sábado, 22 de outubro de 2016

Revista Espírita - Julho 1863 - Uma expiação terrestre - Max, o mendigo.

REVISTA ESPIRITA
JORNAL
DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS
JULHO 1863
 
UMA EXPIAÇÃO TERRESTRE.
Max, o mendigo.
 
Numa cidade da Baviera morreu, pelo ano de 1850, um velho quase centenário, conhecido sob o nome de pai Max. Ninguém conhecia direito a sua origem, porque ele não tinha família. Há quase meio século, acabrunhado por enfermidades que o punham fora do estado de ganhar sua vida pelo trabalho, não tinha outros recursos senão a caridade púbica, que dissimulava vendendo, nas fazendas e nos castelos, almanaques e pequenos objetos. Foi-lhe dada a alcunha de conde Max, e as crianças não o chamavam nunca senão senhor conde, do que ele sorria sem se melindrar. Por que esse título? Ninguém poderia dize-lo; passou a ser hábito. Talvez fosse por causa de sua fisionomia e de suas maneiras, cuja distinção contrastava com os andrajos. Vários anos depois de sua morte, apareceu em sonho à filha do proprietário de um dos castelos, onde recebia a hospitalidade na estrebaria, porque não havia domicílio para ele. Disse-lhe: obrigado a vós por vos terdes lembrado do pobre Max em vossas preces, porque elas foram ouvidas pelo Senhor. Desejais saber quem sou, alma caridosa que vos interessastes pelo infeliz mendigo; vou satisfazer-vos; isto será para todos uma grande instrução".
Ele fez, então, o relato seguinte, aproximadamente nestes termos:
"Há um século e meio mais ou menos, eu era um rico e poderoso senhor deste país, mas vão, orgulhoso e enfatuado pela minha nobreza; a minha imensa fortuna nunca serviu senão aos meus prazeres, e a isso apenas ela bastava, porque eu era jogador, libertino e passava minha vida nas orgias. Meus vassalos, que acreditava criados para o meu uso, como os animais da fazenda, eram pressionados e maltratados, para proverem as minhas prodigalidades. Permaneci surdo às suas queixas como aos de todos os infelizes, e, segundo eu, eles deveriam se sentir muito honrados por servirem aos meus caprichos. Morri com uma idade pouco avançada, esgotado pelos excessos, mas sem que provasse nenhuma infelicidade verdadeira; ao contrário, tudo parecia sorrir-me, de modo que eu era, aos olhos de todos, um dos felizes do mundo; a minha posição valeu-me suntuosos funerais; os boêmios lamentavam em mim o faustoso senhor, mas nenhuma lágrima foi vertida sobre a minha tumba, nem uma prece do coração foi dirigida a Deus por mim, e a minha memória foi amaldiçoada por todos aqueles dos quais aumentara a miséria. Ah! quanto é terrível a maldição dos infelizes que se fez! ela não cessou de retinir nos meus ouvidos durante longos anos, que pareceram uma eternidade! e, na morte de cada uma de minhas vítimas, era um novo rosto ameaçador ou irônico que se erguia diante de mim e me perseguia sem descanso, sem que pudesse encontrar um canto escuro para     subtra-ir-me à sua visão. Nenhum olhar amigo! meus antigos companheiros de deboche, infelizes como eu, fugiam de mim e pareciam dizer-me com desdém: "Não podes mais pagar os nossos prazeres. "Oh! quanto teria pago muito caro um instante de repouso, um copo de água para estancar a sede ardente que me devorava! mas não possuía mais nada, e todo o ouro que semeei, a mãos cheias, sobre a terra não produzira uma única bênção! nem uma só, entendeis, minha filha?
Por fim, oprimido pela fadiga, esgotado como um viajor esfalfado que não vê o fim de seu caminho, exclamei: "Meu Deus, tende piedade de mim! Quando, pois, terminará está horrível situação?" Então uma voz, a primeira que eu ouvia desde que deixara a Terra, disse-me: "Quando tu quiseres. Que é necessário fazer, grande Deus? Respondi eu; dizei: eu me submeterei a tudo. - E necessário o arrependimento, se humilhar diante daqueles que humilhaste. Pedir-lhes para que intercedam por ti, porque a prece do ofensor que perdoa é sempre agradável ao Senhor."       Humilhei-me, pedi aos meus vassalos, meus servidores que estavam diante de mim, e cujos rostos, de mais em mais benevolentes acabaram por desaparecer. Isto foi, então, para mim como uma nova vida; a esperança substituiu o desespero e agradeci a Deus com todas as forças de minha alma. A voz me disse em seguida: "Príncipe!" e eu respondi: "Não há aqui outro príncipe senão o Deus Todo-Poderoso que humilha os soberbos. Perdoai-me, Senhor, porque pequei; fazei de mim o servidor de meus servidores, se tal é a vossa vontade."
Alguns anos mais tarde nasci de novo, mas desta vez numa família de pobres camponeses. Meus pais morreram quando eu era ainda criança, e permaneci só no mundo e sem apoio. Ganhei minha vida como pude, ora como operário, ora como empregado de fazenda, mas sempre honestamente, porque eu acreditava em Deus desta vez. Com a idade de quarenta anos, uma doença tornou-me paralítico de todos os meus membros, eme foi necessário mendigar, durante mais de cinqüenta anos, sobre essas mesmas terras das quais fora o senhor absoluto; receber um pedaço de pão nas fazendas que possuí, onde, por uma amarga zombaria alcunharam-me senhor conde, freqüentemente, muito feliz por encontrar um abrigo na estrebaria do castelo que fora o meu. No meu sonho,           agradava-me percorrer esse mesmo castelo onde fora déspota; quantas vezes em meus sonhos, revi-me ali no meio de minha antiga fortuna! Essas visões me deixavam, ao despertar, um indefinível sentimento de amargura e de desgostos; mas nunca uma queixa escapou da minha boca; e quando aprouve a Deus chamar-me para ele, eu o bendisse por ter me dado a coragem de suportar, sem murmúrio, essa longa e penosa prova da qual recebo, hoje, a recompensa; e vós, minha filha, eu vos bendigo por terdes orado por mim."
Nota. - Recomendamos este fato àqueles que pretendem que os homens não teriam mais freios se não tivessem mais, diante deles, o espantalho das penas eternas, e perguntamos se a perspectiva de um castigo como aquele do pai Max é menos feita para deter no caminho do mal do que aquela de tortura sem fim, nas quais não crêem mais.
        Enviado por: "Joel Silva"

Projeto Musical "União com Jesus" - inscrições abertas

 

Desenvolva o tema... Espiritirinha: perspectiva

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Trocando ideia

Oi, Galera. Beleza aí?
Pegamos no Portal da Mocidade Espírita (http://mocidade.ocentroespirita.com), em um capítulo de estudos, algumas perguntas feitas em material de apoio do Instituto do Jovem, Editora Auta de Souza, e achamos bem legal coloca-las aqui para saber a opinião de vocês.
Responda sobre todas ou fale sobre uma, a gente te aguarda por aqui.
Abraços e beijos

 Ser Jovem

1) O que caracteriza a Juventude?
2) Que é Deus?
3) Quem é o modelo da perfeição moral que a Humanidade pode aspirar na Terra?
4) Quais são os princípios básicos do Espiritismo?
5) Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?
6) Os Espíritos influenciam os nossos pensamentos e atos?
7) O que é mediunidade?
8) Qual a finalidade da vida?
9) O que os Espíritos nos falam sobre o aborto?
10) O que leva os jovens aos vícios?
11) Você sabe como realizar o culto do evangelho no lar?
12) Qual a importância do conhecimento de si mesmo?

Artigo - O Jovem e o Espiritismo

O Jovem e o Espiritismo

Sérgio Biagi Gregório
RESUMO: 1. Introdução. 2. Infância e Juventude de Acordo com a Psicologia e Ciências Afins: 2.1. Infância; 2.2. Juventude: a) Adolescência Biológica; b) Adolescência Psicológica; 2.3. O Jovem-Adulto. 3. Infância e Juventude de Acordo com a Doutrina Espírita. 4. Desenvolvimento Integral da Personalidade. 5. O Jovem no Centro Espírita. 6. Mensagem aos Jovens. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.
1. INTRODUÇÃO
O nosso propósito é obter conhecimentos sobre as tendências da mentalidade juvenil, no sentido de melhor encaminhar o jovem para a potencialização de sua dimensão social e espiritual, não só dentro de uma Casa Espírita, mas também no lar e na sociedade.
2. INFÂNCIA E JUVENTUDE DE ACORDO COM A PSICOLOGIA E CIÊNCIAS AFINS
2.1. INFÂNCIA
A infância é uma longa fase de preparação e de elaboração da personalidade. Contrariamente aos animais, o bebê da raça humana possui poucas capacidades inatas. Nos primeiros meses a criança não percebe ainda as formas precisas dos seres, nem as distâncias das coisas, nem as cores diversificadas, nem a configuração das pessoas. Contudo, com o passar do tempo, vai adquirindo o poder de assimilar, de recriar, etapa por etapa, todas as conquistas da civilização.
Pode-se dizer que a mentalidade infantil caracteriza-se por:
a) egocentrismo (geral e não pejorativo);
b) ênfase ao concreto em contrapartida ao abstrato;
c) não possuidora do conhecimento de si mesmo, que o distingue dos outros;
d) nível baixo de atenção e de concentração;
e) desejo de permanecer num estado de despreocupada liberdade e ter uma vida ativa e aventureira. (Gauquelin, 1987)
2.2. JUVENTUDE
Na Conferência Internacional sobre a Juventude realizada em Grenoble (1964), a UNESCO estabeleceu o seguinte conceito de juventude: "O termo juventude designa um estado transitório, uma fase da vida humana de começo bem definido pelo aparecimento da puberdade; o final da juventude varia segundo os critérios e os pontos de vista que se adote para determinar se as pessoas são ‘jovens’. Por juventude entende-se não só uma fase da vida, mas também os indivíduos que pertencem aos grupos de idade definidos com jovens".
Na análise da juventude ou adolescência, distingue-se:
a) Adolescência Biológica
Numa etapa cujo início depende de fatores climáticos, começa uma série de fenômenos físico-químicos em algumas glândulas de secreção interna. Parece que a glândula que inicia todo o processo é a hipófise, especificamente a adeno-hipófise.
A adolescência biológica é um fenômeno comum a todas as espécies animais, com a diferença de que no homem dura muito mais. Além disso, na espécie humana, as motivações sexuais se acham mais desvinculadas da taxa sangüínea em hormônios sexuais.
b) Adolescência Psicológica
A adolescência psicológica, ao contrário, é imposta por fatores culturais. É em essência um período de adaptação às normas culturais de um grupo: precisamente naquele em que vive o adolescente. Por isso, entre os romanos a adolescência consistia no cursus honorum: aos 40 anos um homem podia aspirar a ser eleito cônsul, mas até lá era só adolescente. Entre os aborígenes australianos, a adolescência é antes, pois a cerimonia de iniciação da puberdade praticamente marca o fim da infância e converte o indivíduo em membro adulto do clã. Já na civilização ocidental o processo de "adultização" é muito mais longo; o homem só é adulto quando goza de absoluta independência econômica e conseguiu inclusive fundar um lar. (Dicionário de Ciências Sociais)
2.3. O JOVEM-ADULTO
Como o termo juventude pode expressar pessoas de 7 a 77 anos, seria melhor falar não de juventude, mas de jovem-adulto, ou seja, pessoas na faixa etária entre 14 e 24 anos. Mas mesmo aí este termo está embutido de ambigüidade. Por exemplo, um moço que exerce alguma atividade profissional aos 18 anos deve ser considerado jovem ou adulto? E aquele outro que, aos 23 anos, participa de uma atividade de reflexão, é jovem ou adulto? (Polis –Enciclopédia Verbo)
3. INFÂNCIA E JUVENTUDE DE ACORDO COM A DOUTRINA ESPÍRITA
A Doutrina Espírita, que tem a lei da Reencarnação como fundamento básico, esclarece-nos que um ente na fase infantil pode designar um Espírito velho, possuidor de muitas outras vivências. Por isso, a assertiva do Cristo de "Deixar vim a mim as criancinhas, por que delas é o reino de Deus", está centrada no período em que o Espírito passa num corpo infantil e não na idade do Espírito propriamente dito. As perguntas 379 a 385 de O Livro dos Espíritos , de Allan Kardec, esclarece esta questão.
Assim sendo, e de acordo com o Espírito Emmanuel, a educação da criança deve começar no ato da concepção. É justamente no momento em que o Espírito reencarnante está adentrando no mundo físico, que ele necessita das vibrações dos seus progenitores para dar continuidade à sua tarefa. No caso de haver divergências ou dívidas de outras vidas, o momento é ainda mais propício, porque como o corpo ainda é tênue, ele pode já ir assimilando as energias que irão modificar o seu temperamento e o seu caráter.
4. DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA PERSONALIDADE
Os psicólogos falam do desenvolvimento integral da personalidade humana. Acham que cada idade deve receber o alimento adequado em instrução e afeto. É como adubar uma planta: se lhe dermos muita água, podemos encharcá-la; se lhe dermos pouca, pode não crescer o suficiente. De modo que o meio termo é o ideal.
Nesse sentido, Pestalozzi, o mestre de Kardec, preconizava que a educação deve estar centrada no desenvolvimento integral "da mente, do coração e das mãos", ou seja, o raciocínio deve estar em equilíbrio com as emoções e o seu estado físico.
Espiritismo, que é o libertador de consciências, nada mais faz do que desenvolver a integralidade da personalidade humana, pois nos oferece as ferramentas necessárias para ligarmos os fatos presentes com os do passado e os do futuro. Sendo assim, um sofrimento atual, como a morte de uma criança, cuja explicação foge-nos do controle, pode ser encontrado numa encarnação passada.
5. JOVEM NO CENTRO ESPÍRITA
A cada dia mais jovens procuram uma Casa Espírita. É preciso que os mais velhos abram espaços para eles. Não como nós gostaríamos que fosse, mas da maneira como eles necessitam de se expressarem.
Os Cursos de Evangelização Infanto-juvenil, teatro e atividades sociais, como auxiliar em Chás Beneficentes e campanhas para arrecadação de alimentos são sempre estimuladoras de sua participação.
No Centro Espírita Ismael, como forma de lhes dar mais atividade, estamos criando um Rádio Interno, em que através deles, estaremos divulgando todo o manancial de informações aos nossos freqüentadores.
6. MENSAGEM AOS JOVENS
  • "Foge também aos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor." — Paulo (II Timóteo, 2, 22.)
  • Moderar as manifestações de excessivo entusiasmo, exercitando-se na ponderação quanto às lutas de cada dia, sem, contudo, deixar-se intoxicar pela circunspecção sistemática ou pela sombra do pessimismo.
    O Culto da temperança afasta o desequilíbrio.
    Anotar a extensão das suas forças, consultando sempre os corações mais amadurecidos no aprendizado terrestre, sobre as diretrizes e os passos fundamentais da própria existência, prevenindo-se contra prováveis desvios.
    Invigilância conservada, desastre certo.
    Guardar persistência e uniformidade nas atitudes, sem dispersar possibilidades em múltiplas tarefas simultâneas, para que não fiquem apenas parcialmente executadas.
    Inconstância e indisciplina são portas de frustração.
    Abster-se do mergulho inconsciente nas atividades de caráter festivo, evitando, outrossim, o egoísmo doméstico que inspire a deserção do trabalho de ordem geral.
    A imprudência constrói o desajuste, o desajuste cria o extremismo e o extremismo gera a perturbação.
    Apagar intenções estranhas aos deveres de humanidade e ao aperfeiçoamento moral de si mesmo.
    A insinceridade ilude, primeiramente, aquele que a promove.
    Buscar infatigavelmente equilíbrio e discernimento na sublimação das próprias tendências, consolidando maturidade e observação no veículo físico, desde os primeiros dais da mocidade, com vistas à vida perene da alma.
    Os compromissos assumidos pelo Espírito reencarnante têm começo no momento da concepção. (Xavier, 1981, cap. 2)
    7. CONCLUSÃO
    Saibamos cuidar bem dos valores morais de nossa juventude. São estes os fundamentos que irão moldar-lhes o caráter e a personalidade.
    8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

    GAUQUELIN, M. e F. Dicionário de Psicologia. Lisboa/São Paulo, Verbo, 1987.
    KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.
    SILVA, B. (coord.) Dicionário de Ciências Sociais. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1986.
    XAVIER, F. C. Conduta Espírita, pelo Espírito André Luiz. 8. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1981.
    (Fonte: Ceismael)

    quinta-feira, 20 de outubro de 2016

    Richard Simonetti - VARIAÇÕES DE HUMOR

    VARIAÇÕES DE HUMOR 


    Richard Simonetti


    -Eu estava muito bem, saudável, animado...De repente, sem motivo palpável, caí na “fossa", uma angústia invencível, uma profunda sensação de infelicidade, como se a vida não tivesse mais graça...


    Queixas assim são frequentes nas pessoas que procuram o Centro Espírita. Nesse estado toma corpo, não raro, a ideia de que a morte é a solução.


    Conversávamos, certa feita, num hospital, com um rapaz que tentara o suicídio ingerindo substância tóxica. Socorrido a tempo, amargava sofrida recuperação.


    Tentamos definir o motivo de tão grave iniciativa:


    - Alguma desilusão sentimental?


    - Absolutamente. Não tenho namorada.


    - Problemas familiares?


    - Pelo contrário. Dou-me muito bem com meus pais e irmãos.


    - Perdeu o emprego?


    -Trabalho há anos na mesma firma. O patrão parece contente comigo.


    - Então, o que foi?


    - É que eu estava entediado de viver. Entrei em estado de tristeza e achei que seria melhor morrer.


    - Já se sentiu assim, anteriormente?


    - Sim, de vez em quando...


    ***
    Em psicologia o paciente poderia ser definido como ciclo tímico, alguém com temperamento sujeito a variações intensas de humor - alegria e tristeza, euforia e angústia, serenidade e tensão. Tem períodos de grande energia, confiança, exaltação, alternados com aflições. Muita disposição e iniciativas hoje; amanhã temores e inibições.

    Os períodos negativos podem prolongar-se, instalando a depressão, a exigir tratamento especializado na área da psiquiatria. Como ela se alterna com estados de euforia, em que o paciente parece totalmente recuperado, sem que nada tenha "depressão endógena", algo que tem sua origem nas tendências ocorrido para justificar a mudança de humor, emprega-se a expressão constitucionais herdadas, algo que faz parte da personalidade do indivíduo.


    Há uma retificação a fazer. A tendência à depressão é uma herança, realmente, não de nossos pais, mas de nós mesmos, porquanto as características fundamentais de nossa personalidade representam, essencialmente, a soma de nossas experiências em vidas pretéritas.


    O que fizemos no passado determina o que somos no presente. Poderíamos colocar em dúvida a justiça de Deus se assim não fosse, porquanto é inadmissível, além de não encontrar respaldo científico, a existência de uma herança psicológica embutida nos elementos genéticos.


    O que pesa sobre nossos ombros, favorecendo os estados depressivos, é a carga dos desvios cometidos, das tendências inferiores desenvolvidas, dos vícios mergulham tão fundo na angústia que parecem cultivar a volúpia do sofrimento, cultivados, do mal praticado. Há pessoas que, pressionadas por esse peso desajustes intermináveis. com o que comprometem a própria estabilidade física, favorecendo a evolução de  desajustes intermináveis.

    ***




    De certa forma somos todos ciclotímicos, temos variações de humor, sem que isso se constitua num estado mórbido: hoje em paz com a vida; amanhã brigados com a humanidade. Nas nuvens por algum tempo; depois na "fossa".



    E nem sempre, como ocorre com o paciente ciclotímico, há justificativa para essa alternância.
    Pelo contrário: frequentemente nosso humor opõe-se às circunstâncias, como o não obstante, experimenta períodos de angústia; no outro extremo, o doente indivíduo plenamente realizado no terreno afetivo, social e profissional que, preso ao leito, padecendo dores e incômodos, que tem momento de indefinível alegria e bem - estar.




    Essa ciclotímia guarda relação com os processos de influência espiritual. Estados depressivos podem originar-se da atuação de Espíritos perturbados e perturbadores, que consciente ou inconscientemente nos assediam. Popularmente emprega-se o termo "encosto" para esse envolvimento.




    Por outro lado, os estados de euforia, sem motivo aparente, resultam do contato com benfeitores espirituais que imprimem em nosso psiquismo algo de suas vibrações alentadoras.



    -Hoje estou em estado de graça. Acordei bem disposto, feliz , sem nenhum "grilo" na cabeça - diz alguém , sem saber que tal disposição é fruto de ajuda recebida no plano espiritual durante as horas de sono físico , favorecendo-lhe um "alto astral".



    ***

    Importante lembrar, também, o ambiente como fator de indução que pode precipitar estados de depressão, ou euforia.



    Num velório, onde os familiares do morto deixam-se dominar pelo desespero, em angústia extrema, marcada por gritos e choro convulsivo, muitas pessoas se sentirão deprimidas, porquanto os sentimentos negativos são tão contagiosos como uma gripe. Se não possuímos defesas espirituais tenderemos a assimilá-los com muita facilidade.




    Inversamente, comparecendo a uma reunião de cunho religioso, onde se cultua a prece, no empenho de comunhão com a Espiritualidade, ouvindo exortações relacionadas com a virtude e o bem, experimentaremos maravilhosa sensação de paz, como se houvéssemos ingerido milagroso elixir.




    Há outro aspecto muito interessante, abordado pelo Espírito François de Genève , no capítulo V ,
    de "O Evangelho Segundo o Espiritismo":




    "Sabeis porque, às vezes, uma vaga tristeza se apodera dos vossos corações e vos leva a considerar amarga a vida? É que o vosso Espírito, aspirando à felicidade e à liberdade, se esgota, jungido ao corpo que lhe serve de prisão, em vãos esforços para sair dele. Reconhecendo inúteis esses esforços, cai no desânimo e, como o corpo lhe sofre a influência, toma-vos a lassidão, o abatimento, uma espécie de apatia e vos julgais infelizes.

    "Crede-me, resisti com energia a essas impressões, que vos enfraquecem a vontade. São inatas no espírito de todos os homens as aspirações por uma vida melhor; mas, não a busqueis neste mundo e, agora, quando Deus vos envia os Espíritos que lhe pertencem, para vos instruírem acerca da felicidade que lê vos reserva, que vos mantém cativo o Espírito. Lembrai-vos de que, durante o vosso degredo aguardai pacientemente o anjo da libertação, para vos ajudar a romper os liames na Terra, tendes que desempenhar uma missão de que não suspeitais, quer vos confiou. Se, no curso desse degredo-provação , exonerando-vos dos vossos dedicando-vos à vossa família, quer cumprindo as diversas obrigações que Deus encargos , sobre vós desabarem os cuidados , as inquietações e tribulações , ver-vos de novo entre eles, vos estenderão braços , a fim de guiar-vos a uma sede fortes e corajosos para os suportar. Afrontai-os resolutos. Duram pouco e vos conduzirão à companhia dos amigos por quem chorais e que, jubilosos por região inacessível às aflições da Terra."


    ***
    Podemos concluir, em resumo, que a ciclotimia de nossa personalidade ocorre em função de pressões ambientes, de influências espirituais, do peso do passado e das saudades do além.

    E como superar as variações de humor, mantendo a serenidade e a paz em todas as situações?




    É evidente que não a faremos da noite para o dia, como quem opera um prodígio, mesmo porque isso envolve uma profunda mudança em nossa maneira de pensar e agir, o que pede o concurso do tempo.




    Considerando, entretanto, que influências boas ou más passam necessariamente pelos condutos de nosso pensamento, podemos começar com o esforço por disciplinarmos nossa mente, não nos permitindo ideais negativas.




    O apóstolo Paulo, orientando a comunidade cristã, em relação aos testemunhos necessários, ressalta bem isso, ao proclamar, na Epístola aos Filipenses (4:8):




    "Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento".



    (Página extraída da obra Espírita: “Uma Razão Para Viver")

    terça-feira, 18 de outubro de 2016

    Revista Espírita - julho 1863 - As aparições simuladas no teatro.

    REVISTA ESPIRITA
    JORNAL
    DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS
    JULHO 1863

    AS APARIÇÕES SIMULADAS NO TEATRO.

    Uma vez que estamos no capítulo das imperícias, eis uma como já dela houve tanto; lamentamos fazê-la figurar ao lado da do casal Robin e Girroodd, mas é a analogia do resultado que a isso nos força. De resto, uma vez que os dignatários da Igreja não acreditaram abaixo deles patrocinar um prestidigitador contra o Espiritismo, não poderão se          escandalizar de encontrar um sermão neste capítulo.
    Um de nossos correspondentes nos escreveu de Bordeaux:
    "Caro mestre, acabo de receber uma carta de minha irmã, que habita a pequena cidade de B...; ela se desespera por não encontrar ninguém com quem possa conversar sobre o Espiritismo, quando os adversários de nossa cara Doutrina vieram tirá-la do embaraço. Algumas pessoas, tendo ouvido falar dele vagamente, acreditaram dever se dirigir aos Carmelitas para se informarem do que era; estes, não contentes de desviá-los dele, pregaram quatro sermões sobre o assunto, dos quais eis as principais conclusões:
    "Os médiuns são possuídos do demônio; não agem senão com o objetivo de interesse, e não se servem de seu poder senão para fazer encontrar os tesouros escondidos ou os objetos preciosos que são perdidos, mas, ao contato de uma santa relíquia, vede-os se enrijecerem e se torcerem em horríveis convulsões.
    "Os tempos preditos pelos evangelhos estão chegados; os médiuns não são outros senão os falsos profetas anunciados pelo Cristo; logo terão por chefe o Anticristo. Farão milagres e prodígios espantosos; por esse meio ganharão para a sua causa os três quartos da população do globo, o que será o sinal do fim dos tempos, porque Jesus descerá sobre uma nuvem celeste e, de um só sopro, precipitar-los-á nas chamas eternas."
    "Disso resultou que toda a cidade ficou emocionada; por toda parte se fala do Espiritismo; não se contenta com a explicação do padre, quer se saber mais, e minha irmã, que não via ninguém, tem dias em que recebe mais de trinta visitas; ela envia sempre a O Livro dos Espíritos, que dentro em pouco, estará em todas as mãos, e muitos daqueles que o têm já se dizem que isso não se parece de todo com o quadro que dele fez o pregador, que dele disse mesmo tudo ao contrário; também contamos agora com vários adeptos sérios, graças a esses sermões, sem os quais o Espiritismo não teria penetrado, há muito tempo, nessas regiões recuadas."
    Não tínhamos razão de dizer que é ainda uma imperícia e teremos razão de querer que os adversários trabalhem tão bem por nós? Mas não é a última; esperamos a maior de todas, que coroará a obra. Há um ano cometendo, uma delas muito grave, que nos guardamos de revelar, porque é preciso que vá até o fim, mas da qual se verão um dia as conseqüências. Há mais ou menos dois anos, perguntávamos a um de nossos guias espirituais por que meio o Espiritismo poderia penetrar nos campos. Responderam-nos: "Pelos curas. - Perg. Será isso voluntariamente ou involuntariamente de sua parte? - R. Invo-luntariamente no início; voluntariamente mais tarde. Dentro em pouco farão uma propaganda da qual não podeis prever a importância. Não vos inquieteis nada e deixai fazer: os Espíritos velam sabem o que é preciso."
    A primeira parte da predição, como se vê, cumpriu-se não se pode melhor. De resto, todas as fases por onde passa o Espiritismo nos foram anunciadas, todas as que devem percorrer ainda, até seu estabelecimento definitivo, no-lo são igualmente, e cada dia se verifica o acontecimento.
    É em vão que procuram dissuadir do Espiritismo apresentando-o sob cores assustadoras. O efeito, como se vê, é todo outro do que aquele que se espera; para dez pessoas desviadas, há cem delas reunidas. Isso prova que ele tem, por si mesmo, um irresistível atrativo, sem falar daquele do fruto proibido. Isso nos traz à memória a pequena historieta seguinte:
    Um proprietário, um dia, fez vir à sua casa um tonel de excelente vinho; mas, como temia a infidelidade de seus servidores, colocou esta etiqueta em grandes caracteres:Horrível vinagre. Ora, o tonel deixando escapar algumas gotas, um deles teve a curiosidade de degustá-lo na ponta do dedo, e achou que o vinagre era bom. Foi dito de um para o outro, se bem que, cada um vindo ali haurir, ao cabo de algum tempo o tonel se           encontrava vazio. Como o proprietário dava às suas pessoas vinho ordinário para beber, diziam entre si: "Isto não vale o horrível vinagre."
    Será bom dizer que o Espiritismo é do vinagre, não se fará senão àqueles que o degustaram não o achando doce; ora, aqueles que dele terão gostado o dirão aos outros, e todos quererão dele beber.
     Enviado por: "Joel Silva" 

    Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão - CONCLUSÃO - A022 – Cap. 8 – Processos Obsessivos – Primeira Parte


    Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970
    Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

    A022 – Cap. 8 – Processos Obsessivos – Primeira Parte
    CONCLUSÃO

    1)     O que fazia Marta para sofrer o assédio dos Espíritos viciosos?
    Marta comercializava sua mediunidade e com isso, mantinha intercâmbio com espíritos ainda viciosos que lhe prejudicavam.
    Neste processo obsessivo, sua mediundade era utilizada para satisfação de curiosidades, interesses materiais, financeiros, etc. Ou seja, sem uma finalidade útil de elevação moral, conforme nos apresenta a Doutrina Espírita.
    2)     Marta estava consciente do processo obsessivo que vivenciava? Por quê?
    Marta era médium ostensiva e sabia do intercâmbio que mantinha com Espíritos encarnados ainda interessados somente em questões de ordem material.
    Muitas vezes, as pessoas que comercializam a mediunidade podem não ter amplo conhecimento sobre as consequências do mau uso da mediunidade.
    Neste caso, Marta além de ser médium ostensiva, conheceu primeiramente o serviço mediúnico na União Espírita Baiana.
    3)     Os obsessores de Marta conseguem prejudicar o lar e influenciar outros familiares?
    Dona Rosa até sentia as vibrações ruins que eram trazidas por sua filha, mas por cultivar uma vida digna e a oração sincera, conseguia anular essas vibrações grosseiras e receber a assistência dos bons Espírito para toda família.
    4)     O que pode ser feito para auxiliar Marta?
    Para auxiliar Marta a família pode cultivar o Culto do Evangelho no Lar, realizar preces por ela e também procurar esclarecê-la sobre os prejuízos que poderão acontecer com a comercialização da mediunidade. O estudo da Doutrina Espírita poderá ser de grande utilidade.


    Um abraço a todos!
    Equipe Manoel Philomeno

    segunda-feira, 17 de outubro de 2016

    Praticar a Caridade e cumprir o mandamento de Amor ao Próximo


    Praticar a Caridade e cumprir o mandamento de Amor ao Próximo
     

    Livro: O Homem Novo
    Herculano Pires

     

    Conhece-se a árvore pelos frutos — O conceito cristão de Deus — A pele de ovelha e a pele humana.

    O conceito fundamental do Cristianismo é o da paternidade universal de Deus. Por isso é que Deus é único. Os muitos deuses da antiguidade, que dividiam ferozmente os homens, perdem o domínio do mundo, quando Jesus pronuncia a palavra Pai, Até mesmo Jeová, o deus dos exércitos, deixa o seu lugar ao Deus de Amor do Cristianismo. Os privilégios e divisionismos não têm mais razão de ser, diante da parábola do Bom Samaritano e do ensino de Jesus à mulher samaritana.

    O Espiritismo, surgindo na Terra em cumprimento à promessa do Consolador, para restabelecer a pureza do ensino de Jesus, restabelece o conceito cristão de Deus como Pai. Por isso Kardec ensinou, em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", que o nosso lema deve ser: "Fora da caridade não há salvação". A bandeira sectarista das religiões apegadas ao velho exclusivismo é substituída pela bandeira cristã do "amai-vos uns aos outros".

    Kardec chega mesmo a esclarecer que não devemos dizer: "Fora da verdade não há salvação", porque cada qual interpretando a verdade a seu modo, esse lema serviria para perpetuar na Terra as lutas religiosas, que são a própria negação da religião. A caridade, pelo contrário, a todos une e a ninguém condena, como ensinou o apóstolo Paulo.

    Lemos, entretanto, num pequeno e agressivo artigo contra o Espiritismo, esta curiosa afirmação: "A pele de ovelha do espírita é a caridade. Fazer o bem e praticar a caridade." O articulista entende que os espíritas fazem a caridade para perder as almas. São instrumentos do demônio, mas usam as armas do amor. Se ao menos fingissem que fazem a caridade, ainda se compreenderia. Mas não. Em vez de fingir, praticam mesmo a caridade e fazem o bem. E nisso está o seu terrível disfarce. Tanto mais terrível, quanto Jesus ensinou que só podemos conhecer a árvore pelos frutos.

    A preocupação do articulista transparece logo mais, quando ele acrescenta que os espíritas usam nomes de santos nos Centros, expõem imagens e fazem orações, para enganar os incautos. Quer dizer que tudo isso só teria uma finalidade: afastar os filhos de Deus do verdadeiro caminho. Acontece, porém, que os espíritas, ao darem nomes de santos a alguns Centros, têm apenas o propósito de homenagear espíritos elevados, que são conhecidos como santos.
     

    Por exemplo: Santo Agostinho e São Luiz deram comunicações a Kardec, que figuram em "O Evangelho Segundo o Espiritismo". Por que usaram o título de santo? Porque assim são conhecidos e só assim podiam identificar-se. E somente por isso. Não obstante, os organismos dirigentes do movimento espírita são contrários a essas denominações para Centros, justamente para evitar-se a confusão em matéria de princípios religiosos.

    Quanto ao uso de imagens, é puro engano. Espíritas não usam imagens, como os cristãos primitivos não usavam. As imagens só aparecem em agrupamentos espiritistas humildes, de gente sem instrução, apegadas à religião popular que lhe ensinaram na infância. Também no Cristianismo primitivo acontecia isso. Cristãos novos apegavam-se aos ídolos pagãos, por costume e falta de esclarecimento. Mas, na proporção em que o Espiritismo for sendo compreendido, essa gente humilde abandonará as imagens. O Espiritismo ensina que devemos adorar a Deus em espírito e verdade, segundo a lição de Jesus à mulher samaritana.
     
    No tocante à oração, é claro que os espíritas devem fazê-las. Kardec chegou mesmo a publicar um livro de preces. Como acontecia no Cristianismo primitivo, os espíritas repetem a prece do Pai Nosso, ensinada por Jesus, e sabem que a oração é o meio de se elevarem a Deus e se comunicarem com os Bons Espíritos.
     
    Não se trata, pois, de pele de ovelha, mas da própria pele humana. O homem é filho de Deus e deve dirigir-se a Ele. Kardec explica o sentimento religioso como lei natural, segundo vemos no capítulo sobre a "Lei da Adoração", em "O Livro dos Espíritos". O que acontece é que os espíritas aprenderam, no Evangelho, que devem orar de coração puro, sem nenhuma prevenção contra os seus irmãos. Porque Deus é Pai e todos são Seus filhos, seja qual for o caminho religioso que estejam seguindo.

    Questão 212 – O homem sem grandes possibilidades intelectuais é sempre um homem medíocre?

    Questão 212 – O homem sem grandes possibilidades intelectuais é sempre um homem medíocre?

     

          O conceito de mediocridade modifica-se no plano de nossas conquistas universalistas, depois das transições da morte.

          Aí no mundo, costumais enaltecer o escritor que enganou o público, o político que ultrajou o direito, o capitalista que se enriqueceu sem escrúpulos de consciência, colocados na galeria dos homens superiores. Exaltando-lhes os méritos individuais com elogios extravagantes, muitos falais em “mediocridade”, em “rebanho”, em “rotina”, em “personalidade superior”.

          Para nós, a virtude da resignação dos pais de família, criteriosos e abnegados, no extenso rebanho de atividades rotineiras da existência terrestre, não se compara em grandeza com os dotes de espírito do intelectual que gesticula desesperado de uma tribuna, sem qualquer edificação séria, ou que se emaranha em confusões palavrosas na esfera literária, sem a preocupação sincera de aprender com os exemplos da vida.

          O trabalhador que passa a vida inteira trabalhando ao Sol no cultivo da terra, fabricando o pão saboroso da vida, tem mais valor para Deus que os artistas de inteligência viciada, que outra coisa não fazem senão perturbar a marcha divina das suas leis.

          Vede, portanto, que a expressão de intelectualidade vale muito, mas não pode prescindir dos valores do sentimento em sua essência sublime, compreendendo-se afinal, que o “homem medíocre” não é o trabalhador das lides terrestres, amoroso de suas realizações do lar e do sagrado cumprimento de seus deveres, sobre cuja abnegação edificou-se a organização maravilhosa do patrimônio mundano.

     

    (Do livro “O Consolador” – Emmanuel/Chico Xavier)

    domingo, 16 de outubro de 2016

    Artigo: Por que tanta violência?


    POR QUE TANTA VIOLÊNCIA?


     

    Há um aumento significativo da violência nos centros urbanos. Será que a Humanidade está passando por um retrocesso nos caminhos da evolução? Ninguém retrograda. Apenas revela-se, ou seja, mostra-se quem realmente é. A incidência maior dessas ocorrências decorre da reencarnação de multidões de Espíritos em estágios primários de evolução. Mas não devemos desanimar, porque neste século veio, através da reencarnação, uma grande equipe de espíritos missionários.
    Há crimes chocantes, cometidos com requintes de perversidade. A que atribuir esse comportamento? À ausência do senso moral. São Espíritos ainda dominados por instintos, sem noção razoável do bem e do mal. Obedecem aos seus impulsos, roubando, matando e lesando sem nenhum constrangimento. Desconhecem o que seja sentir culpa ou remorso.
    Podemos dizer, então, que parte da população é composta de Espíritos moralmente subdesenvolvidos? Sem dúvida.
    A que o Espiritismo atribui o mundo de hoje, as confusões, guerras e outras coisas mais? A civilização cresceu muito na ordem horizontal do progresso, que é o progresso tecnológico. Mas esqueceu de crescer verticalidade, que são os valores ético-morais. Nesse crescimento avassalador muitos danos aparecem, e volumosamente.
    Por que tantas pessoas acham necessário a volta do Cristo? Porque ainda não entendemos a mensagem por Ele vivida. Se houvéssemos entendido, não entraríamos em conflito com os nossos irmãos que estagiam nas diversas partes do mundo, membros da mesma família Universal. E na verdade, o retorno do Cristo, a Sua segunda vinda já ocorreu, através do Espírito de Verdade, conforme está escrito em o Evangelho de João, quando se refere ao Consolador, que para nós espíritas é a Doutrina Espírita.
    Qual a solução que a Doutrina Espírita apresenta para a violência tão crescente nas cidades? A educação. O Espiritismo, essencialmente educativo, conclama-nos ao amor e à instrução que poderão formar uma nova mentalidade entre os homens. A violência é o fruto espúrio da ignorância humana. Remanescente da agressividade animal explode em a natureza graças às bases do egoísmo, o câncer moral que carcome o organismo social. O antídoto do egoísmo é o altruísmo (amor ao próximo, abnegação). Por consequência, a melhor maneira de tornar uma sociedade justa e altruísta é a educação das gerações novas. Sabendo que, através da educação, formaremos caracteres saudáveis, deveremos investir tudo nesta obra libertadora, que é uma das mais elevadas expressões da caridade.
    Nesse quadro mundial de fome e miséria, o que o Espiritismo espera do Terceiro Milênio? Nós acreditamos que no 3º Milênio haverá uma grande transformação. As pessoas mais apressadas do nosso movimento acreditaram que no dia 1º de janeiro de 2000, os homens e mulheres estariam, todos, se abraçando, fraternalmente. Foi uma utopia. O processo de evolução é muito lento e costumamos dizer que, até o dia 31 de dezembro de 2999, ainda estaremos no 3º Milênio. Então, nós vemos que haverá um contínuo desenvolvimento do sofrimento até que o homem se dará conta de que este caminho não é o melhor, mas ele ainda não sabe, porque seu egoísmo não deixa. Do ponto de vista da reencarnação nós acreditamos que chegará o momento em que esses espíritos indiferentes e perversos já não encarnarão na Terra, irão para mundos inferiores. Então, o progresso se dará, naturalmente, porque, desaparecendo essas lideranças frias, os homens novos, no bom sentido da palavra, idealista e afáveis construirão uma sociedade mais justa porque compreenderão que a sua felicidade é a felicidade do próximo.
    Então, a humanidade não está pior? Fomos criados para evoluir, nunca para retroceder. A Humanidade não está pior do que aquela de épocas recuadas. Ocorre que, com o crescimento demográfico, com a facilidade da Informática, dos meios de comunicação, nós recebemos informações maciças e muito expressivas, que nos dão uma ideia desagregadora do comportamento humano. Isto, porque, lamentavelmente, os valores positivos ainda não tem merecido muito destaque nas programações da televisão, das rádios, etc. O bem não causa impacto; infelizmente, a tragédia, sim. O amor sensibiliza por um pouco, mas o infortúnio deprime por muito tempo. Nunca houve no mundo tanta bondade como hoje. O mal aparente está, somente, numa minoria militante do desequilíbrio. Uma minoria que faz muito barulho. Mas, neste século veio uma grande equipe de espíritos missionários para ajudar.
    Divaldo, você poderia dar-nos uma mensagem de paz e esperança com extensão a todos os nossos leitores? Nunca houve tanto amor na Terra, como hoje, embora as aparências informem o contrário. Jamais, na Terra, tantos se preocuparam com outros tantos, como agora. Os laboratórios de pesquisa, na área da saúde, estão repletos de missionários do amor, procurando debelar males que afligem centenas de milhões de indivíduos. Missionários da caridade e do conhecimento proliferam em todo lugar, conhecidos uns, anônimos outros, proclamando a excelência do Bem. Jamais houve tantos Organismos Internacionais preocupados com o bem das criaturas e da Humanidade, multiplicando-se, cada vez mais. A juventude, ainda aturdida pelo desequilíbrio dos adultos, caminha buscando afirmações e espaços para realizar-se. A promiscuidade e o despautério que nos visitam, chocam-nos, parece-me que são efeitos dos nossos atos anteriores de hipocrisia. Saturados de prazeres, logo mais, seremos convidados a uma revisão de conteúdo dos nossos anseios e voltaremos, algo arrebentados, ao equilíbrio e a buscas mais preciosas. Assim, confiemos no amor, amando a todos, indistintamente, mesmo aqueles que, por prazer mórbido e vitimados por psicopatologias que fingem ignorar, nos perseguem, caluniam, impossibilitados de superar-nos. Consideremo-los nossos irmãos necessitados e, sem revidar, espalhemos a simpatia, o otimismo e a esperança que dominarão a Terra, logo mais. Vale a pena confiar no Bem e vivê-lo, conforme a Doutrina Espírita: “Fora da caridade não há salvação”.
    O que dizer às pessoas que estão sofrendo muito, em certos casos curtindo amargas provas cármicas que as induziram à desesperança? Tudo na vida é transitório, só o Espírito é eterno. No amor, no sofrimento edificante, entrosamo-nos com a obra da criação. O amor, sendo “hálito de Deus”, é a alma da vida e a vida da alma. Através dele iremos minimizar nossos padecimentos pela prática das diversas formas de caridade, pulverizando nossas dívidas acumuladas em vidas passadas. Tenhamos paciência para com tudo o que, apesar de nossos esforços, não pôde ou não pode ser edificado, conscientizando-nos, sempre mais, de que nossa vida não começou no berço e não findará no túmulo. Peçamos a Deus discernimento em nossas horas de turvação para que não agravemos nossos males. Aprendamos a ver na fé e no ato de conviver, harmoniosamente, com o próximo, principalmente com nossos familiares e consanguíneos, uma graça do amparo de Deus. O ato de servir ao nosso semelhante é, para o que serve, um privilégio ofertado pela Divina Providência. A estrada é estreita, larga deve ser a nossa fé. Reacendamos luzes de esperança nos recantos sombreados da alma. Vençamos o desespero com a prece e a vigilância, reparando mais nas coisas eternas que nas imediatas, convictos, sempre, de que não há, não pode haver, injustiça nas Oniscientes Leis Divinas.

    ((Respostas de Divaldo Franco e Richard Simonetti).Fonte: http://grupoallankardec.blogspot.com.br/2010/10/por-que-tanta-violencia.html)