sábado, 1 de dezembro de 2012

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Acontecerá: "Encontros e Despedidas" é o tema central do SEMEARTE 2012

 

A MEAL - Mocidade Espírita André Luiz, do CELD - Centro Espírita Léon Denis, do Rio de Janeiro, apresenta mais uma edição deste evento, que reúne teatro, música e dança. Será no próximo domingo, dia 2 de dezembro, a partir das 15h. A entrada é franca.
Uma passagem, uma viagem… O que significa a palavra viagem? Deslocamento de alguém de um lugar para outro, razoavelmente distante, certo? Mas o que levamos nessa viagem? O que fazemos quando lá chegamos?
A equipe do SEMEARTE estudou, detalhadamente, ao longo do ano, estas questões importantes e levam ao público algumas reflexões sobre a morte, que ainda traz desconforto para a maioria das pessoas.
O SEMEARTE 2012 é um Encontro para toda a família, e acontecerá no CELD, Rua Abílio dos Santos, 137, Bento Ribeiro, Rio de Janeiro, RJ.
Pede-se como contribuição opcional 1kg de alimento não-perecível.
Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (21) 2452-1846 ou na seguinte página: www.celd.org.br/meal.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Você Sabia?!

"Encontramos a prova da Existência de Deus em tudo aquilo que não é obra do homem. Não há efeito sem causa. A perfeita harmonia existente no universo evidenciam a existência de Deus. Deus não se mostra, mas se revela, pelas suas obras."

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

1. Amor à primeira vista

1- AMOR À PRIMEIRA VISTA


1 - Existe o amor à primeira vista?
Salvo em circunstâncias especiais, de almas afins, que se reencontram para gloriosas experiências em comum, o amor não é uma aquisição “à vista”. Melhor que seja uma realização “a prazo”, desenvolvido e sustentado em longos anos de experiência em comum.
2 - Mas não é freqüente as pessoas dizerem que logo no primeiro contato encontraram o homem ou a mulher de suas vidas?
É possível, mas também muitos viram o parceiro de sua vida transformar-se em tormento dela, culminando com a separação.
3 - Estavam equivocados?
Talvez existisse uma ligação efetiva, fruto de experiências em comum no pretérito. Vieram para consolidá-la, mas a relação deteriorou-se com o tempo.
4 - Por isso costuma-se dizer que com o amor passamos o tempo e com o tempo passa o amor?
O que passa é a paixão, o amor-desejo, o amor-deslumbramento. Alguns quilos de sal consumidos em comum e as pessoas começam a sentir que o parceiro não é tão desejável e nada deslumbrante.
5 - O que seria, então, o verdadeiro amor? Lembro-me da série famosa de publicações ilustradas, sob o titulo “Amar é...”, envolvendo manifestações de afeto recíprocas. Do homem para a mulher:
Amar é conversar com ela; amar é entender seus momentos difíceis; amar é lembrar de seu aniversário; amar é acompanhá-la ao médico; amar é dar-lhe um descanso na cozinha... São incontáveis as situações em que se enfatiza algo que o amante faz pela amada ou vice-versa. Amar é isso - querer o bem de alguém.
6 - Mesmo esse amor não se desgasta com o tempo?
Depende das pessoas. O amor é como uma planta que se não for bem cuidada, morre. Muitos casais, unidos por legítimos laços de afetividade, acabam vendo o amor fenecer por falta de cuidado e atenção.
7 - Por que isso acontece?
Porque as pessoas se envolvem muito com seus negócios, seus interesses pessoais, suas paixões, e não deixam espaço para cultivar o amor.
8 - Não são as dificuldades de relacionamento que acabam por provocar as tormentas do amor? As pessoas se amam muito mas, de repente, descobrem que são muito diferentes.
O homem e a mulher se completam justamente porque são diferentes. Pretender que tenham identidade plena de interesses e aptidões seria contrariar a própria biologia. Se o amor for bem cultivado, com os defensivos da compreensão, do respeito e da tolerância, não haverá espaço para as ervas daninhas do desentendimento, que matam o amor.
 
( Richard Simonetti - Livro: Não pise na bola )

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Revista Espírita: Uma noite esquecida ou a Feiticeira Manouza

Revista Espírita
Jornal de Estudos Psicológicos
Segundo Ano – 1859
Fevereiro
Revista Espírita, fevereiro de 1859
Uma noite esquecida ou a
feiticeira Manouza
Milésima segunda noite dos contos árabes,
Ditada pelo Espírito de Frederíc Soulié.
(TERCEIRO E ÚLTIMO CAPÍTULO)
 
VII
- Levantai-vos, disse-lhe Noureddin, e segui-me. Nazara, banhada em lágrimas, lançou-se-lhe
aos pés e implorou sua graça. -Nada de piedade para uma tal falta, disse o pretenso
sultão; preparai-vos para morrer. Noureddin sofria muito por ter para com ela semelhante
linguagem, mas não julgou chegado o momento de se fazer conhecer.
Nazara, vendo que era impossível dobrá-lo, o seguiu tremente. Eles retornaram aos
apartamentos; ali Noureddin disse a Nazara para ir vestir roupas mais convenientes; depois,
terminada a toilete, sem outra explicação, disse-lhe que iriam, ele e Ozana (o anão) conduzi-la
para um bairro de Bagdá onde teria o que ela merecia. Todos os três se cobriram com uma
grande manta, para não serem reconhecidos, e saíram do palácio. Mas, ó terror! apenas
passaram as portas, mudaram de aspecto aos olhos de Nazara; não eram mais o sultão e
Ozana, nem os mercadores de roupas, mas o próprio Noureddin e Tanaple; eles ficaram tão
amedrontados, sobretudo Nazara, ao se verem tão perto da morada do sultão, que
aceleraram o passo com medo de serem reconhecidos.
Apenas entraram na casa de Noureddin, esta achou-se cercada por uma multidão de homens,
escravos e de tropas, enviados pelo sultão para detê-los.
Ao primeiro ruído, Noureddin, Nazara e o anão se refugiaram no apartamento mais retirado
do palácio. Ali, o anão lhes disse para não se amedrontarem; que não havia senão uma coisa
a se fazer para não serem presos, que era colocar o pequeno dedo da mão esquerda na boca
e assoviar três vezes; que Nazara deveria fazer o mesmo, e que, instantaneamente,
tornar-se-iam invisíveis para todos aqueles que quisessem se apoderar deles.
O ruído continuando a aumentar de modo alarmante, Nazara e Noureddin seguiram o
conselho de Tanaple; quando os soldados entraram no apartamento, encontraram-no vazio, e
se retiraram depois de fazerem as mais minuciosas buscas. Então, o anão disse a Noureddin
para fazer ao contrário do que haviam feito, quer dizer, colocar o pequeno dedo da mão
direita na boca e assoviar três vezes; fizeram-no e logo se acharam como eram antes.
O anão, em seguida, fez notar que, não estando em segurança na casa, deveriam deixá-la
por algum tempo, a fim de que se apaziguasse a cólera do sultão. Ofereceu-lhes, em
conseqüência, conduzi-los para seu palácio subterrâneo, onde estariam muito comodamente,
enquanto se achassem os meios de tudo arranjar, a fim de que pudessem entrar sem medo
em Bagdá, e nas melhores condições possíveis.
VIII
Noureddin hesitou, mas Nazara tanto lhe pediu, que acabou por consentir. O anão disse-lhes
para irem ao jardim, comerem uma laranja com a cabeça voltada para o nascente, e que,
então, seriam transportados sem o perceberem. Tiveram o ar de dúvida, mas Tanaple lhes
disse que não compreendia sua dúvida depois do que fizera por eles.
Tendo descido ao jardim, e tendo comido a laranja do modo indicado, se acharam
subitamente elevados a uma altura prodigiosa; depois, subitamente, sentiram um forte abalo
e um grande frio, e se sentiram descendo com grande velocidade. Nada viram durante o
trajeto, mas quando tiveram consciência da situação, se acharam sob a terra, num magnífico
palácio iluminado por mais de vinte mil velas.
Deixemos nossos amantes em seu palácio subterrâneo e retornemos ao nosso pequeno anão,
que deixamos na casa de Noureddin.
Sabeis que o sultão havia enviado soldados para se apoderarem dos fugitivos; depois de
haverem explorado os mais retirados cantos da habitação, assim como os jardins, não
encontrando nada, foram forçados a se retirarem, para informarem ao sultão de sua tentativa
infrutífera.
Tanaple acompanhara a todos ao longo do caminho; olhava-os com ar astuto e, de tempo em
tempo, lhes perguntava qual preço o sultão daria àquele que trouxesse de novo os dois
fugitivos. - Se o sultão, acrescentava ele, estiver disposto a conceder-me uma hora de
audiência, dir-lhe-ei alguma coisa que o apaziguará, e ficará encantado por se livrar de uma
mulher como Nazara, que há nela um mau gênio, e que faria descer sobre ele todas as
desgraças possíveis, se ela permanecesse algumas luas mais. O chefe dos Eunucos prometeu-lhe
incumbir-se disso e transmitir-lhe a resposta do sultão.
Apenas entrados no palácio, o chefe dos negros veio dizer que seu senhor o esperava,
prevenindo-lhe, todavia, que seria furado por uma lança se avançasse imposturas.
Nosso pequeno monstro se apressou em entrar na casa do sultão. Chegado diante desse
homem duro e severo, inclinou-se três vezes como é habitual, diante dos príncipes de Bagdá.
- Que tens a me dizer? perguntou-lhe o sultão. Sabes o que te espera se não disseres a
verdade. Fala; eu te escuto.
"Grande Espírito, celeste Lua, tríade de Sóis, não anuncio senão a verdade. Nazara é filha da
fada Negra e do gênio a Grande Serpente dos Infernos. Sua presença, em tua casa, te traria
todas as pragas inimagináveis: praga das serpentes, eclipse do sol, lua azul impedindo os
amores da noite; todos os teus desejos, enfim, iriam ser contrariados, e tuas mulheres
envelhecidas antes mesmo que uma lua haja passado. Poderia dar-te uma prova do que
adianto; sei onde se encontra Nazara; se quiseres, irei procurá-la e poderás convencer-te por
ti mesmo. Não há senão um meio de evitar-se essas desgraças, é dar-lha a Noureddin.
Noureddin não é mais o que pensas; ele é filho da feiticeira Manouza e do gênio o Rochedo de
Diamante. Se tu uni-los, em reconhecimento, Manouza te protegerá; se recusares.... Pobre
príncipe! Eu te lamento. Faze a prova; depois disso decidirás."
O sultão escutou com bastante calma o discurso de Tanaple; mas, logo depois, chamou uma
tropa de homens armados, e ordenou-lhes aprisionarem o pequeno monstro, até que um
acontecimento viesse convencê-lo daquilo que acabara de ouvir.
- Acreditava, disse Tanaple, fazer favor a um grande príncipe; mas vejo que me enganei e
deixo aos gênios o cuidado de vingar seus filhos. Dito isso, seguiu aqueles que vieram para
prendê-lo.
IX
Tanaple estava na prisão apenas há algumas horas, quando o Sol se cobriu com uma nuvem
de cor sombria, como se um véu quisesse ocultá-lo à Terra; depois um grande ruído se fez
ouvir, e de uma montanha, colocada à entrada da cidade, saiu um gigante armado que se
dirigiu para o palácio do sultão.
Não vos direi que o sultão ficou muito calmo; longe disso; tremia como uma folha de
laranjeira, que Éolo tivesse atormentado. A aproximação do gigante, ordenou fechar todas as
portas, e todos os seus soldados estarem prontos, armas às mãos, para defenderem seu
príncipe. Mas, ó estupefação! à aproximação do gigante, todas as portas se abriram, como
impelidas por mão secreta; depois, gravemente, o gigante avançou até o sultão, sem dar um
sinal, nem dizer uma palavra. À sua vista, o sultão se lançou de joelhos, pediu ao gigante
poupá-lo e dizer o que exigia.
"Príncipe! disse o gigante, não digo grande coisa pela primeira vez; não faço mais que te
advertir. Faça o que Tanaple te aconselhou, e nossa proteção ser-te-á assegurada; de outro
modo, sofrerás a pena de tua obstinação." Dito isso, retirou-se.
O sultão ficou primeiro muito amedrontado; mas, ao cabo de um quarto de hora, estando
recomposto de sua perturbação, longe de seguir os conselhos de Tanaple, fez logo publicar
um édito que prometia uma magnífica recompensa àquele que pudesse colocá-lo nas pegadas
dos fugitivos; depois, tendo colocado guardas nas portas do palácio e da cidade, esperou
pacientemente. Mas sua paciência não foi de longa duração, ou pelo menos não lhe deixou
tempo para colocá-la à prova. A partir do segundo dia, apareceu às portas da cidade um
exército que tinha o ar de ter saído de baixo da terra; os soldados estavam vestidos com
peles de toupeiras, e tinham armaduras de carapuças de tartarugas; levavam clavas feitas
com lascas de rocha.
A sua aproximação, os guardas quiseram resistir, mas o aspecto formidável do exército logo
fê-los abaixarem as armas; abriram as portas sem falarem, sem quebrar suas fileiras, e a
tropa inimiga foi gravemente até o palácio. O sultão quis se mostrar à porta de seus
apartamentos; mas, para sua grande surpresa, seus guardas adormeceram e as portas se
abriram por si mesmas; depois o chefe da armada avançou com passo grave até o sultão e
lhe disse:
"Venho dizer-te que Tanaple, vendo tua obstinação, nos enviou para te procurar; em lugar de
ser o sultão de um povo que não sabes governar, vamos conduzir-te às toupeiras; tu mesmo
torna-te-ás toupeira e serás sultão aveludado. Vê se isso te convém antes que fazer o que
Tanaple te ordenou; dou-te dez minutos para refletir.
O sultão gostaria de resistir; mas, para sua felicidade, após alguns momentos de reflexão,
consentiu naquilo que se lhe exigiam; não quis colocar senão uma condição, de que os
fugitivos não habitassem seu reino. Foi-lhe prometido e, no mesmo instante, sem saber de
que lado e como, o exército desapareceu aos seus olhos.
Agora que a sorte de nossos amantes estava completamente assegurada, voltemos para
junto deles. Sabeis que os deixamos no palácio subterrâneo.
Depois de alguns minutos, ofuscados e arrebatados pelo aspecto das maravilhas que os
cercavam, quiseram visitar o palácio e seus arredores. Viram jardins encantadores. Coisa
estranha! via-se tão claro quanto a céu descoberto. Aproximaram-se do palácio: todas as
suas portas estavam abertas, e havia preparativos como para uma grande festa. À porta
estava uma dama em magnífico vestido. Nossos fugitivos não a reconheceram de início; mas,
aproximando-se mais, viram Manouza, a feiticeira, Manouza toda transformada; não era mais
aquela velha mulher, feia e decrépita, era uma mulher já de uma certa idade, mas ainda
bela, e com um grande ar.
"Noureddin, disse-lhe ela, te prometi ajuda e assistência. Hoje vais receber minha promessa;
estás no fim de teus males e vais receber o prêmio de tua constância: Nazara vai ser tua
mulher; além disso dou-te este palácio; habitá-lo-ás e serás o rei de um povo de bravos e
reconhecidos súditos; são dignos de ti, como és digno de reinar sobre eles."
A essas palavras, música harmoniosa fez-se ouvir, de todos os lados, apareceu uma multidão
inumerável de homens e de mulheres em roupas de festa; à sua frente estavam os grandes
senhores e as grandes senhoras que vieram se prosternar aos pés de Noureddin; ofereceram-lhe
uma coroa de ouro, enriquecida com diamantes, dizendo que o reconheciam por seu rei;
que esse trono lhe pertencia como herança de seu pai; que foram encantados, há 400 anos
pela vontade de mágicos maus, que esse encanto não deveria acabar senão com a presença
de Noureddin. Em seguida, fizeram longo discurso pelas suas virtudes e as de Nazara.
Então, Manouza disse-lhe: Sois felizes, nada mais tenho a fazer aqui. Se tiverdes necessidade
de mim, batei sobre a estátua que está no meio de vosso jardim e, no mesmo instante, eu
virei. Depois ela desapareceu.
Noureddin e Nazara gostariam de retê-la por mais tempo, para lhe agradecer todas as suas
bondades para com eles. Depois de alguns momentos, passados conversando, retornaram
aos seus súditos; as festas e as alegrias duraram oito dias. Seu reinado foi longo e feliz;
viveram milhares de anos, e posso dizer mesmo que vivem ainda; somente o país não foi
reencontrado, ou, por melhor dizer, jamais foi muito conhecido.
Fim.
*
Nota. Chamamos a atenção dos nossos leitores sobre as observações com as quais precedemos o conto, em nossos números de novembro de 1858 e janeiro de 1859.
ALLAN KARDEC.
 
(recebido de JoellSilva via email)

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Acontecerá: Ciranda de Arte e Comunicação será realizada em João Pessoa

Ciranda de Arte e Comunicação será realizada em João Pessoa

De 30 de novembro a 2 de dezembro de 2012, a Federação Espírita Paraibana realizará, através dos Departamentos de Arte, Comunicação Social e Infância e Juventude, um evento que apresenta música, teatro, palestra, leitura, filme, cursos, debates, artesanato, dentre outras atividades.
Na programação, shows com o Grupo Acorde, Canto & Luz, Semearte e Coral Flor de Luz; peças de teatro, com o Grupo Pirilampo, Grupo Caravana da Alegria e Grupo Joanna D´Ângelis; curso de oratória espírita; exposição de artesanato do Centro Espírita “Os Doze Apóstolos”; feira do livro espírita para crianças e jovens; apresentação do projeto Personalidades, pela juventude espírita da FEPB, e outras atividades.
As atividades acontecerão na sede da FEPB, Av. Bento da Gama, 555, Torre, João Pessoa, PB, tendo início na sexta-feira, às 19h, com encerramento no domingo, às 18h.
Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (83) 8831-8723

domingo, 25 de novembro de 2012

Jovens com deficiência enfrentam batalha para fazer uma universidade

Jovens com deficiência enfrentam batalha para fazer uma universidade

Estudantes têm dificuldade para prestar o vestibular e até fazer atividades nas aulas
Da Agência Brasil
A conquista de uma vaga em uma universidade pública é um sonho para muitos jovens brasileiros. Dominar o conteúdo exigido no vestibular, no entanto, pode não ser o principal desafio para que um aluno consiga ingressar em instituições de ensino superior. Segundo relatos de candidatos com deficiência, as dificuldades começam antes mesmo de chegar aos locais dos exames que, muitas vezes, não oferecem a acessibilidade necessária.
Outras barreiras podem estar embutidas nas próprias questões que os alunos devem resolver nas provas, como contou Maria das Graças Morais, 21, que tem deficiência visual. A jovem, que tentou o vestibular da UnB (Universidade de Brasília) cinco vezes, coleciona relatos de problemas.
— Em uma das provas, uma questão deveria ser feita com base na observação da figura de uma bicicleta. Por incrível que pareça, na prova adaptada para o braille não havia a descrição da figura e na prova do ledor, que nos ajuda a saber o que está sendo pedido, também não havia a figura para que ele pudesse descrever o que estava vendo. Como eu poderia fazer aquela questão?
Dados do Censo da Educação Superior de 2010 apontam que em um universo de 6,3 milhões de estudantes matriculados em cursos de graduação, apenas 16.328 universitários são identificados como pessoas com deficiência. Desse número, 10.470 estão na rede privada. O dado mostra a realidade sobre a dificuldade de ingresso e permanência dos estudantes com deficiência no ensino superior no Brasil.
Ronan Alves Pereira é pai de Tomás Pereira, 20, estudante cego do 5º semestre do curso de letras e tradução em inglês da UnB. Ele também acredita que o filho foi prejudicado por condições inadequadas nas provas da universidade. Em uma das vezes, o rapaz, que nasceu cego, fez o vestibular da instituição e foram identificados erros de grafia em enunciados e de transcrição para o braille.
— É uma situação muito grave encontrar uma cadeia química incompleta ou sinais trocados em equações matemáticas: no lugar do sinal de adição, o de subtração. O resultado nunca daria certo.
Tomás lamenta por muitos amigos que não conseguiram entrar na universidade como ele e diz que há precariedade no atendimento ao aluno com deficiência.
— O atendimento ao aluno e à família das pessoas com deficiência é extremamente precário. Além disso, não há vontade política de tirar as barreiras. Os problemas são questionados, mas não temos solução. Nas respostas, a universidade é omissa, discriminadora. Identificamos várias divergências na prova, foram sucessivos recursos e uma longa jornada até conseguir entrar na faculdade. Há vários colegas que não têm oportunidade ou conhecimento dos recursos e ficam pelo caminho.
Depois de algumas tentativas, Tomás conseguiu entrar na universidade. Para garantir a vaga, contou com a ajuda do pai que checou item a item da prova tradicional com a prova aplicada ao filho, em braille. As dificuldades, no entanto, não acabaram. Ele teve de enfrentar a falta de estrutura para a locomoção dentro do campus.
— Ir ao banheiro, por exemplo, é muito complicado, pois não há identificação nas portas. Outro problema é conseguir mesa para colocar o teclado de braille, que é grande e não cabe em uma mesa comum. Nem todos os professores se dispõem a compartilhar a sua própria mesa comigo.
Diariamente o jovem é obrigado a desviar de bebedores, cadeiras e outros obstáculos com auxílio de uma bengala. É ela que o ajuda a identificar, quando há piso tátil, o caminho para onde quer chegar.
Luiz Antônio Bichir Garcia, 25, é calouro na UnB. Aluno do primeiro semestre de história, Garcia, que sofre de uma paralisia cerebral, precisa de estrutura adaptada para acompanhar as aulas. Ele é cadeirante, tem atrofia nas mãos, não lê e nem escreve. Conta com ajuda de sete tutores da universidade para gravar as aulas e os textos trabalhados pelos professores, além da locomoção pelo campus.
O pai do jovem, Luis Antônio Garcia, que o acompanha diariamente, diz que a estrutura não é adequada, mas acredita que há uma preocupação da instituição em avançar.
— O campus tem muitos problemas para o deslocamento de cadeirantes. As calçadas são esburacadas, as rampas de acesso são muito íngremes e os banheiros não são adequados. Mas a universidade oferece certo apoio aos estudantes e estamos otimistas. Acreditamos que, aos poucos, as coisas vão melhorar.
Notícia publicada no Portal R7, em 27 de setembro de 2012.

Reinaldo Monteiro Macedo* comenta
Aqui está algo ainda muito triste... São irmãos que não pensam nos seus próprios irmãos...
Todos sabemos da realidade sobre a dificuldade de ingresso e permanência dos estudantes com deficiência no ensino superior no Brasil, nosso tema em tela.
Quando falamos "ingresso", estamos nos referindo desde o acesso físico ao interior das universidades, como também pela dificuldade de sequer entender o conteúdo das provas.
Na nossa visão, esses fatos denotam que a humanidade está passando também por verdadeiras "provas coletivas" com relação a prática do egoísmo, fato que envolve muitas facetas:
- egoísmo individual,
- egoísmo familiar,
- egoísmo de classe,
- egoísmo de raça,
- egoísmo nacional,
- egoísmo sectário.
O nosso planeta está iniciando um processo de mudança evolutiva, passando de um mundo de provas e expiações para um mundo de regeneração. Tal fato causa modificações intestinas em todas as direções. E a evolução intelectual antecede a evolução moral. Aqui está o cerne da questão que estamos presenciando.
Cada vez mais, o homem precisa participar do processo de mudança, decidindo se vai continuar fazendo parte do problema ou então da solução.
Aqui entra o Espiritismo, que "esclarece que por meio da vida presente e considerando a aprendizado adquirido no passado o homem prepara sua vida futura..."
Fechando o assunto, registramos aqui que nós fazemos parte do contexto social em que vivemos, pois o ser humano precisa viver em sociedade para progredir, o que é uma lei natural e, portanto, divina (Lei de Sociedade).
Dessa forma, fazemos todos nós parte do problema, e caberá a todos nós mudar o panorama e passarmos a fazer parte das soluções.
Daí sermos herdeiros de nós mesmos... Daí ser necessário "colhermos o que plantamos", como nos deixou Jesus para servir de ensinamento. É o aprendizado pelo amor ou pela dor, não como castigo, mas como método eficiente que nos permite utilizar nosso livre-arbítrio, e nisso conquistarmos a verdade, que é o conhecimento da vida, como é a vontade de Deus.

* Reinaldo Monteiro Macedo é aposentado, administrador e analista de sistemas de formação, expositor de estudos e colaborador do Centro Espírita Nair Montez de Castro no Rio de Janeiro/RJ e de algumas outras Casas.