sexta-feira, 21 de abril de 2017

Seminário em comemoração ao mês da Família em Sorocaba/SP. Tema: “A família nos dias de hoje”







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Será realizado no dia 29 de abril de 2017, de 14h às 17h no Centro Espírita Batuíra, um Seminário em comemoração ao mês da Família em Sorocaba/SP.
O palestrante Fábio Fadel falará sobre “A família nos dias de hoje” e a expositora Vania Mugnato trabalhará o tema “O lar, os valores morais e os desafios do mundo”.
O Centro Espírita Batuíra fica na Rua Estácio de Sá, 193 – Vila Haro, São Bento/SP. Mais informações podem ser obtidas em www.batuira.com ou através do telefone (15) 3227-1068.

O limpador de janelas que caiu 47 andares e sobreviveu para contar a história

Harry Low
Da BBC News

Só metade das pessoas que caem de uma altura de três andares sobrevivem. Se forem dez andares, quase ninguém resiste. Mas, incrivelmente, um limpador de janelas de Nova York sobreviveu a uma queda de 47 andares.
"Amo ver as janelas bem limpas. Adorava fazer isso", diz o equatoriano Alcides Moreno, que, junto com seu irmão, Edgar, lavaria a fachada do edifício Solow Tower, em Manhattan, na manhã de 7 de dezembro de 2007.
Momentos após eles chegarem ao terraço do arranha-céu, algo saiu errado. Após subirem na plataforma suspensa usada na limpeza, os cabos "saíram do eixo de sustentação", segundo o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos.
O primeiro lado a se desprender foi o esquerdo, onde estava Edgar. Ele caiu 144 metros, a uma velocidade de quase 200 km/h. O lado onde estava Alcides se soltou pouco depois, e ele também despencou indo parar no beco, 47 andares abaixo.
Ao chegarem, bombeiros e paramédicos encontraram uma cena terrível. Edgar havia caído sobre uma cerca de madeira, que cortou seu corpo ao meio. Não havia mais o que fazer por ele.
Mas viram Alcides caído em meio a uma pilha de metais retorcidos, ainda agarrado aos controles da plataforma e respirando. Ele ainda tentou se levantar, sem sucesso.
Os bombeiros o moveram com cuidado, como "se fosse um ovo frágil", pois qualquer passo em falso poderia matá-lo, e o levaram ao hospital, onde ele foi colocado em coma.
Alcides tinha lesões no cérebro, coluna, tórax e abdômen. Suas costelas, braço direito e ambas as pernas estavam quebrados. Ele passou por várias cirurgias, teve um catéter inserido na cabeça para reduzir o inchaço cerebral e recebeu mais de 13 litros de sangue em transfusões.
"É um milagre", disse então Herbert Pardes, então presidente do Hospital Presbiteriano de Nova York, onde Alcides foi atendido.

'Intervenção divina'

Glenn Asaeda, do Departamento de Bombeiros da cidade, disse acreditar ter havido uma "intervenção divina". Alcides acordou três semanas depois, no dia de Natal, sem lembrar-se do que havia ocorrido. "Estava tudo embaralhado na cabeça", conta ele.
Alcides não sabia o que tinha acontecido com seu irmão. "Cheguei à conclusão que Edgar tinha morrido, porque olhei em volta e só vi minha mulher."
Os dois haviam se mudado para os Estados Unidos nos anos 1990 em busca de trabalho. "Perdê-lo foi horrível. Morávamos em Nova Jersey e estávamos sempre juntos. Ele trabalhava comigo e morreu trabalhando comigo."
Alcides diz ficado muito triste por cerca de três anos. "Foi o tempo que levei para me recuperar e aceitar sua morte. Foi como perder um filho, porque ele era mais novo do que eu."
Até hoje se especula como Alcides não morreu. Teria a plataforma absorvido a maior parte do impacto? Ou batido na fachada do edifício, o que teria desacelerado a queda?
Uma investigação identificou que a plataforma não havia recebido a manutenção adequada e que os cabos motorizados não estavam presos corretamente ao topo do prédio.
Depois da queda, foram encontrados no terraço um balde com água quente e sabão além de coletes e cabos de segurança, que deveriam estar sendo usados pelos irmãos. Mesmo que tenham subido na plataforma sem isso, não foi provado que haviam se recusado a usá-los.
Como o material de limpeza também não tinha sido levado a bordo, concluiu-se que poderiam ter a intenção de voltar para pegar isso e colocar os equipamentos de segurança antes de começar a trabalhar.

Vida nova

Alcides foi indenizado e mudou-se com sua família para Phoenix, no Estado do Arizona, onde o clima quente faz bem a sua saúde. Hoje, aos 46 anos, diz que limparia janelas de novo se pudesse, mas não trabalha por razões médicas.
"Tenho cicatrizes pelo corpo e, por causa da coluna não posso correr, só caminhar. Quando pergunto alguma coisa, não termino a frase. Há outras coisas que não faço bem. Deve ser consequência do acidente", afirma.
"Não sou como antes, mas agradeço a Deus por ainda andar. Isso é incrível."
Sua vida mudou de outras formas. "Costumava pensar só em mim. Sustentava minha família e achava que era suficiente. Então, percebi o quão importante minha mulher e meus filhos eram para mim."
No ano passado, ele tornou-se pai pela quarta vez. E fica radiante ao falar de seu filho de oito meses de idade. "Fico me perguntando por que sobrevivi. Tenho um novo bebê - deve ser a razão: criar essa criança e contar a ele minha história."
Notícia publicada na BBC Brasil, em 9 de março de 2017.

Jorge Hessen* comenta

Conforme reportagem, só metade das pessoas que caem de uma altura de três andares sobrevivem. Se forem dez andares, quase ninguém resiste. Mas, incrivelmente, o equatoriano Alcides Moreno, um limpador de janelas de Nova York, sobreviveu a uma queda de 47 andares do edifício Solow Tower, em Manhattan, na manhã de 7 de dezembro de 2007. "É um milagre", disse Herbert Pardes, então presidente do Hospital Presbiteriano de Nova York, onde Alcides foi atendido. Os espíritas não acreditamos em “milagres”.(1)
Consideremos outros fatos mais assombrosos. James Boole, Nicholas Alkemade, Vesna Vulóvic e Alan Magee também desafiaram as leis naturais conhecidas pela ciência ao escaparem da “morte” física a quedas de alturas elevadíssimas.
James Boole saltou na Rússia do avião, seu paraquedas não funcionou e caiu sobre pedras cobertas de neve, a uma velocidade de 160 km/h – mesmo assim Boole não desencarnou, e apenas fraturou uma costela.
Nicholas Alkemade, sargento e membro da RAF, estava voando pela Alemanha quando seu avião foi atacado. A aeronave logo virou uma bola de fogo em queda livre. Como seu paraquedas foi destruído pelo fogo, Alkemade resolveu ter uma “morte” rápida saltando do avião para não sofrer sendo queimado lentamente. Ele caiu 5500 metros, mas o impacto foi absorvido por árvores e pela neve que cobria o chão. Nicholas sofreu apenas uma torção na perna.
Vesna Vulóvic, uma aeromoça que sobreviveu uma queda de dez mil metros. Com 22 anos, Vesna era comissária de bordo da Yugoslav Airlines. Mas no seu voo havia uma bomba instalada por terroristas croatas. Como a parte em que estava do avião caiu em uma encosta coberta de neve, Vesna foi a única sobrevivente do acidente. 28 pessoas, incluindo pilotos, comissários e passageiros, desencarnaram.
Alan Magee – 6,5 km, um piloto americano que sobreviveu a uma queda de mais de 6500 metros enquanto estava sob ataque, na Segunda Guerra Mundial. Ele caiu sobre o vidro da Estação de Trem St. Nazaire, em uma missão na França. De alguma forma, o vidro amorteceu sua queda. Ele foi capturado por tropas alemãs, posteriormente, que ficaram impressionadas com o feito.
Como notamos supra, os personagens são pontos fora da curva - ou seja, não desencarnaram. Será que há alguma explicação espírita para os fatos? Das leis naturais ignoramos seus meandros, sobretudo considerando a gravitação. Recordemos que na época das “mesas girantes” os espíritos conseguiam promover a levitação de objetos pesados, desafiando, pois, as leis da física conhecida (gravidade).
Há pessoas que sobrevivem a um perigo mortal, mas em seguida “morrem” noutro. “Parece que não podiam escapar da “morte”. Não há nisso fatalidade?, perguntou Allan Kardec aos Espíritos. Estes foram categóricos: “Fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte o é. Chegado esse momento, de uma forma ou doutra, a ele não podeis furtar-vos.”(2) O Codificador insistiu: “Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace, se a hora da “morte” ainda não chegou, não morreremos? Os Benfeitores pacificaram: “Não; não perecerás e tens disso milhares de exemplos. Quando, porém, soe a hora da tua partida, nada poderá impedir que partas.”(3)
Reflitamos o seguinte: Por não ter chegado a hora da “morte” de Moreno, Boole, Alkemade, Vulóvic e Magee, considerando as situações extremas vividas, seria admissível que eles fossem resguardados por intervenções do além, numa espécie de “anulação” da lei da gravidade conhecida? Não é simples responder tais questões. O senso comum diz que ninguém “morre” de véspera. Ora, se só “morremos” quando é chegada a hora, então uma pessoa assassinada “morre” na hora certa? Como fica o livre-arbítrio do assassino nesse caso?
Importa acender a luz para uma boa discussão aqui. Por diversas razões, e é natural que alguém possa ter a vida interrompida antes do tempo tanto quanto possa ter a vida delongada durante o transcurso de uma existência.
Será que o Espírito que comete um assassinato sabia que reencarnou para matar? “Não! Responderam os Benfeitores. Escolhendo uma vida de lutas, sabe que terá ensejo de matar, mas não sabe se matará, visto que ao crime precederá quase sempre, de sua parte, a deliberação de praticá-lo. Ora, aquele que delibera sobre uma coisa é sempre livre de fazê-la, ou não. Se soubesse previamente que teria que cometer um crime, o Espírito estaria a isso predestinado. Ora, ninguém há predestinado ao crime e todo crime, como qualquer outro ato, resulta sempre da vontade e do livre-arbítrio.”(4)
O tema parece simples, porém apresenta as suas complexidades. E para complicar um pouquinho, os Espíritos reenfatizam - “venha por um flagelo a “morte”, ou por uma causa comum, ninguém deixa por isso de “morrer”, desde que haja soado a hora da partida.”(5) Será que tudo que se relacione à “morte” esteja “escrito” (assassinato, por exemplo)? Onde encaixar o livre-arbítrio aqui?
Reconheço, com muita humildade, que há “mistérios” inexplicáveis muito além da minha nanica razão. E mais, “do fato de ser infalível a hora da “morte” poder-se-á deduzir que sejam inúteis as precauções que tomemos para evitá-la?” Os Espíritos dizem que “não!, visto que as precauções que tomamos são sugeridas com o fito de evitarmos a morte que nos ameaça. São um dos meios empregados para que ela não se dê”.(6)
No caso dos personagens que protagonizam este artigo, considerando as condições extremas, diria quase que surreais que sucederam, como sobreviveram? Foi porque não “soou a hora da partida” deles? Hum!?...
Quanto ao “milagre” citado por Herbert Pardes, presidente do Hospital Presbiteriano de Nova York, esclarecemos que o Espiritismo considera de um ponto mais elevado a religião cristã; dá-lhe base mais sólida do que a dos “milagres”: as imutáveis leis de Deus, a que obedecem assim o princípio espiritual, como o princípio material. Essa base desafia o tempo e a Ciência, pois que o tempo e a Ciência virão sancioná-la.(7)

Referências bibliográficas:

(1) Disponível em <http://www.bbc.com/portuguese/geral-39216175>, acessado em 10/04/2017;
(2) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, perg. 53, RJ: Ed. FEB, 2000;
(3) Idem, perg. 53-a;
(4) Idem, perg. 861;
(5) Idem, perg. 738;
(6) Idem, perg. 854;
(7) Kardec, Allan. A Gênese, “Os milagres segundo o Espiritismo”, Capítulo XIII, RJ: Ed. FEB, 2000.
* Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal aposentado do INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

PENSAMENTO POSITIVO música espírita


Música Espírita - Quem somos - Grupo Acorde


Música Amor Imenso - Grupo Acorde


AURORA - TIM E VANESSA


MUNDO ESCOLA - TIM E VANESSA


Você sabia?


Crie a história


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quarta-feira, 19 de abril de 2017

LIVE - Minha Nada Mole Encarnação - Consumismo


Crie a história


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Desenvolva o tema...


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terça-feira, 18 de abril de 2017

O tabu do suicídio assistido no Brasil: morte digna ou crime contra a vida?

André Bernardo
Do Rio de Janeiro para a BBC Brasil
 
Aos 90 anos, o escritor Carlos Heitor Cony não perde o tom jocoso.
Quando indagado sobre o que ainda falta para se sentir realizado, o autor de O Ventre, O Piano e a Orquestra e Quase Memória, romances premiados da literatura brasileira, não pensa duas vezes: "Morrer". E arremata: "Mas, se quiserem me dar o Nobel, aceito!".
Desde que foi diagnosticado com um câncer linfático, em 2001, Cony tem pensado muito na morte. "De certa forma, somos todos terminais desde que nascemos", escreveu em O Homem Terminal.
"Envelhecer é porcaria. Um homem depois dos 50 é anti-higiênico. Por isso, eu me mataria um dia", confidenciou em Memorial do Inverno.
O câncer obrigou Cony a fazer quimioterapia, o que enfraqueceu seus braços e pernas. Em 2013, levou um tombo na Feira do Livro de Frankfurt, que gerou um coágulo no cérebro "do tamanho de uma maçã".
Hoje, Cony anda de cadeira de rodas, perdeu o movimento do lado direito do corpo e compara o apartamento onde vive, no bairro da Lagoa, zona sul do Rio de Janeiro, a uma UTI. Por essas e outras, se diz solidário a quem cogita a hipótese de suicídio assistido.
"Ninguém quer morrer sofrendo, chorando e gritando. Eu, pelo menos, não. Quero morrer numa boa", avisa.
Mas, para evitar abusos e mal-entendidos, ressalva, algumas premissas devem ser obedecidas. Uma delas é o paciente manifestar sua vontade por escrito, com a concordância de três ou quatro membros da família.
Outra é o médico emitir um atestado comprovando que o paciente é terminal e o estado dele irreversível.
"Há casos em que os remédios já não produzem mais efeito, a família gasta um dinheiro que não tem e, pior, o paciente não tem mais condições de viver, só de sofrer. Se não há uma solução médica ou científica, o suicídio assistido é a saída mais humana que existe", afirma Cony.

'Não quero que me mantenham vivo a qualquer preço'

O assunto, apesar de macabro, como o próprio Cony admite, é recorrente.
Em outubro do ano passado, o ex-arcebispo sul-africano Desmond Tutu defendeu, na ocasião de seu aniversário de 85 anos, o direito ao suicídio assistido ao pedir que, no fim de sua vida, seja tratado com compaixão.
"Por que tantos são obrigados a suportar terríveis sofrimentos contra sua vontade?", indagou em artigo publicado no jornal americano The Washington Post. "Não quero que me mantenham vivo a qualquer preço", afirmou o Nobel da Paz, que há 20 anos luta contra um câncer de próstata.
Desmond Tutu não é o único adepto da morte digna e indolor. Em junho de 2015, durante entrevista à BBC Brasil, o físico britânico Stephen Hawking, 73, afirmou que, caso se tornasse um fardo para as pessoas ao seu redor ou se não tivesse "mais nada a contribuir", consideraria a hipótese de dar cabo da própria vida.
"Manter alguém vivo contra sua vontade é a derradeira indignidade", declarou Hawking, que desde os 21 anos sofre de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), doença degenerativa e incurável que ataca os neurônios responsáveis pelos movimentos do corpo e provoca perda de controle muscular.

'O prolongamento de uma vida sem qualidade pode ser considerado um crime!'

No Brasil, o tema já inspirou, além de algumas crônicas de Cony, o romance A Mãe Eterna - Morrer É um Direito, da psicanalista e escritora Betty Milan.
Nele, a narradora fala da dificuldade de passar da condição de filha para mão da mãe. A certa altura, ela se pergunta até quando a vida deve ser prolongada e questiona a obsessão terapêutica do médico, que procura vencer a morte a todo custo.
"O suicídio assistido é um benefício sempre que a pessoa expressa claramente seu desejo de ir embora ou porque está sofrendo, como no caso de Desmond Tutu, ou por considerar que cumpriu sua missão na Terra, como Stephen Hawking", diz Betty, que buscou inspiração na própria história e na de sua mãe para escrever o livro.
Dona Rosa, hoje com 99 anos, anda com dificuldade, escuta pouco e enxerga mal.
"Para certas pessoas, o envelhecimento é insuportável e o fim da vida deve ser humanizado. Se nós tivermos certeza de que vamos ser ajudados a morrer, viveremos muito melhor. O prolongamento de uma vida sem qualidade pode ser considerado um crime", afirma a escritora.

'Viver com dignidade. Morrer com dignidade'

Apenas alguns poucos países, como Holanda, Suíça e Bélgica, autorizam a prática. A Holanda se tornou o primeiro a descriminalizar o suicídio assistido, em 2002. Lá, é preciso que a doença seja incurável e que o paciente esteja "lúcido e consciente" ao pedir ajuda para morrer.
A Suíça é o único país do mundo onde um estrangeiro pode se matar com a ajuda de terceiros. Para tanto, precisa desembolsar cerca de 4.400 francos suíços - o equivalente a R$ 13.200, fora as despesas com hotel, traslado e passagem aérea.
Desde 1998, quando foi fundada, até 2014, a associação Dignitas, o mais famoso centro de suicídio assistido da Suíça, já ajudou mais de 1.700 doentes terminais ou pacientes com doenças incuráveis e progressivas a terem uma morte rápida e indolor com uma dose de 15 mg de uma substância letal misturada com 60 ml de água.
O lema da instituição é "Viver com dignidade. Morrer com dignidade".
A legislação suíça permite o suicídio assistido desde que não seja por "motivos egoístas". Por exemplo: ajudar uma tia a morrer só para colocar as mãos em sua fortuna. Já nos EUA, a decisão cabe a cada Estado. Atualmente, é permitido em apenas seis: Washington, Oregon, Vermont, Novo México, Montana e Califórnia.
O Brasil não tem legislação sobre o tema. Por meio de seu artigo 122, o Código Penal proíbe o ato de "induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça". O crime é passível de pena de dois a seis anos de prisão quando o suicídio é consumado, ou de um a três, caso a tentativa resulte em lesão corporal grave.
"Os que se opõem à prática sustentam ser dever do poder público preservar, a todo custo, a vida humana", analisa a advogada Maria de Fátima Freire de Sá, pesquisadora do Centro de Estudos em Biodireito (CEBID) e autora do livro Direito de Morrer - Eutanásia e Suicídio Assistido. "Muitas vezes, eventuais direitos do indivíduo estariam subordinados aos direitos do Estado. Para os que a defendem, o conceito de vida precisa ser repensado. Será que vida digna é aquela segundo a qual o indivíduo ainda se mantenha ligado a aparelhos, totalmente infeliz e dependente da boa vontade dos outros?"

Associação médica debaterá tema no Brasil

Procurada pela reportagem, a Associação Médica Brasileira (AMB) informou que não tem uma posição sobre o assunto. Mas adiantou que, em março, representantes da entidade vão se reunir com membros do Conselho Federal de Medicina (CFM) para debater o tema.
Desde 2006, o CFM procura disciplinar o uso de tratamentos fúteis (considerados inúteis) em pacientes na fase terminal da vida. Por meio de uma resolução, os médicos podem suspender o tratamento ou os procedimentos que estão prolongando a vida desse doente, se for o desejo dele, com o objetivo de lhe abreviar a morte, sem sofrimento.
Na maioria dos casos, mantêm-se as medidas ordinárias, como as que visam reduzir a dor do paciente, e suspendem-se as extraordinárias ou as que estão dando suporte à vida.
"A ortotanásia (ou "morte correta") dá ao cidadão enfermo grave, em circunstâncias de doença terminal e irreversível, o direito de morrer com dignidade, sem a obrigatoriedade de uso de meios desproporcionais em respeito a sua vontade", explica o médico Carlos Vital, presidente do CFM.
"Seu advento garante a humanização do processo de morte ao evitar prolongamentos irracionais e cruéis da vida do paciente", acrescenta ele.

'Uma coisa é matar. Outra é não conseguir impedir uma morte'

A posição do CFM é endossada pela Igreja Católica. O bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Dom Antônio Augusto Dias Duarte, explica que a vida é um dom de Deus e, como tal, temos um poder relativo sobre ela.
"A vida não nos pertence. Não podemos concebê-la. Da mesma forma, uma vez perdida, não podemos recuperá-la. Somos administradores de um dom recebido por Deus. Por essa razão, a Igreja recomenda às pessoas que não optem pelo suicídio assistido", explica Dom Antônio Augusto.
Ex-professor do Curso de Pós-Graduação de Bioética da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ), Dom Augusto, que também é médico, lembra que, em seus últimos dias, o papa João Paulo 2º tomou a decisão de não mais ir ao hospital para se submeter a meios desproporcionais de tratamento.
Na ocasião, a doença já tinha evoluído de tal maneira que permanecer ligado aos aparelhos apenas prolongaria seu sofrimento físico e moral.
"No suicídio assistido, você mata a pessoa. Na ortotanásia, a exemplo do que aconteceu com o santo padre, você não consegue impedir a morte dela. São duas coisas completamente diferentes", enfatiza Dom Antônio.
Quanto a Carlos Heitor Cony, embora diga que, da vida, só espera a morte, ele já trabalha em dois novos livros: Missa para o Papa Marcelo e Cinco Prudentes Virgens, ambos sem previsão de lançamento.
"No meu primeiro romance, já dizia que não queria morrer como negociante falido ou amante renegado. Quero morrer lúcido. Por isso, sigo trabalhando", justifica o escritor.
 
Notícia publicada na BBC Brasil, em 16 de fevereiro de 2017.

Claudio Conti* comenta

O ser humano ainda se vê a braços com muita dificuldade de entendimento com relação a questões concernentes à própria vida e, mais especificamente, ao sofrimento. O entendimento do sofrimento é um ponto muito importante em um mundo de expiações e provas, como o planeta Terra.
Uma coisa leva a outra no sentido de que estamos em um mundo de expiações e provas porque não lidamos com o sofrimento adequadamente, dentre outras questões.
Nos preocupamos muito com o próprio sofrimento e daqueles que amamos, contudo, não nos importamos com o sofrimento alheio, obviamente que isto é dito em uma abordagem  geral. Caso os cuidados com os outros fosse generalizado, este seria um mundo, no mínimo, de regeneração.
Não é sem motivos que Jesus resumiu os mandamentos em dois: 1) Amar a Deus sobre todas as coisas; e 2) Amar ao próximo como a si mesmo. Quando amarmos o próximo seremos capazes de nortear nossas ações considerando os outros espíritos que ombreiam conosco nesta jornada.
Desta forma, como avaliar quando o sofrimento de alguém é grande suficiente para que a morte assistida seja válida? Ou melhor, como avaliar o sofrimento alheio?
Ao tentarmos avaliar o sofrimento de alguém sempre fazemos uma abordagem comparativa com os conceitos pessoais do que avaliamos como sendo sofrimento.
Talvez seja fácil considerar que nas enfermidades terminais a dor seja grande porque comparamos com nossas ideias e conceitos à respeito deste tipo de enfermidade. Contudo, existem tantas outras enfermidades, tanto físicas quanto psíquicas, que causam sofrimentos inomináveis que não faz parte da vida de todos, enquanto o fim desta encarnação é para todos.
Quando uma pessoa se suicida, supomos que não seja por divertimento, mas em função de um sofrimento inominável para aquela pessoa específica. A mesma situação, ocorrendo com outro indivíduo, pode não suscitar, sequer, tal pensamento.
O que faz com que certas pessoas considerem um suicídio diferente do outro? Por que é aceitável para alguns e não é aceitável para outros? Por que a dor que durará meses ou um par de anos é maior que outra que poderá durar décadas?
Em suma: não sabemos o que falamos nem o que fazemos, inclusive os que são considerados como mais instruídos.
O suicídio é uma porta que conduz a sofrimentos ainda maiores. Obviamente que esta assertiva expressa apenas a minha opinião, pois cada caso e um caso, cabendo apenas a Deus. Contudo, podemos ter apenas uma certeza: todos os filhos de Deus estão amparados pelo Pai e nada é em vão.
 
* Claudio Conti é graduado em Química, mestre e doutor em Engenharia Nuclear e integra o quadro de profissionais do Instituto de Radioproteção e Dosimetria - CNEN. Na área espírita, participa como instrutor em cursos sobre as obras básicas, mediunidade e correlação entre ciência e Espiritismo, é conferencista em palestras e seminários, além de ser médium psicógrafo e psicofônico (principalmente). Detalhes no site www.ccconti.com

13º Seminário de Pedagogia Espírita na Educação - Tema central: "Modelo Educacional Espírita".

Acontecerá no dia 7 de maio de 2017, de 8h30 às 13h no Centro Espírita Léon Denis do Rio de Janeiro, o 13º Seminário de Pedagogia Espírita na Educação.
 
O tema central é "Modelo Educacional Espírita". O evento abordará a criança como espírito milenar que retorna à Terra para nova etapa evolutiva, com suas vivências e sentimentos, e a Doutrina Espírita funciona como uma escola para o espírito.
 
O Centro Espírita Léon Denis fica na Rua Abílio dos Santos, 137 - Bento Ribeiro. Mais informações podem ser obtidas através do site www.celd.org.br ou pelo telefone (21) 2452-1846.
 

Terapia Complementar Espiritual

Raphael Vivacqua Carneiro
 
O tema “espiritualidade” definitivamente fincou raízes no terreno acadêmico e científico da área da saúde. Vários estudos revelam que a religiosidade ou a espiritualidade, independentemente de qual seja o segmento religioso, exerce um efeito muito positivo na saúde dos enfermos. Por isso, nestes meios o tratamento espiritual é considerado uma terapia complementar, aliada aos processos médicos convencionais.
O psiquiatra norte-americano Harold G. Koenig, pesquisador da Duke University e autor do livro “Medicina, Religião e Saúde”, esteve no Brasil em 2005, a convite da Associação Médico-Espírita (AME-Brasil), para apresentar as suas pesquisas. Segundo afirma, duas em cada três universidades norte-americanas possuem em sua grade curricular uma disciplina formal de “Espiritualidade e Medicina”, dada a relevância do assunto para a área médica. Conforme fundamentam as pesquisas, a prática religiosa dos pacientes tem relação profunda com os reflexos em sua saúde e recuperação. A lista inclui: melhor cicatrização após as cirurgias cardíacas, maior número de linfócitos que atacam o vírus da aids, maior número de células que combatem as cancerígenas, menor perda de memória, melhor nível de reatividade vascular.
No Brasil, isto também se constata. A prática da “Capelania Hospitalar” vem sendo difundida e estimulada nos grandes hospitais. A terapia espiritual de apoio aos pacientes inclui: visitação, cultos, leituras edificantes e outras atividades conduzidas por vários grupos religiosos.
O movimento espírita no Brasil, desde as suas origens, sempre manteve o foco no processo de espiritualização do indivíduo, como forma de aprimoramento do ser, com consequência no seu estado de saúde integral. É conceito comum no corolário espírita que a origem das doenças está nos desequilíbrios da alma. A maioria das instituições espíritas oferece regularmente aos seus frequentadores uma terapia espiritual que inclui: atendimento fraterno por meio de diálogo e palestras edificantes de cunho evangélico, fluidoterapia por meio de passes e água magnetizada, desobsessão espiritual de encarnados e desencarnados. Algumas casas oferecem também “cirurgias espirituais”, embora a prática não seja muito presente.
Pesquisa da psiquiatra Alessandra Lucchetti, apresentada em 2013 na Universidade de São Paulo (USP), mostrou a dimensão do trabalho de terapia complementar espiritual realizado pelas instituições espíritas. Numa amostra de 55 centros espíritas da capital paulista, a pesquisa constatou que cerca de 60 mil atendimentos são realizados por mês. Isto é mais do que a quantidade realizada em grandes hospitais, como a Santa Casa e o Hospital das Clínicas. Levando-se em conta que o número total de instituições espíritas da capital paulista é superior a 500, pode-se ter uma ideia da importância social e da grande contribuição à saúde que estes serviços de terapia espiritual representam.
“Cada árvore é conhecida pelo seu fruto”, ensinava Jesus. O trabalho espírita em favor do indivíduo, espiritualizando e contribuindo para a sua saúde geral, é reconhecido pelo grande público que o desfruta. Em algumas casas espíritas, este público atendido inclui um grande número de profitentes de outras religiões, o que atesta o valor terapêutico de cunho geral.

Raphael Vivacqua Carneiro

I Congresso Espírita da Fundação Espírita Allan Kardec e Web Rádio Evoluir.


100% Online (via Internet) e Gratuito

 


 


 

 
Caros(as) Amigos(as),
Muita paz!
É com grande alegria que informamos a realização do I Congresso Espírita da Fundação Espírita Allan Kardec e Web Rádio Evoluir.
Data: 01 de Maio a 05 de Junho de 2017.
Para que você possa acompanhar todo o Congresso, serão disponibilizadas 2 palestras a cada 48 horas.
Para obter informações de programação e se inscrever no I Congresso Espírita da Fundação Espírita Allan Kardec e Web Rádio Evoluir, acesse o link: www.congresso.feak.org.
Para que possamos beneficiar ao maior número possível de pessoas com o I Congresso Espírita da Fundação Espírita Allan Kardec e Web Rádio Evoluir, ajude-nos a divulgar enviando para sua lista de contatos.
Que Jesus, o Mestre de todos nós, possa continuar abençoando a todos.
Fraterno abraço,
Equipe FEAK

 

 

segunda-feira, 17 de abril de 2017

CVV - Centro de Valorização da Vida (apoio emocional e prevenção do suicídio)

 
O CVV - Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email, chat e Skype 24 horas todos os dias.
 
 
 
SUICÍDIO
 
O suicídio é considerado pelo Ministério da Saúde como um problema de saúde pública, tirando a vida de uma pessoa por hora no Brasil, mesmo período no qual outras três tentaram se matar sem sucesso.

Trata-se de um problema que se pode prevenir na grande maioria das vezes e esse é um dos maiores esforços do CVV. O estudo e a discussão do tema suicídio é uma das formas mais eficientes de se promover a prevenção, pois esta só é possível quando a população, os profissionais da saúde, os jornalistas e governantes têm informações suficientes para conduzir as medidas adequadas e ao seu alcance nessa frente.

O CVV assumiu como tarefa, desde a sua criação, estimular essa discussão, ação esta que passou a merecer mais empenho nesses últimos anos.

Reunimos aqui textos, estudos e discussões a respeito do tema. Queremos a sua colaboração, seja você um pesquisador, profissional da saúde, educador, pessoa impactada diretamente pelo problema ou, simplesmente, um interessado pela vida humana.

Baixe alguns arquivos interessantes sobre o assunto:

Suicídio informado para prevenir ABP 2014

Falando Abertamente sobre Suicídio (folheto voltado para jovens e adolescentes elaborado pelo CVV).

Comportamento suicida: conhecer para prevenir (cartilha para profissionais da imprensa elaborada pela ABP - Associação Brasileira de Psiquiatria).

Prevenção do Suicídio: Manual dirigido a profissionais das equipes de saúde mental (elaborada pelo Mistério da Saúde e OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde).

13 Reasons Why | Dr Fernando Fernandes


A lenda da Baleia Azul – ou como uma notícia falsa traduz um perigo real

 
"Era uma vez uma Baleia Azul. Que segundo o colega Daniel Barros, do Estadão, teria o poder de arrastar jovens no mundo inteiro para um jogo letal em que, após sucessivas provas impostas pelos moderadores, ordenava aos participantes que se matassem. Segundo ele, trata-se de mais uma lenda da internet. Será? Muita gente me pediu que denunciasse aqui o tal jogo virtual, que chegou até a inspirar uma reportagem na TV. Melhor checar antes do que se trata. Leia e tire suas próprias conclusões."
 

A lenda da Baleia Azul – ou como uma notícia falsa traduz um perigo real

Por Daniel Martins de Barros
 
 
A notícia da onda de suicídios causados pelo jogo Baleia Azul é falsa. Mas serve de alerta.
 
“Era uma vez um povo sedento informação. As pessoas eram curiosas e adoravam falar umas sobre as outras. Certo dia surgiu um ser muito poderoso, que sabia de todas as coisas, estava em todos os lugares, e dava todas as respostas. A única coisa que ele pedia em troca era dedicação total. A empolgação foi geral – todo mundo se tornou discípulo e seguidor, continuamente entregando ofertas de tempo e atenção. Até que um dia chegou a mensagem terrível: o tempo gasto com o oráculo seria descontado da vida das crianças. As pessoas entraram em pânico, mas era tarde demais. Pois enquanto os adultos deixavam de dar atenção aos filhos, dedicando-se ao oráculo, as próprias crianças e adolescentes se haviam se tornado devotos, e agora voluntariamente se entregariam em sacrifício. A única solução foi os pais voltarem a dedicar mais tempo para seus filhos, livrando-os de tão trágico destino.”
Chamemos essa historinha de a lenda da Baleia Azul. Esse é nome de um jogo em uma rede social russa que causou pânico global ao se noticiar que ele estava levando os jovens ao suicídio. Trata-se de um boato, surgido pela interpretação distorcida de uma notícia antiga, de um ano atrás, que voltou às manchetes depois de repercutir na imprensa inglesa. O jogo consiste numa série de 50 tarefas, progressivamente mais difíceis, culminando com o desafio do suicídio – e as manchetes diziam que centenas de jovens já teriam chegado ao fim e se matado. A verdade, no entanto, é que nenhum caso foi ligado de fato ao jogo. O site de verificação de boatos Snopes.com trilhou o caminho da história de trás para frente, chegando à notícia original, publicada pelo periódico russo Novaya Gazeta, e mostrou como ela era recheada de inferências e suposições, sem um fato sequer apurado realmente. A equipe da Radio Free Europe, organização dedicada a levar informações a regiões com pouca liberdade de expressão (como leste europeu), apurou mais profundamente o caso, fazendo-se passar por um adolescente que queria jogar o baleia azul. Eles chegaram a estabelecer um diálogo com moderadores do jogo, que confirmaram não ser possível desistir depois de começar, mas desapareceram em seguida. Conseguiram ainda contato com vários jovens que haviam se engajado na brincadeira macabra; a maioria entrara no jogo por curiosidade, e todos também perderam contato com os moderadores em pouco tempo.
Por que então, mesmo sendo um boato, essa história exagerada e pouco crível fez tanto barulho?
Em primeiro lugar, porque ninguém sabe exatamente a razão de o suicídio entre jovens crescer no mundo todo, Brasil inclusive. Diante da angustiante ausência de explicações qualquer motivo que tenha ares de resposta encontra terreno fértil para se multiplicar. Além disso a notícia segue uma estrutura básica de várias história clássicas, como tentei mostrar nesse arremedo de fábula acima. Muitos são os relatos de um poder dado à humanidade que é mal utilizado pelos homens, trazendo grandes prejuízos (ideia que vai de Prometeu a Frankenstein, sem falar na serpente de Adão e Eva). E não são poucas as narrativas em que o preço cobrado é a vida dos filhos (desde a morte dos primogênitos, no livro do Êxodo até o massacre dos meninos no evangelho de Mateus, passando por Rapunzel, Rumpelstiltskin, O Flautista de Hamelin). Se essa ideia se repete tanto, provavelmente toca em medos fundamentais que carregamos, seja de não sabermos lidar com nosso potencial e nossa autonomia, seja de colocarmos interesses pessoais acima das necessidades dos filhos.
E não é isso mesmo que enfrentamos nessa era de tanta internet, tantas redes sociais, tanto tempo on-line? Essa tecnologia é tão nova e poderosa que ainda não sabemos bem como lidar com ela. Mas todos sabemos que estamos dando atenção demais à tecnologia, em prejuízo do tempo que deveríamos dedicar a quem está perto. Daí o sucesso da notícia sobre o jogo. Ela é um exemplo perfeito – e totalmente contemporâneo – do que em inglês se chama cautionary tale, ou “conto de cautela”, nas quais um perigo é apresentado, conta-se a história de alguém que desprezou o perigo e mostram-se as terríveis consequências de sua atitude irresponsável.
Moral da história: a notícia da baleia azul pode ser exagerada, mas os perigos que ela traduz são tão presentes que todo mundo acreditou. Na dúvida, então, não custa dar ouvidos ao alerta que ela fez.
 
 
 AT >> A recomendação da educadora Andréa Ramal no G1 http://g1.globo.com/.../entenda-o-jogo-da-baleia-azul-e...
 

Entenda o 'Jogo da Baleia Azul' e os riscos envolvidos

Troca de mensagens sobre o jogo da balea azulUm sinistro jogo viral tem causado alarme no mundo todo. É o jogo da Baleia Azul, disputado pelas redes sociais, que propõe desafios macabros aos adolescentes, como bater fotos assistindo a filmes de terror, automutilar-se, ficar doente e, na etapa final, cometer suicídio.
 
Aparentemente o fenômeno começou na Rússia, mas está se espalhando – inclusive no Brasil, como sugerem o caso da jovem de 16 anos morta no Mato Grosso e uma investigação policial em andamento na Paraíba. Na Rússia, em 2015, uma jovem de 15 anos se jogou do alto de um edifício; dias depois, uma adolescente de 14 anos se atirou na frente de um trem. Depois de investigar a causa destes e outros suicídios cometidos por jovens, a polícia ligou os fatos a um grupo que participava de um desafio com 50 missões, sendo a última delas acabar com a própria vida.
 
A preocupação aumentou ano passado, quando fontes diversas chegaram a divulgar, sem confirmação, 130 suicídios supostamente vinculados a comunidades online identificadas como “grupos da morte”.
 
Tudo na internet se espalha muito rápido, mesmo as coisas mais inacreditáveis. Neste caso não é diferente. O fenômeno ganhou visibilidade e vem se alastrando pelo mundo. Em alguns países, como Inglaterra, França e Romênia, as escolas têm feito alertas às famílias, depois que adolescentes apareceram com cortes nos braços, queimaduras e outros sinais de mutilação.
 
Jogos com apelos de riscos letais têm virado moda entre os adolescentes. Um exemplo é o jogo da asfixia, que gerou vítimas no Brasil. Outro é o “desafio do sal e gelo”, no qual, para serem aceitos no grupo, os adolescentes devem queimar a pele e compartilhar as imagens nas redes sociais. Embora exista há anos, o desafio voltou com força recentemente. Sem falar no “Jogo da Fada”, que incita crianças o gás do fogão de madrugada, enquanto os pais dormem.
 
As recomendações para as famílias são: monitorar o uso da internet, frequentar as redes sociais dos filhos, observar comportamentos estranhos e, sobretudo, conversar e conscientizar os adolescentes a respeito das consequências de práticas que nada têm de brincadeira. Atenção redobrada com os jovens que apresentem tendência a depressão, pois eles costumam ser especialmente atraídos por jogos como o da Baleia Azul. Também as escolas devem colocar o assunto em pauta e incorporar no currículo, cada vez mais, a educação para a valorização da vida, o respeito pela vida dos outros e o uso consciente das mídias e tecnologias.
 
 
 
 
 
 

Melhor maneira de combater suicídio é compartilhando informação à luz da ciência

VEJA AQUI:
 

Prevenção do Suicídio - Por André Trigueiro (03 vídeos)

 
 

"13 reasons why" - por André Trigueiro

Foram tantas pessoas - próximas ou desconhecidas - que fizeram contato pelo face ou por e-mail pedindo que eu escrevesse algo sobre a série da Netflix "13 reaso...ns why" ("Os 13 porquês", baseado no best-seller homônimo lançado em 2007 sobre o suicídio de uma adolescente nos Estados Unidos) que reservei o dia de hoje para uma maratona cansativa assistindo aos filmes na telinha do computador.
 
Antes de compartilhar minha opinião sobre a série, segue um breve resumo do enredo (se você tem aversão a spoilers, pule os próximos dois parágrafos).
 
A série começa com um fato consumado: o suicídio da jovem Hannah Baker, e o cuidado que ela teve - antes de se matar - de registrar em 13 diferentes gravações as situações e os personagens que teriam de alguma forma contribuído para a decisão de se matar.
Bullying, drogas, depressão, assédio, homofobia, violência sexual e outros problemas recorrentes na escola onde Hanna estuda - e em tantas outras escolas pelo mundo - tornam a vida da protagonista uma experiência cada vez mais angustiante. Castigada por sucessivas decepções e frustrações, sem ter com quem compartilhar sua dor, ela se percebe subitamente sem saída. É quando resolve se matar.
 
Sou contra qualquer censura e não tenho competência para fazer crítica de cinema. Mas desde 1999 venho estudando o fenômeno do suicídio e um resumo desse trabalho encontra-se disponível no livro "Viver é a melhor opção: a prevenção do suicídio no Brasil e no mundo" (Ed. Correio Fraterno, 2015).
 
É assustadora a forma como a série da Netflix atropela várias recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre como se deve abordar o problema do suicídio em obras de ficção. A ótima ideia de expor o problema do suicídio entre jovens - um tema relevante que deveria inspirar mais roteiristas - ignorou alguns cuidados básicos indicados pelos profissionais de saúde especializados no assunto ("suicidólogos").
 
Poucas vezes no cinema uma cena de suicídio foi mostrada com tamanho realismo e brutalidade. É uma aula mórbida sobre como promover o autoextermínio numa banheira. Violência desnecessária, tragicamente didática e infortunadamente sugestiva.
Antevendo as críticas, a Netflix abre o capítulo com um texto onde se lê a seguinte mensagem: "este episódio contém cenas que alguns espectadores podem considerar perturbadoras e/ou podem não ser adequadas para públicos mais jovens". Será que funciona como álibi? Não para a OMS.
 
Após encerrar a maioria das gravações - em que aponta nominalmente os "culpados" por seu mal estar existencial - Hannah se sente melhor por ter "despejado tudo". Diz ela no filme: "senti que talvez pudesse vencer isso. Eu decidi dar mais uma chance à vida. Desta vez eu ia pedir ajuda. Por que sei que não podia fazer isso sozinha". É quando ela procura o profissional que oferece os serviços de "conselheiro" na escola onde estuda. Cria-se a expectativa de que finalmente Hannah terá a ajuda e o apoio necessários para sair do buraco em que se encontra.
 
A conversa com o conselheiro da escola é difícil, dolorida, e decepcionante. Hannah hesita em seguir em frente - principalmente quando o assunto é o estupro sofrido por um colega de escola - e deixa abruptamente a sala onde o atendimento acontecia, apesar dos apelos feitos pelo conselheiro para que continuasse a conversa. Ela fecha a porta, pára do lado de fora e fica na expectativa de que o profissional saia da sala e a procure. Mas isso não acontece. É a derradeira frustração antes de cometer suicídio. Não sem antes deixar gravado o relato sobre seu desapontamento com o profissional da escola que não agiu exatamente como ela esperava.
 
A série é inspiradora - no mau sentido - para que jovens depressivos e angustiados não percebam outra saída que não a própria morte. Pior: sugere que suicidas em potencial registrem em gravações ou anotações os "culpados" pelos seus infortúnios, e punam através do suicídio aqueles que lhe faltaram quando mais precisavam. O suicídio como pretexto para se vingar de alguém, aliás, é um comportamento patológico. Mas a personagem principal da série não parece alguém que possua algum distúrbio. Pelo contrário. O relato sereno e lúcido de Hannah nas gravações sugere que o suicídio possa ser a resposta esperada, previsível, diante de tantas desilusões e sofrimentos. Será? Segundo a Organização Mundial de Saúde, em pelo menos 90% dos casos, os suicídios estão relacionados a patologias de ordem mental, diagnosticáveis e tratáveis, principalmente a depressão.
 
Além do "Efeito Werther" (a constatação de que o suicídio é inspirador para pessoas fragilizadas psíquica ou emocionalmente) a série da Netflix promove também a vitimização do suicida, justificando o autoextermínio de Hannah por tudo o que lhe aconteceu. Como se diante de tantas experiências dolorosas, não houvesse mesmo outra saída. Como se os outros - quando não fazem exatamente aquilo que esperamos deles - pudessem ser responsabilizados pelo suicídio de alguém.
 
Num mundo onde o suicídio é caso de saúde pública, e o autoextermínio de jovens vem aumentando de forma preocupante, espera-se que outras séries possam ser mais cuidadosas e responsáveis na abordagem do tema.
 
André Trigueiro
 

Suicídio: um tabu - André Trigueiro


Trocando ideia - 6 motivos para não ver '13 Reasons Why'


6 motivos para não ver '13 Reasons Why'

Precisamos mostrar que a vida merece ser vivida e não que a morte é a solução para os problemas.


Passando o hype e tendo visto a primeira temporada inteira de 13 Reasons Why (ou 'Os 13 Porquês'), eu posso dizer com todas as palavras: não pretendo recomendar que alguém veja essa série.

Eu sei muito bem o que escrevi logo que comecei os primeiros episódios e mantenho a minha posição - logo mais explico o porquê -, mas depois de ver tudo com calma, ler muito a respeito e buscar opiniões e visões de pessoas diferentes ao longo da semana, cheguei à conclusão de que ninguém merece assistir 13 Reasons Why.

Por isso, elenquei motivos para você deixar a série de lado e buscar outra coisa para ver (neste link você encontra algumas sugestões). E, sim, eu sei que falar para não ver uma coisa pode ter um efeito contrário, mas posso apenas torcer que os pontos a seguir ajudem você a entender o porquê.

Atenção, este post pode conter spoilers!

1. Ela vai contra as recomendações da OMS


A Organização Mundial de Saúde lançou em 2000 uma lista de recomendações para meios de mídia falarem e retratarem casos de suicídio. Desde então, existem palestras e workshops locais e de escala global feitos para atualizar essas diretrizes. A OMS faz três recomendações principais que são totalmente desconsideradas pela série: 1) evitar romantizar o ato do suicídio; 2) evitar retratar o suicídio como uma resposta aceitável às dificuldades; 3) evitar incluir o método, local ou detalhes da pessoa que faleceu. Essa é uma maneira não só de respeitar quem morreu e sua família, como também de retratar o assunto de uma maneira que seja direta e objetiva e que foque mais em ações de prevenção e conscientização.

Quem viu os últimos episódios de 13 Reasons Why sabe que essa última recomendação foi totalmente esquecida e as cenas são praticamente um tutorial mórbido e desesperado de como tirar a própria vida. Isso nos leva ao segundo ponto.

2. Ele ignora o 'Efeito Werther'


O nome pode parecer complexo, mas a ideia, em si, não é. Existe na psicanálise um termo chamado Efeito Werther, que identifica o quanto a constatação do suicídio é inspiradora para pessoas que sofrem de algum nível de fragilidade emocional ou psíquica. Isso significa que casos de suicídio - principalmente os famosos (pense em Kurt Cobain) - podem influenciar outras pessoas a seguir o mesmo caminho, como em um efeito cascata. Dando o local e a forma como Hannah Baker tirou a própria vida em 13 Reasons Why, a série se torna um prato cheio para inspirar - negativamente, claro - outros jovens a fazerem o mesmo.

O mais interessante é que esse efeito não ganhou o seu nome por causa de algum pesquisador famoso: ele é uma referência ao livro Os sofrimentos do Jovem Werther, de Johann Wolfgang Goethe, que desencadeou uma série de suicídios na Alemanha quando do seu lançamento. Ou seja, uma obra de ficção altamente gráfica sobre o assunto (a cena de suicídio do personagem principal é considerada uma das mais comoventes da literatura) que inspirou muitas pessoas a buscarem uma mesma saída para o que sentiam.

3. A série é sobre vingança


Esqueça a morte de Hannah; esta não é uma série sobre suicídio, mas sobre vingança. As 13 fitas gravadas pela personagem são uma forma de atribuir culpa a outras pessoas e conseguir algum tipo de retribuição por tudo o que aconteceu com ela no passado. Tanto que existe uma cópia com Tony, e ele mesmo diz que existirão consequências se os pedidos da jovem não forem seguidos à risca. Sim, crimes foram cometidos (Bryce e Tyler, estamos falando de vocês), mas isso não isenta a sede de vingança da personagem principal, que assume apenas o papel de vítima.

4. Ela é repleta de gatilhos


Para uma pessoa mentalmente saudável, a série pode, sim, ser uma forma de fazê-la pensar mais sobre um assunto que ainda é um tabu tão grande. Para as demais, porém, pode ser um verdadeiro pesadelo. O primeiro aviso de que a série tem cenas que podem ser gatilhos aparece apenas no episódio 9 - mas mesmo antes disso a vibe pesada e a forma como a trama é conduzida já são motivos suficientes para uma pessoa com depressão entrar em crise.

5. Ela vê o suicídio como 'opção'


O suicídio é um ato complexo e que envolve muitas premissas. Porém, o principal é que existe uma questão de desequilíbrio mental, em que a pessoa se vê presa em tudo aquilo que a cerca e não consegue encontrar, sozinha, uma saída para o que sente e, principalmente, para o que pensa. 13 Reasons Why não toca no assunto doença mental na adolescência - você vê na série a evolução do estado de espírito de Hannah, mas de maneira alguma aborda, em qualquer momento, como o estado mental de alguém é o principal causador de um suicídio. Ao apontar dedos e tentar encontrar um culpado (quase como se Hannah tivesse sido 'assassinada'), a série omite esse fator, um tabu tão grande quanto o suicídio e algo decisivo nesses casos. (Se você quiser saber mais sobre como identificar um comportamento suicida, pode clicar aqui para ler sobre)

6.13 Reasons Why não oferece uma saída


Sim, é um fato que uma série de ações externas podem piorar uma situação interna que já está ruim. Porém, a série não apresenta uma saída ou uma tentativa bem-sucedida de pedido de ajuda, não dá um exemplo de casos que foram solucionados e revertidos. Quando Hannah decide dar uma 'última chance para a vida' e buscar o conselheiro da escolha, ela deixa uma ideia de que pedir ajuda não vai funcionar - porque, como ela mesma diz, 'ninguém se importou o suficiente'. Para uma pessoa que já se sente sozinha, confusa e sofrendo, ver uma cena dessas pode fazê-la acreditar que é assim que as coisas funcionam e que não existe uma forma de sair desse loop.

Outro ponto que vale atenção: apesar de fazer toda uma ação em parceria como CVV, o Centro de Valorização da Vida, não existe, em nenhum dos episódios, o telefone da organização (141) ou o site oficial para que as pessoas busquem ajuda, caso precisem. No mínimo, isso pode ser considerado um desserviço. Se a pessoa já acredita que ninguém pode ajudá-la, não colocar nenhum tipo de informação de contato para lugares que podem ajudá-la é um erro enorme.

Por mais que a minha opinião pessoal seja de não recomendar essa série para ninguém, é um fato que as pessoas são livres para escolherem ou não assistir 13 Reasons Why. Se você decidir ver a série e conversar sobre ela com alguém, tenha em mente, no mínimo, que a série pode não ser benéfica para algumas pessoas e converse sobre o assunto com cautela.

Falar sobre suicídio, a segunda maior causa de morte entre os jovens, é importante, sim. O tema precisa deixar de ser um tabu. Também é louvável a ideia da série de fazer o espectador pensar sobre as próprias ações e como ele se porta na frente dos outros, o nível de interesse que ele tem pelo próximo. Isso continua verdade: só o relacionamento cura e isso não vai deixar de ser assim.

De qualquer maneira, era importante dar o outro lado - o que parece bem maior que os pontos positivos da série - para que o assunto seja tratado com a delicadeza e responsabilidade que merece. Precisamos mostrar que a vida merece ser vivida e não que a morte é a solução para os problemas. O bullying pode, sim, ser uma causa para o suicídio, mas isso não significa que todo caso de bullying acaba em suicídio. Precisamos parar de simplificar um assunto tão sério com a desculpa de que a técnica de chocar o espectador vai resolver uma questão tão mais complexa do que a gente imagina.

*Este artigo é de autoria de colaboradores do HuffPost Brasil e não representa ideias ou opiniões do veículo. Mundialmente, o Huffington Post é um espaço que tem como objetivo ampliar vozes e garantir a pluralidade do debate sobre temas importantes para a agenda pública.