sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Dica de Filme: Mãos Talentosas – A História de Ben Carson

Hey, galerinha!

Tudo em paz? Hoje a gente traz uma dica super bacana: a história do primeiro médico a fazer uma cirurgia de crianças siamesas, retratada no filme "Mãos Talentosas – A História de Ben Carson" (2009). Por que trazemos à tona essa obra que já deve ter sido vista por milhões de pessoas, uma vez que foi lançada há cinco anos nos cinemas, já passou na TV e a gente encontra hoje facinho do youtube? Bom, primeiro porque uma boa história vale sempre muito a pena ser lembrada. Segundo porque a vida do menino Benjamin Carson pode ser como a minha, a sua e a de outras milhares de pessoas que - por motivos diversos e quando crianças - tiveram colocadas em xeque as suas infinitas capacidades de realização. 

Não é nosso objetivo fazer uma resenha do filme no presente post. Queremos, somente, lançar a sementinha da curiosidade em vocês; fazê-los pensar no que foi realmente determinante para que o menino negro, pobre, com baixo rendimento escolar e filho de uma mãe analfabeta, divorciada (por causa da traição do esposo), viesse a entrar para a história da medicina como o primeiro médico a desenvolver com sucesso um novo método para a separação de gêmeos siameses e, dessa forma, ganhar dezenas de títulos honorários de doutorado e inúmeros prêmios cívicos... O que falou mais alto no coração do jovem Ben? As críticas das pessoas à sua volta, o descrédito e o preconceito ou sua garra, força de vontade e, principalmente, a autoconfiança que ele teve de desenvolver em si mesmo graças ao apoio incondicional de sua mãe?

Para terminar, nossa reflexão final é: É fácil chegar ao sucesso quando todos os ventos sopram ao nosso favor, mas nada é mais gratificante que as conquistas que alcançamos quando a realidade e as pessoas a nossa volta exigem de nós esforço, trabalho e superação... Essa vitória sobre nós mesmos tem um sabor infinitamente melhor!

 Mãos Talentosas – A História de Ben Carson

XVIII Conferência Estadual Espírita do Paraná


Data: 04 a 06 de Março de 2016
Local: Pinhais, PR
Tema: Construindo a Consciência da Imortalidade





quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

É verdade que muitos deficiêntes de hoje foram suicidas no passado?

(1) É verdade que muitos deficiêntes de hoje foram suicidas no passado?

Podem ter sido, mas nao significa que foram. Agora, nao podemos ter duvida que cada pessoa passa pelo que necessita para seu processo evolutivo. Tem um exemplo interessante em O Ceu e o Inferno, de Allan Kardec, chamado Marcel, o menino do quarto numero 4. Deformado, mas com uma inteligencia impressionante, estava naquela posicao por prova, escolhida por ele, e nao por expiaçao.

(2) Tenho um filho que é deficiente (físico e mental) e ele tem a mania de se enforcar com as mãozinhas. É lógico que ele não consegue. Será que ele foi um suicida no passado?

Nao podemos afirmar nem que sim e nem que nao. O fato dele, como voce diz tentar enforcar, pode até ser um indicio, mas quem sabe ele morreu enforcado sem suicidio, por uma outra razao ?
Como voce ve é dificil a gente ter uma afirmativa.
Cuide dele com muito amor e carinho, pois, independente do que aconteceu no passado, voce o esta preparando para o futuro.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Se Jesus fosse espírita

Se Jesus fosse espírita

Paulo da Silva Neto Sobrinho

Recebemos, via e-mail, um texto intitulado “Se Jesus fosse espírita!”, com doze proposições para um questionamento sugerido pelo seu autor.

Iremos fazer algumas considerações sobre elas, para que fique claro que, quase todos os que buscam combater o Espiritismo, nada sabem sobre ele, e mais, não conseguem ter uma visão abrangente dos ensinamentos de Jesus, aceitando tudo que consta da Bíblia, como sendo a mais pura verdade, sob o argumento de ser ela totalmente de “inspiração divina”.

Nunca os vemos analisar a Bíblia sem uma forte dose de fanatismo, que, somado a um sectarismo religioso, procuram buscar passagens isoladas para justificar os seus pensamentos, esquecendo-se de que, se a Bíblia for totalmente de inspiração divina, nela não poderá haver erro algum, sob pena de colocarmos Deus como falível ou incoerente.

Como os fariseus de outrora, querem sempre se apresentar como seguidores de Jesus. Entretanto, desafiamos a quem quer que seja a nos mostrar uma prova bíblica sequer, em que Ele tenha combatido qualquer pensamento religioso de sua época. Muito ao contrário, sempre demonstrou um respeito muito grande para com todos. Veja que, mesmo diante de uma adúltera, não pronunciou nenhum julgamento, indo até mesmo contra os preceitos religiosos vigentes, já que a legislação mosaica ordenava que se apedrejasse aquela mulher até a morte.

E hoje, estamos às voltas com os fariseus modernos que, como os de outrora, querem que se cumpra a Lei Mosaica, alegando “estar escrito”.

Vamos, agora, analisar os questionamentos:

1 - Em João 9, quando perguntado acerca de por que o homem nascera cego, ele teria respondido "ele está pagando pecados de vidas passadas".

Se as deformidades e doenças de nascença não forem por causa dos “pecados” de vidas passadas, por qual motivo, dentro de um senso de justiça, as pessoas nascem deformadas ou doentes? Qual a explicação lógica e racional para isso? Se “a cada um segundo as suas obras” é a base da justiça divina, onde estavam as obras destes deserdados, já que nasceram assim? Pecado original não serve como resposta, pois a única coisa que ele poderia é ser, apenas, “muito original”. A responsabilidade dos atos é de quem os pratica, ou seja, ela é totalmente individual.

Narra João (5,1-18) um interessante episódio acontecido com Jesus. Diz ele que junto à porta das ovelhas, chamado em Hebraico Betesda, existia uma multidão de enfermos, cegos, coxos, paralíticos. Entre eles havia um homem que estava enfermo há trinta e oito anos e que foi curado pela ação de Jesus. Posteriormente, Jesus o encontra no templo e lhe disse: “Olha que já estás curado, não peques mais, para que não te suceda cousa pior”.

A afirmativa de Jesus não deixa nenhuma sombra de dúvida que a causa da doença daquele homem foi conseqüência de seus “pecados”. Mesmo que, pelo texto, não dê para saber se este homem era enfermo de nascença ou não, isso pouco importa, já que é irrelevante, pois, em qualquer circunstância, todos nós estamos sujeitos à lei de causa e efeito, ou vulgarmente chamada de carma.

Mas, voltando ao caso do cego de nascença, analisemos a pergunta feita a Jesus: “Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” Ora, por lógica só podemos admitir uma pergunta desta para quem acredita que os erros do passado podem influir no presente, e, no caso em questão, como ele nasceu cego, os seus erros foram cometidos antes do seu nascimento, ou seja, numa vida anterior. Se essa idéia estivesse errada Jesus teria dito primeiramente que: Não existe nenhum pecado antes do nascimento, isso é fantasia, pois nós temos uma só vida.

Bom, agora vejamos a resposta de Jesus à pergunta: “Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus”. O que quer dizer, no caso deste cego, que a deficiência não foi por causa de pecado anterior, mas para que Ele, Jesus, o curasse, ou seja, manifestassem nele as obras de Deus. Quem quiser compreender a missão desse cego, terá que ler os acontecimentos subseqüentes à cura, narrados nos versículos 13 a 41, onde vemos os fariseus (sempre eles, não importa a época) confrontar com aquele ex-cego sobre quem lhe tinha feito a cura, principalmente por ela ter sido feita num sábado.

2 - Ao invés de curar os leprosos, cegos, surdos e coxos, diria que é o "karma" que eles têm que levar.

A missão de Jesus era trazer a mensagem de Deus aos homens E não tinha como objetivo a cura de ninguém, nem de leprosos, cegos, surdos e coxos, até mesmo porque não curou a todos, mas houve a necessidade de produzir alguns fenômenos, cujo objetivo era despertar no povo o interesse para a mensagem que trazia. Vejam que, mesmo apesar de fazer alguns prodígios, muitos ainda não acreditaram nele. E já pensaram se não fizesse nada?

3 - Ao invés de dizer "vinde a mim os cansados e oprimidos e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo que é suave...", ele teria dito "agüentai com paciência o vosso karma".

Quem realmente segue a Jesus, se conforma diante de seu exemplo, pois, apesar, de sofrer sem merecer, Ele se resignou diante da vontade do Pai, cumprindo tudo o que se havia predito sobre Ele.

Entretanto, Jesus não disse tudo claramente, até mesmo se justificou: “Por isso lhes falo por parábolas; porque, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem entendem” (Mt 13, 13). É o que realmente acontece com todos os fanáticos religiosos, que ouvem mas não entendem nada.

Por outro lado, citamos o que Jesus disse em outra oportunidade: “Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora;” (Jo 16, 12). Significando que Ele não disse tudo que deveria dizer, pois não tinham evolução espiritual para entender.

4 - A história do rico e Lázaro teria sido diferente. Abraão (talvez nem fosse Abraão, uma vez que este estaria provavelmente reencarnado) teria dito ao rico para esperar um pouquinho que ele teria outra chance.

Não adianta ficar pegando tudo ao pé da letra, lembrem-se de que Paulo, há muito tempo atrás, já nos recomendava: ...porque a letra mata, mas o espírito vivifica (2 Cor 3, 6). Esta passagem citada é uma parábola, não há como tomá-la no sentido literal, caso contrário, teremos que admitir que Abraão é Deus, pois Lázaro foi, depois de morto, para o seio dele. Também, teremos que aceitar que todos os ricos irão para o “inferno” e todos os pobres, ou pelo menos os cobertos de chagas e lambidos pelos cães, irão para o “céu”. Entretanto, podemos concluir, com certeza, que todos nós seremos punidos ou recompensados pelas ações que praticarmos (a cada um segundo as suas obras).

Quanto ao termo “inferno” este, se refere a um lugar no interior da Terra, para onde supunham que iriam os mortos. Essa idéia estava associada à sepultura. E pensavam que, quem iria para lá, não sairia jamais. Como não analisam o significado da palavra à época das ocorrências bíblicas, interpretam erradamente várias passagens. A idéia de um inferno eterno, por exemplo, não é mais aceita hoje, a não ser como sendo um período longo, mas que tem fim.

Todavia, certos líderes religiosos ainda a mantêm, com o objetivo de aprisionarem as pessoas mais simples, pois é mais conveniente a eles que elas fiquem amedrontadas, e sejam, assim, mais facilmente manobradas por eles, em defesa de seus interesses - entre eles os polpudos dízimos -, à moda do que fazia a Igreja no passado, embora esta tenha tido uma certa razão, pois a mentalidade das pessoas no passado era mais atrasada, o que a levava a agir erradamente de boa fé. Em outras palavras, conhecia-se menos de Bíblia no passado do que se conhece hoje.

Vejam a passagem: “Bendito seja o SENHOR, Deus de Israel, de eternidade a eternidade, e todo o povo diga: Amém” (Sl 106, 48). A eternidade, se não fosse temporária, não poderia haver mais de uma só. E, no entanto, como estamos vendo, o texto fala em mais de uma.

5 - Teria dito a Nicodemos "isto mesmo, você terá que voltar ao ventre materno, mas em outra vida pela reencarnação".

A resposta de Nicodemos a Jesus: “Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?”, é o perfeito entendimento de Nicodemos sobre a afirmação de Jesus da necessidade de nascer de novo, ou seja, entendeu muito bem que seria nascer fisicamente de novo. Entretanto, só não sabia como isso ocorreria. Se não fosse o nascer de novo (ou seja, reencarnar) ele teria dito: não é disso que estou falando, mas ao contrário, reafirma o fato acrescentando: “Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo”. Para completar o raciocínio sobre a questão da reencarnação, juntaremos a resposta dada por Jesus aos seus discípulos sobre a pessoa de João Batista: “E, se o quereis reconhecer, ele mesmo é o Elias que estava para vir. Quem tem ouvidos (para ouvir) ouça” (Mt 11, 13-14). Como se vê, Jesus afirma categoricamente que João Batista é mesmo o espírito Elias nele reencarnado.

6 - A transfiguração teria sido com Moisés e João Batista (reencarnação de Elias), e não com Moisés e o próprio Elias.

Para que se possa compreender a manifestação do Espírito Elias, é necessário que se tenha estudado o Espiritismo com profundidade, não como acontece com a maioria dos que querem nos combater, pois só lêem, nunca estudam. Assim, sabemos que possuímos um outro corpo de matéria quintessenciada chamado perispírito, identificado pelo apóstolo Paulo como o corpo espiritual. É através dele que um espírito se manifesta. Entretanto, o que não sabem nossos opositores é que ele é maleável, podendo tomar a forma que o espírito queira, desde que, para isso, tenha conhecimento ou evolução para o fazer. Em vista disso, podemos manifestar com qualquer um dos corpos que tivemos em outras vidas.

O que muitos ainda não entendem é que o nosso corpo, após a morte, é espiritual e não material, embora possa ter a forma deste.

E, por que a maioria dos espíritos se manifesta geralmente no último corpo, perguntamos? É justamente por não ter conhecimento de como funcionam as leis do plano espiritual, e como sua mente está impregnada da imagem de seu último corpo, inexoravelmente o perispírito tomará a forma dele. Mas esse não foi o caso do espírito João Batista, que era já de alto nível, e pôde, pois, assim, assumir, com seu perispírito, a aparência do seu corpo anterior, ou seja, o de Elias. E assim aconteceu, porque o episódio envolveu um encontro entre personalidades do Velho Testamento, representando a Lei Antiga, com as do Novo Testamento, representando a Nova Lei: Jesus, Tiago, Pedro e João. E merece destaque o fato de Jesus ter-se comunicado com espíritos de mortos, quebrando a Lei de Moisés. E o mais importante da Transfiguração é justamente essa comunicação, e não tanto o brilho das veste de Jesus, com o que tentam encobrir tal comunicação, que é espírita.

7 - Ele não teria sido batizado, uma vez que não existe batismo no espiritismo.

Perguntamos: Considerando que Jesus foi circuncidado no oitavo dia após nascer, por que os meninos de hoje não o são? Se o batismo é algo importante, por que Jesus não batizou ninguém? Será que o autor está falando em batismo da água ou do fogo, do Espírito? Não vemos em quase todas as correntes religiosas praticarem o batismo da água. Entretanto, João Batista fala que: “Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”. O batismo de fogo (dor e sofrimento) representa a purificação do nosso espírito pela Lei de causa e efeito intimamente ligada à Lei da reencarnação.

8 - Ele não teria contado a história das ovelhas e dos bodes em Mateus 25, uma vez que não existe juízo eterno nem fim dos tempos na doutrina espírita.

Ora, nessa passagem existe o prêmio para os que praticaram a caridade, representada pela assistência prestada aos necessitados, o castigo para os que não a fizeram. Assim, concluímos que a “salvação” não está em dizer que crê que Jesus é o Senhor e Salvador, ou que só pelo fato de uma pessoa pertencer a determinada corrente religiosa, está na prática do amor ao semelhante. Quando nós conseguirmos praticar o amor profundo ao nosso próximo, espontaneamente, aí sim, já estaremos evoluídos, podendo passar pela “Porta Estreita”, onde não é fácil passar, e recebemos o prêmio merecido. E será que esses tais difamadores nossos já passaram por essa "Porta Estreita", dando pouca importância para a prática da vontade do Pai, em que tanto insistiu Jesus?

Não dizemos que não haverá juízo. Existe sim, pelo menos em dois momentos. O primeiro ocorre toda vez que, pela morte, retornamos ao mundo espiritual, quando o nosso Juiz é a nossa própria consciência. O segundo, de tempos em tempos, quando o planeta Terra estiver para ascender à uma categoria superior. Nessa ocasião, os espíritos encarnados e desencarnados, no dizer do Evangelho, vivos e mortos, que não se tiverem sintonia vibratória com essa nova categoria, serão lançados “nas trevas exteriores”, ou seja, em mundos primitivos, “onde haverá choro e ranger de dentes”.

Quanto a questão do castigo eterno já falamos. Entretanto, podemos acrescentar: é vontade de Deus que todos sejam salvos ou não? (Mt 18, 14).

“Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus dará boas cousas aos que lhe pedirem?” (Mt 7, 11). Gostaríamos de que você, meu caro leitor, pensasse um pouco e respondesse: Você daria um lugar de sofrimento eterno irremediável, para seu filho? Não? Imagine, então, se Deus o daria? E será que os amigos do mal, da maldade, terão uma vontade superior à do Pai, que quer que todos sejam salvos?

9 - Ele não teria dito que é Deus tantas vezes e teria repreendido Tomé, quando este disse "meus Senhor e meu Deus", dizendo "não Tomé, não me chame de Deus, eu sou apenas um espírito de luz".

Um absurdo deste só pode ter sido dito por quem não tem o menor conhecimento do que Jesus disse, pois em nenhuma ocasião Ele disse que era Deus, mas apenas, Filho de deus, o que nós também somos. Jesus não disse na oração que nos ensinou Pai – Meu, mas, Pai-Nosso. E sempre se colocou em situação de inferioridade, afirmando que veio cumprir a vontade daquele que o enviou. Por outro lado, queria ver onde está na Bíblia a profecia que diz que Deus viria à Terra? Todas as profecias atribuídas a Jesus, dizem que Ele seria um Messias, ou seja, mensageiro, portanto sendo um mensageiro de Deus, não poderia ser o próprio Deus. Ademais, a palavra Senhor é polêmica na Bíblia, sendo juntamente isso uma das causas das confusões sobre Jesus e Deus.

Entretanto, existe uma passagem interpretada incorretamente onde Ele afirma: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30), significando que comungava a mesmas idéias de Deus, até mesmo porque não cansou de afirmar que estava cumprindo a vontade de Deus. Outra passagem deverá ser levada em conta, para um melhor entendimento desta, vejamos: “Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste, e os amaste como também amaste a mim” (Jo 17, 22-23). Poderemos dizer então que, se pela passagem anterior afirmamos que Jesus é Deus, por essa poderemos aceitar que também nós o somos, pois que, igualmente, devemos ser um só com Jesus e o Pai.

Quanto à passagem onde Tomé diz: Senhor meu e Deus meu! Duas explicações possíveis de se fazerem, ainda. Uma, que como não tinham até então nenhuma prova contundente de que alguém voltara do “mundo dos mortos”, ao ver Jesus ali, isso lhe causou uma forte impressão, e, na sua opinião, pensou que esse fato só poderia ocorrer com um Deus. Outra, a mais provável é que é apenas uma exclamação, como acontece normalmente, quando estamos diante de um fato extraordinário e dizemos: Meu Deus!

10 - Ele teria dito ao malfeitor na cruz em Lucas 23.42-43 "posso até me lembrar de você no meu Reino, mas você vai ter que reencarnar para pagar seus pecados".

Faremos aqui três colocações.

A primeira é que se tomam tudo que consta da Bíblia como verdadeiro, como explicar as narrativas a respeito do “bom ladrão”: Mateus (27, 44) diz: “E os mesmos impropérios lhe diziam também os ladrões que haviam sido crucificados com ele”, fato confirmado por Marcos (15, 22): “Também os que foram com ele crucificados o insultavam”, mas estranhamente, João, que estava ao pé da cruz, portanto uma testemunha ocular, nada disse sobre isso, apenas cita que dois outros foram crucificados junto com Jesus. Lucas, diferente de Mateus e Marcos, diz sobre o diálogo de Jesus com o ladrão.

A segunda é que se nós lermos atentamente essa passagem, veremos que o tal de “bom ladrão” nem sequer se arrependeu dos crimes que praticou, somente reconheceu que ele e o outro, por justiça, mereciam a condenação, e que Jesus não merecia ser condenado. E, então perguntamos qual a justificativa para o “prêmio”? Por outro lado, onde fica o “a cada um segundo suas obras”? Jesus foi alguma vez contraditório com algo que disse anteriormente? Ademais, Ele disse que ninguém deixará de pagar até o último centavo, e o tal de bom ladrão não deveria pagar o que fez? E será que existe mesmo bom ladrão, bom pecador?

A terceira, é que poderia bem ser uma questão de pontuação. Vejamos a resposta de Jesus da seguinte forma: “Em verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso”, de sentido muito bem diferente da que consta normalmente nas Bíblias: “Em verdade te digo, (que) hoje estarás comigo no paraíso”. E sobre isso, também, perguntamos se Jesus foi para o paraíso naquele mesmo dia?

11 - Ele não freqüentaria as sinagogas dos judeus, mas os muitos médiuns dos povos pagãos ao redor de Israel.

Jesus era judeu, por isso é que freqüentava as sinagogas. O autor estará aceitando a mediunidade como uma realidade, já que diz que os povos pagãos tinham médiuns? Mas, dizemos mais ainda que em todos os povos e em todas as religiões os encontramos. Só tiveram nomes diferentes, foram chamados de profetas ou reveladores. Vejam a narrativa em 1 Sm 9, 9, quando Saul, ao procurar a jumentas que seu pai, Quis (algumas traduções dizem Cis), tinha perdido, aceita a sugestão de um servo para buscar “um homem de Deus”, justificando que tudo o que ele prediz acontece: (Antigamente em Israel, indo alguém consultar a Deus, dizia: Vinde, vamos ter com o vidente; porque ao profeta de hoje, antigamente se chamava vidente.) E só acrescentarmos que, hoje, chamamos os videntes e os profetas de médiuns, palavra criada por Kardec, justamente, para designar essas pessoas.

Moisés não aprovava a o uso da mediunidade indiscriminadamente, mas apenas para os que a utilizavam para coisas elevadas, pois em relação a Eldade e Medade, ele afirma: “Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta”, isso após um dedo-duro, sempre aparece um, dizer que os dois estavam profetizando fora do acampamento.

12 - Os ensinamentos dele estariam repletos de exortações a fazermos contatos mediúnicos.

Anteriormente foi citada a passagem da transfiguração, onde se questionava a respeito da reencarnação. Mas uma coisa muito importante, como dissemos, evitam falar, ou seja, o contato de Jesus e seus três discípulos médiuns especiais entre os Apóstolo, Tiago, Pedro e João com dois espíritos: Moisés e Elias. Passam a passos largos dela. De fato este episódio é um dos que mais provam os contatos mediúnicos, pois Jesus em pessoa entra em comunicação com os espíritos Moisés e Elias, junto ao monte Tabor. Como Jesus disse: “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai” (Jo 14, 12). E, assim, estamos com Jesus, não fazendo nada mais do que Ele, também, fez. E lembrem-se de que ele pediu aos três discípulos que guardassem silêncio provisório sobre aquela transgressão da Lei de Moisés!

Algumas vezes, argumentam, nesta passagem, que Elias não teria morrido, que ele foi arrebatado ao céu, mesmo apesar das citações: “a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus” (1 Cor 15, 50) e “ninguém subiu ao céu, senão quem de lá desceu, a saber, o Filho do homem” (Jo 3, 13)., e “todos voltarão ao pó” do Livro de Gênesis. Mas ao concentrarem suas vistas em Elias, se esquecem que com ele apareceu também Moisés, com quem, ao que nos consta, não aconteceu nada disso, morreu e foi enterrado, normalmente. Assim, quem aparece é o espírito que animou a personalidade conhecida como Moisés. Ademais, a Bíblia não diz em nenhuma parte que Elias não morreu. Mas, podemos concluir que morreu, sim, depois daquele episódio, tomando por base aquelas outras afirmações bíblicas acima citadas.

Concluindo, achamos interessante como algumas pessoas pensam que os Espíritas são um bando de idiotas que não sabem interpretar a Bíblia. Estima-se que a maior concentração de pessoas que possuem curso superior está no meio Espírita, não que o Espiritismo tenha preferência, se podemos nos expressar assim, por elas, mas porque, normalmente, é nelas que se encontram os indivíduos que pensam pelas próprias cabeças, e de modo racional estuda a Bíblia, e não aceitando imposição de idéias bestas de pessoas que se julgam infalíveis (que pretensão!) e donas da verdade. Os Espíritas são, pois, os que buscam a verdade, pouco se importando de qual lado ela se encontra. E, por isso mesmo, lêem tudo, já que não temem nada, principalmente se tiverem, pela Ciência, lógica e bom senso, que mudar de opinião a respeito de qualquer coisa que seja, pois não estão sujeitos a dogmas, mas à verdade.

Mas respondendo ao questionamento inicial, podemos afirmar, ainda, que:

Se ser espírita é acreditar na lei de causa e efeito (carma), como Jesus, também, acreditou nela, podemos afirmar que Ele era um Espírita.

Se ser espírita é acreditar na reencarnação, podemos afirmar que Jesus era um Espírita, pois nunca a condenou, mas afirmou de modo contundente, além de proferir muitas idéias que a sugestionam.

Se ser espírita é acreditar na comunicação com os mortos, sem sombra de dúvidas, podemos aceitar que Jesus era um Espírita, já que Se comunicou com eles.

Se ser espírita é acreditar na mediunidade, podemos afirmar que Jesus, ao participar dum episódio mediúnico, provou ser um Espírita.

Se ser espírita é acreditar no progresso do Espírito, podemos afirmar que Jesus era um espírita, pois foi ele que recomendou “Sede perfeitos como é perfeito o Pai Celestial”.

Assim, meu caro leitor, tire as suas próprias conclusões sobre essa questão, pois a nossa você acabou de ler.

Fev/2002

Bibliografia

Bíblia Anotada = The Ryrie Study Bible/Texto bíblico: Versão Almeida, Revista e Atualizada, com introdução, esboço, referências laterais e notas por Charles Caldwell Ryrie; Tradução de Carlos Oswaldo Cardoso Pinto, São Paulo: Mundo Cristão -, 1994.
A Face Oculta das Religiões, José Reis Chaves, Ed. Martin Claret, SP, 2001.
A Reencarnação Segundo a Bíblia e a Ciência, José Reis Chaves, Ed. Martin Claret, SP, 2001.

(Fonte:Portal do Espírito - Espirito.org)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Manifesto Espírita sobre o Aborto

Manifesto Espírita sobre o Aborto

Federação Espírita Brasileira

Quando começam os direitos da pessoa?

Para o Espiritismo, a existência de um princípio espiritual ligado ao corpo desde o momento da concepção não é mero artigo de fé. Trata-se de evidência comprovada pela observação – embora a chamada Ciência oficial ainda não tenha reconhecido tal evidência. Relatos de pessoas, em estado de hipnose ou em lembranças espontâneas, mesmo de crianças, que retratam passagens de outras vidas e de época em que o ser ainda se encontrava no ventre materno, revelam uma consciência pré-existente ao corpo. Essas evidências, que vêm sendo estudadas nos últimos anos por pesquisadores de diversos países, confirmam a posição da Doutrina Espírita, em O Livro dos Espíritos (Questão 344):

"Em que momento a alma se une ao corpo?"

A união começa na concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento. Desde o instante da concepção, o Espírito designado para habitar certo corpo a este se liga por um laço fluídico, que cada vez vai apertando até o instante em que a criança vê a luz (...).

Desse modo, o ser que se desenvolve no ventre materno, a partir da fecundação do óvulo já é uma pessoa – sujeito de direitos – constituída de corpo e alma.

Felizmente, a Constituição Brasileira e o Código Civil são, neste ponto, coerentes, com a formação espiritualista do povo brasileiro (incluindo católicos, protestantes, espíritas e outras denominações, que constituem, no seu conjunto, a maioria da nossa população). O artigo 5º da Constituição assegura "a inviolabilidade do direito à vida", elegendo assim tal direito a princípio absoluto, não passível de relativização. E o artigo 4º do Código Civil afirma que "a personalidade civil do homem começa pelo nascimento com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro". Reconhece-se desse modo que o nascituro já é uma pessoa, sujeito de direitos, o que está de acordo com todas as concepções espiritualistas acima citadas.

A Lei e o Aborto

O Código Penal de 1940, em seu artigo 128, diz o seguinte: "não se pune o aborto se não há outro meio de salvar a vida da gestante e ou se a gravidez resulta de estupro". Em vista disto, os parlamentares elaboraram o projeto de lei 20/91, que regulamenta o seu atendimento na rede pública de saúde. Esse projeto, aprovado recentemente pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, na prática, é uma reafirmação do artigo 128, do Código Penal, garantindo às mulheres o efetivo exercício de um direito.

E há outros projetos que propõem a completa descriminalização do aborto.

Mas, diante do princípio absoluto do direito à vida, garantido pela Constituição e partilhado pelo Espiritismo, não se pode admitir qualquer relativização ou condicionamento deste direito.

Segundo O Livro dos Espíritos (Questão 358):

"Constitui crime a provocação do aborto, em qualquer período da gestação?

- Há crime sempre que transgredis a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre ao tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, porque isso impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando."

A Vida da Mãe em Risco

No caso de risco de vida da mãe - único aborto aceito pela Doutrina Espírita - existem duas vidas em confronto e é necessário escolher entre o direito de dois sujeitos. Assim reza O Livro dos Espíritos (Questão 359):

"Dado o caso em que o nascimento da criança pusesse em perigo a vida da mãe dela, haverá crime em sacrificar-se a primeira para salvar a segunda?

- Preferível é se sacrifique o ser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe." (Entende-se que o ser referido seja o ser encarnado no mundo, após o nascimento).

O Estupro

No caso de estupro, quando a mulher não se sinta com estrutura psicológica para criar o filho, a Lei deveria facilitar e estimular a adoção da criança nascida, ao invés de promover a sua morte legal. Sobrepõe-se o direito à vida ao conforto psicológico da mãe.

O Espiritismo, considerando o lado transcendente das situações humanas, estimula a mãe a levar adiante a gravidez e até mesmo a criação daquele filho, superando o trauma do estupro, porque aquele Espírito reencarnante terá, possivelmente um compromisso passado com a genitora.

O Aborto Eugênico

Embora não regulamentado por Lei, o aborto eugênico (de feto portador de malformação congênita irreversível) também vem sendo praticado no Brasil, já abrindo caminho para a sua legalização. Também neste caso, não se poderia admitir infração ao direito à vida, sendo dever de todo cidadão, partidário deste princípio, opor-se a esta prática, apenas aceitável em sociedades impregnadas de filosofias eugênicas, tal como Esparta antiga ou a Alemanha nazista, mas incompatível com uma sociedade majoritariamente cristã.

O Espiritismo se manifesta especificamente sobre o assunto, alertando que o Espírito, antes de reencarnar, escolhe esta ou aquela prova (o nascimento em corpo defeituoso ou mesmo a morte logo após o parto), como oportunidade de aprendizado e resgate de erros cometidos no passado.

O Direito de escolha da Mulher

Invoca-se o direito da mulher sobre o seu próprio corpo como argumento para a descriminalização do aborto. Mas o corpo em questão não é mais o da mulher, visto que ela abriga, durante a gravidez um outro corpo, que não é de forma alguma uma extensão do seu. O seu direito à escolha precede o ato da concepção e se subordina ao direito absoluto à vida.

O Espiritismo, admitindo a presença de um Espírito reencarnante no nascituro, considera que a mulher não tem o direito de lhe negar o direito à vida.

Conclusão

É inadmissível que pequeníssima parcela da população brasileira, constituída por alguns intelectuais, políticos e profissionais dos meios de comunicação e embebida de princípios materialistas e relativistas, venha a exercer tamanha influência na legislação brasileira, em oposição à vontade e às concepções da maioria do povo e contrariando a própria Carta Magna de 1988. O direito à vida não pode ser relativizado, sob pena de caminharmos para a barbárie e para a quebra de todos os princípios que têm orientado a nossa cultura cristã. Em que pesem as pretensões daqueles que querem conduzir a opinião pública, desviando-se de suas verdadeiras aspirações, o povo brasileiro continua em sua maioria cristão (seja esse Cristianismo manifestado na forma católica, protestante, espírita ou outra), adepto da existência de um princípio espiritual no homem e portanto defensor da vida humana, como direito inalienável.

O nascituro não é uma máquina de carne que pode ser desligada de acordo com interesses circunstanciais, mas um ser humano com direito à proteção, no lugar mais sagrado e inviolável que a natureza criou: o ventre materno.

Manifesto aprovado na reunião do Conselho Federativo Nacional da
Federação Espírita Brasileira, nos dias 7, 8 e 9 de novembro de 98

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Seminário no Rio de Janeiro: Ciência e Espiritualidade"

Seminário no Rio de Janeiro


Será realizado no dia 21 de fevereiro de 2016, das 10h às 15h no Grupo Espírita Caminho da Esperança, o Seminário "Ciência e Espiritualidade".

A facilitadora será Anete Guimarães  - palestrante, psicóloga, parapsicóloga e pesquisadora universitária no Rio de Janeiro. A entrada é franca.

O Grupo Espírita Caminho da Esperança fica na Rua Aristides Lobo, 51 - Rio Comprido, Rio de Janeiro/RJ. Mais informações podem ser obtidas através do e-mail gece.eventos@gmail.com.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Os verdadeiros donos do mundo

Os verdadeiros donos do mundo


A economia mundial vive a maior crise em 80 anos. Ela destruiu milhões de empregos e impede o crescimento da maioria dos países. Ao mesmo tempo, o número de bilionários dobrou, e as fortunas deles também. Entenda por que a desigualdade social explodiu - e os efeitos disso sobre a sua vida.

Por Redação Super
Editado por Bruno Garattoni

Por Bruno Garattoni, Ricardo Lacerda e Robson Pandolfi

As 67 pessoas mais ricas do mundo têm US$ 1,72 trilhão. Tanto dinheiro quanto os... 3,5 bilhões mais pobres. Metade de toda a humanidade.

Em 2014, um grupo de 130 pessoas se reuniu em Copenhague, capital da Dinamarca. Discutiram assuntos como economia global, mudanças climáticas, guerras. Fizeram previsões, debateram, traçaram estratégias. Parecia uma assembleia da ONU. Mas era um encontro do Grupo de Bilderberg: organização criada em 1954 para reunir as pessoas mais poderosas do planeta. Seu encontro anual, que não é aberto a ninguém da imprensa, reúne multibilionários e chefes de Estado e de Exércitos (este ano, os destaques foram o líder supremo da OTAN, aliança militar presente em 28 países, e o diretor-geral da NSA, a superagência de espionagem americana). "Estamos falando de uma rede global, mais poderosa do que qualquer país, e determinada a controlar a humanidade", diz o russo Daniel Estulin, autor de um livro sobre o grupo. Ele pode estar exagerando um pouco. Mas é fato que os ultrarricos nunca tiveram tanta força. A economia mundial patina e não consegue se recuperar da megacrise de 2008, a maior dos últimos 80 anos. Ela começou com quebras de grandes bancos nos EUA, que deixaram um rombo estimado em US$ 2,7 trilhões, e se espalhou pelo planeta, gerando grandes ondas de desemprego e recessão - da qual as principais economias do mundo ainda não se recuperaram. Mas mesmo assim, em plena tempestade, o número de bilionários dobrou. Agora um pequeno grupo, com as 67 pessoas mais ricas do mundo, tem tanto dinheiro quanto os 3,5 bilhões de humanos mais pobres. É como se, financeiramente, metade do planeta coubesse dentro de um ônibus. A desigualdade de renda explodiu, e está se aproximando dos níveis que antecederam a Primeira Guerra Mundial. E isso tende a ser um problema para quase todo mundo.

Mas antes: como chegamos a esse ponto? Afinal, se o mundo está em crise, todos perdem, certo? Mais ou menos. Na verdade, as crises têm o poder de concentrar renda, deixar os ricos mais ricos. E é fácil entender o porquê. Quando as coisas apertam, pessoas e empresas são obrigadas a se desfazer do seu patrimônio. Vendem imóveis pela metade do preço, liquidam ações por menos do que valem e, claro, saem perdendo. Quem ganha são uns poucos - que têm dinheiro para comprar tudo isso. "Para cada novo milionário, há muito mais gente que perde dinheiro. Em geral, quem mais sofre são os pobres e a classe média", diz Rodolfo Olivo, professor de finanças da USP. Os mais ricos compraram ações e empresas pagando pouco, logo no estouro da crise, e ganharam com isso. De 2009 para cá o índice Dow Jones, que mede as principais ações das bolsas americanas, subiu 149%.

Ao mesmo tempo em que aumentava a concentração de renda, a crise emperrou as economias e instigou movimentos como o Occupy Wall Street - que começou como um protesto de 100 mil pessoas no centro financeiro de Nova York e chegou a 1.500 cidades pelo mundo.

Tudo isso teve uma consequência inédita: fez um livro de economia virar best-seller. O Capital no Século XXI, escrito pelo economista francês Thomas Piketty, é um catatau de quase 700 páginas, que analisa as economias de 20 países ao longo de mais de um século. É denso, complexo, difícil de ler. Mas se tornou número 1 na Europa e nos EUA, com centenas de milhares de cópias vendidas. No Brasil, foi lançado em novembro e imediatamente alcançou o segundo lugar (só perdendo para a biografia do líder religioso Edir Macedo). Piketty tem chamado a atenção - e causado furor - porque demonstrou, com estatísticas, que a desigualdade social está aumentando. E apresentou uma explicação para esse fenômeno.

O contraste entre ricos e pobres não surge do nada. Ele vem de uma força elementar: a diferença entre o capital e o trabalho. O capital (dinheiro, imóveis, fábricas, ações, bens) pode ser investido e gerar mais capital. Já o trabalho não tem esse poder multiplicador. E aí, diz Piketty, r > g. Essa fórmula, que foi inventada por ele, é bem simples. O "r" é o ganho médio que o capital consegue obter em um ano, por meio de investimentos. Já o "g" representa a taxa de crescimento da economia. Ou seja: se r é maior que g, quem tem capital para investir sempre ganha mais do que a economia como um todo. E fica com uma fatia cada vez maior do bolo. Já quem trabalha e recebe salário, ou seja a maioria das pessoas, fica com menos. E como dizia o refrão daquela música, "o de cima sobe e o de baixo desce".

Nem sempre foi assim. Entre as décadas de 1950 e 1970, o processo foi inverso. O crescimento da economia era maior que o ganho dos investimentos (ou seja, g > r). O mercado financeiro lucrava menos do que a 'economia real', embalada pela reconstrução da Europa e a explosão de prosperidade nos EUA. A desigualdade diminuiu. Mas a onda virou, e a distância entre ricos e pobres voltou a crescer.

No final dos anos 70, os presidentes das 350 maiores companhias do mundo ganhavam, em média, 30 a 40 vezes mais que os funcionários de base. Hoje, a diferença de salário entre o presidente e o peão passa de 300 vezes. Nos Estados Unidos, o salário médio dos trabalhadores encolheu de US$ 4 mil para US$ 2.750 (em valores reais, descontando a inflação do período) entre 1978 e 2010. Já a remuneração do 1% mais rico disparou: foi de US$ 25 mil para US$ 83 mil.

No Brasil, a concentração de renda caiu nos últimos 20 anos. Mas ainda é brutal. Somos o 13º país mais desigual do mundo, só perdendo para nações muito pobres, como Botsuana, Namíbia e Haiti. "Quanto maior é a desigualdade, mais altas são as taxas de homicídio, de uso de drogas, mortalidade infantil, doenças psiquiátricas e até de obesidade", diz Richard Wilkinson, diretor da ONG britânica The Equality Trust. Reduzir a diferença entre ricos e pobres não é apenas uma questão humanitária ou ideológica. É importante para a saúde da própria economia. E quem diz isso não são pregadores esquerdistas: é o Fundo Monetário Internacional, que publicou um estudo mostrando como a desigualdade extrema tende a gerar crises, e o World Economic Forum - que reúne 700 líderes econômicos globais e este ano elegeu a desigualdade como o grande problema do mundo atual. Até o papa Francisco andou palpitando a respeito: para ele, a desigualdade "provocará uma explosão da violência" no mundo se não for contida.


O DINHEIRO NO PODER

Os donos do mundo aproveitaram a crise e exploraram a diferença entre capital e trabalho para aumentar suas fortunas. Mas também podem recorrer a outros meios, como a política. A história está recheada de casos de multibilionários que usaram suas fortunas para moldar o destino da humanidade - e ficaram ainda mais ricos fazendo isso. No século 19, o banqueiro Nathan Rothschild foi o grande instigador da derrota de Napoleão na batalha de Waterloo. Ele comprou a maior parte dos títulos emitidos pelo Exército inglês para financiar a guerra. Cheio de dinheiro, e portanto de armas, o Exército foi ao front e venceu. Rothschild foi a primeira pessoa na Inglaterra a ficar sabendo. Sem avisar ninguém, saiu vendendo seus títulos. Os outros investidores acharam que a Inglaterra tinha perdido a guerra, e também venderam os titulos que possuíam. Isso derrubou os preços deles. Rothschild aproveitou para recomprar tudo, pagando baratíssimo. No dia seguinte, quando o resto do país foi informado da vitória, o valor dos papéis disparou. E Rothschild multiplicou sua fortuna em 20 vezes. Ela chegou a US$ 350 bilhões, em valores atuais. Dá mais de quatro Bill Gates.

Hoje, a influência dos überricos na política é mais sutil, mas igualmente forte. Um bom exemplo é o Tea Party, que surgiu nos Estados Unidos em 2009 - à primeira vista, como movimento popular. De repente, milhares de americanos estavam nas ruas para protestar contra coisas que os incomodavam. Só que ninguém estava reclamando da falta de saúde ou educação, ou de 20 centavos a mais na passagem do ônibus. As reivindicações eram mais ao gosto de empresários e banqueiros: redução de impostos, liberação nas emissões de CO2 (que, segundo o Tea Party, não é o responsável pelo aquecimento global) e fim do sistema de saúde gratuito que Barack Obama tentava implantar nos EUA.

Com inclinações tão ostensivas, era difícil que a máscara não caísse. A imprensa americana logo descobriu que, na verdade, o Tea Party tinha sido criado e era financiado pelos irmãos David e Charles Koch - que estão entre as dez pessoas mais ricas do mundo. Só neste ano, eles já compraram 43.900 espaços publicitários em TVs e rádios dos Estados Unidos para difundir mensagens políticas e apoiar determinados candidatos. Quando foram flagrados como criadores do movimento, os irmãos Koch não se abalaram. Admitiram tudo, e disseram que seu objetivo é melhorar a "qualidade de vida" da sociedade.

No Brasil, são notórios os casos de empresas ou de milionários que dão dinheiro para financiar partidos políticos: são as controversas doações de campanha. Nas últimas eleições, elas ultrapassaram a marca de R$ 1 bilhão, segundo o TSE. As dez empresas que mais doaram (JBS, Bradesco, Itaú, OAS, Andrade Gutierrez, Odebrecht, UTC Engenharia, Queiroz Galvão, Vale e Ambev) financiaram 70% de todos os deputados federais eleitos - 360 de 513, segundo levantamento do jornal O Estado de S. Paulo.

As doações são permitidas por lei. Mas podem causar distorções. Imagine que você foi eleito deputado. Certo dia, sua secretária avisa que há duas pessoas esperando você. Uma é um cidadão qualquer. A outra é um empresário que doou alguns milhões para a sua campanha (e de cuja ajuda você vai precisar na próxima eleição). "Quem você se sentiria mais pressionado a receber?", pergunta Claudio Abramo, diretor da ONG Transparência Brasil. "Os grandes doadores exercem uma pressão muito maior sobre os políticos." Uma possível saída seria limitar ou proibir as doações privadas e financiar as campanhas com dinheiro público, como já acontece em países como Suécia e França. Isso ajudaria a conter a influência dos empresários. Mas a medida também tem seu lado polêmico, pois consumiria recursos públicos. O valor do financiamento poderia ser fixado por lei, obrigando as campanhas a gastar menos do que hoje. Isso enfrentaria grande resistência da classe política, e o financiamento público não é uma panaceia - pois candidatos mal-intencionados sempre poderiam receber dinheiro por fora, por meio de caixa 2.

De toda forma, quem tem força econômica nem sempre precisa manipular os políticos. Às vezes, pode obrigá-los a fazer as coisas. Como o megainvestidor George Soros, 24º. homem mais rico do mundo. Ele fez fortuna comprando e vendendo ações e títulos do mercado financeiro - doa a quem doer. Sua maior demonstração de poder foi a quebra do Banco da Inglaterra. O banco, que foi fundado no século 17, é o equivalente inglês ao nosso Banco Central. Controla a economia e a moeda. Em 1992, a Inglaterra tinha feito um pacto com outros países da Europa. Ela se comprometeu a manter sua moeda, a libra esterlina, numa cotação igual ou superior a 2,77 marcos alemães (o euro ainda não existia). Se o valor caísse abaixo disso, o Banco da Inglaterra era obrigado a intervir. O objetivo era reduzir as oscilações econômicas na Europa. Mas Soros viu nisso uma grande oportunidade para lucrar.

Sem chamar a atenção, ele foi pegando empréstimos e comprando libras esterlinas. Acumulou o equivalente a US$ 10 bilhões. Aí, no dia 16 de setembro de 1992, vendeu todas. Jogou tudo de uma vez no mercado. Como havia excesso de libras, a cotação delas despencou. Em pânico, o Banco da Inglaterra tentou aumentar os juros e comprar libras para defender a moeda. Mas Soros era mais forte. O governo inglês foi obrigado a abaixar a cabeça e aceitar a desvalorização da libra. No dia seguinte Soros recomprou, pagando menos, tudo o que tinha vendido - e ganhou US$ 1 bilhão com isso. O episódio ficou conhecido como "Quarta-feira Negra". "Os grandes acertos de Soros foram saber quem iria perder", escreve o historiador Niall Ferguson em A Ascensão do Dinheiro - A História Financeira do Mundo (Editora Planeta). Naquela ocasião, o perdedor foi a Inglaterra. Mas não foi o único caso do tipo. Esse jogo, em que grandes investidores forçam os países a desvalorizar suas moedas, começou na Tailândia, se espalhou por vários países da Ásia, chegou à Rússia e veio parar no Brasil. Em 1999, depois de sofrer um ataque similar, o Banco Central foi obrigado a abandonar o sistema de bandas cambiais, que estipulava uma variação máxima para a cotação do real.

E aí está outro problema da superconcentração de renda: ela permite que megainvestidores, como Soros, tenham força para mexer com a moeda de um país inteiro. Hoje, estima-se que haja mais de US$ 600 trilhões aplicados no mercado financeiro, dez vezes mais do que na chamada "economia real". O dinheiro que fica dentro do mercado, e não é investido em empresas e projetos, só serve para fabricar mais dinheiro. Não movimenta a economia. "Não contribui para a inovação, a capacidade empresarial, a criação de empregos", diz o economista Evilásio Salvador, professor da Universidade de Brasília.


A UNIÃO FAZ A FORÇA

Os ultrarricos nem sempre exercem seu poder na política, ou no mercado financeiro. Eles também influem sobre as coisas que você compra. Os produtos e serviços são fornecidos por um número cada vez menor de empresas - porque elas estão se juntando umas às outras. Entre 2002 e 2005, o Brasil teve uma média de 384 fusões e aquisições por ano, segundo estudo da consultoria Price Waterhouse Coopers (PwC). De 2006 a 2009, essa média subiu para 646. De 2010 a 2013, chegou a 783. A concentração empresarial está acontecendo no mundo inteiro, em todos os setores da economia. Por exemplo: no final dos anos 50, a França tinha 20 montadoras de automóveis. Hoje, apenas duas (Renault e Peugeot-Citroën), que foram absorvendo as demais. Na Itália, eram 19. Hoje, só uma (Fiat). Pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça, em Zurique, estudaram as 43 mil maiores empresas do mundo - e mapearam todas as relações entre elas. Descobriram que um grupo muito pequeno manda numa parte enorme da economia global. "1% das empresas controla 40% de toda a rede", diz James Glattfelder, um dos autores do estudo.

A concentração empresarial não é necessariamente ruim, mas pode ser. Imagine se só existisse uma marca de creme dental, por exemplo. Ela poderia cobrar bem caro e você seria obrigado a pagar, porque precisa escovar os dentes. Na prática, isso não tem acontecido. O mercado brasileiro de cerveja, por exemplo, é dominado pela AmBev (que tem 67,5%). Ela surgiu da fusão entre Brahma e Antarctica, as duas maiores cervejarias do País. Mas desde que foi criada, em 1999, os reajustes no preço da cerveja estiveram próximos da inflação, sem aumentos abusivos. "Hoje a concorrência é muito maior do que no passado", diz o economista Rogério Gollo, especialista em fusões e aquisições da PwC. Com os carros, aconteceu a mesma coisa. Mesmo havendo menos fabricantes, os preços não subiram. A concentração empresarial não está doendo no seu bolso, pelo menos não ainda. Mas uma coisa está.


EFEITO MATEUS

Os impostos. Quando pensamos neles, costumamos pensar no governo: o dinheiro que ele arrecada e os serviços públicos, como saúde e educação, que fornece em troca. O que pouca gente sabe é que, no Brasil, os ricos pagam proporcionalmente menos impostos do que o resto da sociedade. Soa incrível, mas é verdade. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra o que acontece. Uma pessoa que ganha dois salários mínimos por mês gasta 53,9% da sua renda com impostos, que estão embutidos nos produtos que ela compra. Tem de trabalhar 197 dias por ano só para pagar impostos. Já alguém que recebe 30 salários mínimos paga apenas 29% - e trabalha 106 dias, quase a metade do tempo, para sustentar o governo.

Isso acontece porque, ao contrário do que acontece em países desenvolvidos, os impostos brasileiros estão mais concentrados nos produtos que as pessoas compram, e não no dinheiro que elas ganham. E essa característica é uma máquina de produzir desigualdade: porque os impostos tomam mais dinheiro daqueles que menos têm. "Isso onera os mais pobres, tornando-os mais pobres ainda", diz Evilásio Salvador, da Universidade de Brasília. É o que os economistas chamam de Efeito Mateus (uma referência à passagem bíblica Mateus 25, 14-30: "Porque àquele que tem lhe será dado, e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado").

Inverter essa lógica é difícil - afinal, os mais ricos têm poder para pressionar os políticos. Mas até alguns deles se dizem dispostos a mudar. O megainvestidor Warren Buffet, terceiro homem mais rico do mundo, sugeriu um plano ao presidente dos EUA. A proposta, que ficou conhecida como "The Buffett Rule" (Regra Buffett), criava um imposto de renda de pelo menos 30% sobre quem ganha mais de US$ 1 milhão por ano. Isso só afetaria 0,3% das pessoas. Mas arrecadaria US$ 36 bilhões. É um oceano de dinheiro (mais que todo o orçamento do Ministério da Educação brasileiro). A proposta foi à votação no Congresso, e perdeu. Segundo uma pesquisa da CNN, 72% dos americanos eram a favor dela.

Se nada mudar, a desigualdade no mundo tende a continuar crescendo (pois r > g, lembra?). É difícil prever as consequências disso. Mas uma delas pode ser a radicalização política. Um estudo feito por três universidades americanas (Columbia, Houston e Princeton) constatou que, quanto maior a desigualdade econômica num país, mais forte tende a ser a divisão entre os seus grupos de esquerda e de direita. E a história sugere que a superconcentração de recursos pode acabar em algum tipo de tumulto.

Já aconteceu. Houve um país que passou por um processo muito forte, e muito acelerado, de concentração de renda. Em apenas cinco anos, a fatia do bolo pertencente ao 1% mais rico cresceu 50%. A renda das demais pessoas caiu a ponto de prejudicar sua alimentação - e aumentar a mortalidade infantil em 16% em determinadas regiões do país. Seu líder fazia discursos cada vez mais inflamados, nos quais se dizia "inimigo do capitalismo". Essa nação era a Alemanha. Seu líder, Adolf Hitler. A consequência, a Segunda Guerra Mundial.

Matéria publicada na Revista Superinteressante, em dezembro de 2014.


Jorge Hessen* comenta

A economia do mundo atual está periclitante e não consegue se recuperar da debacle econômica de 2008, aliás, a maior das últimas 8 décadas. Tudo teve início nas quebras de grandes bancos nos EUA, deixando um rombo estimado em quase US$ 3 trilhões. A crise de então se expandiu pelo planeta, provocando amplos cenários de desemprego e recessão. A rigor, as principais economias do mundo ainda não se recuperaram. Apesar de toda essa tempestade econômica, paradoxalmente o número de bilionários duplicou.

Os fatos demonstram que as crises econômicas têm o poder de concentrar renda e deixar os ricos mais ricos. Como resolver isso? Seguramente não será com as ideologias extremistas do igualitarismo. Quanto maior a desigualdade econômica num país, mais forte tende a ser a divisão ideológica entre os chamados grupos do  “igualitarismo” e do “liberalismo”. E a história sugere que a superconcentração de recursos redunda em algum tipo de desordem. Por isso, a desigualdade das riquezas é um dos problemas que preocupa muita gente. Mas, debalde se procurará resolver tal desigualdade levando em conta apenas a unicidade das existências.

Afinal, por que não são igualmente ricos todos os homens? Indagou Kardec aos Benfeitores que responderam: “Não o são por uma razão muito simples: por não serem igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar”.(1) E mais, é fato matematicamente demonstrado que “a riqueza, repartida com igualdade, a cada um daria uma parcela mínima e insuficiente. Por outra, se efetuada essa partilha, o equilíbrio em pouco tempo estaria desfeito, pela diversidade dos caracteres e das aptidões. Supondo ainda que seja possível e durável essa divisão, cada um teria somente com o que viver e o resultado seria o aniquilamento de todos os grandes trabalhos que concorrem para o progresso e para o bem-estar da Humanidade”.(2)

Ora, “se Deus concentra a riqueza em certos pontos, é para que daí se expanda em quantidade suficiente, de acordo com as necessidades. Admitido isso, pergunta-se por que Deus a concede a pessoas incapazes de fazê-la frutificar para o bem de todos”.(3) Eis aí uma prova da Sabedoria e da Bondade Divina. Dando o livre-arbítrio ao homem, quer Deus que o mesmo chegue, por experiência própria, a distinguir o bem do mal e opte pelo bem, de livre vontade e por seus esforços. Obviamente a harmonia da sociedade não virá por decretos, nem de parlamentos que caracterizam sua ação por uma força excessivamente passageira.

Os conceitos do Espiritismo defendem a meritocracia do ideal liberal, a liberdade individual e quem pugna por esses valores não deve ser tido como um reacionário. O princípio da improfícua ideologia igualitária sempre fascinou a mente revoltosa, porque parece ser mais “justa”, e atender melhor à parte mais desprotegida da humanidade. Irrisão! Essa ideologia carrega consigo uma mancha execrável. Não é capaz de respeitar o que é inerente ao ser humano, que é o livre arbítrio individual. Como não conseguirá jamais se estabelecer com a concordância dos cidadãos, precisa se impor à força para que os “mais iguais” minoritários liderem e dirijam a “liberdade” do resto da população reprimida.

Reafirmamos que os adeptos do materialismo sonham com a igualdade irrestrita das criaturas, sem compreender que, recebendo os mesmos direitos de trabalho e de aquisição perante Deus [aceitem ou não!], os homens, por suas próprias ações, são profundamente desiguais entre si, em inteligências, virtude, compreensão e moralidade. E consta nos anais da História que o “trabalho” , o “batente”, o “rala rala”, o “labor diário” para o ganha não é a credencial moral dos reivindicadores dos princípio igualitário.

Sob o ponto de vista reencarnacionista, o Espiritismo ilustra os contra-sensos das teorias radicais do igualitarismo e coopera na restauração do adequado caminho da evolução social. Emoldurando a ideologia igualitária nos apelos cristãos, não se deslumbra com as reformas exteriores, para rematar que a excepcional renovação considerável é a do homem interior, célula viva do organismo social de todos os tempos, justando pela intensificação dos movimentos educativos da criatura, à luz eterna do Evangelho do Cristo.

De acordo com a História sempre existiu, existe e deploravelmente existirá grupos de materialistas, ateus e rebeldes extremistas em número significativo, que são estrepitosos, violentos e constituem ameaça à liberdade do cidadão. E quem se opõe à sua cartilha agressiva não pode ser considerada uma “maioria” alienada e muito menos cidadãos que se sentem ameaçados nas suas conquistas, construídas com trabalho e dignidade. Ora, qualquer ideologia de princípios igualitários não pode perder de vista a sábia máxima do Cristo “a cada um segundo seus merecimentos”.

Cabe ressaltar ainda que os princípios contidos em O Livro dos Espíritos relativo às leis morais, e mesmo no Evangelho de Jesus, dão sustentação a fraternidade sem quaisquer pechas de ideologias igualitárias. Será perda de tempo valer-se da retórica vazia de que o livro “Nosso Lar” descreve uma comunidade com as falácias socialistas igualitárias, não é verdade? Pois lá se reafirma a lógica da meritocracia em que o indivíduo é abonado pelas virtudes e talentos morais conquistados. Aliás, um exemplo para qualquer sociedade de hoje ou amanhã.


Referência bibliográfica:

(1) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI, RJ: Ed. FEB;

(2) Idem;

(3) Idem.

* Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal aposentado do INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.