sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Sobre a dúvida (Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco - 2017)


Sobre a dúvida

A verdade integral constitui a divina sabedoria, que é alcançada etapa a etapa no carreiro longo das reencarnações.
Experiências bem e malsucedidas contribuem de maneira eficaz para o aprendizado, na incessante busca do aperfeiçoamento intelecto-moral.
Muitas conquistas que aparentam ser legítimas, depois de vivenciadas demonstram a sua fragilidade, abrindo espaços mental e emocional para retificações e mais amplo desenvolvimento de conteúdo.
Por isso, ninguém pode detê- la ou absorvê-la de um para outro instante.
A sua própria constituição é feita de profundas reflexões que devem ser digeridas psiquicamente, à medida que se incorporam à existência, tornando-se fenômeno natural de comportamento.
 Jamais se apresenta total, completa, em razão da sua grandiosidade, que ultrapassa o que a imaginação pode conceber.
Alcançá-la é a meta que se encontra destinada ao Espírito, esse viajor da imortalidade.
Em cada oportunidade existencial desenvolve-se determinada aptidão, penetrando-se o cerne no qual se origina, a fim de abranger outras áreas que formam a sabedoria.
Fosse absorvida de uma vez e alucinaria o seu portador em razão da impossibilidade de dosá-la de forma ideal.
Pequenas quotas, à semelhança de raios de luz, terminam por fazer o espectro perfeito da totalidade.
Em razão da indumentária carnal, bloqueia o claro discernimento a princípio, faculta a percepção do conhecimento e amplia os horizontes da mente para mais amplas aquisições.
É natural que, em face da ignorância, cada informação nova conduz a dúvidas, ao receio de enganar-se, nem sempre se comprometendo com a sua absorção.
Duvidar, portanto, é fenômeno intelecto-moral de alto significado na aprendizagem.
No primeiro caso, o desconhecimento dos mecanismos de algo novo produz suspeita quanto à sua legitimidade. Em segundo lugar, a revelação do ignorado impõe inevitáveis mudanças na conduta a que o indivíduo se vê impelido a aceitar ou negar, para adaptar-se ao novo hábito.
A dúvida que não se deriva da má-fé é recurso mental para consolidar qualquer crença ou informação que surge no desenvolvimento do ser humano. É atitude saudável, porque conduz o raciocínio a perquirir, a comparar, a estudar.
Quando o entusiasmo antecipa a razão e a lógica, após algum tempo perde o impulso por constatar a fragilidade do que se abraçou sem a necessária reflexão.
As ideias variam de mente para mente, mesmo quando são idênticas. Isto, porque o foco está na base do interesse daquele que a concebe ou a quem é transmitida.
Jesus foi portador de lógica incomparável, ao enunciar: “Se não credes naquilo que vedes como acreditareis no Pai, a quem ninguém nunca viu?”.
Os fenômenos por Ele realizados demonstravam a sua superioridade de taumaturgo, e, apesar disso, a dúvida mesquinha e cômoda tomava conta dos seus beneficiários, tão logo passava o momento de exaltação.
A realidade contemporânea por meio do avanço das doutrinas modernas, quais a Física Quântica, a Biologia Molecular, exara que “é primeiro crer para depois ver”.
Equivale à afirmação de que o pensamento parte do abstrato para o concreto, isto é, da concepção, da possibilidade, para a sua realidade física.
No que diz respeito à crença religiosa, a dúvida tem sido uma nuvem densa a cobrir a imortalidade da alma, buscando sempre negar-lhe a legitimidade. Criam-se hipóteses absurdas para explicar-se a fenomenologia mediúnica, por exemplo, e, por efeito, os seus conceitos morais.
Quando se investiga uma comunicação provinda do Além-Túmulo, não raro se recorre a teorias ultrapassadas para negar-lhe a autenticidade, com certo prazer de continuar-se bem vivente.
O resultado das comunicações espirituais sérias é de preparar-se o Espírito encarnado para o enfrentamento do futuro, equipado de valores éticos propiciadores de paz e de plenitude.
Não se desintegrando a consciência, ei-la que ressurge com toda a potencialidade de que se constitui, com toda lucidez, facultando análise rigorosa do comportamento, a fim de prosseguir-se na vida da qual ninguém se evade.
Pesquisadores honestos, no entanto, ao se convencerem da fatalidade imortalista, de imediato adotam comportamento compatível com a continuação do existir e transformam-se em verdadeiros apóstolos da verdade que neles é luz abençoada.
Dúvida não representa, necessariamente, descrença ou suspeita, mas cuidado e respeito pelo conhecimento novo, de modo que possa ser adotado com tranquilidade e segurança.
Toda vez quando a dúvida te visitar, analisa com naturalidade a informação, a fim de tomares a decisão correspondente.
Desarma-te da dúvida sistemática e perversa que te afasta da ética de Jesus e te arroja no labirinto da insensatez e da indiferença.
A crença bem fundamentada é elemento base para uma existência equilibrada e uma caminhada compensadora.
A dúvida-medo de Pedro levou-o a negar o Amigo.
A dúvida-ambição de Judas conduziu-o a trair o Benfeitor.
E as tuas dúvidas, quais os resultados que te facultaram?
Duvida para investigar e, ao definir-te pela crença, ama, serve e ilumina o caminho para a multidão que seguirá após ti.
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(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica do Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia, na noite de 6 de setembro de 2017.)

Desenvolva o tema...


Você sabia?!


quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Superando Desafios - Programa 020


PARTE 01


PARTE 02

Entre A Terra E O Céu - Programa 004

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Memórias De Um Suicida - Programa 028

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Pedagogia Espírita na Educação - PEE - Programa 029

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Parábolas E Ensinos De Jesus - Programa 028

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O Problema Do Ser E Do Destino - Programa 028

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terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Filme - Ìndigo - Comente à luz da Doutrina Espírita

COMENTE À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA

"Índigo é um filme acerca da solidão, redenção e sobre os poderes de cura e graça das novas gerações de crianças índigo (psíquicas e com dons) que estão a nascer neste momento no mundo. Ainda que a história seja fictícia, as emoções e o enredo do filme soam com as dinâmicas espirituais da vida de hoje.


Pergunta feita - Vida profissional

Pergunta:
Assunto: Vida Profissional
Mensagem: Por favor, gostaria de um esclarecimento, tenho 35 anos, sou formada e hoje me encontro desempregada. Desde que comecei minha vida profissional, nunca obtive muito êxito e estar desempregada é uma recorrente em minha vida. Na minha última experiência, tive reconhecimento, a gerência gostava muito do meu trabalho, mas devido à crise fui mais uma vez dispensada. Ressalto que sou uma boa profissional, muito responsável. No espiritismo como é visto essa sucessão de insucessos, trata- se de Karma / Resgaste ou simplesmente sorte?
Muito Obrigada,
M

Resposta:
Olá M!! 

Atualmente, o desemprego e as dificuldades financeiras são frequentes com muitas pessoas e inclusive, com quem tem formação.
No Espiritismo, temos que as aflições de modo geral podem ser consequência tanto da vida atual, como na vida passada.
Então, nossa análise deve sempre considerar que muitos males são resultados de nossa conduta momento presente, enquanto outros do passado. Principalmente, quando não conseguimos explicações no momento presente para o que sofremos.
Não temos uma regra. Mas, é importante buscar nosso progresso tanto moral, quanto intelectual.

Em relação a vida profissional, temos uma orientação muito interessante em 'O Livro dos Espíritos' que diz respeito a nossa vocação.

928. Evidentemente, por meio da especialidade das aptidões naturais, Deus indica a nossa vocação neste mundo. Muitos dos nossos males não advirão de não
seguirmos essa vocação?
“Assim é, de fato, e muitas vezes são os pais que, por orgulho ou avareza, desviam seus filhos da senda que a Natureza lhes traçou, comprometendo-lhes a felicidade, por efeito desse desvio. Responderão por ele.”

a) — Acharíeis então justo que o filho de um homem altamente colocado na sociedade fabricasse tamancos, por exemplo, desde que para isso tivesse aptidão?
“Cumpre não cair no absurdo, nem exagerar coisa alguma: a civilização tem suas exigências. Por que haveria de fabricar tamancos o filho de um homem altamente colocado, como dizes, se pode fazer outra coisa? Poderá sempre tornar-se útil na medida de suas faculdades, desde que não as aplique às avessas. Assim, por exemplo, em vez de mau advogado, talvez desse bom mecânico, etc.”

No afastarem-se os homens da sua esfera intelectual reside indubitavelmente uma das mais frequentes causas de decepção. A inaptidão para a carreira abraçada constitui fonte inesgotável de reveses. Depois, o amor-próprio, sobrevindo a tudo isso, impede que o que fracassou recorra a uma profissão mais humilde e lhe mostra o suicídio como remédio para escapar ao que se lhe afigura humilhação. Se uma educação moral o houvesse colocado acima dos tolos preconceitos do orgulho, jamais se teria deixado apanhar desprevenido.

Nesse caso, podemos pensar que é importante também que seja respeitado nossa aptidão para o trabalho que desenvolvemos.
Nem sempre, porém essa é a razão principal do desemprego.

Um abraço,
Equipe CVDEE


A Série Psicológica de Joanna de Ângelis - Módulo 19

AULA 01




AULA 02



AULA 03


Pergunta feita - Vampirismo

Pergunta:
Assunto: Vampirismo
Mensagem: Caros amigos:
Faço parte de um grupo de estudos em que estudamos a obra NOSSO LAR. Ao estudarmos o capítulo 31, intitulado "Vampiro", surgiu-nos uma dúvida: todos os casos apresentados posteriormente, nas demais obras , pelo que sabemos, encaixam-se no conceito de que vampiro é a denominação dada à entidade que se "nutre" de fluidos vitais de suas vítimas encarnadas. Nossa dúvida: como explicar, com este conceito, o caso descrito neste capítulo? Que tipo de vampiro era este ser? Existe vampirismo entre desencarnados? Como acontece?
Desde já agradeço a colaboração.
Atenciosamente, C

Resposta:
C,

O vampirismo é o ato de um espírito absorver forças psíquicas de outro. Pode acontecer tanto com encarnados como com desencarnados. É uma das modalidades por que se expressa o processo obsessivo. Os casos mais conhecidos são aqueles mencionados por você, em que entidade vampira se "nutre" de fluidos de suas vítimas encarnadas., emanadas nos momentos da prática de vícios como alcoolismo ou outras drogas ou de satisfação de paixões inferiores por parte de encarnados. Mas não é a única circunstância que caracteriza o vampirismo.

Também no mundo espiritual  acontece de espíritos inferiores tornarem-se vampiros e sugarem energias psíquicas de outros. No caso do capítulo 31 do livro Nosso Lar, citado por você, conforme explicou o orientador Paulo a Narcisa, era o que aconteceria se esse espírito fosse admitido na Colônia. O espírito em questão, qualificado como vampiro, sequer manifestava qualquer remorso ou arrependimento pelos crimes de aborto praticados. Ao contrário, dizia-se inocente e procurava aparentar tranquilidade, quando na realidade se encontrava em situação de grande sofrimento. Ao invés de remorso e arrependimento, buscava justificar os atos criminosos cometidos. Seu endurecimento ainda no mal indicava que sua presença em Nosso Lar colocaria em risco os demais habitantes da Colônia, como previu o orientador, iria vampirizar energias dos que lá viviam. Conforme explicou Paulo, “os que trazem os sentimentos calejados na hipocrisia emitem forças destrutivas”. Sua reação ante a negativa da permissão para ser acolhida deixa evidente a condição espiritual em que se encontrava.

Esperando tê-la atendido, continuamos à disposição, caso deseje retornar ao assunto.

Muita paz e um forte abraço


Equipe CVDEE

A incrível quantidade de dinheiro que os milionários dizem precisar para serem felizes

Quem não gostaria de ter o salário aumentado ou de receber uma herança?

Não se pode afirmar que isso "compre" felicidade, mas é provável que ajude - em parte - a melhorar certas coisas na vida.
O problema é que, aparentemente, o dinheiro nunca é suficiente e quanto mais se tem, mais se quer.
Uma pesquisa da Escola de Negócios de Harvard - da qual participaram 4 mil milionários de vários países - chegou à conclusão de que a maior parte dos ricos acredita que com mais dinheiro será mais feliz, considerando a felicidade como um nível mais elevado de satisfação em sua vida.
O que surpreende no estudo é que um quarto dos milionários entrevistados diz que, para ser "feliz", precisaria que sua riqueza aumentasse em 1.000%.
Outro um quarto deles respondeu que precisaria de um aumento de 500% de sua fortuna para sentir-se completamente bem.
O pesquisador responsável pelo estudo, Grant Donelly, disse à BBC Mundo que, segundo os resultados, uma grande riqueza gera felicidade, mas há certos detalhes.
Por exemplo, há um limite que marca um ponto de mudança entre os entrevistados.
"Os que têm um patrimônio superior a US$ 8 milhões (R$ 26,48 milhões) são significativamente mais felizes que os que têm US$ 1 milhão (R$ 3,31 milhões)".
Basicamente, isso não varia muito para cima dessa linha ou para baixo dela.
A pesquisa pediu a milionários do Brasil, Hong Kong, India, Irlanda, Mônaco, Catar, Arábia Saudita, Singapura, África do Sul, Espanha, Suíça, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Estados Unidos que avaliassem seu nível de felicidade em uma escala de 1 a 10.
Para fazer parte do estudo, as pessoas precisavam ter um nível mínimo de riqueza de US$ 1 milhão.

Qual é o limite?

Donelly diz que não se pode estimar uma cifra exata de dinheiro para que uma pessoa se sinta feliz, mas que há certos parâmetros.
"Os ganhadores do prêmio Nobel de Economia, Daniel Kahneman e Angus Deaton, sugerem que uma renda anual de US$75.000 (o equivalente a R$ 248,2 mil) é ideal. Nossos resultados sugerem que a felicidade aumenta quando a riqueza cresce, incluídos nessa lista os mais ricos", observa o pesquisador.
"Na medida em que as pessoas têm um trabalho que consideram significativo e que incrementa sua riqueza, podem experimentar mais felicidade".
Um elemento que surpreendeu ao pesquisador foi que quando questionados em quanto teriam que aumentar seus patrimônios para serem um ponto mais felizes - na escala de 1 a 10 - os entrevistados responderam mais de 100%.
Ou seja, a ambição de ter mais poder econômico parece não dar trégua a qualquer escala.

Os herdeiros não são tão felizes

Aqueles que viraram milionários quando receberam uma herança ou porque casaram com uma pessoa rica expressaram sentir-se menos felizes que os que contruíram seus patrimônios a partir do trabalho.
Outra conclusão do estudo é que apenas 13% dos ricos declararam que podem ser felizes com o dinheiro que têm.
O mistério que ainda não tem resposta é porque a partir dos US$ 8 milhões as pessoas se sentem significativamente mais felizes do que os ricos com um patrimônio inferior a essa cifra.
O que fará essa diferença? Os pesquisadores não têm a resposta. Hipoteticamente, no entanto, eles dizem ser possível que, a partir desse nível de riqueza, as pessoas sintam uma vantagem em relação aos seus pares e, portanto, tenham uma maior auto-estima.
Ou, talvez, essa quantidade de riqueza faça com que os milionários sintam que seu patrimônio é seguro o suficiente para gastar livremente em coisas como doações ou dar grandes presentes.
Notícia publicada na BBC Brasil, em 1º de janeiro de 2018.

Valerie Nascimento* comenta

"Há ricos do dinheiro, tão ricos de usura, que se fazem mais pobres que os pobres pedintes da via pública que, muitas vezes, não dispõem sequer de um pão." - Emmanuel, no livro "O Espírito de Verdade", pela psicografia de Chico Xavier.
Partindo da advertência de Jesus de que a felicidade plena ainda não é deste mundo, nos questionamos por que muitos a procuram na fama, na fortuna, no prazer, na beleza e eterna juventude...
Nesse contexto, a riqueza é fundamental para o progresso e deve ser vista com uma concessão Divina. Quando já conseguimos compreender essa fabulosa ajuda de Deus, nos cabe a indagação do que estamos fazendo de bom e digno com as regalias obsequiadas por Ele.
Carregamos tendências que são inerentes ao Espírito, visto que são mais morais que físicas. Assim, por exemplo, não é o dinheiro em si que estimula o desejo de possuir cada vez mais para sustentar uma felicidade que nunca se alcança de fato. É o Espírito que dá a ele, ao dinheiro, o uso correspondente aos seus instintos.
A doutrina espírita esclarece que com a inteligência e o senso moral nascem a noção do bem e do mal, do justo e injusto. Partindo desse princípio, quando mais esclarecido o Espírito, mais responsável será pelos próprios atos. Dessa forma, "A felicidade perfeita é inerente à perfeição, quer dizer, à purificação completa do Espírito. Toda imperfeição é ao mesmo tempo uma causa de sofrimento e de privação de ventura, da mesma maneira que toda qualidade adquirida é uma causa de ventura e de atenuação dos sofrimentos," - Allan Kardec, em "O Céu e Inferno", no capítulo que trata das Penas Futuras.
E dentre as várias provas que podemos solicitar ao planejarmos uma futura reencarnação, a riqueza e a miséria são aquelas em que mais falhamos ao realizá-las. A primeira por provocar lamentações e reclamações contra a divina Providência; a segunda por induzir aos excessos e ao egoísmo.
Façamos uma viagem no tempo e retornemos ao tempo de Jesus. O Mestre nasceu em Nazaré, vilarejo formado por um pequeno povoado de mais ou menos 20 casas. Nazaré fazia parte da Galileia, onde Jesus passou a maior parte da Sua vida. Por ser longe de Jerusalém, a principal cidade da Judeia, o povo galileu era conhecido por sua rudeza e vida simplíssima. Imaginamos que seria como o povo sofrido do nosso sertão nordestino em relação aos moradores de grandes metrópoles, cujas possibilidades de melhor qualidade de vida são maiores.
Era uma cidade pobre, barulhenta, insegura, de higiene precária e com construções que dividiam paredes. Pode-se imaginar que os ricos viviam em locais diferentes e em prédios dotados de certo luxo. A terra da Galileia era bastante propícia à agricultura, por isso, as família viviam do que plantavam. Junto com a pesca, o plantio constituía a renda do povoado. Ainda existiam pessoas que retiravam seu sustento a partir de trabalhos manuais, como José que era carpinteiro. Sendo assim, observemos que ali não notamos indivíduos com posse, riquezas ou ofícios de alto escalão.
Agora, vejamos as condições atuais do nosso planeta Terra: Por todo o Globo seguem existindo misérias, guerras, doenças, má distribuição de riqueza e mal uso do dinheiro público; luta pela conquista, manutenção e aumento de fortunas, algumas já incalculáveis, ao passo que há privação do básico para sobrevivência de outros companheiros. Observemos que não existe muita diferença entre nosso passado histórico e hoje, em consequência do egoísmo que ainda trazemos em nós.
Continuemos nossa viagem pelo passado, mas agora relembrando de Zaqueu. Como supervisor dos coletores de impostos à época do Cristo, naturalmente era pessoa impopular entre judeus. Isso porque do pouco que tinham para o próprio sustento, eram obrigados a pagar além do justo às contas públicas. As cobranças abusivas enriqueciam os coletores, que repassavam ao governo o estipulado com base numa estimativa de rendas, ficando com o excedente para si.
Como os textos antigos nos mostram, Zaqueu era um homem que havia se corrompido pelo poder. Porém, assim que recebeu Jesus em sua casa, modificou prontamente seus hábitos, se arrependeu e corrigiu as injustiças praticadas e tornou-se um bom homem: "E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado." (Lucas: 19,8-9.)
Vemos então que o problema nunca foi o dinheiro ou a falta dele. Na verdade, a dificuldade surge quando não fazemos a opção pelo bem, independente da posição em que a vida nos situe. Paulo de Tarso chega a dizer em Filipenses 4:12-13: “Sei passar falta, e sei também ter abundância; em toda maneira e em todas as coisas estou experimentado, tanto em ter fartura, como em passar fome; tanto em ter abundância, como em padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece.”
O orgulho e o egoísmo são grandes feridas que trazemos na alma e a cura passa pela vivência dos ensinos de Jesus. Em 21 séculos de era Cristã seguimos resistentes a aceitar que apenas nossa transformação moral para o bem pode nos proporcionar a felicidade plena. Nos comportamos como aquele que precisa caminhar sobre terreno muito íngreme e se recusa a calçar uma bota que proteja seus pés. A vida material é apenas uma etapa da caminhada do Espírito imortal, um meio para se chegar ao fim designado por Deus. Sem essa visão, valorizamos demais o aqui e agora e, consequentemente, seguimos ferindo nossos pés desprotegidos.
Eduardo Costa, famoso cantor sertanejo, em entrevista recente, falou do vazio que ainda sentia, embora o seu talento o tivesse tirado de uma vida de grandes privações materiais. Mesmo cercado de amigos, tendo boa vida familiar, sendo jovem e saudável, possuidor de considerável fortuna e estando no auge da fama. Com tudo o que se diz necessário para ser feliz, ele não o era. Segundo Eduardo, faltava algo que o dinheiro e reconhecimento não traziam, lhe faltava conectar-se com Deus.
É muito possível que uma prova de riqueza ou pobreza seja bem aproveitada. O dinheiro é necessário para alavancar o progresso da humanidade, melhorando condições de vida, empregabilidade, educação, saúde, segurança, entre outros. Por isso, de fato, seria impossível que a riqueza fosse distribuída igualitariamente entre nós. Em função das diferentes capacidades que cada um de nós possui, grandes somas precisam estar em mãos de pessoas que possam agir em prol do ser espiritual que todos somos e não para nos prender mais a tesouros que teremos que deixar no mundo, obrigatoriamente, com o fenômeno da morte.
A riqueza só é boa para nós quando ela nos torna bom para os outros. É essa atitude que preenche o vazio relatado pelo cantor sertanejo, é o Amor nos completando, preenchendo. "Lembra-te, pois, de que todos somos ricos de alguma coisa ante o Suprimento Divino da Divina Bondade, e, usando os talentos que a vida te confia na missão de fazer mais felizes aqueles que te rodeiam, chegará o momento em que te surpreenderás mais rico que todos os ricos da Terra, porquanto entesourarás no próprio coração a eterna felicidade que verte do amor de Deus." - Emmanuel, no livro "O Espírito de Verdade", pela psicografia de Chico Xavier.

Fontes:

- "O Espírito de Verdade", de Emmanuel, psicografado por Chico Xavier;
- "O Céu e Inferno", de Allan Kardec;
- "Ações Corajosas para Viver em Paz", de Benedita Maria, psicografado por Raul Teixeira.

* Valerie Nascimento é espírita e colaboradora do Espiritismo.net

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Estudo dirigido: O Evangelho segundo o Espiritismo

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EESE – Cap. XXIV – Itens 17 a 19
Tema: Carregar sua cruz. Quem quiser salvar a vida, perdê-la-á
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A - Texto de Apoio:

Carregar sua cruz. Quem quiser salvar a vida, perdê-la-á

17. Bem ditosos sereis, quando os homens vos odiarem e separarem, quando vos tratarem injuriosamente, quando repelirem como mau o vosso nome, por causa do Filho do Homem. - Rejubilai nesse dia e ficai em transportes de alegria, porque grande recompensa vos está reservada no céu, visto que era assim que os pais deles tratavam os profetas. (S. LUCAS, cap. VI, vv. 22 e 23.)

18. Chamando para perto de si o povo e os discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir nas minhas pegadas, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me; -porquanto, aquele que se quiser salvar a si mesmo, perder-se-á; e aquele que se perder por amor de mim e do Evangelho se salvará. - Com efeito, de que serviria a um homem ganhar o mundo todo e perder-se a si mesmo? (S. MARCOS, cap. VIII, vv. 34 a 36; - S. LUCAS, cap. IX, vv. 23 a 25; - S. MATEUS, cap. X, vv. 38 e 39; - S. JOÃO, cap. XII, vv. 25 e 26.)

19. "Rejubilai-vos, diz Jesus, quando os homens vos odiarem e perseguirem por minha causa, visto que sereis recompensados no céu." Podem traduzir-se assim essas verdades: "Considerai-vos ditosos, quando haja homens que, pela sua má-vontade para convosco, vos deem ocasião de provar a sinceridade da vossa fé, porquanto o mal que vos façam redundará em proveito vosso. Lamentai-lhes a cegueira, porém, não os maldigais."
Depois, acrescenta: "Tome a sua cruz aquele que me quiser seguir", isto é, suporte corajosamente as tribulações que sua fé lhe acarretar, dado que aquele que quiser salvar a vida e seus bens, renunciando-me a mim, perderá as vantagens do reino dos céus, enquanto os que tudo houverem perdido neste mundo, mesmo a vida, para que a verdade triunfe, receberão, na vida futura, o prêmio da coragem, da perseverança e da abnegação de que deram prova. Mas, aos que sacrificam os bens celestes aos gozos terrestres, Deus dirá: "Já recebestes a vossa recompensa."

B - Questões para estudo e diálogo virtual:

1 - Em que constitui a perseguição aludida por Jesus?
2 - Qual o roteiro sugerido por Jesus, para aqueles que pretendem "andar em suas pegadas"?
3 - O que quer dizer "salvar-se a si mesmo e perder-se"?

4 - Extraia do texto acima a frase ou parágrafo que mais gostou e justifique.

Crie a história - Desenvolva o tema...


Mensagem - Vigilância e fidelidade da última hora

Vigilância e fidelidade da última hora

Filhos, filhas, todos da alma! Metamorfoseando-se, o materialismo penetra em todos os ramos do conhecimento humano e as religiões não escapam da sua habilidade camaleônica, permitindo-se os métodos perturbadores das necessidades corporais do ser humano no seu processo de evolução.
Indispensável a vigilância para não nos deixarmos engambelar pelas sereias sedutoras nos seus cânticos que fascinam, entorpecem e aniquilam a esperança.
Jesus, não poucas vezes, teve que enfrentar a argúcia do materialismo disfarçado, das manifestações farisaicas que se apresentavam vestidas de traje impecável quais sepulcros caiados, ocultando cadáveres em decomposição.
Allan Kardec, não poucas vezes, viu-se sitiado pelas manobras maniqueístas do Mundo Espiritual inferior através de companheiros da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, sendo, no entanto, fiel aos postulados do Espírito de Verdade.
Na atualidade, de sofreguidão e de tormento, o ser humano procura uma forma de escapar das provações necessárias ao seu processo evolutivo, e não raro são atraídas essas almas para as propostas equivocadas do deus Mamon, e Mamon deísta que fascina, embriaga os invigilantes e os precipitados.
Indispensável a nossa fidelidade aos postulados espíritas conforme exarados na Codificação. O mundo estertora, não pela primeira vez. Periodicamente, conjugam-se fatores cósmicos que se tornam sociológicos e ético-morais, sacudindo as civilizações e empurrando-as para o aniquilamento, para logo surgir um período de esperança e de paz.
Às vésperas da grande transição planetária já iniciada desde há muito, atingimos o clímax que nos pede sacrifício e honradez. Quantos desertam na hora do testemunho! Quantas almas fragilizadas pela sua constituição emocional e espiritual, atraídas pela doçura do Homem das Bem-Aventuranças, mas que não suportam o ferrete do padecimento humano e optam pela desistência mais uma vez!
Somos alguns deles que retornamos, ouvindo o convite de Jesus para a mansuetude, para a misericórdia, para a autoiluminação e tendo baqueado ontem, encontramo-nos necessitados da redenção, tropeçando nas próprias mazelas, correndo o risco da desistência perigosa. Tenhamos cuidado para que os encantos rápidos do mundo não nos distraiam tanto.
Algo temos que fazer e o Mestre Incomparável pede-nos fidelidade da última hora. A noite desce e a treva não se faz total porque as estrelas do amor brilham no cosmo das reencarnações.
Este é momento grave, filhas e filhos do coração, e vós tendes a oportunidade de O servir como dantes não lograstes.
Tornai-vos fortes ante a debilidade das forças. Sede fiéis diante das facilidades do comportamento.Por mais longa seja a existência física, ela se interrompe e o ser volta à realidade, à Casa Paterna, com os valores que acumulou durante a trajetória física.
Bendireis amanhã as dificuldades de hoje, as noites, quiçá indormidas, de preocupações e de zelo, porque o pastor se preocupa especialmente com as ovelhas que tresmalham e deveis estar atentos para essas ou para aquelas que são lobos travestidos de cordeiros em nosso meio, ameaçando a estabilidade do rebanho.
Jesus recomendou-nos a vigilância para, depois, a oração. Sede prudentes como as serpentes, inocentes como as pombas, parafraseando o Evangelho, e estai vigilantes, porque amigos vossos de ontem, que se encontram conduzindo as leiras do Espiritismo com Jesus abrem as portas imensas da Imortalidade para que as atravesseis em triunfo e em glória.
Bendizei, portanto, as dificuldades que também experimentamos quando estávamos na indumentária carnal. Ninguém em caráter de exceção. Quantas vezes choramos convosco, abraçando-vos e dizendo-vos: “bom ânimo, crede e perseverai”, recordando-nos de Paulo, sob as ruinas da acrópole antiga em Atenas, renovada, ouvindo as vozes espirituais depois do insucesso da sua pregação aos gregos que ele anto amava. E ele soube esperar, trabalhar, insistir e amar, fazendo que depois Atenas recebesse o divino pábulo do Evangelho e o legado sublime de Jesus.
Estamos em uma nova Atenas, que teima em não nos aceitar, em substituir Jesus pela tradição dos velhos deuses de Dionísio a Momo, de Baco às expressões mais vis do humano comportamento.
O triunfo, sem dúvida, é de Jesus. Ide e pregai com o exemplo, vivendo o Evangelho a qualquer preço, não conforme as teologias, mas de acordo com a ética moral de que se utilizou Allan Kardec para perpetuar esse modelo e guia da Humanidade que nos conduz!
Ide, amados! Antes, servos e, agora, irmãos do Mestre em triunfo, na Era de Luz que se iniciará em madrugada próxima, logo seja terminada a noite de trevas.
Mantende-vos em paz e amai, ajudando-vos uns aos outros nas suas debilidades e fraquezas, pois que são eles que precisam do vosso auxílio para também atingirem a meta. O Senhor da Vida irá conosco. Muita Paz, filhos do coração e filhas da ternura! São os votos dos espíritos-espíritas, por intermédio do servidor humílimo e paternal de sempre, Bezerra.

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(Mensagem psicofônica transmitida pelo Espírito Bezerra de Menezes ao médium Divaldo Pereira Franco, no encerramento da Reunião Ordinária do Conselho Federativo Nacional, realizada em Brasília, em 12 de novembro de 2017. Texto revisado pelo autor espiritual.) - fonte: Revista Reformador FEB/2018

Livro em estudo: Grilhões Partidos - B011 – Capítulo 8 – Intervenção Superior, Primeira Parte

Livro em estudo: Grilhões Partidos – Editora LEAL - 1974
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

B011 – Capítulo 8 – Intervenção Superior, Primeira Parte

Capítulo 8
Intervenção Superior

Que remédio, então, prescrever aos atacados de obsessões cruéis e de cruciantes males? Um meio há infalível: a fé, o apelo ao Céu. Se, na maior acerbidade dos vossos sofrimentos, entoardes hinos ao Senhor, o anjo, à vossa cabeceira, com a mão vos apontará o sinal da salvação e o lugar que um dia ocupareis”. “O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO” — Capítulo 5º — Item 19.
Embora o retraimento forçado a que se impuseram o Coronel e sra. Santamaria, algumas vezes sentiam-se obrigados a quebrar tal insulamento, por impositivos superiores, de que não se podiam furtar. O sorriso não lhes aflorava aos lábios e, ressequidos interiormente, conservavam estranha quão injustificável mágoa contra a sociedade, a vida, a Divindade... Consideravam se dilapidados nos bens da existência e, face à impossibilidade do desforço, com que muitos supõem aliviar-se, descarregando os instintos e paixões insanos, recolheram-se ao ostracismo, à mudez... Concomitantemente, os cônjuges distanciavam-se a pouco e pouco, um do outro, não mais encontrando estímulos na convivência doméstica. Certo é que se transferiam a responsabilidade pelo insucesso psíquico da filha, que supunham vítima inerme dos caprichosos genes e cromossomos portadores da inarmonia mental que nela eclodira pelo acaso infeliz.
Celebrava-se, então, expressiva comemoração da República, evocando se, na “Semana da Pátria”, o Dia da Independência, no qual país se liberara do jugo ancestral, a fim de atender à sua destínação histórica. Dentre as celebrações em pauta, fora programado um banquete reunindo os heróis da última guerra, em requintado Clube Social. A recepção, em traje a rigor, objetivava, também, maior intercâmbio entre velhos amigos, muitos dos quais fruindo o justo prêmio da reforma, foram trasladados para a Reserva. Desse modo, fora impossível evadirem-se ao compromisso relevante.
No dia aprazado, o Coronel despertou mais indisposto do que habitualmente, nos meses derradeiros. Fora acometido reiteradas vezes durante a noite, por singular pesadelo, do qual despertava estafado, sôfrego, para novamente recair no mesmo dédalo onírico, em que se fazia personagem de articulações nefandas e crimes inumanos. Experimentava a sensação de mergulhar em cenário sombrio e macabro por alguns momentos, recobrando a custo a lucidez, para se repetir a infame sortida aos mesmos sítios e sofrer asfixia, náuseas, horror.
Eram lugares lôbregos... Via-se, agitado, caminhando sobre lajedos irregulares, enquanto maquinava sórdida vindita... Respirava ódio... A estranha personagem, que via e sabia-se ser ele próprio, envergava sotaina negra que lhe atrapalhava o passo, obrigando-o erguê-la, a fim de saltar os esgotos abertos, exalando putrefação nas ruelas mergulhadas em sombras... A agitação do sacerdote agitava-o... Repentinamente sentia-se em presídio, subterrâneo, úmido, com vaza fétida a escorrer, onde alguns homens e mulheres sofriam ritual nefando de torturas covardes, irracionais. Seus corpos alquebrados, alguns partidos com fraturas expostas, em feridas pútridas, tudo resultado da roda infame, blasfemavam... Algumas mulheres desvairadas altercavam, misturadas aos despojos orgânicos... À sua chegada recuavam em ríctus e esgares superlativos, enunciando seu nome entre exclamações injuriosas, detestáveis, enquanto se referiam, também, a outra pessoa, sua comparsa, de que se diziam vítimas... A visão tormentosa, mortificava-o... De inopino, não suportando o sonho macabro, logrou desalgemar-se do torpor que o vencia, levantando-se banhado por álgidos suores. Não retornou ao leito.
Todo o dia foi-lhe desagradável. Não esquecia as cenas truanescas, os rostos, congestionados uns pelo ódio, patibulares outros, sem expres são, e mesmo após o almoço, tentando a sesta, não conseguiu o repouso que lhe fazia falta.
A noite cálida e estrelada parecia uma taça emborcada, cheia de brilhantes ornando a cidade colorida e luminosa.
A partir das vinte e uma horas os convidados deram entrada na sala de recepção do Clube, e os júbilos espocavam em todos os semblantes. Canapés e aperitivos entretinham os convidados, enquanto aguardavam a lauta refeição.
O Coronel Constâncio reviu amigos queridos, recordou emoções esquecidas, no entanto, vivas, e por momentos olvidou as amargas desditas que o exulceravam. Companheiros de armas, colegas da Escola, formavam um préstito de alegrias que o revigoravam.
De surpresa em surpresa, defrontou-se com antigo e dileto amigo, que servia a Pátria no Exterior e agora se encontrava de retorno. À efusão dos abraços e sorrisos, passaram às recordações, quando o Coronel Epaminondas Sobreira, indagou, interessado:
— Não voltei a ter notícias de Ester. Como passa, desde aquele dorido incidente?
— Sem esperanças! — Retrucou o antigo “cabo de guerra” empalidecendo e umedecendo os olhos. — Minha desventurada filha está louca, irrecuperável, sobrevivendo por milagre, pois, sequer, não teve, ainda, o lenitivo da morte...
— Perdoe-me! — Justificou-se o amigo. — Sei quanto deve dilacerar-lhe a alma... Eu lá estava naquela noite.
— São anos de lágrimas, suores, intranqüilidade...
Segurando o braço do interlocutor propôs, emocionado:
— Sentemo-nos no jardim, a distância... Estou muito emotivo desde aquele dia.
O Coronel Epaminondas sentiu o contato da mão gelada e o leve tremor que sacudia o amigo sofredor.
— Não falemos sobre isso. — Sugeriu, delicado. — Eu sei o quão lhe é mortificante.
— De fato — redarguiu o outro, — no entanto, eu, que tenho preferido o cárcere do silêncio durante todo esse tempo infinito transcorrido, sinto que me fará bem falar com você.
Em caramanchão próximo à piscina que refletia a noite coruscante, o sofrido genitor descerrou os painéis mais íntimos do coração duramente lanhado. Seus sonhos destroçados e suas esperanças desfeitas! E o amor à filha! Sabê-la transformada num animal irreconhecível e aprisionada em camisa-de-força, a fim de diminuir-lhe a fúria, oh! tudo isso constituía carga superlativa à sua devoção paterna.
À medida, porém, que exteriorizava a profunda agonia ao amigo, atento, que participava do drama, comovido, teve a impressão de que desoprimia o peito, a alma, como se desarticulasse anéis constritores que o despedaçavam por dentro.
— Você tem orado? — Inquiriu o ouvinte. — A oração produz milagres de renovação e paz, modificando paisagens sombrias e fortalecendo o homem.
— Não, não mais tenho orado. — Retorquiu, quase irado, traindo a revolta em que descambara. — Perdi a fé... A princípio, tentei iludir-me, rogando a Deus, aos santos, recorrendo à Igreja... Tudo inútil! Hoje sou uma nau sem leme, sem destino, à deriva.
Pranto copioso jorrava-lhe pela face fortemente assinalada pela fúria do desespero sem refrigério.
— Mas a função da prece — elucidou, sensibilizado, — não é somente a de requerimento, petição. Também lenitivo, renovação. Nem sempre traz o objetivo de atenuar a dor, mas compreendê-la, conseqüentemente, lenindo a alma. Além disso, é veículo, interfônio para a comunhão com Deus... Gostaria de conversar demorada-mente com você. Poderia receber-me ou visitar-me, quando?
— Infelizmente — explicou, titubeante, — não mais tenho um lar para oferecê-lo aos amigos... Quero dizer: o apartamento é o mesmo, porém, triste, sem vida... Não saímos, minha esposa e eu.
— Faço questão — interrompeu-o, com uma leve palmada no ombro — que você e Margarida venham jantar conosco, no próximo sábado. Informalmente, como dois amigos, dois irmãos. Mercedes, a quem comunicarei logo, agora, ficará exultante. Creio que sabe como nos são queridos, você e a esposa.
Continuo residindo na mesma casa no Leblon. Estamos a sós. Os filhos já casados. Beatriz está em França com o esposo e Giórgio em São Paulo. Sou avô de dois anjos celestes, sabia? Combinado. Aguardá-los-emos, às 20 horas.
O Coronel Santamaria fitou o companheiro transformado em cireneu e não saberia explicar as emoções, a paz, a súbita satisfação que experimentava.
Qual estivesse magnetizado, respondeu, maquinalmente, sorrindo:
— Combinado.
— Unamo-nos aos grupos que já devem procurar-nos.
— Sim, sim, esquecera-me; apressemo-nos.
O braço do Coronel Epaminondas, passando pelas costas do colega, apoiava-se ao ombro do outro lado. Eram dois irmãos que se reuniam na família da amizade superior.
Adentraram-se pelo salão festivo e perderam-se nas confabulações, brindes e algazarra que a todos empolgavam.
Sem poder-se explicar o sentimento de renovação que o surpreendera, o pai de Ester retornou ao lar como se estivesse revigorado. Ante as duras penas que vivia, também o organismo passara a dar mostras de cansaço, repontando, já, os sinais do desgaste que o fazia preocupado.. Conversou com a esposa, narrando-lhe o bom estado de espírito do colega e quanto lhe fora oportuna a conversação, mais valiosa do que o banquete, em si mesmo. Cientificada, a senhora, de pronto concordou, nascendo-lhe, também, agradável pressentimento em torno do futuro reencontro. Ela, igualmente, dialogara com dona Mercedes, que se interessara pelo destino da sua filha. A simpática senhora, apesar da balbúrdia, na sala, manteve-se atenta, carinhosamente interessada e repetia: — “Mas, nem tudo está perdido. Ë uma pena, tudo isto!”
Dizia-o com sentimento, como a lamentar a impossibilidade de fazer alguma coisa que considerava importante, porém, inconveniente. Prometera-lhe uma visita para colóquio mais amplo e cuidadoso. Prometia examinar o problema com profundidade...
Foi, portanto, em clima de esperanças felizes que os Santamarias na noite acordada rumaram, confiantes, na direção da residência dos Sobreiras.

QUESTÕES PARA ESTUDO

1 – Segundo o Espiritismo, como se podem explicar os sonhos?

2 – Por que o Coronel Epaminondas recomendava a prece para o amigo Coronel Santamaria? Como a prece pode nos auxiliar nos momentos dolorosos?

Bom estudo a todos!!

Equipe Manoel Philomeno