sábado, 24 de outubro de 2015

A Oração segundo André Luiz

Todos nós sabemos o valor que a oração possui em nossas vidas, o próprio Mestre nos ensinou a orar,vejamos então o que nosso querido André Luiz nos disse a respeito desse assunto em algumas de suas obras, psicografadas por Chico Xavier:
- Missionários da Luz: “A oração é o mais eficiente antídoto do vampirismo (1). A prece não é movimento mecânico de lábios, nem disco de fácil repetição no aparelho da mente. É vibração, energia, poder. A criatura que ora, mobilizando as próprias forças, realiza trabalhos de inexprimível significação. Semelhante estado psíquico descortina forças ignoradas, revela a nossa origem divina e coloca-nos em contato com as fontes superiores. Dentro dessa realização, o Espírito, em qualquer forma, pode emitir raios de espantoso poder. Os raios divinos, expedidos pela oração santificadora, convertem-se em fatores adiantados de cooperação eficiente e definitiva na cura do corpo, na renovação da alma e iluminação da consciência. Toda prece elevada é manancial de magnetismo criador e vivificante e toda criatura que cultiva a oração, com o devido equilíbrio do sentimento, transforma-se gradativamente, em foco radiante de energias da Divindade”.
- Entre a Terra e o Céu: “A prece, qualquer que ela seja, é ação provocando a reação que lhe corresponde. Conforme a sua natureza, paira na região em que foi emitida ou eleva-se mais, ou menos, recebendo a resposta imediata ou remota, segundo as finalidades a que se destina. Cada prece, tanto quanto cada emissão de força, se caracteriza por determinado potencial de freqüência e todos estamos cercados por Inteligências capazes de sintonizar com o nosso apelo, à maneira de estações receptoras”.
- Evolução em Dois Mundos: “Assim é que orar em nosso favor é atrair a Força Divina para a restauração de nossas forças humanas, e orar a benefício dos outros ou ajudá-los, através da energia magnética, à disposição de todos os espíritos que desejem realmente servir, será sempre assegurar-lhes as melhores possibilidades de auto-reajustamento, compreendendo-se, porém, que o amor consola, instrui, ameniza, levanta, recupera e redime, todos estamos condicionados à justiça a que voluntariamente nos rendemos, perante a Vida Eterna, justiça que preceitua, conforme os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus-Cristo, seja dado isso ou aquilo a cada um segundo as suas próprias obras, cabendo-nos recordar que as obras felizes ou menos felizes podem ser fruto de nossa orientação todos os dias e, por isso mesmo, todos os dias será possível alterar o rumo de nosso próprio roteiro”.
- Mecanismos da Mediunidade: “Daí resulta o impositivo da vigilância sobre a nossa própria orientação, de vez que somente a conduta reta sustenta o reto pensamento e, de posse do reto pensamento, a oração, qualquer que seja o nosso grau de cultura intelectual, é o mais elevado toque de indução para que nos coloquemos, para logo, em regime de comunhão com as Esferas Superiores. A mente centralizada na oração pode ser comparada a uma flor estelar, aberta ante o Infinito, absorvendo-lhe o orvalho nutriente de vida e luz”.
(1) O processo de vampirismo espiritual é o processo de domínio ou exploração psíquica, em que ocorre perda de energia vital. São casos em que o nível de influência da obsessão retira as forças emocionais, espirituais da vítima.
São causadas por seres de pouca evolução espiritual, que por falta de informação não sabem o que lhes acontecerá após suas mortes. Muitas vezes, esses irmãos até desconhecem seus estados atuais, não se desligando da matéria e de seus entes, passando, então esses espíritos, que em geral são viciosos, a procurar nas energias carnais, do encarnado que esteja em sintonia com ele.

Fonte: Soc. Espírita Auxilio Fraternidade

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Reflexão: Preconceito

Oi, galerinha!

Infelizmente as atitudes de preconceito ainda são comuns em nossa sociedade. E isso, claro, porque elas refletem o interior dos nossos corações. Que bacana, então, se pararmos para vasculhar os nossos sentimentos, pensamentos e opiniões e a partir dessa busca pelo autoconhecimento, trabalharmos sobre todos os preconceitos que trazemos, com o fim de os extirpar de dentro de nós?

Vejamos esse VÍDEO

Revista Espírita - Quinto Ano – 1862 - Março

Revista Espírita
Jornal de Estudos Psicológicos
Quinto Ano – 1862
Março


Ensinamentos e Dissertações
espíritas


Epidemia demoníaca em Savoie

Revista Espírita, abril de 1862

Os jornais falaram, há algum tempo, de uma monomania epidêmica que se declarou numa parte da Haute-Savoie, e contra a qual fracassaram todos os recursos da medicina e da religião. O único meio que produziu resultados um pouco satisfatórios foi a dispersão dos indivíduos em diferentes cidades. Recebemos, a esse respeito, a carta seguinte do capitão B..., membro da Sociedade Espírita de Paris, neste momento em Annecy.

Annecy, 7 de março de 1862.

"Senhor presidente, "Pensando me tornar útil à Sociedade, tenho a honra de vos enviar uma brochura, que um amigo me remeteu, Sr. Dr. Caille, encarregado pelo ministro para seguir a sindicância feita pelo Sr. Constant, inspetor das casas de alienados, sobre os casos muito numerosos de demoniomania, observados na comuna de Morzine, distrito de Thonon (Haute-Savoie). Essa infeliz população está ainda hoje sob a influência da obsessão, apesar dos exorcismos, dos tratamentos médicos, das medidas tomadas pela autoridade, internação nos hospitais do departamento; os casos diminuíram um pouco, mas não cessaram, e o mal existe, por assim dizer, no estado latente. O cura, querendo exorcizar esses infelizes, na maioria crianças, os fizera levar à igreja, conduzidos por homens vigorosos. Apenas pronunciara as primeiras palavras latinas, e uma cena assustadora se produziu: gritos, pulos furiosos, convulsões, etc., a tal ponto que mandaram buscar a polícia e uma companhia de infantaria, para colocar a boa ordem.
"Não pude conseguir todas as informações que gostaria de poder vos dar desde hoje, mas esses fatos me parecem bastante graves para merecer vosso exame. O Sr. Dr. Arthaud, alienista, de Lyon, leu um relatório à Sociedade médica dessa cidade, relatório que foi impresso na Gazette médicale de Lyon, e que poderíes vos proporcionar pelo vosso correspondente. Temos, no hospital dessa cidade, duas mulheres de Morzine, que estão em tratamento. O Sr. Dr. Caille concluiu por uma afecção nervosa epidêmica, que escapa a toda espécie de tratamento e de exorcismo; só o isolamento produziu bons resultados.
Todos esses infelizes obsidiados pronunciam, em suas crises, palavras obscenas; dão pulos prodigiosos acima das mesas, sobem nas árvores, nos tetos, e profetizam, às vezes.
"Se esses fatos se apresentaram nos séculos dezesseis e dezessete, nos conventos e nas regiões de lavoura, não é menos verdadeiro que, no nosso século dezenove, nos ofereçam, a nós Espíritas, um objeto de estudo do ponto de vista da obsessão epidêmica se generalizando e persistindo durante anos, uma vez que há quase cinco anos o primeiro caso foi observado.
'Terei a honra de vos enviar todos os documentos e informações que puder me proporcionar.
Aceitai, etc.,
"B.”
As duas comunicações Seguintes nos foram dadas a esse respeito, na Sociedade de Paris, pelos nossos Espíritos habituais.
"Não são os médicos, mas magnetizadores, espiritualistas ou espíritas que seria preciso enviar para dissipar a legião dos maus Espíritos, perdidos em vosso planeta. Digo perdidos, porque não farão senão passar. Mas por muito tempo a infeliz população enlameada pelo contato impuro, sofrerá em seu moral e em seu corpo. Onde está o remédio? Perguntai-vos.
Ele surgirá do mal, porque os homens, assustados por essas manifestações, acolherão com entusiasmo o contato benfazejo de bons Espíritos que lhes sucederão, como a alvorada sucede à noite. Essa pobre população, ignorante de todo o trabalho intelectual, teria desconhecido as comunicações inteligentes dos Espíritos, ou antes, não as teria mesmo percebido. A iniciação e os males que essa turba impura arrasta, abrem os olhos fechados, e as desordens, os atos de demência, não são senão o prelúdio da iniciação, porque todos devem participar da grande luz espírita. Não reclameis sobre o cruel modo de proceder: tudo tem uma finalidade, e os sofrimentos devem fecundar como fazem as tempestades que destroem a colheita de uma região, ao passo que fertilizam outras regiões.
GEORGES (Médium, senhora Costel).
"Os casos de demoniomania, que se produzem hoje em Savoie, se produzem igualmente em outros países, notadamente na Alemanha, mas muito principalmente no Oriente. Esse fato anormal é mais característico do que o pensais. Com efeito, ele revela, para o observador atento, uma atenção análoga àquela que se manifestou nos últimos anos do paganismo. Ninguém ignora que quando o Cristo, nosso mestre bem-amado, se encarnou na Judéia, sob os traços do carpinteiro Jesus, esse país havia sido invadido por legiões de maus Espíritos que se apoderaram, pela possessão, como hoje, das classes sociais mais ignorantes, de Espíritos encarnados mais fracos e menos avançados, em uma palavra, de indivíduos que guardam os rebanhos ou que vagam nas ocupações da vida dos campos.
Não vos apercebeis de uma analogia muito grande entre a reprodução desses fenômenos idênticos de possessão? Ah! há ali um ensinamento muito profundo! e deveis disso concluir que os tempos preditos se aproximam mais e mais, e que o Filho do homem virá logo expulsar, de novo, essa turba de Espíritos impuros que se abateram sobre a Terra, e reviver a fé cristã, dando a sua alta e divina sanção às revelações consoladoras e aos ensinamentos regeneradores do Espiritismo. Para retornarmos aos casos atuais de demoniomania, é preciso se lembrar que os sábios, que os médicos do século de Augusto, trataram segundo os procedimentos hipocráticos, os infelizes possessos da Palestina, e que toda a sua ciência se quebrou diante desse poder desconhecido. Pois bem! Hoje ainda, todos os vossos inspetores de epidemias, todos os vossos alienistas mais distintos, sábios doutores em materialismo puro, fracassarão do mesmo modo diante dessa enfermidade toda moral, diante dessa epidemia toda espiritual. Mas que importa! meus amigos, vós que fostes tocados pela graça nova, sabeis o quanto esses males são passageiros, são curáveis por aqueles que têm fé. Esperai, pois, esperai com confiança a vinda d’Aquele que já resgatou a Humanidade; a hora está próxima; o Espírito precursor já está encarnado; logo, pois, o desenvolvimento completo desta Doutrina que tomou por divisa: "Fora da caridade, não há salvação!"
ERASTO. (Médium, Sr. d'Ambel).

 Enviado por: Joel Silva

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Artigo: A Marvada

amarvadaA Marvada

Marcus Braga

Clássico da música caipira imortalizada na voz da querida Inezita Barroso, “A marvada pinga” narra de forma cômica as situações vividas por uma mulher no seu processo de dependência do álcool. No contexto da música dita regional, essa exaltação é comum, como no recente sucesso “Nóis trupica mais num cai” (Rick e Renner), trazendo apenas a dimensão da graça de um fato muito preocupante, que é a dependência química de bebidas alcoólicas, em especial por conta dos mais jovens.

A bebida, culturalmente, foi associada a eventos recreativos. Na esfera jovem, tem-se que a intensidade de seus efeitos é proporcional a magnitude dessa diversão, na exaltação dos feitos no dia seguinte, no qual vira o assunto da roda de conversa que fulano teve uma PT (perda total), ou seja, ficou inconsciente por força da bebida, coroado pela sua ida para o pronto socorro, em uma fraqueza que demonstra força, mais um dos curiosos efeitos da “marvada”.
Quem convive com o ambiente juvenil percebe uma mudança de perfil no que tange a vícios das décadas de 70/80 para o período atual. A bebida entre jovens sempre esteve em alta e de lá prá cá, pela força de mudanças culturais e restrições legais, diminuiu o uso do tabaco. Quanto às outras drogas, as ilícitas, mudaram apenas dentro do portfólio, pelo requinte desse rentável negócio internacional, mas continuou presente no cotidiano juvenil, com a novidade de Crack, de alto poder destrutivo e vinculado a classes menos abastadas. Resumindo, perdeu espaço o cigarro, mas segue pujante o álcool entre os adolescentes, uma droga lícita e que tem efeitos danosos não só ao corpo de seu usuário, mas ao seu convívio social também.

Estudo de 2012 da Organização Mundial de Saúde (OMS), chamado de “Megacity”, realizado aqui no Brasil em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), mostra que o maior índice de dependência e abuso do álcool está, atualmente, nas mulheres até 24 anos e nos homens após 45 anos, ao contrário do quadro de 20 anos atrás, onde o bebedor médio era o jovem masculino. Anteriormente, havia uma proporção de quatro homens para uma mulher bebedora, sendo que a pesquisa revela que hoje essa proporção é de um para um. Chegou-se a igualdade dos gêneros no campo do vício!

Da mesma forma, interessante matéria da Revista Veja, de 11.07.2012, traz uma pesquisa do Instituto de Pesquisas da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), mostrando que 70% dos adolescentes obtêm sucesso na aquisição de bebidas alcoólicas, apesar da proibição. A mesma pesquisa indica que o álcool na vida do adolescente potencializa o risco de problemas como: gravidez na adolescência, brigas, crimes, acidentes no trânsito, baixo desempenho escolar e o uso associado de outras drogas ilícitas. Além disso, a pesquisa revela que pelo fato do corpo do adolescente estar ainda em formação, a bebida tem seus efeitos destrutivos no cérebro, fígado e coração agravados.
A pesquisa revela também uma triste estatística: de que um a cada três jovens de 14 a 17 anos, no Brasil, se embebedou - o famoso “porre”- uma vez pelo menos no período de um ano. E que a classe “A”, mais abastada, tem uma frequência maior dessas ocorrências. Convencionou-se que o porre tem um caráter de rito de passagem, no qual o menino(a) já é adulto(a), como se isso significasse ser amadurecido.
É fato, não há o que se questionar, a rapaziada esta bebendo mais e mais cedo e as mulheres jovens estão com uma participação crescente nessa casuística. Um antigo problema das famílias, reforçado pela propaganda, pela leniência das autoridades com a proibição e ainda, com uma visão hedonista de que o prazer é o objetivo primordial da vida, como filho dileto do consumo, e que o álcool possibilita esse prazer maior, de mais qualidade.
Esse quadro revelado nas pesquisas não espanta qualquer jovem que dele tome conhecimento. Está aí, para qualquer um, essa realidade. Essa discussão no campo do espiritismo geralmente descamba para a companhia indesejável dos espíritos sofredores e do suicídio inconsciente, pela destruição da benção do corpo físico na jornada reencarnatória. Porém, tudo isso é sabido, de alguma forma, pelos usuários dessas estatísticas, que contam com espíritas certamente, mas ainda sim são inócuas para impedi-los de se prender a esse vício na juventude. Por quê?
Bem, inicialmente existe uma questão biológica de certas pessoas, que por alguns motivos tem propensão a dependência química. O contato dessas pessoas com o álcool faz com que elas adquiram o vício, em um processo de difícil reversão. Por isso, os companheiros dos Alcoólicos Anônimos - AA, em sua larga experiência, recomendam não provar ou experimentar e temem, na abstinência, a famosa recaída.
Na juventude, em especial, a necessidade de aceitação do grupo e de demonstrar força diante dos desafios, faz da bebida um símbolo de exibição de resistência do corpo aos seus efeitos, comparando à tenacidade do jovem a quantidade de bebida que ele ingere sem ser vencido pelos seus efeitos. O rito de passagem tribal, em um desafio etílico.
Nessa mesma fase, pelo seu caráter de desinibição, o jovem, compelido a participar de forma ativa de vários espaços, na luta pela autoafirmação diante das suas tribos, utiliza-se da bebida como ferramenta encorajadora, que rompe a vergonha e a timidez, como uma fórmula mágica para superar os desafios que são seus, de megaexposição e de se tornar um indivíduo autônomo.
Por fim, por conta de um interesse comercial, de manter um consumidor jovem fiel a um hábito por uma janela de tempo maior, a publicidade de bebidas alcoólicas se concentra no público jovem, nos seus ídolos e manifestações, contraposto a uma pífia publicidade oficial que se restringe ao “se beber não dirija”, atacando os efeitos e não as causas da bebida, em que pese os visíveis ganhos da “Lei Seca” no que tange a acidentes automobilísticos, reforçando a relação da bebida com essas ocorrências.
Diante desse quadro, prezado jovem que lê essas páginas, vê-se que o hábito de tomar uma de vez em quando, que se torna o “de vez em sempre” (ainda que todos digam o contrário), não é de fácil combate e necessita de uma coisa mais rara na juventude, que é superar o imediatismo e pensar no futuro. Pensar que aquela “marvada”, hoje engraçada e desinibidora, como porta de acesso a um mundo de amigos e diversão, carrega em si um potencial destruidor de famílias, da sua saúde, do seu psiquismo e de seus relacionamentos e isso não aparece em horário nobre. Falo com o conhecimento de causa de quem entregou alguns dos seus ao túmulo por conta da bebida, e testemunhou a série de problemas advindos, que vão muito além da saúde.
O grande desafio e demonstração de coragem estão em ser diferente, ser você mesmo e saber dizer “não”, quando todos esperam de você um “sim”, sem precisar se justificar ou desculpar-se, pelos motivos que interessam apenas ao seu foro íntimo, e que todos, se são realmente seus amigos, devem saber respeitar. Coragem é mostrar que você não precisa de muletas para crescer!
Essa autoafirmação real é fundamental para você, jovem, pois fará de você um adulto sereno, decidido e amadurecido. Agora, se a sua motivação é o prazer, a sensação química, saiba que ela é passageira, como o vento, e que ela tem um custo amargoso, no presente da dependência e do acidente de automóvel e no futuro da sua saúde física e espiritual. Você deve considerar que se divertir é uma arte, na qual existem formas saudáveis de encontrar o prazer, na sua medida certa, sem destruição, e que a juventude também é um momento do aprendizado dessa importante lição.
Quanto ao jovem dependente, chegando à juventude espírita, devemos ampará-lo e respeitá-lo. Respeitá-lo não é apoiá-lo em seu vício e sim ajudá-lo a sair dessa, com amor e diálogo - um desafio-, enxergando quando ele pede ajuda. Não se trata uma questão de preconceito e sim de saúde, espiritual e corporal, a relação com a “marvada”. Não é um hábito, é um vício com consequências terríveis, para o usuário e para os que o rodeiam.
Por fim, penso que na sua mocidade espírita, o tema da bebida deve ser discutido, com a franqueza necessária, entendendo os seus efeitos, mas a força de seus apelos. Se não fizer parte do programa, pergunte ao seu orientador sobre essa temática. Faz parte do papel orientativo da juventude espírita e devemos, jovens e orientadores, trazê-lo para a pauta, como um tema atual e necessário. Que o alcoolismo não seja mais um dos temas que no espiritismo fechamos os nossos olhos, mas que ao mesmo tempo, a prática nos diz que devemos rever nossas estratégias de atuação diante da “marvada”, pois esta se readapta as investidas, movida por interesses poderosos.

15 de Outubro de 2015

* Publicado originalmente na Revista Revista Eletrônica O Consolador

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Agressão verbal na infância pode doer mais do que palmada

Agressão verbal na infância pode doer mais do que palmada

Essa é a conclusão de uma pesquisa feita com dez mil adultos de todo o Brasil que contaram histórias de abuso emocional sofridas na infância.

Palavras ofensivas podem doer mais do que uma agressão física e ter consequências psicológicas mais graves para uma criança.

Essa é a conclusão de uma pesquisa feita com dez mil adultos de todo o Brasil que contaram histórias de abuso emocional sofridas na infância.

“Ela me chamava de prostituta, falava que eu não prestava, que eu tinha que morrer, porque ela não me aguentava mais”, conta uma jovem.

As ofensas eram feitas pela mãe dela.

“Eu sofria muito quando ela me falava tudo isso, e eu me sentia muito pra baixo”, afirma.

Quando a menina tinha 14 anos, a Justiça tirou a guarda da família biológica. Ela foi adotada. Conheceu o carinho, encontrou o amor.

Fantástico: Quando esses pais te puxam a orelha, eles fazem como?

Jovem: Eles sentam comigo e conversam e falam: ‘Isso está errado. Então vamos tentar mudar isso’.

Agora, ela resolveu escrever um livro para contar o que viveu.

“Eu acho que muita gente vai ler a história e vai ver que eu superei e que elas também podem superar”, diz a jovem.

Existe uma lei que pune humilhações e ameaças feitas a uma criança. É a mesma lei que trata de agressões físicas e que ficou conhecida apenas por "Lei da Palmada", como se as agressões verbais fossem um problema menor. Mas não são. E, às vezes, têm consequências mais graves do que a palmada.

A afirmação é de pesquisadores da PUC do Rio Grande do Sul, que entrevistaram dez mil adultos de todo o Brasil.

Para fazer o estudo, os psiquiatras criaram uma página na internet. Nela, o participante preenche um cadastro anônimo e responde a uma série de perguntas sobre experiências de vida. Em troca, ganha um perfil de personalidade. Já os pesquisadores usam essas informações para comparar relatos de maus tratos físicos e emocionais na infância com características atuais do temperamento dos participantes.

Lembranças de palavras ofensivas e de negligência emocional reduzem em até 30% a autoestima e o otimismo. Aumentam em 20% a impulsividade. Apenas 10% dos que sofreram com ofensas se consideram emocionalmente saudáveis.

“O pior tipo de trauma que uma criança pode passar é o abuso emocional. Ofensas, humilhações e hostilidade verbal. Porque, eu diria assim, a dor do coração não passa”, explica o psiquiatra Diogo Lara, coordenador da pesquisa.

“Eu diria que talvez eu possa desculpar, mas que infelizmente eu não vou esquecer”, diz um homem que, aos 35 anos, ainda sofre com o que ouvia na casa do pai, que hoje, depois de uma terapia familiar, reconhece o erro.

“Eram agressões no sentido de humilhar e ofender e diminuir ele”, lembra o pai.

“Me chamou de... várias vezes alegando peculiaridades físicas, me chamou de podridão. Ele era muito maior do que eu fisicamente, então não me sobrava muitas alternativas, senão me resignar”, explica o homem.

Segundo a pesquisa, 60% dos brasileiros já sofreram abuso emocional. A psiquiatra Cláudia Szobot, terapeuta do Instituto da Família, confirma: em muitas famílias, os adultos repetem com os filhos as agressões verbais que viveram na infância.

“Aquelas figuras cuidadoras de amor, que deveriam ser cuidadoras, deram pra ela essa mensagem. Que está bem xingar, que pode ser estúpido, que pode desqualificar o outro e muitas vezes a criança cresce achando que isso é normal, que é assim mesmo”, diz a psiquiatra.

Fantástico: E quando o pai percebe que se excedeu, o que ele pode fazer?

Diogo Lara, psiquiatra: Ele pode pedir desculpas para a criança. Que ele não quis dizer aquilo, que ele estava fora de si, isso também mostra para a criança a humildade, que as pessoas podem errar.

Fantástico: O que tem hoje na família que não tinha antes?

Jovem: Não tinha carinho, não tinha amor, não tinha afeto, não tinha cuidado e hoje tem tudo isso.

Fantástico: E você quer contar isso para os outros?

Jovem: Sim, eu quero mostrar como eu sou feliz. Eu amo eles muito.

Matéria publicada na página do Fantástico, em 2 de março de 2015.

Paula Mendlowicz* comenta

Aprendemos na Doutrina Espírita que somos Espíritos imortais: -“Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei.”(1)

Mas com que objetivo reencarnamos? As famílias são mesmo necessárias nesse processo? Qual o papel dos pais nessa caminhada?

A verdade é que somos seres inteligentes da criação. Somos criados espíritos simples e ignorantes, aprendendo e evoluindo através das múltiplas existências, até alcançarmos a perfeição. Assim, iremos reencarnar quantas vezes forem necessárias para nosso próprio aprimoramento. A rapidez com que isso acontece, isto é, nosso progresso intelectual e moral dependerá sempre de nossos esforços empreendidos.

O mundo que habitamos hoje é chamado de mundo de expiação e provas. Nele nos deparamos com espíritos em diferentes escalas de evolução. Encontraremos espíritos nos quais o desejo do bem já predomina e Espíritos imperfeitos, caracterizados pela ignorância, pelo desejo do mal e pelas paixões inferiores.(1)

Quando falamos sobre a importância da família, podemos recorrer à questão 775, em O Livro dos Espíritos: Qual seria, para a sociedade, o resultado do relaxamento dos laços de família? - “Uma recrudescência do egoísmo”.(2)

Podemos ir mais além, através das palavras do espírito Benedita Maria: - “Quando Deus nos ligou na Terra pelos laços consanguíneos, chamados familiares, sabia Ele da importância dessa amarração, a fim de que pudéssemos corrigir relacionamentos desajustados de tempos remotos ou aproximados. Mas, igualmente, a nossa família corresponde à escola na qual vamos aprendendo lições importantes para a evolução que buscamos. É por isso que deveremos ver em nosso grupo familiar um corpo formado por almas carentes, dos mais variados tipos, no qual quem mais conquistou, em todos os sentidos, aprende a socorrer ou auxiliar os que demoram mais para realizar suas conquistas”.(3)

E qual o papel dos pais então? Não temos dúvidas de que a maternidade e paternidade são uma missão de grande valor: - “Os Espíritos dos pais têm por missão desenvolver os de seus filhos pela educação. Constitui-lhes isso uma tarefa...”(4)

Hermínio de Miranda, no livro “Nossos filhos são Espíritos”, nos esclarece: “Nossos filhos, tanto quanto nós mesmos, são seres humanos que já viveram antes. Trazem em si todo um passado mais ou menos longo de experiências, equívocos, conquistas, realizações e, consequentemente, um programa a executar na vida que reiniciam junto de nós. Da mesma forma que não nos desintegramos em nada ao morrer, também não viemos do nada quando nascemos de novo na carne. Tudo é continuidade, etapas que se sucedem, em ciclos alternados, aqui e além”.(5)

Assim, recebemos como filhos aqueles a quem temos condições de ajudar, mas também aqueles que nos ensinarão muito! Mas a verdade é que educar não é fácil, os filhos não chegam até nós com um manual de instrução e não existe uma fórmula mágica para o bom comportamento. Educar exige trabalho, paciência e muito amor. O fato é que quando não estamos preparados para sermos pais, quando não aceitamos as responsabilidades que isso nos traz acabamos frustrados e nos desequilibramos.

E é isso que temos visto quando apresentados os números oficiais sobre os maus tratos a que nossas crianças e jovens são submetidos diariamente. Os números são quase sempre sobre os casos atendidos em postos de saúde e hospitais. Mais de 50% dos casos de maus tratos são praticados pelas mães.(6) Mas como a pesquisa nos chama atenção, as humilhações, os xingamentos, isto é, as agressões verbais são extremamente danosas e precisamos aprender a identificar e acabar com esse comportamento.

No dia 27/06/2014, entrou em vigor a lei que proíbe pais de aplicar castigo físico ou tratamento cruel ou degradante para educar os filhos (Lei 13.010). Foi chamada informalmente de Lei da Palmada, e determina que os pais que agredirem os filhos recebam orientação, tratamento psicológico ou psiquiátrico, além de advertência. Diz o seguinte:

“A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los.”(7 e 8)

O que isso quer dizer? Castigo físico seria a “ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em sofrimento físico ou lesão” e tratamento cruel ou degradante seria a conduta que humilhe, ameace gravemente ou ridicularize.(8)

Essa lei gerou muita discussão e muitos foram contra. Bom seria que não precisássemos que leis como essa fossem criadas. Mas como isso ainda é uma realidade dura em nosso planeta, que possamos pensar e refletir sobre a discussão gerada em torno dela, e também sobre nosso comportamento e o que devemos e podemos fazer a respeito.

Tendo sempre em mente a importância da educação e do respeito ao próximo.

Que possamos refletir sobre a resposta de Jesus a Tadeu quando conversavam sobre a receita da felicidade:

- Tadeu, se você procura, então, a alegria e a felicidade do mundo inteiro, proceda para com os outros, como deseja que os outros procedam para com você. E caminhando cada homem nessa mesma norma, muito breve estenderemos na Terra as glórias do Paraíso.(9)

Referências Bibliográficas:

(1) <http://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2015/06/Conhe%C3%A7a-o-Espiritismo-folder.pdf>;

(2) O Livro dos Espíritos, questão 775;

(3) Livro "Ações Corajosas para viver em Paz", espírito Benedita Maria, psicografia de Raul Teixeira;

(4) O Livro dos Espíritos, questão 208;

(5) Livro “Nossos filhos são Espíritos”, Hermínio de Miranda;

(6) <http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2013-12-17/mais-de-50-dos-casos-de-maus-tratos-contra-criancas-sao-praticados-pelas-maes.html>;

(7) <http://g1.globo.com/politica/noticia/2014/06/entra-em-vigor-lei-que-proibe-castigo-fisico-contra-criancas-e-adolescentes.html>;

(8) <whttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13010.htm>;

(9) Livro “Jesus no Lar”, espírito Néio Lúcio, psicografia de Francisco Cândido Xavier.

* Paula Mendlowicz é carioca e formada em ciências biológicas pela UERJ. É espírita e colaboradora do Espiritismo.net.

Arara da felicidade (6)

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