sábado, 27 de janeiro de 2018

Revista Espírita - janeiro 1858 - Diferentes Naturezas de Manifestações

Diferentes Naturezas de Manifestações

Os Espíritos atestam sua presença de diversas maneiras, conforme sua aptidão, vontade e maior ou menor grau de elevação. Todos os fenômenos, dos quais teremos ocasião de nos ocupar ligam-se, naturalmente, a um ou outro desses modos de comunicação. Para facilitar a compreensão dos fatos, acreditamos, pois, dever abrir a série de nossos artigos pelo quadro das formas de manifestações. Pode-se resumi-las assim:

1o Ação oculta, quando nada têm de ostensivo. Tais, por exemplo, as inspirações ou sugestões de pensamentos, os avisos íntimos, a influência sobre os acontecimentos, etc.

2o Ação patente ou manifestação, quando é apreciável de uma maneira qualquer.

3o Manifestações físicas ou materiais: são as que se traduzem por fenômenos sensíveis, tais como ruídos, movimento e deslocamento de objetos. Essas manifestações frequentemente não trazem nenhum sentido direto; têm por fim somente chamar a atenção para qualquer coisa e de convencer-nos da presença de um poder extra-humano.

4o Manifestações visuais ou aparições, quando o Espírito se mostra sob uma forma qualquer, sem nada possuir das propriedades conhecidas da matéria.

5o Manifestações inteligentes, quando revelam um pensamento. Toda manifestação que comporta um sentido, mesmo quando não passa de simples movimento ou ruído; que acusa certa liberdade de ação; que responde a um pensamento ou obedece a uma vontade, é uma manifestação inteligente. Existem em todos os graus.

6o As comunicações são manifestações inteligentes que têm por objetivo a troca de ideias entre o homem e os Espíritos.

A natureza das comunicações varia conforme o grau de elevação ou de inferioridade, de saber ou de ignorância do Espírito que se manifesta, e segundo a natureza do assunto de que se trata. Podem ser: frívolas, grosseiras, sérias ou instrutivas.

As comunicações frívolas emanam de Espíritos levianos, zombeteiros e travessos, mais maliciosos que maus, e que não ligam nenhuma importância ao que dizem.

As comunicações grosseiras traduzem-se por expressões que chocam o decoro. Procedem somente de Espíritos inferiores ou que se não despojaram ainda de todas as impurezas da matéria.

As comunicações sérias são graves quanto ao assunto e à maneira por que são feitas. A linguagem dos Espíritos superiores é sempre digna e isenta de qualquer trivialidade. Toda comunicação que exclui a frivolidade e a grosseria, e que tenha um fim útil, mesmo de interesse particular, é, por isso mesmo, séria.

As comunicações instrutivas são as comunicações sérias que têm por objetivo principal um ensinamento qualquer, dado pelos Espíritos sobre as ciências, a moral, a filosofia, etc. São mais ou menos profundas e mais ou menos verdadeiras, conforme o grau de elevação e de desmaterialização do Espírito. Para extrair dessas comunicações um proveito real, é preciso sejam elas regulares e seguidas com perseverança. Os Espíritos sérios ligam-se àqueles que querem instruir-se e os secundam, ao passo que deixam aos Espíritos levianos, com suas facécias, a tarefa de divertir os que não veem nessas manifestações senão uma distração passageira. Somente pela regularidade e frequência das comunicações é que se pode apreciar o valor moral e intelectual dos Espíritos com os quais nos entretemos, assim como o grau de confiança que merecem. Se é preciso ter experiência para julgar os homens, mais ainda será necessário para julgar os Espíritos.

(Revista Espírita – Janeiro – 1858)(Fonte: FEB)

Mural reflexivo: Uma ocasião especial

Uma ocasião especial

       Era com muita dor que aquele homem retirava do armário um frasco de perfume francês, com o qual presenteara sua esposa, quando da sua última viagem ao Exterior.
      Isto, disse ele, é uma das coisas que ela estava guardando para uma ocasião especial.
      Bem, acho que agora é a ocasião, falou, demonstrando profunda amargura.
      Segurou o frasco com carinho e o colocou na cama, junto com os demais objetos que havia separado para levar à funerária.
      Olhou consternado para os pertences guardados, fechou a porta do armário, virou-se para os demais familiares que estavam com ele e disse-lhes com voz embargada:
      Nunca guardem nada para uma ocasião especial, já que podemos criar a cada dia uma ocasião muito especial.
      *   *   *
      Independente do valor e do significado dos objetos, muitos de nós temos os nossos guardados para ocasiões especiais.
      São as peças presenteadas por ocasião do casamento, roupas adquiridas para esse fim, salões reservados para essas circunstâncias.
      Alguns de nós chegamos a ficar neuróticos só de pensar em deixar os filhos brincar na sala de visitas, pois temos que preservá-la intacta para uma ocasião especial, para receber visitas especiais, como se eles não o fossem.
      São todas essas coisas que perdem totalmente o valor quando a ocasião especial é a do funeral de um ente querido.
      Um filho que se vai, sem que o tenhamos deixado tomar café naquela xícara rara que herdamos da nossa tataravó.
      O esposo que se despede sem poder contemplar a esposa vestindo a lingerie nova que lhe deu de presente, no último aniversário de casamento.
      No campo dos sentimentos também costumamos fazer as nossas economias para ocasiões especiais.
      É aquela frase mágica que estamos guardando para dizer num dia muito especial...
      Uma declaração de amor que estamos preparando para dizer quando as circunstâncias forem propícias...
      Um gesto de carinho que evitamos hoje, por julgar que a pessoa ainda não está preparada para receber.
      Um pedido de perdão que estamos adiando para um dia que nunca chega...
      A carta a um amigo que não vemos há tempos, pedindo notícias.
      A conversa amistosa com alguém que nos considera um inimigo, a fim de esclarecer dúvidas e resolver pendências, enquanto estamos a caminho, como aconselhou Jesus.
      Enfim, pensemos que cada dia é um dia especial.
      Cada hora é uma hora muito especial...
      Cada segundo, é um tempo especial para se criar uma ocasião perfeita e fazer tudo o que deve ser feito.
      Não vale a pena economizar as coisas boas. É preciso viver intensamente cada fração de tempo que Deus nos permite estar em contato com as pessoas que nos rodeiam.
      *   *   *
      As palavras de carinho que deixamos de dizer...
      As promessas que deixamos de cumprir...
      As flores que deixamos de enviar...
      A mensagem de esperança que não espalhamos...
      De tudo isso poderemos nos arrepender amargamente quando, numa ocasião especial, estivermos partindo deste mundo.

     Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria ignorada


quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Conceitos - Amor - Programa 1


Documentário - Mediunidade de Efeitos Físicos - Daniel Douglas Home, O Médium Voador






A Série Psicológica de Joanna de Ângelis - Módulo 18

AULA 01


AULA 02


AULA 03

Livro em estudo: Grilhões Partido - CONCLUSÃO - B010 – Capítulo 7 – Advertência e Esclarecimento

Livro em estudo: Grilhões Partidos – Editora LEAL - 1974
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

B010 – Capítulo 7 – Advertência e Esclarecimento

CONCLUSÃO

QUESTÕES PARA ESTUDO

1 – Quem era o Dr. Nilton Silva e como ele julgava o Espiritismo?
Dr. Nilton Silva era o médico responsável pela administração do hospital psiquiátrico em que estava internada Ester. Segundo o narrador, era homem judicioso e gentil. Porém, naquele dia em que recebeu as acusações improcedentes do coronel Santamaria estava de mal humor. Relativamente ao Espiritismo, dizia-se ateu e mantinha uma atitude de deboche e ironia para com as religiões. Como em geral acontece com os incrédulos quanto ao Espiritismo, sejam ateus ou dogmáticos, julgava os espíritas por místicos, supersticiosos, ignorantes e finalmente loucos; porém, com toda certeza, nunca se aventurara a estudar os fundamentos da doutrina.

2 – O que Rosângela propunha para o tratamento de Ester?
A enfermeira, conhecedora da problemática das obsessões, observou em Ester não uma enferma psíquica comum, mas sim uma obsessa. Isto é, para além das causas orgânicas da esquizofrenia, Rosângela observou que Ester estava sob o jugo de terrível obsessão. Deste modo, ela tentou inutilmente propor ao casal Santamaria que fizesse, de maneira complementar ao tratamento orgânico, o espiritual em uma digna casa espírita.

3 – Por que encontramos pessoas que julgam o Espiritismo como o Dr. Nilton Silva e o Coronel Santamaria? Que podemos fazer para modificar este julgamento?
Encontramos pessoas como dr. Nilton Silva, ateu, e o Coronel Santamaria, dogmático, devido ao orgulho de Academia, de que somente sua Ciência basta, e religioso, de que somente sua religião tem a chave da salvação. No fundo, há ignorância quanto aos fundamentos e aos objetivos do Espiritismo; como se recusam a estudá-lo, esta ignorância nunca é vencida, e então não saem de suas posições radicalistas.
O caminho para tentar mudar este preconceito é conversar, expor os fundamentos espíritas, com inteligência e seriedade, a todos aqueles que se permitirem ouvir; e também ser o exemplo vivo da mensagem que pretende revelar.
Pessoalmente, tenho alguma vivência com pessoas semelhantes ao Coronel Santamaria! Isto é, por conhecerem a doutrina pela palavra alheia, sem o mínimo discernimento, demonizavam o Espiritismo. No entanto, a partir do diálogo fraterno e sempre espontâneo, a visão se transformava. Certamente, muitas não se tornam espíritas, porém todas passam a compreender que a mensagem espírita reafirma o cristianismo, que bebe da mesma fonte dos demais cristãos, o Evangelho! Ao mesmo tempo, se sensibilizam para os fundamentos doutrinários: reencarnação, mediunidade, Lei de Causa e Efeito, pluralidade de mundos habitados, etc.


Equipe Manoel Philomeno

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Livro em estudo: Grilhões Partidos - B010 – Capítulo 7 – Advertência e Esclarecimento

Livro em estudo: Grilhões Partidos – Editora LEAL - 1974
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

B010 – Capítulo 7 – Advertência e Esclarecimento

Capítulo 7
Advertência e Esclarecimento

Pergunta: 459. “Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?»
Resposta: “Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que de ordinário são eles que vos dirigem.”
Pergunta: 465. “Com que fim os Espíritos imperfeitos nos induzem ao mal?»
Resposta: “Para que sofrais como eles sofrem.”
O LIVRO DOS ESPÍRITOS” — Parte 2ª — Capítulo 9º.
A entrevista mantida pelo Coronel Santamaria com o diretor da Casa de Saúde deixara no esculápio as vibrações da cóleramal contida. Incontinente, Rosângela foi convidada à Administração e compreendeu que chegava o instante decisivo para a sua fé
O psiquiatra não se deu à gentileza de mandá-la sentar-se. Olhando-a com rispidez, ardil de que se utiliza a fraqueza para disfarçar a falta de valor, foi incisivo:
— O Coronel Constâncio Santamaria acaba de deixar este gabinete, após apresentar grave acusação ao seu comportamento.
A moça estava lívida, não obstante, serena.
O chefe, levantando-se, enfrentou-lhe o olhar tranqüilo e prosseguiu, fuzilante:
- Como se atreve transformar esta Casa num deplorável sítio de práticas ignominiosas, nigromânticas?
— Deve haver um engano, doutor. — Retrucou, surpresa.
— Não me interrompa. — Revidou, colérico. — Não esqueça sua função e resttinja-se a ela. Aliás, você aqui se encontra em período experimental e a sua falta é condição para despedi-la, pura e simplesmente.
— Solícito melhores esclarecimentos. — Justificou a auxiliar.
— A senhorita é acusada de práticas de magia ao lado de uma paciente, a filha do Sr. Coronel. Que tem a dizer?
— Que a informação é falsa e a acusação, portanto, injusta.
Rosângela estava socorrida pela inspiração de que se fazia credora, ante a trama nefasta da sordidez humana e da ardilosidade dos comparsas do mal, desencarnados.
— Então, deseja dizer que o Coronel está mentindo? Ë louca?
— Em absoluto, não digo isto. Assevero que jamais me afeiçoei a qualquer prática desabonadora à minha dignidade, muito menos em relação a magias, que desconheço inteiramente.
— No entanto, é metida em Espiritismo, filiada a esse círculo de loucos desnaturados?
— O dr. está equivocado. Sou espiritista, sim, aliás, com imensa honra, o que é perfeitamente permitido pelas leis do país, constituindo uma admirável filosofia de vida e religião consoladora. Quanto à alegação de que o Espiritismo e um circulo de loucos”, desejava indagar ao senhor diretor qual a religião que professam os internados nesta Casa? Não me consta que a jovem Ester jamais houvesse freqüentado uma Casa Espírita, o que, talvez, se ocorresse, lhe teria evitado a tragédia em que sucumbe, a pouco e pouco.
— Além de desequilibrada é atrevida!
— Desculpe, doutor. Sou convicta da fé que esposo e minha conduta é irrepreensível. Se os meus serviços não servem a este Nosocômio, não há porque transformá-los em problema; porém, não me cabe silenciar diante da acusação improcedente. Confio em Deus e sei que o senhor é portador de excelentes dotes do sentimento, do caráter, da razão.
Havia nobreza e coragem nas afirmações da jovem. Colhido de surpresa pela argumentação da auxiliar, o diretor administrativo sentou-se, desenovelando-se dos fluídos mefíticos que lhe obliteravam o discernimento e asserenou-se.
O doutor Nilton Silva era homem judicioso. Dedicado à direcão da Casa, não se transformara num mercador da saúde. Possuía sempre um recurso para dispensar aos enfermos e descobria uma “vaga” para os casos de emergência. Aplicava a psicoterapia do sorriso e do bom-humor, fazendo-se amar por todos: funcionários, serviçais, colegas, enfermeiros...
Naquela manhã, no entanto, atritara no lar, experimentando singular aborrecimento, que aumentara com a visita do Coronel Santa-maria: sua primeira entrevista do dia.
Não era religioso, e isso exibia com orgulho. No entanto, erá cortês, gentil homem. Fora vítima do cerco das Entidades infelizes que se compraziam na cobrança à família do Coronel e se desforçavam em Ester.
Não era a primeira vez, como de fácil entendimento, estando ele em função relevante. O mesmo ocorria a outros colegas que nem sempre suportavam as constrições, sucumbindo, desastrosamente.
Olhou, então a moçoila frágil à sua frente, dependente do trabalho honrado, que conseguira fazer-se estimar em pouco tempo por quantos privavam da sua companhia. Como a desculpar-se, esclareceu:
— O Coronel proíbe-a de acercar-se da filha. Quer dar-me a sua versão do caso?
— Serei sucinta — esclareceu, Rosângela. — Afeiçoei-me a Ester desde que a vi. Aliás, dedico-me ao trabalho com carinho e sou partidária da teoria de que o amor muito consegue, quando falham outros recursos. Após observá-la, demoradamente, considerando as lições do Espiritismo, no capítulo das obsessões, resolvi, com permissão do doutor Gilvan de Albuquerque, o meu benfeitor, do senhor conhecido, solicitar uma entrevista ao senhor Coronel, dando-lhe minhas desvaliosas, porém honestas impressões sobre o problema psíquico da filha. Sequer não me ouviu, impedindo-me, de certo modo, concluir o desejo de sugerir-lhe a terapêutica espírita, simultaneamente à que vem sendo tentada neste respeitável Frenocômio.
— E qual seria? — Interrompeu-a, algo zombeteiro.
— Freqüência, dele e da senhora, a uma Sociedade Espírita, ajudando a filha com orações, e, a posteriori, com labores desobsessivos.
— E crê, você, realmente, em orações, em “labores desobsessivos”? — Rosnou, sorrindo, largamente.
— Sem dúvida. — Anuiu, imperturbável — Não apenas creio, como sou testemunha dos seus resultados surpreendentes.
— Junto a nevropatas — arengou, perspicaz, escarnecedor, — sugestionados, “místicos”!?
— Não somente com esses — refutou, gentil — muitos dos quais nada houveram conseguido em tratamentos longos, quão inócuos, porqüanto a sua enfermidade não procedia exclusivamente da psiquê, mas do Espírito, doente em si mesmo, quando não perturbado por outros Espíritos... Outros pacientes, desenganados, portadores de diagnose depressiva, esquizofrênica, recuperaram a lucidez, ante os meus olhos, por serem, realmente, obsessos em trânsito provacional.
— Minha jovem, não esqueça que sou ateu e psiquiatra —arremeteu, finalista. — Linda ilusão, essa, porém irracional, improvável. Como provar?
— Mui facilmente — contestou, confiante — freqüentando as boas Casas Espíritas..
— E as há de má qualidade? — interceptou-a.
- Sim — confirmou —, como os maus médicos, os incompetentes, os aventureiros, os maus servidores que estão em todo lugar; assim como as péssimas Organizações que triunfam em muita parte, porqüanto, onde predomina o homem, aí se fazem presentes as suas manifestações morais, poucas vezes salutares.
— Mas, se não creio em Deus e considero toda essa gente uns psicopatas perigosos?
— Não crer em Deus é mau para o Sr., uma vez que não aceita uma realidade, tal não lhe modifica a estrutura... Quanto à consideração final, se não me engano, até há pouco os partidários da “Escola fisiológica” agrediam rudemente os profitentes da “psicológica”... Não vão longe os dias em que Pasteur, Broca, Hughlings Jackson e outros eram tidos por loucos, inclusive o eminente Pinel... Sábios e cientistas de todas as épocas não se puderam libertar da alcunha, pois é muito mais fácil atacar o que se ignora do que estudá-lo, azucrinar os trabalhadores, do que fazer-lhes as tarefas, perseguir os idealistas, do que erguer-se do comodismo, a fim de ultrapassá-los... Não, o doutor, com sua licença, não está bem informado. As caóticas opiniões que lhe chegaram são defeituosas, resultado do preconceito e da má-vontade. Com a permissão do dr. Gilvan, estou autorizada a franquear-lhe aquele lar para observações...
— Muito obrigado, sou-lhe reconhecido. Estou satisfeito com o meu modo de encarar a vida e os fatos. Encerremos esta entrevista que se alonga. Por favor, reserve suas opiniões para si mesma, e não se aproxime da jovem Ester. Não é boa medida?
— Perfeitamente, doutor. Posso retirar-me?
— À vontade.
Rosângela afastou-se e o médico-diretor, surpreso com o que ouvira, mergulhou em graves meditações. Afinal, eram lógicas as palavras da jovem e pontificadas por muita vivacidade. Dava a impressão de possuir cultura.
As forças do Bem venciam o tentame e o rio da misericórdia divina conduzia o seu curso na direção da subjugada.

QUESTÕES PARA ESTUDO

1 – Quem era o Dr. Nilton Silva e como ele julgava o Espiritismo?

2 – O que Rosângela propunha para o tratamento de Estert?

3 – Por que encontramos pessoas que julgam o Espiritismo como o Dr. Nilton Silva e o Coronel Santamaria? Que podemos fazer para modificar este julgamento?

Bom estudo a todos!!

Equipe Manoel Philomeno

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Você sabia?!


Arara da felicidade - É mostra de sabedoria...


Você sabia?!


Crie a história e desenvolva o tema.


Arara da felicidade - Não desperdice forças com...


Você sabia?!


Crie a história - desenvolva o tema


Arara da felicidade - Conceber bem a vida é...


Você sabia?!










segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Felicidade & Ciência

João Eduardo Ornelas



A ciência médica busca meios de medir o nível de felicidade nas pessoas, uma vez que tal índice interfere no estado de saúde. Estudos mostram que pessoas felizes adoecem menos, trabalham melhor, vivem mais e têm relacionamentos mais sólidos e saudáveis. Por tudo isso, um maior conhecimento sobre o tema permitirá o direcionamento de medidas mais eficientes que possam, inclusive, refletir no nível da saúde pública das populações.

Em alguns países, a felicidade é assunto de governo, como no Butão, pequeno país da Ásia, onde se analisa o índice de felicidade interna bruta (FIB), em vez do índice do Produto Interno Bruto (PIB).

Uma das formas de mensurar o índice de felicidade no ser humano é verificar o nível do cortisol no organismo. O cortisol é um hormônio da família dos esteroides, produzido pela glândula suprarrenal, envolvido na resposta ao estresse. Pessoas consideradas felizes tendem a ter menos 35% de cortisol no organismo, que, por outro lado, são encontrados em abundância em pessoas estressadas. Ora, estresse exagerado causa infelicidade e doenças. Ter alto índice de cortisol no organismo mostra que a pessoa não está sabendo lidar com as emoções e está vivendo sob pressão. O hormônio não encontra desaguadouro e fica acumulado no organismo, causando infelicidade e enfermidades. Aquele que tem baixo nível de cortisol no corpo demonstra que sabe lidar com situações estressantes de forma construtiva.

Outro processo que ajuda a mensurar o grau de felicidade do indivíduo é o mapeamento do funcionamento no cérebro através de exames de neuroimagens. Descobriu-se que as pessoas felizes têm maior atividade na parte conhecida como lobo temporal esquerdo, ou córtex pré-frontal, a mesma área responsável pelo aprendizado. A maior atividade nesta área do cérebro produz mais serenidade e cria uma maior capacidade de superar emoções negativas, ou seja, uma possibilidade maior de felicidade.

Estudos com crianças recém-nascidas mostraram que aquelas que utilizam mais o lobo frontal esquerdo choram bem menos quando afastadas de suas mães. Dessa forma, os estudiosos concluíram que a felicidade tem um componente genético, quer dizer, algumas pessoas seriam naturalmente propensas à felicidade, uma vez que as crianças estudadas, por serem recém-nascidas, não tiveram como treinar o uso do cérebro nem analisar situações; logo, nasceram assim.

Em 1998 um estudo na Universidade de Minnesota concluiu que 50% da felicidade é determinada pela genética, o que levou, a princípio, a se pensar que seria inútil alguém tentar ser mais feliz. (Época, 2006)

Mas, analisemos: Deus seria justo e bom se criasse seres propensos à felicidade desde o nascimento e outros condenados a serem infelizes?  Não estaria Ele sendo parcial e, portanto, jogando por terra Seu senso de justiça e bondade? O que a Doutrina Espírita pode esclarecer a respeito?

O esclarecimento repousa na tese da reencarnação. O ser, ao reencarnar, atua diretamente na formação do corpo que lhe servirá de veículo, imprimindo nele suas tendências, suas características e necessidades…

O Espírito dispõe sempre das faculdades que lhe são próprias. Ora, não são os órgãos que dão as faculdades, e, sim, as faculdades que impulsionam o desenvolvimento dos órgãos. (O livro dos Espíritos, Allan Kardec, q. 205).

Portanto, se alguém nasce com a tipologia da felicidade mostrada pelo mapeamento cerebral, quer dizer que foi o Espírito quem forjou aquele cérebro condizente com sua condição evolutiva ou suas características comportamentais. O Espírito feliz produzirá um organismo condizente com essa condição e, assim, o novo corpo, desde o nascimento, mostrará essa tendência, e, possivelmente, apresentará maior atividade no lobo frontal esquerdo, características de pessoas felizes. Por outro lado, o Espírito triste e deprimido tenderá a, desde cedo, apresentar no corpo a condição própria a esses quadros, ou seja, ser possivelmente portador de depressão endógena. Pode-se dizer que são depressivos de nascença, ou felizes de nascença, conforme o caso, mas tal se dá pela atuação do Espírito imprimindo suas tendências no novo organismo.

A cada um segundo suas obras, foi o que disse o Mestre Jesus. Todas as condições favoráveis ou desfavoráveis do Espírito são fruto de seu adiantamento maior ou menor, determinado pelo seu esforço e trabalho pessoal. São conquistas inalienáveis do ser. Deus não dá de graça as virtudes para alguns e as recusa a outros. É preciso fazer por merecer!

Mas seria possível àqueles que nasceram sem propensão à felicidade conquistarem essa condição? Ao realizar o estudo, na Universidade de Minnesota, o pesquisador David Lykken concluiu inicialmente que querer tornar-se mais feliz seria tão inútil quanto querer tornar-se mais alto, justamente pelo componente genético identificado nos estudos. Contudo, algum tempo depois, após novas experiências, ele voltou atrás nessa conclusão.

Há alguns anos admitia-se que o cérebro não tinha capacidade regenerativa, que ele era definido geneticamente, ou seja, possuía um programa genético fixo. No entanto, verificava-se que pacientes com lesões severas, obtinham, com técnicas de terapias, a recuperação da função cerebral. No século XIX os médicos perceberam que pessoas que sofriam lesões no lado direito do cérebro tomavam-se mais felizes depois de algum tempo. Perceberam também que, quando a lesão era do lado esquerdo, as pessoas tendiam a se tomarem mais irascíveis, ranzinzas…

Esses fatos podem ser explicados pela neuroplasticidade que é a capacidade que o cérebro tem de criar estas rotas alternativas, de adaptar-se. E isso ocorre com todas as pessoas, e por toda a vida, não importando a idade que têm.

Deus não nos criaria com uma formatação cerebral definitiva com a qual deveríamos viver uma existência de sessenta, setenta anos ou mais. Como o motivo da reencarnação é a evolução do ser, pode-se, com esforço e dedicação, mudar uma tendência, por mais forte que ela seja. É possível aprender, em qualquer época da vida, uma vez que não somos robôs; somos sim, seres em evolução, dotados de livre-arbítrio.


(Fonte: Jornal Mundo Espírita)

domingo, 21 de janeiro de 2018

Amigos tentam entender morte de surfista que ensinou a viver intensamente

Adriano Wilkson e Beatriz Cesarini
Do UOL, em São Paulo


As lágrimas de um grupo de surfistas profissionais se misturaram ao mar do Havaí na tarde do último sábado (25) enquanto eles choravam a morte de um amigo próximo. Tinha dado off, o que na linguagem deles significava que, por falta de ondas no mar, não haveria competição. Eles fizeram uma roda e rezaram por Jean da Silva, o surfista catarinense que havia sido encontrado sem vida em sua casa, em Joinville, na noite anterior.
No meio da homenagem, Willian Cardoso, que cresceu ao lado de Jean nas ondas do litoral catarinense, percebeu que chovia. E que enquanto a chuva apertava, por trás das nuvens surgia um arco-íris. "Estava todo mundo devastado", contou ele horas depois. "Quando a chuva parou e o sol clareou, o arco-íris ficou mais forte."
Sobram dúvidas a respeito das circunstâncias da morte de Jean, e seus amigos mais próximos se afligem ao refletir sobre os últimos meses de vida do rapaz de 32 anos, bonito, sorridente, atlético, viajado. Patrocinado por uma marca de roupas esportivas, ele parecia passar por um momento estável na carreira e na vida pessoal. Adorava cozinhar e caçar ondas gigantes ao redor do mundo.
Tinha passado recentemente alguns meses em Mentaway, um arquipélago paradisíaco na Indonésia famoso por suas ondas, surfando e conhecendo melhor a cultura local. "Se tem uma coisa que ele me ensinou", diz Petterson Thomaz, um de seus amigos mais próximos, "foi a viver a vida intensamente."
Jean foi campeão brasileiro de surfe em 2010. Atleta profissional desde a adolescência, era bastante competitivo, mas ultimamente tinha se dedicado a uma jornada de autoconhecimento. Vinha surfando, cada dia mais, apenas pelo prazer de se comunicar com o mar. Praticava ioga, estudava formas de alimentação saudável, dedicava-se a sua religiosidade e convidava os amigos a provar sua especialidade na cozinha, o poke, um prato havaiano a base de atum cru e óleo de gergelim.
"Não tinha cara mais humilde e gente boa no circuito do surfe do que o Jean", diz o produtor de eventos André Zavarize, que o conheceu no ano em que ele se tornou o melhor surfista do país. "O cara era um monstro na água, voava, mas tratava todo mundo de igual para igual. Ele chegava e dizia: 'Ô André, posso pegar essa fruta? Posso pegar uma caixinha de cerveja pra comemorar?' E eu: 'Cara, você é campeão brasileiro, você pode fazer o que quiser!'"
André considerava Jean um irmão e diz que o surfista catarinense tinha uma vida muito confortável. "Em alguns anos chegou a viajar para uns 30, 40 países, para surfar", afirma ele. "Eu não encontrava tanto o Jean ultimamente, mas curtia as fotos na internet. Fico pensando se ninguém nunca percebeu uma faísca do fogaréu que podia estar consumindo ele por dentro."

Nômade das ondas

Conhecido como "Magrinho", Jean é lembrado como alguém que faria qualquer coisa para estar em cima de uma boa onda. Vivia como uma espécie de nômade moderno, estabelecendo-se na casa de amigos e conhecidos que moravam perto de praias importantes para o mundo do surfe.
Um dia, na Indonésia, depois de semanas de mar calmo, ele soube que havia previsão de swell, um fenômeno causado por tempestades e ventanias no meio do oceano que gera ondas limpas e altas no litoral. O sonho de todo surfista. Mas para Jean, havia dois problemas: ele tinha passagem marcada de volta para o Brasil e sofria com uma lesão no tímpano. Com a certeza da chegada do swell, não pensou duas vezes: adiou sua viagem e foi se consultar com um curandeiro local em busca de um tratamento alternativo para seu ouvido.
"Deu as melhores ondas daquele lugar em 20 anos, ondas gigantes, de três a quatro metros", lembra Petterson Thomaz. "Foi uma lição que ele me deu, ele acreditou que poderia melhorar e melhorou e deu aula de surfe durante esses três dias. Era a minha primeira vez lá e o mar estava gigante. Eu nunca tinha pegado ondas daquele tamanho. Eu estava com muito medo, mas ele me deu confiança para conseguir ir ao mar. Ele sempre me puxou ao meu limite."
Jean competia na divisão de acesso do circuito mundial. Willian Cardoso, que recentemente passou para a principal, caiu na água com o amigo no começo de novembro em Maresias (SP). Ele lembra que os dois entraram no mar juntos:
"Ele saiu em primeiro e eu em segundo. Nos abraçamos e foi isso. A gente tava nessa desde moleques, vivendo a mesma paixão por essa vida louca que o surfe nos dá."
Durante o último sábado, sua morte foi lamentada publicamente pelos principais nomes do surfe brasileiro, como Gabriel Medina e Adriano de Souza, o Mineirinho, que disse que Jean foi um dos responsáveis por melhorar o seu próprio desempenho.
Ainda não há informação oficial sobre a causa da morte do surfista, que não deixa filhos e estaria lutando contra depressão.
"Eu prefiro acreditar que ele cumpriu a missão dele aqui na Terra", diz Petterson, "que foi mostrar como viver durante 32 anos de maneira intensa. Ele não parava um minuto, seja competindo, seja viajando. Se ele estava na cozinha, ele gostava de fazer o melhor prato para te deixar feliz, se ele conversava contigo, ele te observava atentamente para aprender algo com você. É assim que quero lembrar dele."
Notícia publicada no Portal BOL, em 26 de novembro de 2017.

Paula Mendlowicz comenta

Notícia que provocou tristeza e perplexidade entre os amigos e principais nomes do surfe, mas que nos traz algumas reflexões muito importantes. A causa da morte do surfista não foi divulgada, e ao mesmo tempo que amigos dizem que Jean viveu intensamente, dizem também que estaria lutando contra uma depressão.
Jean era jovem, bonito e saudável. Viajava pelo mundo todo, patrocinado por uma marca de roupas esportivas, enfrentando ondas gigantes, em praias paradisíacas. Para muitos, essa é a vida ideal - beleza, fama, dinheiro, viajar o mundo todo; no entanto, se é verdade que Jean enfrentava uma depressão, a realidade é de que lutava diariamente com o sofrimento.
A depressão é uma doença e deve ser tratada de maneira séria, mas infelizmente muitos ainda consideram como 'frescura', fraqueza ou até mesmo falta do que fazer.
A Organização Mundial da Saúde calcula que, em vinte anos, a depressão ocupará o segundo lugar no ranking dos males que mais matam. Reconhecer a depressão é frequentemente o maior obstáculo para diagnosticar e tratar a depressão. Infelizmente, aproximadamente metade das pessoas que passa pela depressão nunca tem a doença diagnosticada ou tratada. E isso pode ser uma ameaça: mais de 10% das pessoas que têm depressão se suicidam(htttp://www.minhavida.com.br/saude/materias/1525-o-que-e-depressao).
Por isso a importância do diagnóstico e da quebra de tabus, pois a depressão não escolhe idade, cor, sexo, nem classe social. Quando diagnosticada e tratada adequadamente, apresenta excelentes resultados.
Os critérios atuais para diagnóstico da depressão – estipulados por entidades médicas como a OMS e a Associação Americana de Psiquiatria – determinam que, para ser detectada com a doença, uma pessoa deve apresentar ao menos cinco sintomas do transtorno. Entre eles, um deve ser obrigatoriamente o humor deprimido (tristeza, desânimo e pensamentos negativos) ou a perda de interesse por coisas que antes eram prazerosas ao paciente. Os outros sintomas podem incluir alterações no sono, no apetite ou no peso, cansaço e falta de concentração, por exemplo(https://veja.abril.com.br/saude/8-sinais-de-que-voce-pode-estar-com-depr...).
Procurar ajuda é fundamental e ela pode ser feita em hospitais psiquiátricos, universidades que tenham programas de ajuda em saúde mental, serviços de ajuda familiar, programas de assistência social, etc... O importante é não deixar de procurar ajuda!
Então, falamos sobre a parte física, procurar ajuda médica e tratar o corpo, mas e a parte espiritual? Como a Doutrina espírita pode nos ajudar? Vamos começar com O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, Bem-Aventurados os Aflitos, item Melancolia:
Sabeis por que, às vezes, uma vaga tristeza se apodera dos vossos corações e vos leva a considerar amarga a vida? É que vosso Espírito, aspirando à felicidade e à liberdade, se esgota, jungido ao corpo que lhe serve de prisão, em vãos esforços para sair dele. Reconhecendo inúteis esses esforços, cai no desânimo e, como o corpo lhe sofre a influência, toma-vos a lassidão, o abatimento, uma espécie de apatia, e vos julgais infelizes.
Nesses momentos precisamos resistir, é para isso que estamos encarnados, vamos aprendendo um pouco mais a cada encarnação. As dificuldades e as dores servem para o nosso despertar, nosso crescimento e nossa evolução. Desejamos uma vida de felicidades que ainda não temos condições de possuir.
Santo Agostinho nos deixou uma preciosa lição de como podemos trabalhar em nós o crescimento: Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal? Resposta: “Um sábio da Antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo”. (Questão 919, O Livro dos Espíritos.)
Assim, entendemos a importância do autoconhecimento e do autoamor para seguirmos em frente, evitando as armadilhas da tristeza e do suicídio.
“O autoamor proporciona uma visão mais clara de quem se é, do que se deseja e do que não se deseja para si. É através dele que estabelecemos metas para nossa existência: metas educacionais, familiares, sociais, artísticas, econômicas e espirituais, pensando em nós não apenas agora, mas nos cuidados para com o futuro...”(http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=3232).
Por isso, tenhamos fé, façamos nosso trabalho junto à família, aos amigos e desconhecidos também. Vamos em frente, juntamente com nossos amigos espirituais, que tanto nos confortam, ajudam e fortalecem. E quando sejamos tocados pela melancolia, pelo sentimento de vazio, façamos uma leitura edificante e uma oração, nos conectando a Deus, pedindo a força e a coragem necessárias para completar nossa missão nessa jornada terrestre.
“Guarde a convicção de que todos estamos caminhando para adiante, através de problemas e lutas, na aquisição de experiência, e de que a vida concorda com as pausas de refazimento das nossas forças, mas não se acomoda com a inércia em momento algum.” (Do Livro Busca e Acharás, espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier.)

Sugestões de Leitura:

- O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec;
- Viver é a melhor opção – André Trigueiro;
- Livreto: Em defesa da vida, Suicídio não (http://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/11/Livreto-Suicidio.pdf).

Site:

- Centro de Valorização da vida (CVV) - https://www.cvv.org.br/.

Vídeos:

- Viver é a melhor opção: https://www.youtube.com/watch?v=w_fB75fDCvk – André Trigueiro.
* Paula Mendlowicz é carioca e formada em ciências biológicas pela UERJ. É espírita e colaboradora do Espiritismo.net