Chico Xavier como “o maior remorso da minha vida”.


(7) Idem.

* Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal aposentado do INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados

Filho de diarista e de vendedor é aprovado na Universidade Yale

Filho de diarista e de vendedor é aprovado na Universidade Yale


André Garcia apresentou pesquisa sobre aquecimento global no exterior. Jovem ainda aguarda resultado de outras universidades.

Por Luiza Tenente, G1

André Garcia, de 18 anos, de Embu das Artes (SP), foi aprovado na Universidade Yale, nos Estados Unidos, e ainda aguarda o resultado de outros processos seletivos em instituições no exterior. Filho de diarista e de vendedor de produtos de limpeza, o jovem estudou em escola pública até o nono ano. No ensino médio, conseguiu uma bolsa em um colégio particular – e precisou se esforçar para acompanhar o novo ritmo de aulas.

O menino foi beneficiado pelo Ismart, programa que possibilita a alunos de baixa renda e desempenho de destaque estudarem em colégios particulares. Depois de enfrentar o processo seletivo e ser aprovado para entrar no Colégio Lourenço Castanho, em São Paulo, passou a sonhar em conseguir também uma chance fora do país. “Sempre quis ter educação de excelência. Comecei a pesquisar mais sobre essas oportunidades e fiquei inspirado”, conta.

A principal dificuldade para conquistar seu sonho era o domínio da língua inglesa. “Eu tinha uma defasagem muito grande em relação aos meus novos colegas. Só sabia os cumprimentos, enquanto o pessoal fazia viagens e cursos de idiomas”, diz. “Então estudei muito sozinho, mandei e-mail para editoras e algumas me enviaram livros didáticos.”

Todos os dias, ele levava 2 horas e meia para sair de Embu das Artes e chegar ao colégio, na zona sul de São Paulo. Mas afirma que o cansaço do deslocamento se justificava. “Mudar de escola foi um salto. Eu era bom na escola pública, mas descobri que isso não era suficiente para ser aprovado na particular”, diz. “Passei a ter ajuda dos meus amigos, aulas boas, laboratórios, Datashow na sala – coisa que não existia no ensino público”, completa.

André aproveitou para desenvolver atividades optativas no colégio. Dentre elas, escolheu fazer uma pesquisa sobre como o aquecimento global poderia interferir na incidência da dengue em Embu das Artes, sua cidade. “Com o apoio da minha professora de biologia, dei uma palestra em Embu sobre meu estudo. E fui para Yale falar a 500 pessoas sobre o assunto”, conta.

Sua visita a Yale fez parte do Programa Young Yale Global Scholars, realizado no meio de 2016. André pôde conhecer outros pesquisadores e explorar a universidade. “Me apaixonei, porque além de tudo, incentivam as artes. Eu toco violino, aprendi sozinho, e canto na igreja. Gostei muito de ver que a universidade tem espaços para música, teatro e museus lá dentro. Se encaixa ao meu perfil”, diz.

Saber que foi aprovado justamente em Yale para fazer a graduação foi motivo de alegria para André. Ele ainda terá tempo para escolher a carreira que quer seguir, já que a universidade americana oferece primeiramente matérias básicas de todos os assuntos.

“Estou me preparando há três anos e faço parte de uma família de baixa renda, que vive em uma comunidade de cidade pequena”, afirma. “Pessoal fica receoso de me deixar ir sozinho para fora do país, mas minha mãe sempre me apoiou. Vai ser uma mistura de chororô e alegria”, diz.

Notícia publicada no Portal G1, em 26 de dezembro de 2016.


Claudia Sampaio* comenta

Narrativas como esta, que vêm crescendo, mas, infelizmente, lentamente, são prazerosas de serem lidas. Verificar que as oportunidades de estudo estão sendo disponibilizadas para jovens, filhos de “Marias e Josés”, e que, melhor ainda, estes as reconhecem e as aproveitam, é um acalento para aqueles que acreditam que a Educação é a base de um povo justo e fraterno.

Importantíssimo e imprescindível aqui é a valorização do esforço desses jovens e de seus familiares. São guerreiros e vencedores!

No entanto, notícias como: “Um filho de vendedor e diarista estudante da Yale. Filho de costureira passa em 8 Universidades e vai estudar na Europa. Estudante de escola pública passou em quatro faculdades de medicina. Filha de dona de casa superou dificuldades financeiras e realizou sonho” não fazem parte do conhecimento da maioria das pessoas, fazendo com que estas se limitem à escassez de recursos que lhes são disponibilizados.

É certo que programas de incentivo ao estudo, disponibilizados pela Educação Pública e Particular, promovem a oportunidade para jovens que têm como sonhos realizarem seus objetivos. No entanto, resultados do PISA – Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes, cuja prova é coordenada aqui no Brasil pelo INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, retratam que a Educação Brasileira está longe de ser igualitária, justa e qualitativa.

É inquestionável que a evolução de uma sociedade depende da evolução individual de cada um; enquanto prevalecerem sentimentos de egoísmo, vaidade e orgulho, as dificuldades serão constantes no planeta Terra. Esclarecendo este ponto, a Doutrina Espírita nos ensina que o homem evolui, gradativa e pessoalmente, caminhando da inconsciência para a consciência das coisas, aprofundando-se no significado das Leis Universais que regem a Vida.

Por isso que jovens como André Garcia, Elias Oliveira Romualdo da Silva, Wester Silva Vieira, Tabata Amaral de Pontes, dentre outros não citados, que se tornaram autores da própria história perante a sociedade, fazem-nos questionar por que algumas pessoas aproveitam as oportunidades, enquanto outras deixam passar sem se moverem, ou sequer, perceberem?

Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec já nos esclarece bem essa demanda na questão 639: “As condições de existência do homem mudam segundo as épocas e os lugares, e disso resultam para ele necessidades diferentes e condições sociais correspondentes a essas necessidades.” Assim, as oportunidades são individuais e o que fazer com estas, também são particulares. O grau evolutivo de cada um tem uma coerência intrínseca; nele, os erros e acertos são naturais e promovem a evolução. É notório que os mais maduros demonstram um domínio maior de si e uma superior visão da vida, não ficando tão à mercê das circunstancias.

Afinal o quê na vida não é ponto de ação? Escolher sentar-se no meio fio e lamentar que não nasceu no cobiçado ”Berço de Ouro” ou ir à luta, ultrapassando às adversidades e agradecendo às chances de evolução moral e espiritual, é só questão de escolha. Acreditar em si mesmo e aproveitar as oportunidades que a vida oferece são fatores de avanço para quem se permite sonhar e evoluir.


Fontes de pesquisa:







* Claudia Sampaio é espírita e colaboradora do Espiritismo.net.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão - A025 – Cap. 9 – Reencontro com o passado – Terceira Parte


Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

A025 – Cap. 9 – Reencontro com o passado – Terceira Parte

 
(Para a última parte deste capítulo, no leprosário, o benfeitor Glaucus produz o adormecimento magnético de Ana Maria. Desdobrada, a paciente revela-se como a antiga Henriette, afeto de Dr. Teofratus dos tempos da Inquisição. Nesta parte, ela conta um pouco da história de ambos...)
 
Henriette-Marie fitou-o, então, com olhar de suprema angústia, através do qual grossas lágrimas rolavam incessantes. Atendida pelos fluídos benéficos do irmão Glaucus, cujo tórax parecia uma estrela refulgente em claridades cambiantes e diáfanas, que envolviam a sofredora, ofegante, como se desejasse aproveitar-se do instante que se lhe apresentava único, para derramar o fel retido no coração, explicoü:
— Passaram-se tantos séculos já e parece-me que tudo aconteceu ainda ontem... Quando me informaram que havias sido condenado pela Inquisição ao pão da dor e à água da agonia, compreendi que passarias àJustiça infame que governava, arbitrária, caminhando para a fogueira. Tentei ver-te, sem o conseguir nunca. Não te pude dizer do amor que me estrugia nalma e dos sonhos de ventura que acalentara para fruir ao teu lado. Quando me anunciaram o teu suplício em praça pública e a tua morte, refugiei-me nas sombras do Convento, buscando o esquecimento e o abandono de tudo. A imaginação dos teus suplícios, amado, atormentava-me, roubando-me demoradamente a paz, e conduzindo-me à loucura em processo de longo curso. Mas não fugi ao cruel destino, que nos perseguiu implacável.
Ignoras, talvez, que o infame que presidiu ao processo em que foste envolvido, fê-lo por felonia... Só mais tarde eu o soube. Disse-me ele mesmo através da boca do confessionário, quando me quis roubar a honra e apossar-se de mim, que lhe parecera presa fácil aos caprichos de um homem devasso, fazendo-me serva das suas paixões. Sabendo do nosso amor — pois que eu lho narrara através de confissão auricular anterior — dominou temporàriamente a paixão, e sem que o soubesse, eu mesma lhe forneci as bases processuais, quando lhe narrei as incursões que fazias no reino dos mortos e as práticas a que te dedicavas. Pedia, então, conselhos ao nefando traidor... E ele tudo fez para afastar-te do meu caminho, acreditando, lobo que era, na possibilidade de devorar a ovelha...
Profundo suspiro se lhe escapou dos lábios, como se todos os sentidos, tensos desde há muito, relaxando-se agora, se fossem despedaçando. Ansiosa por libertarse das hórridas recordações, prosseguiu:
— Acreditando na fé espúria que ele ensinava e dizia viver, ouvi-lhe todas as justificações, deixando-me crer que, embora perdendo a vida, entrarias no Reino de Deus, graças à intervenção dos atos litúrgicos “post—mortem”, que se prontificou a celebrar em intenção da tua alma. Não se passara o triste outono da tragédia e relatou-me a sua furiosa paixão por mim, dizendo-me ter sido eu o móvel de toda a desgraça que o levara a assassinar-te em nome da fé e da religião... O ódio surdo que se apossou de mim foi superior a tudo que possas imaginar. Investida nos hábitos da Ordem a que me recolhera, fi-lo acreditar que me submeteria aos seus caprichos e, quando visitada pela sua infame pessoa, servi-lhe vinho ao qual adicionara violento veneno. Após ingerido, constatei os sintomas que começavam a fulminar a víbora. Segura da sua destruição, contei-lhe, então, enquanto se retorcia na dor, o meu desprezo e o meu horror. Vencida pela loucura, libei, ali mesmo, alta dose do vinho envenenado e sucumbi, de imediato, sem nunca morrer...
«Desgraçada de mim. Reencontrei-o logo, esperando-me...
“O que me aconteceu, desde então, não posso relatar. São sucessões de noites em que viajo ao inferno mil vezes e retorno, ora vencida por forças satânicas, dentre as quais ele se destaca, vezes outras possuída pela vermina que me vence até o olvido, para recomeçar tudo outra vez, incessantemente, doloridamente...
«Agora, amado, agora eu o sinto na sua ronda vingadora e o vejo devorando-me por dentro — eu que o odeio sem remorso —, enquanto a doença me destrói por fora. Encontrando-te, porém, tudo me parece tão diverso, que esqueceria o vil criminoso que nos destruiu a ambos e até o perdoaria, se não te apartasses de mim. Ouve-me, ......
— Ouço-te e providenciarei para que não sofras mais e para que venhas imediatamente para onde me encontro. Não te deixarei e velarei à tua porta até o momento que logo virá para a nossa ventura, vencidos os últimos óbices que nos separam — esses frágeis laços de carne e sangue.
Embora semi fulminado pela narração, espumejante de ódio e furibundo, o Dr. Teofrastus já denotava os sinais do milagre do amor. A voz repassada de sofrimento indefinível, com que Henriette-Marie relatou o complexo drama em que se vira envolvida, deixava no verdugo de muitos o desejo imenso de minorar-lhe a longa e intérmina dor, suportada por tantas décadas através do passar dos tempos.
— Henriette-Marie — informou o Mago de Ruão —, embora ignorasse todo o teu sofrer, como lenitivo quero que saibas que aqueles que nos desgraçaram experimentaram nas minhas mãos o látego da justiça. Fiz-me rei de domínios em que o horror exerce predominância sobre a piedade e em que a vingança é a lei de toda hora... Ferido, retornei aos sítios da nossa infelicidade e busquei-te. Não te logrei achar. Ignorava que fugiste pelo mais cruel caminho: o do suicídio, em cujo curso não tenho meios de interferir, já que o suicida se depara com outras construções da justiça. A minha mão alcançou o Bispo de... e outros asseclas seus, longe, porém, eu estava de supor que o causador de tudo fora o teu confessor, o mórbido criminoso que se disfarçava com as sandálias da humildade para ocultar o celerado que sempre foi. Buscá-lo-emos, porém. Dir-me-ás onde se encontra, e nós dois faremos justiça.
Nesse momento, o irmão Glaucus, interferindo no diálogo dos dois Espíritos que se reencontravam após tão longa separação, elucidou:
— Não esqueçais de que só o amor pode resolver o problema do ódio. Vindes vos arrastando pela senda do tempo, descendo à animalidade inferior, consumidos pelo desespero. Quando parareis? A queda não tem patamar inferior: sempre se pode baixar mais... Também o planalto da redenção: sempre se pode ascender na direção da Vida até à glorificação imortal. Olvidai aqueles que vos maceraram e considerai a oportunidade do amor, que ora defrontais. É certo que vos separam os elos do corpo. Para quem ama, porém, não há verdadeiramnente separação.
Intervindo, o Dr. Teofrastus arremeteu:
— Não há como aceitar impositivos de amor. Para a nossa felicidade só a destruição dos inimigos...
— Enganais-vos! — retrucou, o Instrutor. — Não há destruição nem aniquilamento de vidas ou de Espíritos. Qualquer tentame nesse sentido somente alongará indefinidamente o vosso martírio. O ensaio de desforço separar-vos-á e a loucura da suposição, quanto à desencarnação de Ana Maria, não passa de ingenuidade, que acalentais sem exame minudente e lógico. Não somos os arquitetos da Vida. Assim, pois, não temos o direito nem podemos interferir no seu curso, que obedece a planificação superior que vos escapa. Ouvi-me: o algoz a quem odiais é, também, vossa vítima. Infeliz, espera oportunidade de perdão, para igualmente perdoar. O fel sorvido incessantennente desespera-o e, vencido pela própria insânia, desde há muito perdeu a faculdade de discernir.
Escravo do ódio é vítima dele mesmo, tendo-se feito catarina por vontade própria.
Feri-lo mais é arrematada loucura. Já não sofre; perdeu a faculdade de experimentar a dor. Obedece a impulsos mecânicos do condicionamento demorado a que se jungiu. Ajudá-lo é ajudar-vos; socorrê-lo com a piedade significa libertarvos.
Embora estivesse disposto ao duelo verbal, o doutor Teofrastus denotava cansaço, e o reencontro, com Henriette-Marie, de certo modo conseguira feri-lo, ensejando- lhe novas concepções sobre as Leis Divinas.
O irmão Glaucus, nesse momento, adornado de luzes como veneranda figura ressurgida em madrugada de imortalidade, tomando os dois seres qual se fora o genitor de ambos, disse:
— Reencontrar-nos-emos outras vezes. Desdobram-se-nos perspectivas para o amanhã. Agora se nos impõe a momentânea separação. Ana Maria deve reassumir os deveres do ressarcimento a que se  encontra vinculada, e vós, amigo, necessitais pensar. O tempo ser-vos-á conselheiro. Despeçamo-nos, e reconduzamos a nossa querida amiga aos seus compromissos humanos, que não podemos interditar nem modificar.
O Dr. Teofrastus tentou reagir, insistir. Diante, porém, do Benfeitor, cujo olhar penetrava-o docemente, o atormentado juiz e vingador baixou os olhos e silenciou.
Foram ministrados passes no obsessor de Ana Maria que se encontrava ao lado e providenciada sua remoção dali. O Dr. Teofrastus despediu-se, sendo antes informado da possibilidade de novo encontro em dia previamente assinalado, quando voltaríamos ao Lazareto. Reconduzidos ao veículo que nos esperava à porta da casa, retornamos ao Templo de orações, e, após comovida prece, fomos reconduzidos ao lar.
Um amanhecer em tons róseos e azuis vencia a Natureza em sombras, anunciando o novo dia.
 
QUESTÕES PARA ESTUDO
 
1 – No início do diálogo entre Henriette, Dr. Teofratus e benfeitor Glaucus, ela narra como Dr. Teofratus foi levado à fogueira e o que aconteceu com ela depois... Que fatos foram estes?
 
2 – Henriette, como podemos observar, desencarnou por consequência do suicídio. Na sua fala, ela comenta dois resultados comuns para quem comete este ato. Quais são eles?
 
3 – Por que o benfeitor Glaucus se opôs aos projetos de Dr. Teofratus quanto ao que pretendia fazer com Henriette: precipitar-lhe a desencarnação e sair à procura dos aparentes algozes de seus sofrimentos?
 
Bom estudo a todos!!
Equipe Manoel Philomeno

E, aí! Já assistiu?!

Oi, Galera.
 
No YouTube há um canal que fez uma lista legal de  FILMES espiritualistas e espíritas, só clicar e ver quais já assistiu e quais pretende assistir.
 
Beijos e abraços

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Estudo dirigido: O Evangelho segundo o Espiritismo


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EESE – Cap. XVII – Itens 4 a 6
Tema: Os bons espíritas
           Parábola do semeador

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A - Texto de Apoio:

Os bons espíritas


4. Bem compreendido, mas sobretudo bem sentido, o Espiritismo leva aos resultados acima expostos, que caracterizam o verdadeiro espírita, como o cristão verdadeiro, pois que um o mesmo é que outro. O Espiritismo não institui nenhuma nova moral; apenas facilita aos homens a inteligência e a prática da do Cristo, facultando fé inabalável e esclarecida aos que duvidam ou vacilam.
Muitos, entretanto, dos que acreditam nos fatos das manifestações não lhes apreendem as conseqüências, nem o alcance moral, ou, se os apreendem, não os aplicam a si mesmos. A que atribuir isso? A alguma falta de clareza da Doutrina? Não, pois que ela não contém alegorias nem figuras que possam dar lugar a falsas interpretações. A clareza e da sua essência mesma e é donde lhe vem toda a força, porque a faz ir direito à inteligência. Nada tem de misteriosa e seus iniciados não se acham de posse de qualquer segredo, oculto ao vulgo.
Será então necessária, para compreendê-la, uma inteligência fora do comum? Não, tanto que há homens de notória capacidade que não a compreendem, ao passo que inteligências vulgares, moços mesmo, apenas saídos da adolescência, lhes apreendem, com admirável precisão, os mais delicados matizes. Provém isso de que a parte por assim dizer material da ciência somente requer olhos que observem, enquanto a parte essencial exige um certo grau de sensibilidade, a que se pode chamar maturidade do senso moral, maturidade que independe da idade e do grau de instrução, porque é peculiar ao desenvolvimento, em sentido especial, do Espírito encamado.
Nalguns, ainda muito tenazes são os laços da matéria para permitirem que o Espírito se desprenda das coisas da Terra; a névoa que os envolve tira-lhes a visão do infinito, donde resulta não romperem facilmente com os seus pendores nem com seus hábitos, não percebendo haja qualquer coisa melhor do que aquilo de que são dotados. Têm a crença nos Espíritos como um simples fato, mas que nada ou bem pouco lhes modifica as tendências instintivas. Numa palavra: não divisam mais do que um raio de luz, insuficiente a guiá-los e a lhes facultar uma vigorosa aspiração, capaz de lhes sobrepujar as inclinações. Atêm-se mais aos fenômenos do que a moral, que se lhes afigura cediça e monótona. Pedem aos Espíritos que incessantemente os iniciem em novos mistérios, sem procurar saber se já se tornaram dignos de penetrar Os arcanos do Criador. Esses são os espíritas imperfeitos, alguns dos quais ficam a meio caminho ou se afastam de seus irmãos em crença, porque recuam ante a obrigação de se reformarem, ou então guardam as suas simpatias para os que lhes compartilham das fraquezas ou das prevenções. Contudo, a aceitação do princípio da doutrina é um primeiro passo que lhes tornará mais fácil o segundo, noutra existência.
Aquele que pode ser, com razão, qualificado de espírita verdadeiro e sincero, se acha em grau superior de adiantamento moral. O Espírito, que nele domina de modo mais completo a matéria, dá-lhe uma percepção mais clara do futuro; os princípios da Doutrina lhe fazem vibrar fibras que nos outros se conservam inertes. Em suma: é tocado no coração, pelo que inabalável se lhe torna a fé. Um é qual músico que alguns acordes bastam para comover, ao passo que outro apenas ouve sons. Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más. Enquanto um se contenta com o seu horizonte limitado, outro, que apreende alguma coisa de melhor, se esforça por desligar-se dele e sempre o consegue, se tem firme a vontade.

Parábola do semeador

5. Naquele mesmo dia, tendo saído de casa, Jesus sentou-se à borda do mar; - em torno dele logo reuniu-se grande multidão de gente; pelo que entrou numa barca, onde sentou-se, permanecendo na margem todo o povo. - Disse então muitas coisas por parábolas, falando-lhes assim:
Aquele que semeia saiu a semear; - e, semeando, uma parte da semente caiu ao longo do caminho e os pássaros do céu vieram e a comeram. - Outra parte caiu em lugares pedregosos onde não havia muita terra; as sementes logo brotaram, porque carecia de profundidade a terra onde haviam caído. - Mas, levantando-se, o sol as queimou e, como não tinham raízes, secaram. - Outra parte caiu entre espinheiros e estes, crescendo, as abafaram. Outra, finalmente, caiu em terra boa e produziu frutos, dando algumas sementes cem por um, outras sessenta e outras trinta. - Ouça quem tem ouvidos de ouvir. (S. MATEUS, cap. XIII, vv. 1 a 9.)
Escutai, pois, vós outros a parábola do semeador. - Quem quer que escuta a palavra do reino e não lhe dá atenção, vem o espírito maligno e tira o que lhe fora semeado no coração. Esse é o que recebeu a semente ao longo do caminho. - Aquele que recebe a semente em meio das pedras é o que escuta a palavra e que a recebe com alegria no primeiro momento. - Mas, não tendo nele raízes, dura apenas algum tempo. Em sobrevindo reveses e perseguições por causa da palavra, tira ele daí motivo de escândalo e de queda. -
Aquele que recebe a semente entre espinheiros é o que ouve a palavra; mas, em quem, logo, os cuidados deste século e a ilusão das riquezas abafam aquela palavra e a tornam infrutífera. - Aquele, porém, que recebe a semente em boa terra é o que escuta a palavra, que lhe presta atenção e em quem ela produz frutos, dando cem ou sessenta, ou trinta por um. (S. MATEUS, cap. XIII. vv. 18 a 23.)
6. A parábola do semeador exprime perfeitamente os matizes existentes na maneira de serem utilizados os ensinos do Evangelho. Quantas pessoas há, com efeito, para as quais não passa ele de letra morta e que, como a semente caída sobre pedregulhos, nenhum fruto dá!
Não menos justa aplicação encontra ela nas diferentes categorias espíritas. Não se acham simbolizados nela os que apenas atentam nos fenômenos materiais e nenhuma conseqüência tiram deles, porque neles mais não vêem do que fatos curiosos? Os que apenas se preocupam com o lado brilhante das comunicações dos Espíritos, pelas quais só se interessam quando lhes satisfazem à imaginação, e que, depois de as terem ouvido, se conservam tão frios e indiferentes quanto eram? Os que reconhecem muito bons os conselhos e os admiram, mas para serem aplicados aos outros e não a si próprios? Aqueles, finalmente, para os quais essas instruções são como a semente que cai em terra boa e dá frutos?
B - Questões para estudo e diálogo virtual:
1 – Que características podemos destacar de um bom espírita?
2 – Quais categorias de espíritas podemos identificar na parábola do semeador?
3 – Extraia do texto acima a frase ou parágrafo que mais gostou e justifique.

Vídeo - Preconceito - O DNA nos torna irmãos

domingo, 15 de janeiro de 2017

Programação de comemoração dos 105 anos do Centro Espírita Fé e Caridade


Sábado musical - homenagem aos 105 anos do Centro Espírita Fé e Caridade (JF/MG)


Desenvolva o tema (4)... uma pessoa boa

uma pessoa boa

amiga falando do irmão com quem divide um apartamento:
ele é uma pessoa boa, linda, incrível, tolerante, generosa… mas não lava a louça! sai da mesa e deixa a louça lá, como se ela fosse magicamente se lavar sozinha, e quem tem que lavar tudo sou eu! depois de já ter cozinhado sozinha!
* * *
no nosso dia a dia, temos poucas oportunidades práticas de ativamente não-estuprar, não-roubar, não-torturar, não-cometer-genocídio.
não-matar não é uma decisão consciente que tomo todo dia e da qual posso ter orgulho. somente não-estuprar não faz de mim uma pessoa boa.
* * *
mas e se o mal for a falta de empatia? os olhos cegos e os ouvidos moucos? a desatenção e o autocentramento?
e se o mal for aquilo que sinceramente não me ocorre, que realmente não enxerguei, que juro que não ouvi, que não sei como fui esquecer?
talvez o mal seja um honesto pai de família que não enxerga nada a sua volta, que não vê a esposa insatisfeita e desesperada, as filhas confusas e autodestrutivas, a sócia abrindo a garrafa de uísque cada vez mais cedo.
o mal é arrancar anne frank do sotão, mas também pode ser cruzar todo dia pelo porteiro com o braço engessado e nunca perguntar, nunca se preocupar, nunca nem reparar.
o mal é ser dono de uma fazenda com duzentos escravos, mas também pode ser se opor a uma nova estação do metrô, porque vai destruir as arvorezinhas da sua praça e nunca te ocorrer das centenas de milhares de trabalhadores que não têm carro, passam horas e horas em ônibus e terão suas vidas significativamente melhoradas por uma nova estação.
o mal é a estrela da morte destruindo alderã, mas também pode ser eu relaxar do longo dia de trabalho curtindo um filme, depois de um belo jantar feito por minha irmã, e nunca me passar pela cabeça que ela teve um dia igualmente longo de trabalho, ainda por cima fez o jantar e agora está sozinha tirando a mesa e lavando a louça, e ainda perdendo a chance de ver o filme!
nas minhas fantasias, a malvado é sempre um outro.
mas pode ser que o malvado seja eu.
* * *
eu poderia tentar argumentar: foi mal, sou tão distraído, minha cabeça está cheia de problemas, não lembrei mesmo…
mas a distração que me faz esquecer não é o que me justifica: é o que me condena.
gostaria de poder dizer que sou uma pessoa boa que tem péssima memória e é muito distraída. mas não: minha péssima memória e minha extrema distração são sintomas de meu profundo desinteresse por tudo que não diga respeito a mim.
eu não esqueço os nomes das editoras com quem tenho que fazer networking. o dinheiro que emprestei pra uma amiga, o endereço da nigeriana com quem flertei na praia.
eu esqueço de lavar a louça (“puxa, fiquei aqui distraído com o filme, agora ela já lavou, amanhã ajudo!”), de assinar o livro de ouro dos porteiros (“putz, com essa correria de natal, nem lembrei, mas tudo bem, ano que vem dou em dobro!”), de responder o email da amiga que pediu minha ajuda (“caramba, essa mensagem está na minha caixa de entrada há três anos, ela já deve ter resolvido sozinho.”)
mas não tem problema: na minha cabeça, sempre me absolvo. afinal, sou o protagonista do filme da minha vida e tudo o que eu faço sempre se justifica.
* * *
somos maquininhas de inventar justificativas para os nossos comportamentos.
quando dirigimos perigosamente e alguém nos xinga, ainda nos damos ao direito de nos chatear:
“porra, será que ele não vê que estou com pressa? respeito as leis do trânsito todo dia, mas hoje tenho aquela reunião importantíssima!”
não interessa o que seja: ou agimos certo (e o mundo tem que reconhecer e nos premiar, senão é muita injustiça) ou agimos errado, mas por um motivo totalmente válido (e o mundo tem que reconhecer e nos entender, senão é muita injustiça).
de um modo ou de outro, julgamos as outras pessoas por suas ações, mas queremos sempre ser julgadas por nossas intenções.
* * *
hoje em dia, penso o contrário: qualquer comportamento meu que precise ser justificado ou racionalizado já está por definição errado.
mais ainda: talvez eu não seja uma pessoa boa.
* * *
ser bom é não é apenas ajudar minha irmã a lavar a louça.
ser bom é tornar-me uma pessoa para quem seria intolerável sentar para assistir um filme enquanto minha irmã lava toda a louça sozinha.
 
(Fonte: http://alexcastro.com.br/uma-pessoa-boa/)

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