sábado, 11 de fevereiro de 2017

Vozes Interiores reflexões (1)


Conversando com Léon Denis -


Estudo dirigido: O Evangelho segundo o Espiritismo

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EESE– Cap. XVII – Itens 8 e 9
Tema: A virtude
          Os superiores e os inferiores
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A - Texto de Apoio:
A virtude
8. A virtude, no mais alto grau, é o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem. Ser bom, caritativo, laborioso, sóbrio, modesto, são qualidades do homem virtuoso. Infelizmente, quase sempre as acompanham pequenas enfermidades morais que as desornam e atenuam. Não é virtuoso aquele que faz ostentação da sua virtude, pois que lhe falta a qualidade principal: a modéstia, e tem o vício que mais se lhe opõe: o orgulho. A virtude, verdadeiramente digna desse nome, não gosta de estadear-se. Adivinham-na; ela, porém, se oculta na obscuridade e foge à admiração das massas. S. Vicente de Paulo era virtuoso; eram virtuosos o digno Cura d'Ars e muitos outros quase desconhecidos do mundo, mas conhecidos de Deus. Todos esses homens de bem ignoravam que fossem virtuosos; deixavam-se ir ao sabor de suas santas inspirações e praticavam o bem com desinteresse completo e inteiro esquecimento de si mesmos.
À virtude assim compreendida e praticada é que vos convido, meus filhos; a essa virtude verdadeiramente cristã e verdadeiramente espírita é que vos concito a consagrar-vos. Afastai, porém, de vossos corações tudo o que seja orgulho, vaidade, amor-próprio, que sempre desadornam as mais belas qualidades. Não imiteis o homem que se apresenta como modelo e trombeteia, ele próprio, suas qualidades a todos os ouvidos complacentes. A virtude que assim se ostenta esconde muitas vezes uma imensidade de pequenas torpezas e de odiosas covardias.
Em princípio, o homem que se exalça, que ergue uma estátua à sua própria virtude, anula, por esse simples fato, todo mérito real que possa ter. Entretanto, que direi daquele cujo único valor consiste em parecer o que não é? Admito de boamente que o homem que pratica o bem experimenta uma satisfação íntima em seu coração; mas, desde que tal satisfação se exteriorize, para colher elogios, degenera em amor-próprio.
O vós todos a quem a fé espírita aqueceu com seus raios, e que sabeis quão longe da perfeição está o homem, jamais esbarreis em semelhante escolho. A virtude é uma graça que desejo a todos os espíritas sinceros. Contudo, dir-lhes-ei: Mais vale pouca virtude com modéstia, do que muita com orgulho. Pelo orgulho é que as humanidades sucessivamente se hão perdido; pela humildade é que um dia elas se hão de redimir. François-Nicolas-Madeleine. (Paris, 1863.)
Os superiores e os inferiores
9. A autoridade, tanto quanto a riqueza, é uma delegação de que terá de prestar contas aquele que se ache dela investido. Não julgueis que lhe seja ela conferida para lhe proporcionar o vão prazer de mandar; nem, conforme o supõe a maioria dos potentados da Terra, como um direito, uma propriedade. Deus, aliás, lhes prova constantemente que não é nem uma nem outra coisa, pois que deles a retira quando lhe apraz. Se fosse um privilégio inerente às suas personalidades, seria inalienável. A ninguém cabe dizer que uma coisa lhe pertence, quando lhe pode ser tirada sem seu consentimento. Deus confere a autoridade a título de missão, ou de prova, quando o entende, e a retira quando julga conveniente.
Quem quer que seja depositário de autoridade, seja qual for a sua extensão, desde a do senhor sobre o seu servo, até a do soberano sobre o seu povo, não deve olvidar que tem almas a seu cargo; que responderá pela boa ou má diretriz que dê aos seus subordinados e que sobre ele recairão as faltas que estes cometam, os vícios a que sejam arrastados em consequência dessa diretriz ou dos maus exemplos, do mesmo modo que colherá os frutos da solicitude que empregar para os conduzir ao bem. Todo homem tem na Terra uma missão, grande ou pequena; qualquer que ela seja, sempre lhe é dada para o bem; falseá-la em seu princípio é, pois, falir ao seu desempenho.
Assim como pergunta ao rico: "Que fizeste da riqueza que nas tuas mãos devera ser um manancial a espalhar a fecundidade ao teu derredor", também Deus inquirirá daquele que disponha de alguma autoridade: "Que uso fizeste dessa autoridade? Que males evitaste? Que progresso facultaste? Se te dei subordinados, não foi para que os fizesses escravos da tua vontade, nem instrumentos dóceis aos teus caprichos ou à tua cupidez; fiz-te forte e confiei-te os que eram fracos, para que os amparasses e ajudasses a subir ao meu seio."
O superior, que se ache compenetrado das palavras do Cristo, a nenhum despreza dos que lhe estejam submetidos, porque sabe que as distinções sociais não prevalecem às vistas de Deus. Ensina-lhe o Espiritismo que, se eles hoje lhe obedecem, talvez já lhe tenham dado ordens, ou poderão dar-lhes mais tarde, e que ele então será tratado conforme os haja tratado, quando sobre eles exercia autoridade.
Mas, se o superior tem deveres a cumprir, o inferior, de seu lado, também os tem e não menos sagrados. Se for espírita, sua consciência ainda mais imperiosamente lhe dirá que não pode considerar-se dispensado de cumpri-los, nem mesmo quando o seu chefe deixe de dar cumprimento aos que lhe correm, porquanto sabe muito bem não ser lícito retribuir o mal com o mal e que as faltas de uns não justificam as de outrem. Se a sua posição lhe acarreta sofrimentos, reconhecerá que sem dúvida os mereceu, porque, provavelmente, abusou outrora da autoridade que tinha, cabendo-lhe, portanto, experimentar a seu turno o que fizera sofressem os outros. Se se vê forçado a suportar essa posição, por não encontrar outra melhor, o Espiritismo lhe ensina a resignar-se, como constituindo isso uma prova para a sua humildade, necessária ao seu adiantamento. Sua crença lhe orienta a conduta e o induz a proceder como quereria que seus subordinados procedessem para com ele, caso fosse o chefe. Por isso mesmo, mais escrupuloso se mostra no cumprimento de suas obrigações, pois compreende que toda negligência no trabalho que lhe está determinado redunda em prejuízo para aquele que o remunera e a quem deve ele o seu tempo e os seus esforços. Numa palavra: solicita-o o sentimento do dever, oriundo da sua fé, e a certeza de que todo afastamento do caminho reto implica uma dívida que, cedo ou tarde, terá de pagar. - François-Nicolas-Madeleine, Cardeal Morlot. (Paris, 1863.)
B - Questões para estudo e diálogo virtual:
1 - Como podemos definir a virtude?
2 - Cite algumas das qualidades do homem virtuoso.
3 - Qual a maneira correta de exercermos a autoridade de que somos detentores?
4 - Extraia do texto acima a frase ou parágrafo que mais gostou e justifique.

Conversando com Léon Denis - Em direção ao ideal


REVISTA ESPIRITA - outubro 1863 - ENTERRO DE UM ESPÍRITA NA VALA COMUM.

REVISTA ESPIRITA
JORNAL DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS
OUTUBRO 1863
 
ENTERRO DE UM ESPÍRITA NA VALA COMUM.

 

Depois de cumpridas as últimas formalidades fúnebres, esses senhores foram, no mesmo cemitério, fazer uma visita espírita ao túmulo de GEORGES, esse eminente Espírito que deu, por intermédio da senhora Gostei, as belas comunicações que nossos leitores, frequentemente, têm admirado. O Sr. Georges, quando vivo, era o cunhado do Sr. d'Ambel. Ali, por intermédio do Sr. Vézy, recolheu as palavras seguintes:

"Embora não vivamos aqui (no lugar da inumação), gostamos, no entanto, de aqui vir vos agradecer as preces que vinde aqui dirigir para nós, e de algumas flores que derramais sobre nossos túmulos.

"Quanto bem faz crer nesses lugares de repouso e de prece! as almas podem conversar mais facilmente, e se dizem melhor, nesses impulsos íntimos, os sentimentos que as animam: uma junto de um túmulo, a outra planando acima!

"Acabais de dizer adeus a um de vossos amigos; eu vos agradeço por não terem me esquecido. Estava convosco nessa multidão de Espíritos que se pressionam junto à tumba que acaba de se abrir, e estava feliz em ver em vossos corações a vossa convicção e a vossa fé. Misturei minhas preces às vossas, e os Espíritos bem-aventurados as levaram para Deus!

"A fé espírita, meus bons amigos, fará volta ao mundo e acabará por tornar sábios os loucos; penetrará mesmo no coração desses padres que vistes há pouco sorrirem, e que vos causaram uma verdadeira dor... (alusão à maneira pela qual se realizou a cerimônia religiosa). Seu escândalo fez sangrar vossos corações, mas superastes vossa indignação pensando no bem que vós mesmos iríeis derramar sobre a alma de vosso amigo. Está ela aqui, junto a mim, e me pede para vos agradecer em seu nome.

"Já vos foi dito, o túmulo é a vida. Vinde algumas vezes, frequentemente, à sombra do salgueiro, ao pé da cruz mortuária; no meio do silêncio, da calma, ouvireis uma harmonia divina, ouvireis, no meio das brisas, os concertos de nossas almas cantarem Deus... a eternidade... depois alguns de nós se destacarão dos coros sagrados para virem vos instruir sobre os vossos destinos. O que, até este dia, permaneceu mistério para vós, se revelará pouco a pouco aos vossos olhares, e podereis compreender vosso começo e vossas grandezas futuras.

Tomai, pois, encontros aqui, vós que quereis vos tornar sábios; aqui lereis as páginas da eternidade, e o livro da vida estará sempre aberto para vós. Neste lugar de calma e de paz, a voz do Espírito parece melhor se fazer ouvir àquele que quer se instruir; ela toma proporções mágicas e sonoras, e seus acentos penetram mais sobre aquele que ela quer agir.

"Trabalhai com zelo e fervor para a propaganda da ideia nova, nisso vos ajudarei sem cessar, e se a tranquilidade do túmulo amedronta alguns, que saibam que os bons Espíritos são felizes por instruírem por toda a parte.

"Adeus e obrigado! Gostaria de poder comunicar ao mundo inteiro a fé da qual estais cheios! mas, em verdade, eu vo-lo digo, o Espiritismo é a alavanca com a qual Arquimedes levantará o mundo!

"Algumas palavras a vós, meu irmão, particularmente, uma vez que a ocasião disso se apresenta. Dizei à minha irmã para sempre amar os deveres impostos por Deus, tão pesados que sejam esses deveres; dizei-lhe para amar nossa mãe e me substituir junto dela; dizei-lhe para velar sobre minha filha, de sorrir ao céu e de encontrar os perfumes em cada flor da terra... Avós, meu irmão, aperto as duas mãos.

"GEORGES."

Daí ressalta um duplo ensino. Poder-se-ia admirar-se de que um Espírito, tão vizinho da época da morte, haja podido se exprimir com tanta lucidez, mas deve-se lembrar que o Sr. Sanson foi evocado na câmara mortuária, antes da retirada do corpo, e que deu, nesse momento, a bela comunicação que se pôde ver na Revista. Sua perturbação não havia durado senão algumas horas, e sabe-se, aliás, que o desligamento é rápido nos Espíritos avançados moralmente.

De um outro lado, por que o Sr. Vézy desceu à sepultura? Havia nisso utilidade ou era isso uma simples encenação? Afastemos primeiro este último motivo, porque os Espíritas sérios agem seriamente e religiosamente, e não fazem exibição; em semelhante momento, teria sido uma profanação. A utilidade, seguramente, não era absoluta; é preciso nisso ver um testemunho mais especial de simpatia, em razão mesmo de que o defunto estava na fossa comum. Sabe-se, aliás, que o acesso a essas valas é mais fácil do que os das covas particulares, cuja entrada é estreita, e o Sr. Vézy encontrava-se ali mais comodamente para escrever.

Isso poderia ter, no entanto, sua razão de ser, de um outro ponto de vista que, provavelmente, não veio ao pensamento do Sr. Vézy. Sabe-se que a evocação facilita o desligamento do Espírito, e pode abreviar a duração da perturbação. Sabe-se igualmente que os laços que unem o Espírito ao corpo não são sempre inteiramente quebrados logo depois da morte. Disso eis um notável exemplo:

Um jovem havia perecido acidentalmente de maneira muito infeliz. Sua vida havia sido a de muitos jovens ricos, desocupados, quer dizer, muito material. Comunicou-se espontaneamente a um médium de nosso conhecimento, que o conhecera quando vivo, pedindo que fosse lá evocá-lo e orar sobre seu túmulo para ajudar a romper os laços que o retinham ao seu corpo, do qual não podia chegar a se desembaraçar. Evidentemente, deve haver nesse caso uma ação magnética facilitada pela proximidade do corpo, e aí está, talvez, uma das causas que levam instintivamente os amigos dos defuntos a irem .orar no lugar onde seu corpo repousa.

Enviado por: "Joel Silva"

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Cientistas dizem que a mente não está confinada no cérebro, nem mesmo no corpo

Cientistas dizem que a mente não está confinada no cérebro, nem mesmo no corpo


Olivia Goldhill
Tradução: Alice de Araujo N. Pereira*

Talvez hoje você se pergunte, em algum momento do dia, o que está se passando na cabeça de outra pessoa. Você pode elogiar alguém por ter uma mente brilhante, ou dizer que alguém está com a cabeça fora do lugar. Você também pode tentar abrir ou libertar sua mente.

Porém, o que é a mente? Definir esse conceito não é uma tarefa simples. A mente é onde se está a consciência, a essência do seu ser. Sem uma mente, você não pode se considerar vivo de maneira significativa. Então, o que exatamente ela é e onde, precisamente, ela se encontra?

Tradicionalmente, os cientistas vêm tentando definir a mente como o produto da atividade cerebral. O cérebro é a substância física, e a mente é o produto consciente dos neurônios ativos de acordo com o argumento clássico. No entanto, as evidências mostram que a mente vai além do funcionamento físico do cérebro.

Sem dúvida, o cérebro desempenha um papel extremamente importante. Mas nossa mente não pode estar confinada dentro do nosso crânio ou mesmo de nosso corpo, de acordo com uma definição proposta primeiramente por Dan Siegel, um professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia e também autor de um livro publicado recentemente chamado, Mind: A journey to the Heart of being Human (Mente: uma jornada ao coração do ser humano, ainda sem tradução no Brasil).

Ele primeiro concebeu tal definição mais de duas décadas atrás em uma reunião de 40 cientistas de diferentes disciplinas, incluindo neurocientistas, físicos, sociólogos e antropólogos. O objetivo era chegar a um entendimento sobre a mente que traria consenso e satisfizesse aqueles que discutiam a questão nesses campos.

Depois de muita discussão, eles decidiram que um componente chave da mente é “o processo de auto-organização emergente, tanto corporal e relacional, que regula energia e fluxo de informação dentro e entre nós.” Não é fácil reproduzir esse conceito. Mas é interessante, e tem implicações significativas.

O elemento mais imediatamente chocante dessa definição é que nossa mente se estende para além do nosso “eu” físico. Em outras palavras, nossa mente não é simplesmente nossa percepção das experiências, mas as experiências em si. Siegel argumenta que é impossível desligar completamente nossa visão subjetiva do mundo das nossas interações.

“Eu percebi que se alguém me pedisse para definir o litoral, mas insistisse que era a água ou a areia, eu teria que dizer que o litoral é tanto a areia quanto o mar”, diz Siegel. “Você não pode limitar o nosso entendimento da costa insistindo que é um ou outro. Eu comecei a pensar que talvez a mente seja como a costa – um processo em parte interior e exterior. A vida mental para um antropólogo ou sociólogo é profundamente social. Seus pensamentos, sentimentos, memórias, atenção, o que você experimenta nesse mundo subjetivo é parte da mente.”

Essa definição tem sido desde então apoiada por pesquisas nas diversas ciências, mas muito da ideia original veio da matemática. Siegel percebeu que a mente vai ao encontro da definição matemática para sistemas complexos, no sentido que é aberta (pode influenciar coisas fora de si), caótica (o que significa simplesmente que é aleatoriamente distribuída), e não-linear (o que significa que um pequeno input leva a um resultado amplo e difícil de prever).

Na matemática, os sistemas complexos são auto-organizados, e Siegel acredita que essa ideia seja a base da saúde mental. Pegando conceitos emprestados da matemática novamente, a auto-organização otimizada é: flexível, adaptável, coerente, enérgica e estável. Isso significa que sem a auto-organização otimizada você chegará ao caos ou a rigidez – uma noção que, segundo Siegel, se encaixa na variedade de sintomas de distúrbios mentais.

Finalmente, auto-organização exige ligar ideias diferenciadas ou, essencialmente, integração. E Siegel diz que a integração – seja no cérebro ou na sociedade – é a base de uma mente saudável.

Siegel diz que ele escreveu seu livro agora porque vê tanta infelicidade na sociedade, e ele acredita que isso é parcialmente causado por como nós percebemos nossas próprias mentes. Ele conta sobre fazer uma pesquisa na Namíbia, onde as pessoas com quem ele conversou atribuíram sua felicidade à sensação de pertencimento.

Em outras palavras, até a percepção de nossas mentes simplesmente como produto do nosso cérebro ao invés das relações pode nos fazer sentir mais isolados. E apreciar os benefícios das interações, você simplesmente tem que abrir sua mente.

* Alice de Araujo N. Pereira é Professora de Inglês do Instituto Federal Fluminense e Doutoranda em Literatura Comparada na UFF.

Notícia publicada no Quartz, em 24 de dezembro de 2016.


André Henrique de Siqueira** comenta

O que é a mente? O que é o espírito? O que é a alma?

Comentando a publicação do livro Mind: A journey to the Heart of Being Human (Mente: Uma jornada ao coração do Ser Humano), a jornalista Olivia Goldhill analisa a natureza da mente e apresenta as ideias do professor de psiquiatria da escola de medicina da UCLA, Dan Siegel, de que a mente está para além dos fenômenos físicos produzidos pelos neurônios dentro de nosso cérebro.

O artigo suscita uma série de perguntas oportunas: o que é mente? o que é a alma? o que é o espirito?

Neste texto trataremos da visão espírita das questões ao mesmo tempo em que apreciamos o comentário de Olívia Godghill sobre o o livro de Dan Siegel sobre a mente.


1. O que é a mente?

"É a base da consciência, a essência de nosso ser." - resposta apresentada pela jornalista Goldhill como uma das tentativas da ciência tradicional para definir a mente como o resultado da atividade física cerebral. A mente seria um epifenômeno - o subproduto acidental de um fenômeno essencial. A mente é um efeito, não uma causa. A mente é um efeito colateral do funcionamento cerebral. "O cérebro é a substância física, e a mente é o produto consciente das descargas dos neurônios."

Mas a jornalista prossegue afirmando que novas evidências estão surgindo para mostrar que a mente vai muito além do trabalho físico do cérebro...

"Sem dúvida, o cérebro desempenha um papel importante. Mas nossa mente não pode ser confinada para o que está dentro de nosso crânio, ou mesmo em nosso corpo, segundo a definição apresentada pelo Dr. Dan Siegel."

O novo conceito da mente, apresentado por Siegel, caracteriza-a como "um processo de auto-organização que envolve relacionamento e experiência corporal e que regula o fluxo de energia e informação dentro e em torno de nós".

A mente está além dos limites do corpo. O argumento de Siegel é o de que a mente atende âs características da definição matemática de sistemas complexos de abertura (pode influenciar coisas fora do sistema aberto); caos (aleatoriamente distribuída) e não-linear (um pequeno estímulo pode levar a um resultado amplo e de difícil previsibilidade). A proposta do Dr. Siegel é aplicar o novo conceito da mente para analisar a saúde mental com base nas características dos sistemas matemáticos complexos.


2. Definições de alma analisadas por Allan Kardec

Na segunda parte da introdução de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec enfatiza a importância de um claro entendimento sobre a palavra alma. Este vocábulo tem sido utilizado com diferentes significados. Para alguns a alma é o princípio da vida orgânica; para outros a alma é o princípio da inteligência, um agente universal do qual cada indivíduo retira sua parte; por fim há os que entendem a alma como um ser moral distinto, uma individualidade independente da matéria e que sobrevive à morte do corpo. Kardec faz uma escolha linguística e define que naquela obra o uso da palavra alma será específico: "chamamos ALMA ao ser imaterial e individual que em no´s reside e sobrevive ao corpo".

O conceito de alma (psiqué em grego) foi substituído pelo de mente para definir um marco materialista na psicologia (estudo da alma) sem alma. O behaviorismo - escola de psicologia que tornou-se famosa entre 1920 e 1950 como o fundamento científico da psicologia - pretendeu aplicar o método da observação empírica e a medição como instrumentos do estudo da psiquê através da análise de processos de estímulo de resposta. A chamada psicologia experimental comportamentalista almejava a substituição de ideias por comportamentos como objetos de estudo e aplicava as teorias associacionistas para relacionar comportamentos complexos a uma sequencia lógica de condicionamentos e reforços. O surgimento da teoria da identidade, a qual afirma que os estados físicos e mentais são idênticos - a um estado mental corresponde uma determinada disposição cerebral especifica, deu prosseguimento ao ideal behaviorista. Posteriormente, o funcionalismo e a Teoria Computacional da Mente completaram o conjunto dos conceitos de origem behavioristas.

O ideal contemporâneo de criar inteligência artificial parte do pressuposto de que a alma é um sistema lógico de associações que pode ser construído por sequências de estímulo e respostas. A definição lógica de uma máquina de estados discretos que pode transformar um conjunto de estímulos em um conjunto de resultados foi a base para o conceito moderno de computador - conforme foi proposto por Allan Turing - permitiu a idealização de uma máquina pensante, uma inteligência artificial analisada em detalhes por Norbert Wiener em seu texto Cibernética como a aplicação de uma teoria da informação para a construção de máquinas autodirecionadas. Por trás das concepções de Wiener estava um modelo behaviorista de inteligência. O desenvolvimento do modelo computacional permitiu a separação conceitual entre hardware (a parte física da máquina) e o software (a parte lógica do programa computacional) e influenciou a relação entre o cérebro (máquina biológica) e a mente (os estados mentais abstratos).

A preocupação de Kardec parece válida até os dias atuais. Agora que a ciência tradicional pretendeu excluir o conceito de alma, o problema de definir o que seja a mente está em aberto e ainda se busca uma definição clara do conceito referido por este vocábulo. Afinal, o que é a mente?

A ideia de que a mente é a base da consciência tem levado a suposições pouco tradicionais, uma vez que a ideia da consciência começa a ser considerada uma propriedade do Universo.


3. Sobre a natureza do espírito

A abordagem da consciência como elemento primordial do Universo suscita uma reflexão sobre o conceito de espírito analisado por Allan Kardec em 1857, quando interroga sobre "O que é o espírito?" e recebe das entidades espirituais a resposta abrangente de que o espírito é "O princípio inteligente do Universo". E acrescentam que a natureza íntima do espírito é de difícil análise para a linguagem humana, mas informam que a inteligência é um atributo essencial que se confunde no princípio comum de modo que parecem a mesma coisa para a percepção humana, que não tem uma organização apta a perceber o espírito sem que esteja manifestado através da matéria.


4. Distinguindo conceitos

Para fins de esclarecimento linguístico é oportuno fazer algumas distinções sobre alguns termos.

O primeiro deles é a palavra "espírito" - grafada com inicial minúscula. A palavra refere-se ao "princípio da inteligência, abstracão feita das individualidades que por esse nome se designam" - como define Allan Kardec. (questão 25a, em O Livro dos Espíritos.)

Por outro lado, por Espírito (com inicial maiúscula) refere-se a outro conceito. No item 76, de O Livro dos Espíritos, encontramos:

76. Que definicão se pode dar dos Espíritos? “Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, fora do mundo material.” NOTA - A palavra Espírito é empregada aqui para designar as individualidades dos seres extracorpóreos e não mais o elemento inteligente do Universo.

Por alma, entende-se um Espírito encarnado, mas sendo aquele elemento imaterial que existe e responde pela individualidade do ser.

Por fim, a mente. A mente será entendida como "o campo de nossa consciência desperta, na faixa evolutiva em que o conhecimento adquirido nos permite operar" - na maravilhosa definição de Emmanuel, em Pensamento e Vida. Ela é a manifestação energética da alma através dos recursos físicos disponíveis. Estruturada sobre a matéria física ou sobre os campos energéticos espirituais que lhe oferecem os elementos específicos de manifestação. (vide André Luiz, em Mecanismos da Mediunidade.)


5. Conclusões

Natural concluir portanto que a mente não está circunscrita ao cérebro, embora encontre nele as estruturas de sua manifestação. O Espírito imortal que nos define como individualidade é o resultado da individualização do princípio inteligente, que imerso na carne caracteriza a alma imaterial que expressa-se na matéria e fora dela pelos recursos energéticos da mente.

À guisa de conclusão, consideremos as palavras de Emmanuel no texto de Pensamento e Vida (já referenciado):

Ninguém pode ultrapassar de improviso os recursos da própria mente, muito além do círculo de trabalho em que estagia; contudo, assinalamos, todos nós, os reflexos uns dos outros, dentro da nossa relativa capacidade de assimilação. Ninguém permanece fora do movimento de permuta incessante. Respiramos no mundo das imagens que projetamos e recebemos. Por elas, estacionamos sob a fascinação dos elementos que provisoriamente nos escravizam e, através delas, incorporamos o influxo renovador dos poderes que nos induzem à purificação e ao progresso. O reflexo mental mora no alicerce da vida. Refletem-se as criaturas, reciprocamente, na Criação que reflete os objetivos do Criador.

** André Henrique de Siqueira é bacharel em ciência da computação, professor e espírita.

Encontro em São Paulo - Tema central: "Conhece-te a ti mesmo"

Encontro em São Paulo


Acontecerá nos dias 25 e 26 de fevereiro de 2017, das 8h às 17h na sede da Federação Espírita do Estado de São Paulo (FEESP), o 17º Encontro de Educadores e Pais.

O tema central é "Conhece-te a ti mesmo". Na programação, palestras, oficinas voltadas também a jovens e crianças e encerramento com o filme "O Começo da Vida". O evento é promovido pela área de infância, juventude e mocidade da FEESP.

A sede da FEESP fica na Rua Maria Paula, 140 - Bela Vista, São Paulo/SP. Mais informações em www.feesp.com.br ou pelo telefone (11) 3115-5544.

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão - CONCLUSÃO - A026 – Cap. 10 – Programação redentora – Primeira Parte


Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco


A026 – Cap. 10 – Programação redentora – Primeira Parte
 
CONCLUSÃO


1.     Por que os médiuns não recordavam plenamente dos sonhos enquanto vivências de trabalho no mundo espiritual?
Embora os médiuns tivessem conhecimento do que acontecia com Teofrastus durante o sono e toda a assistência prestada a família, não recordavam plenamente dos sonhos, permanecendo vagas impressões.
A recordação detalhada dos acontecimentos do mundo espiritual poderia desviar a atenção das obrigações da vida corporal. O esquecimento parcial ou mesmo total representava uma providência divina.
2.     Que tipo de temores Teofrastus teve diante da ideia de renunciar a organização que pertencia no umbral?
Teofrastus pertencia a uma organização destinada a vingança e ocupava uma posição de liderança, mas também era comandado e poderia ser perseguido se descumprisse as ordens que recebia, sendo levado a uma prisão na “cidade da flagelação”.
Além disso, Teofrastus sabe da necessidade de resgate de seus débitos, mas é orientado pelo irmão Glaucus a não adiar seu reajustamento e confiar em Deus.
3.     Qual seria o planejamento de reencarnação para Teofrastus?
Teofastrus não poderá ter Henriette-Marie como sua esposa, mas deverá reencarnar como seu filho.
4.     Como entender a “lepra” que Ana Maria (Henriette-Marie) apresentava?
A lepra era resultado das constantes vibrações viciosas que lhe eram transmitidas pelo Espírito obsessor que a hipnotizava. Com o afastamento deste Espírito, Ana Maria iria se restabeler a lepra (atualmente chamada de Hanseníase) seria dissipada.

Um abraço a todos!
                                                                                                                                                         Equipe Manoel Philomeno

Dica Legal - CVV PROMOVERÁ CURSOS PARA SELEÇÃO DE NOVOS VOLUNTÁRIOS

CVV PROMOVERÁ CURSOS PARA SELEÇÃO DE NOVOS VOLUNTÁRIOS


O Centro de Valorização da Vida (CVV) abriu inscrições para quem quer ser voluntário no trabalho de apoio emocional e prevenção do suicídio que realiza em todo o país. O chamado CSV (Curso de Seleção de Voluntários) acontecerá em cidades de diferentes Estados, dentre as quais São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia (GO), Curitiba e Caxias do Sul. O CSV dura, geralmente, um dia, estando programados alguns para ocorrer em fevereiro mesmo e outros em março. Mais detalhes, inclusive sobre inscrições, na página http://cvv.org.br/seja-voluntario-cursos.php.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Você sabia?!


Artigo: Medo de errar?! Por quê?

Medo de errar?! Por quê?

Por Cristiane Maria Lenzi
Fonte: Jornal Mundo Espírita
          
Desde quando a sociedade humana vem propagando o medo diante dos erros cometidos? Difícil dizer… O próprio conceito de pecado vem sendo disseminado há tempos, irrefletidamente, como comportamento feio, praticado por pessoas más. Por causa disso, fazemos o possível para não sermos pegos pecando, nem que precisemos esconder ou atribuir nossos erros a outros.
O pecado nos leva ao inferno. Acreditamos nisso desde há muitas vidas. Mas seriam realmente nossos erros que nos aprisionariam a estados infernais de dor e sofrimento? Ou seria a forma como lidamos com os erros que nos costuma paralisar em torturas emocionais?
A Doutrina Espírita nos ensina que:
(…) Os sofrimentos que decorrem do pecado são-lhe [ao ser humano] uma advertência de que procedeu mal. Dão-lhe experiência, fazem-lhe sentir a diferença existente entre o bem e o mal e a necessidade de se melhorar para, de futuro, evitar o que lhe originou uma fonte de amarguras; sem o que, motivo não haveria para que se emendasse. Confiante na impunidade, retardaria seu avanço e, consequentemente, a sua felicidade futura.1
Allan Kardec, então, nos ofereceu a oportunidade de ampliar a consciência a respeito dos erros cometidos, compreendendo que:
- o erro faz parte do processo de evolução espiritual, a partir do momento em que o ser humano passa a utilizar o livre-arbítrio;
- o erro gera situações incômodas como forma de advertência a respeito dos caminhos a serem evitados;
- o erro promove crescimento ao oferecer oportunidade de nos responsabilizarmos pelas suas consequências.
Dessa forma, quando nos depararmos com afirmações populares como: Errou?! Agora sofra!, limitando todo um processo pedagógico em apenas duas fases: errar e ser punido, devemos nos vigiar para mantermos nossa consciência mais ampla do que esse atavismo propõe.
Isso porque, ao focarmos nossa atenção apenas nessas duas etapas: errar e sofrer, descartamos outra parte do processo de aprendizagem espiritual, ainda mais importante: a experiência em si!
Não é difícil constatarmos que, ao polarizarmos nossa atenção somente no resultado: certo ou errado; bem ou mal; deixamos de notar o que aprendemos durante a experiência vivenciada: o que sentimos; o que observamos; o que concluímos; independentemente do final atingido. Ou seja, mais interessante do que a linha de chegada, para o desenvolvimento espiritual, é o caminho percorrido. É durante o trajeto que crescemos, acertando ou errando, sorrindo ou sofrendo.
Por isso muitas vezes dizemos: Por mais que eu tenha sofrido com o erro cometido, também percebo que foi exatamente aquela experiência que me fez crescer e chegar onde estou.
Por isso, talvez, o medo de errar esteja sendo, ao longo de gerações e gerações, supervalorizado. Há tantas pessoas que passam por caminhos equivocados, sem medo e lidando bem com as respectivas responsabilidades. É como se soubessem errar.
Quem sabe as pessoas mais temerosas diante da possibilidade de pecarem sejam aquelas que ainda não aprenderam como errar, nem perceberam a finalidade positiva do erro, caso seja cometido. Elas vêm errando de forma errada!
Parece que pecado, então, não seria o erro em si, mas o processo de errar errado, ou seja, ao invés de aceitarmos o erro (fruto da ignorância) com naturalidade, como mecanismo de reavaliação de curso de vida, corrigindo a rota ou reparando o que for preciso, ficamos estagnados nele, caindo na lamentação e nos sentindo perdedores por havermos errado ou temendo suas consequências infernais.
Certamente Deus não imaginou assim o caminho da evolução, imputando medo aos Seus filhos, para que não pecassem jamais. Faz mais sentido que os Planos Divinos sejam algo do tipo: Filhos, vivam, experimentem, aprendam... pois, pensando nEle como Pai amoroso e perfeito, não parece que nos perguntaria: Filho, você acertou? Ou errou de novo?,  mas que nos proporia uma conversa mais educativa, como: Filho, o que você aprendeu com essa experiência?, independentemente do resultado obtido.
Foco no resultado pode ser bom para a área de negócios, mas no Reino de Deus, aproveitar o caminho e aprender com as experiências, sejam acertadas ou erradas, é que nos aproxima dEle. Mais importante, certamente, do que não errar, é saber errar, é errar certo!
*   *   *
A análise racional do erro e do pecado, do escândalo e do crime cometidos, enseja a consciência da desnecessidade do sofrimento como mecanismo de libertação, oferecendo, em contrapartida, a ação benfazeja, dignificadora, que levanta a vítima e apazigua o algoz, que reorganiza os valores desrespeitados e equilibra o grupo social, facultando bem-estar naquele que temia e agora ama, que se atormentava e ora se acalma.2
 
Referências bibliográficas:
1 KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 119. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. cap. V, item 5.
2 FRANCO, Divaldo Pereira. Triunfo Pessoal. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 8. ed. Salvador: LEAL, 2014. cap. 10.

Você sabia?!


Artigo: As pessoas invisíveis da sociedade

As pessoas invisíveis da sociedade

Por Alessandro Vianna Vieira de Paula 
Fonte: Jornal Mundo Espírita
          
Inegavelmente, a vinda de Jesus à Terra proporcionou uma nova ordem de ideias e sentimentos, apresentando-nos a psicoterapia do amor, que plenifica a criatura humana e dá-lhe novo sentido existencial, merecendo destaque o fato dEle não ter sido apenas um teórico do amor, pois vivenciou esse sentimento de forma intensa e inigualável, a fim de que a lição sublime penetrasse a nossa alma e se constituísse em lição eterna.
Dentro do manancial do amor vivido pelo Cristo, ressalta a convivência com pessoas que estavam esquecidas, desprezadas, marginalizadas, portanto, carentes de atenção e amor.
Naquela sociedade machista, hipócrita e preconceituosa, havia muitas pessoas nessas condições, como as mulheres, as prostitutas, os doentes, os hansenianos, os pobres, os tidos como de má vida, os obsediados, etc.
Jesus, num gesto de sublime amorosidade, as acolheu fraternalmente através de Suas palavras confortadoras e de Suas mãos iluminadas, para que pudessem prosseguir suas vidas mas, a partir daquele inesquecível encontro, seguissem mais fortalecidas e equilibradas.
Como esquecer o encontro de Jesus com Maria Madalena na casa de Simão, o fariseu (Lucas 7:36-50), tendo aquela abandonado a prostituição, tornando-se uma servidora fiel do Evangelho?!
Temos a conversa de Jesus com a mulher samaritana no poço de Jacó, ocasião em que Ele rompe dois preconceitos, pois acolhe uma mulher sem que ela estivesse na presença do marido ou do genitor (machismo impunha essa exigência), e ela era samaritana, portanto, odiada pelos Judeus. (Jo. 4:1-30)
Lembramos, ainda, quando Jesus acolheu o obsediado de Gadara, totalmente esquecido no cemitério da cidade, vindo a cessar a influência espiritual, restituindo a vida àquele sofredor. (Mc. 5:1-20)
Quantos foram os doentes e os leprosos curados por Jesus? Certamente foram muitos e que tiveram suas vidas modificadas a partir da ação amorosa do Cristo.
Anote-se que o assunto em questão foi despertado em mim por conta de uma história narrada recentemente pelo confrade Divaldo Pereira Franco.
Numa palestra, na cidade de Curitiba-PR, durante uma Conferência Estadual,  Divaldo disse que estava na cidade do Cabo, na África do Sul, e no primeiro dia, num hotel, ao entrar no local próprio para tomar o café da manhã, a benfeitora Joanna de Ângelis pediu-lhe que abraçasse um garçom que trabalhava naquele local.
Divaldo se viu diante de um desafio, porque teria que abraçar um desconhecido que era da etnia negra, num país que ainda enfrenta alguns desafios étnicos. Com a amorosidade que lhe é peculiar, ele pede que o funcionário lhe traga leite bem quente e, de improviso, para agradecê-lo, abraça-o efusivamente.
Naturalmente que o garçom estranhou. Mas Divaldo ficaria mais alguns dias na referida cidade e, para abreviar a história, registro que Divaldo abraçou-o mais de uma vez, descobrindo, ao final, que aquele servidor estava com câncer na próstata, com metástase, pensando em se matar. Divaldo acolhe-o amorosamente e o instrui acerca da vida imortal. Ao que consta, o garçom não consumou o suicídio.
Conversei com Divaldo sobre essa história que me impressionou, tendo  me dito que a benfeitora Joanna de Ângelis tem falado muito sobre esses seres invisíveis da sociedade.
Transportando os ensinos de Jesus para a atualidade, perguntamos: Temos em nossa sociedade essas pessoas esquecidas, invisíveis aos olhos comuns? Na qualidade de cristãos, o que temos feitos por esses seres invisíveis da sociedade?
Quantas pessoas passam pela nossa vida ao longo de um dia, sobretudo na via pública, na vida em sociedade, nos ambientes profissionais, sem que notemos suas presenças e carências (econômicas ou emocionais).
Muitos de nós somos absorvidos pela rotina ou pela correria da vida moderna, desperdiçando excelentes oportunidades de servir na vinha do Senhor.
Quantos mendigos, pessoas extremamente pobres, catadores de papelões, moradores de rua, indivíduos alcoolizados ou perturbados mentalmente, seres solitários ou crianças desamparadas já passaram por nós sem serem notados, ajudados ou que pelo menos tivessem recebido a nossa oração mental?
Quantas foram as ocasiões em que estivemos em restaurantes, hotéis, repartições públicas, etc., e sequer sorrimos ou apertamos fraternalmente as mãos dos funcionários que nos atenderam?
Muitas vezes esses seres invisíveis estão mais presentes na nossa vida do que imaginamos. Não notamos por distração, descuido, egoísmo, indiferença.
Às vezes, estão no nosso local de trabalho, há vários anos, carentes de atenção, de uma palavra amiga ou de um abraço.
Aliás, esses seres esquecidos também poderão estar em nosso círculo familiar. Alguns realizam excelentes ações caritativas fora da família mas, em algumas ocasiões, o ser carente está mais próximo de nós do que podemos imaginar.
Quando ajudamos esses seres invisíveis, certamente estamos mobilizando a energia sublime do amor, que tocará ambas as almas, a nossa e a deles, iniciando um vínculo de simpatia, que prosseguirá e se fortalecerá pela eternidade, desde que somos Espíritos imortais rumando para a angelitude.
A recomendação do Cristo acerca da vigilância e oração também se aplica à lição em questão (Mt. 26:41), porque mais vigilantes e conectados com as energias sublimes da vida pela oração não deixaremos de notar esses seres invisíveis, bem como não nos omitiremos nas responsabilidades cristãs de acolher ao próximo, sem nos preocuparmos com os julgamentos alheios.
Dessa forma, conforme recomenda o Apóstolo Paulo: Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele (Cl. 2:6), que possamos andar conectados com o Cristo, fazendo ao outro aquilo que desejamos a nós, espalhando a luz da caridade, que será a base da sociedade regenerada do porvir.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Mural Reflexivo: Noventa segundos


Noventa segundos
Noventa segundos

      

     A neurocientista americana Jill Bolte Taylor teve um derrame em 2008, aos trinta e sete anos.

     Seu cérebro ficou comprometido de tal forma que, quando foi apresentada a uma simples conta de matemática, como um mais um, não sabia o que era o número um.

     Hoje, totalmente recuperada, Jill vem pesquisando o funcionamento do cérebro e das emoções. Oferece palestras e escreveu um livro sobre o que descobriu desde o Acidente Vascular Cerebral até a recuperação.

     Revela que nossas emoções são originadas por descargas químicas na corrente sanguínea. Dessa forma, diante de um estímulo, nosso corpo reage movido por substâncias que permanecem durante um tempo no sangue. Depois, o organismo absorve essas substâncias e volta ao normal.

     A doutora Jill explica que a raiva e outras emoções são respostas programadas que podem ser disparadas automaticamente.

     Diz ela: Uma vez desencadeada, a química liberada por meu cérebro percorre meu corpo e tenho a experiência fisiológica.

     Noventa segundos depois do disparo inicial, o componente químico da raiva dissipou-se completamente do meu sangue e minha resposta automática está encerrada. Se, porém, me mantenho zangada depois desses noventa segundos, é porque escolhi manter o circuito rodando.

     Essa constatação da doutora Jill nos faz refletir. Se as emoções, entre elas a raiva, são reações que podem ocorrer, automaticamente mas, a química que liberam dura apenas noventa segundos em nós, por que, então, nos permitimos sentir raiva por horas, dias, semanas, meses e anos?

     Porque escolhemos continuar sentindo raiva, seria a resposta da pesquisadora.

     Quantas vezes sentimos raiva de alguém ou de alguma situação, por muito tempo?

     Quantas vezes escolhemos continuar alimentando raiva de uma pessoa que nos magoou, ou que simplesmente não atendeu nossas expectativas?

     As causas que disparam a emoção da raiva podem ser muitas, mas o tempo de permanência desse sentimento em nós é uma escolha.

     Quando o Mestre Jesus nos disse para perdoarmos setenta vezes sete vezes, ele nos deu a chave para não sentirmos raiva, para não desejarmos vingança. Porém, nosso orgulho nos domina e, muitas vezes, nos induz a atos dos quais nos arrependeremos num futuro próximo.

     Alimentar a raiva é contaminar-se diariamente e enviar aos que nos rodeiam vibrações carregadas de negatividade.

     Também comprometer nosso organismo, envenenar órgãos nobres, criando possibilidades para o aparecimento de enfermidades.

     Mas, como podemos evitar que sentimentos negativos perdurem em nós?

     Primeiramente, observando a nós mesmos. Por que nos irritamos? Por que nos abalamos tanto com o que os outros fazem e falam?

     Se conseguirmos observar o outro que nos fere e tentar compreender o que o move, talvez possamos perceber um irmão ferido, doente, que sofre e ainda não tem condição de agir de outra forma.

     Não temos controle sobre a forma do nosso próximo agir, mas podemos controlar a forma como nós reagiremos ao que ele nos apresenta.

     Pensemos nisso.

      

      Redação do Momento Espírita, com base no livro  A cientista que curou seu próprio cérebro, de Jill Bolte Taylor, ed. Ediouro.