sábado, 15 de outubro de 2016

Reflexão...


''Jamais vos sintais sozinhos na luta.
Estamos convosco e seguiremos ao vosso lado.
Invisibilidade não significa ausência''...
(Eurípedes Barsanulfo)

Mural reflexivo: Viver com Desprendimento


 
VIVER COM DESPRENDIMENTO

    Conta-se que Diógenes destacou-se entre os sábios gregos e chegou a ser professor de Alexandre da Macedônia.

    Um dia, começou a questionar os costumes do seu tempo e a necessidade dos bens materiais.

    Resolveu adotar uma vida totalmente desprendida e ficou morando dentro de uma barrica, tendo para seu uso pessoal somente uma cuia com água.

    Depois de algum tempo descobriu que nem mesmo da cuia ele precisava, pois usando suas duas mãos poderia pegar água para beber ou para limpar-se. Jogou a cuia fora.

    Quando Alexandre invadiu a Grécia, fez questão de visitar aquele seu antigo professor.

    Encontrou-o sob o sol, junto à barrica, entregue aos próprio pensamentos, e lhe disse:

    "Você já deve saber que conquistei a Grécia e que todas estas terras agora fazem parte do meu império. Como você foi meu professor e sempre o admirei, quero recompensá-lo de alguma forma. Me diga: o que você deseja?"

    Houve um momento de silêncio. Alexandre e todos os integrantes de sua escolta aguardavam com curiosidade a resposta do filósofo.

    "Posso pedir mesmo?" - disse Diógenes.

    "Sim, peça."

    "O que desejo é que você saia da frente do sol, pois está impedindo que seus raios quentes toquem o meu corpo."

    Alexandre não respondeu. Apenas saiu da frente do sol, e naquele pequeno gesto tentou compreender a filosofia de vida do seu antigo mestre.

    Olhou mais uma vez para Diógenes em sua barrica, olhou para seus soldados, tomou as rédeas do seu cavalo e seguiu seu caminho, rumo à conquista da Ásia.

    Incontestavelmente o desprendimento dos bens terrenos é uma necessidade lógica.

    É verdade que ninguém precisa desprezar os bens que conquistou com o próprio esforço, pois estes constituem legítima propriedade.

    No entanto, é preciso treinar o desprendimento desses bens que um dia ficarão sobre o pó da terra.

    Além disso, há grande diferença entre possuir bens materiais e se deixar possuir por eles.

    Conforme afirmou um grande pensador,

    "O tesouro do sábio é a sua mente, e o do tolo, são seus bens."

    Sim, porque o verdadeiro tesouro é aquele que podemos levar conosco para onde formos. Inclusive na viagem de volta ao mundo espiritual.

    Assim, os bens materiais e todos os recursos que estão em nossas mãos, sob nossa administração temporária, devem servir para fomentar o nosso progresso e também o daqueles que convivem conosco, parentes ou não.

    Quando as riquezas terrenas geram salário, saúde, educação e oportunidades dignas para o ser humano, são geradoras de tesouros nos céus, e garantem o bem-estar do espírito imortal que delas fez bom uso.

    Mas quando as riquezas servem apenas para deleite daquele que as detém, geram infelicidade e desgosto no além-túmulo.

    O homem moderno, levado pela sede de conquistar mais e mais, esquece-se de si mesmo.

    Conquista o sistema solar, mas perde a paz.

    Descobre o mecanismo da vida e despreza a própria existência.

    Realiza incursões vitoriosas nas partículas que compõem o átomo, mas desagrega-se interiormente.

    Sonha com o amor, e entorpece-se nas paixões infelizes.

    Aspira à felicidade, mas intoxica-se nos gozos brutalizantes.

    Importantes, sim, as conquistas intelectuais que geram o progresso e o bem-estar da humanidade...

    No entanto, é imprescindível cultivar o solo dos corações, onde as flores das virtudes possam germinar e crescer, gerando felicidade e paz, verdadeiras.

(Equipe de redação do momento espírita, com base em história extraída do site http:www.gretz.com.br e em no cap. Florações evangélicas, do livro homônimo, ed. Leal. - www.momento.com.br)

Arte Espírita - Os Espíritos Ouvem Música?


sexta-feira, 14 de outubro de 2016

E, aí! Já leu?! (3)

Allan Kardec para todos

  • Organizador: Luis Hu Rivas
  • Edição: 1ª edição

Sinopse: Allan Kardec é o autor francês mais lido no Brasil, movimentando um mercado editorial de mais de 5 mil títulos, estudados e divulgados por diversos eventos. Kardec é responsável por codificar as obras que contém o extenso e profundo conteúdo para o entendimento da Doutrina Espírita.Allan Kardec para todos é composto pela síntese das principais obras do Codificador, enriquecido com ilustrações que ratificam a importância doutrinária do Espiritismo. O objetivo desse livro é ser um guia de acesso rápido aos conteúdos do Pentateuco Kardequiano e também de outras obras, possibilitando um aprofundamento dos princípios que nortearam a vida e a obra do Codificador.

E, aí! Já leu?! (2)


Lar, alicerce de amor


  • Autor: Lucy Dias Ramos
  • Edição: 1ª edição
  • Editora: FEB

Sinopse: Nesta obra, a autora ressalta a importância do lar – escola abençoada – onde nossas almas edificam as virtudes nobres e se preparam para vivenciar, amplamente, no meio social, o que foi assimilado no trato com os problemas enfrentados no relacionamento familiar.


Com vasta experiência de trabalho assistencial no departamento da Família na Casa Espírita, buscou subsídios para enfocar vários temas ligados a problemas vivenciais com a criança, o idoso, o adolescente e os parceiros que na modernidade tomam atitudes imprevistas e inovadoras, algumas perturbadoras a harmonia no lar.

Esse livro tem como objetivo levar-nos a uma reflexão em torno da existência  física em seu sentido real, buscando na espiritualização e no refinamento dos sentimentos e das emoções o equilíbrio saudável para minimizar as dificuldades e os conflitos familiares.

Ressalta, ainda, que será no recinto do lar edificado no amor que aprenderemos a compreender e respeitar a todos os que caminham conosco nesta hora de transição com promessas de paz e luz, depois de vencidas as lutas redentoras!

Alicerce de amor é o que a autora evidencia, na edificação de seu lar, estimado leitor, ou na restauração dos vínculos que permanecerão como pilotis estruturados na vivência desse sentimento nobre, mantenedor da fé e da confiança em Deus.     

 

 

E, ai! Já leu?!

Espiritismo e Genética

  • Autor: Eurípedes Kühl
  • Edição: 4ª edição
Sinopse: Nossos dias vivem um momento sublime, muito evidenciador de que fazemos parte da humanidade encarnada em cujo tempo a regeneração planetária bate à porta, sendo a Genética um dos mais evidentes vetores desse empuxo. Este livro traz esclarecedores apontamentos sobre biogenética com enfoque no Espiritismo. Tratamse, por esse prisma, assuntos polêmicos mas importantes, como bebês de proveta, barrigas de aluguel, ética, clonagem, uso de cobaias, embriões congelados, entre outros. Em razão do progresso constante da Ciência, esta obra foi revisada e atualizada, registrandose agora os novos feitos da Genética nos últimos quinze anos, evidenciando que a lei do progresso, como todas as demais Leis divinas, é perfeita, e, por isso, na Genética, vemos a mão de Deus. 

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Artigo: Eleições - Divaldo Franco

Eleições

Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista
 
 
      No último domingo, o Brasil viveu a glória e a honra de ser uma verdadeira república, onde a liberdade desfraldou a sua bandeira da igualdade e da fraternidade. Foram realizadas eleições livres para os representativos cargos das municipalidades: prefeitos e vereadores. Embora alguns comportamentos doentios de grupelhos que se comprazem em criar embaraços em toda parte e em qualquer oportunidade, tudo transcorreu em clima de paz.
Os resultados estão surpreendentes em torno dos senhores prefeitos, alguns dos quais prosseguirão nos seus cargos, em respeito às atividades que vêm desempenhando com nobreza e consideração às leis estabelecidas, permanecendo outros para decisão em segundo turno, o que representa maturidade dos eleitores. Uma nação digna é construída por cidadãos honrados, que a amam e trabalham para o seu progresso, sem as paixões mórbidas dos interesses de alguns partidos que lhes pretendem a governança, explorando-as até a exaustão.
Essa demonstração nacional anima-nos a confiar no futuro, quando os traumas destes dias de desconforto moral, insensatez e horror passarem, oferecendo-nos confiança e tranquilidade em relação ao porvir. O ser humano encontra-se na Terra, a fim de ser feliz, dotado de inteligência e razão, dispõe dos instrumentos hábeis para poder edificá-la, porém dentro dos elevados valores éticos, que dignificam e permanecem.
É natural, portanto, que as crises variadas que varrem o país e a Terra ainda se demorem por algum tempo, enquanto se eliminam as partes apodrecidas da figurativa maçã, que representaria a sociedade. Lentamente a consciência nacional passa a compreender que o voto é portador de uma força grandiosa capaz de alterar as situações mais penosas, desde que bem aplicado nas mulheres e nos homens honrados que são escolhidos para lhes exercerem o papel de trabalhadores da pátria.
Uma nação forte é aquela que se caracteriza pelos seus cidadãos honestos e protetores dos pobres e desvalidos.

Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em  06/10/2016
Fonte: FEB

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão - A022 – Cap. 8 – Processos Obsessivos – Primeira Parte

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco
A022 – Cap. 8 – Processos Obsessivos – Primeira Parte
  
À medida que os serviços de socorro a Mariana pros­seguiam, fazia-se indispensável remover as raízes profundas da obsessão que, através das vinculações de Guilherme a Teofrastus, se tornaram mais complexas.
Estando o lar do Sr. Mateus sob o assédio de en­tidades viciosas outras, pertencentes ao clã Teofrastus, que mantinham estreito comércio com Marta, a filha mais velha, o movimento de desencarnados era muito expres­sivo, em atividade contínua e de resultados nefastos.
Portadora de mediunidade com amplas possibilida­des, Marta reencarnara ligada a comensais do erro em que derrapara espontaneamente em existência pregressa. Aquinhoada com os recursos psíquicos do intercâmbio espiritual, deveria aplicar as forças de ordem paranor­mal ao serviço do bem e da caridade, de modo a auto-iluminar-se, iluminando por sua vez os que se lhe vin­culavam pelos fortes liames das dívidas. Conquanto houvesse conhecido o serviço da mediunidade sublimada sob as bênçãos de Jesus, na União Espírita Baiana, preferira o círculo das baixas vibrações em que se demo­rava, atendendo a vigorosa hipnose de entidades infe­lizes e impiedosas que lhe dominavam o campo mental, amplamente afetado. Dizendo-se ligada aos graves co­núbios com antigos escravos do Brasil, ainda dirigidos por ódios demorados, fascinava-a as incursões no terreno do «candomblé», inexperiente e insensata, em cujos segredos procurava aprofundar-se, penetrando lamentavelmente em grosseiras burlas, que a conduziam a dolorosos processos de possessão paulatina e segura.
Dirigida por mentes tenazes, irreversivelmente portadoras de alta dose de rancor, fazia-se dócil instrumento para as consultas da irresponsabilidade, aliciando outros cômpares para o vampirismo que grassa em larga escala nos diversos departamentos da crosta terrestre, entre os seres invigilantes e pretensiosos.
Não poucas vezes, dirigida pelos famanazes espirituais da rebeldia, adentrava-se, noite alta, pelas necrópoles da cidade em busca de despojos humanos para os infelizes serviços a que se entregava, conduzindo de volta ao lar verdadeiras legiões de sofredores revoltados que se lhe vinculavam em longo processo perturbador de que no momento não se apercebia, fascinada como se encontrava pela própria sandice.
As orações de Dona Rosa e Amália eram o único lume aceso no labirinto em que se debatiam as forças desencontradas ali operando em guerra de longo curso. O poder da oração e a vida de elevação santificante, no entanto, são capazes, embora a aparente fraqueza de que se revestem, de anular toda a treva, blindando de segurança qualquer circunstância. Embora ignorando que fosse o seu ninho de sonhos doridos um reduto de espíritos desditosos, Dona Rosa sentia a exsudação psíquica que empestava o ambiente, reservando-se maior dose de confiança no Pai, que a amparava benigno, defendendo-a e aos outros membros da família dos miasmas dominantes na atmosfera do lar. Entidades afeiçoadas igualmente, serventuárias do amor, visitavam com freqüência a família Soares, dispensando a todos socorro e assistência contínua, de modo a impedir que os sequa­zes da criminalidade ali dominassem em toda a extensão.
Não eram apenas os Espíritos perturbados da es­fera dos desencarnados. Muitos perdulários buscavam os serviços de Marta tentando, através de conciliábulos com as mentes nefandas, resultados para mil aventu­ras a que se afeiçoavam no jogo ilusório das paixões terrenas. Eram pessoas que perderam objetos de esti­mação e esperavam encontrar, nos Espíritos, interes­sados caçadores de precisão; mulheres amadurecidas que não lobrigaram consorciar-se e que desejavam transfor­mar os Espíritos em instrumentos dos seus desejos; es­posas infelizes que sofriam a falência do matrimônio, recorrendo ao concurso de entidades mentirosas que lhes modificassem a paisagem doméstica; criaturas desem­pregadas que contavam com solução para a aquisição de trabalho de remuneração expressiva; escravos do ódio que se acreditavam vitimados por este ou aquele adversário, solicitando revide e desforço imediato; men­tes desvairadas, ancilosadas pelo vício, rogando solução para problemas complexos... Atendidos no «consultó­rio» reservado de Marta, que mantinha pequeno case­bre para o seu infeliz comércio, muitas vezes, conquanto a severidade de Dona Rosa, eram recebidos clientes no próprio lar, em cuja oportunidade apresentava receitas e exigia materiais para os trabalhos por meio dos quais informava resolver qualquer situação penosa, liberando de problemas os seus consulentes.
Portadora de psicofonia sonambúlica atormentada, vidência e audiência dirigidas por cruéis verdugos de­sencarnados, a obsidiada vivia relacionada com Espíritos ociosos que lhe prestavam informes seguros sobre os seus visitadores, informações essas que surpreendiam agradà­velmente quantos a buscavam, interesseiros e levianos.
Sempre ávidos de novidades, sem o interesse de co­nhecer a realidade da vida espiritual após a sepultura, as pessoas ainda hoje preferem da realidade espírita conhecer somente o que consideram fantástico e sobrena­tural, teimando voluntariamente em permanecer no erro.
Assim se quedavam fascinadas quando a sensitiva lhes explicava os diversos problemas, pormenorizando deta­lhes e apresentando soluções fáceis quanto mágicas para eles. É certo que os Espíritos, conquanto perturbados em si mesmos, podem fazer incursões no terreno material e informar-se sobre muitas coisas do plano físico em que se demoram os homens, pois que a morte não lhes arrebatou a inteligência nem lhes anulou o raciocínio. São capazes, obviamente, de acompanhar as criaturas, dar-lhes assistência e inteirar-se das ocorrências do ca­minho humano, apresentando circunstanciados relatórios, como se houvessem podido, por sortilégios estranhos, possuir o «dom» do conhecimento. Conseguindo êxito no primeiro tentame, o da informação, produziam os de­mais planos verdadeira consagração nos invigilantes que se comprazem na «lei do menor esforço» e que ainda se reservam o direito de manter o cativeiro, que, embora desaparecido da Terra, continua em outros círculos do mundo espiritual em lastimáveis processos. Ainda hoje é muito comum escutarem-se aqueles que dizem ter «um espírito às suas ordens», que os ajuda, atendendo-os com «fidelidade de cão». Invariavelmente se ligam a antigos escravos que a desencarnação não libertou e que pros­seguem, na sua ignorância quanto às realidades da vida, no vicioso intercâmbio com as consciências da Terra, do­minados ou dominadores — o que também ocorre, mo­dificando-se então o tipo de escravidão que é o predo­mínio do desencarnado sobre o encarnado —, quase sem­pre em profunda perturbação. Vaidosos, os homens não atentam ao dever da solidariedade nem da caridade, considerando-se credores de socorros e ajudas que estão muito distantes de merecer. Asfixiados pelo «eu, domi­nador, supõem que a vida deve servi-los e que o barro orgânico é edifício para o seu supremo prazer... Nes­ses homens e mulheres desprevenidos da realidade do além-túmulo, consciências livres e ironizantes estabele­cem jugos de dominação que degeneram em enfermida­des de etiologia difícil para a medicina humana, e que não acabam sequer com o advento da desencarnação...
Aí estão, todavia, claras e puras as lições do Cris­tianismo, ora revividas na Doutrina Espírita, clamando quanto às responsabilidades de cada um em relação a si mesmo e ao próximo; vibram os pensamentos de Je­sus, arrancados do silêncio dos séculos, convidando ao amor, à santificação da vida; sublimes vozes da Imor­talidade proclamam a Era da Luz combatente contra a treva; venerandos desencarnados retornam e revivem os conceitos imortalistas da verdade, cantando a excelên­cia dos Mandamentos; ilações excelentes quanto às cau­sas e aos efeitos dos sofrimentos e das ações são apre­sentadas por antigas celebrações que dignificariam a existência entre os homens; mortos queridos ressusci­tam do sepulcro vazio para consolarem e animarem, le­vantando o moral e estimulando ao dever; guias e condutores da Humanidade reassumem a direção do pen­samento da Terra, pregando esperanças, dirimindo dú­vidas, plasmando diretrizes de paz; obreiros da compai­xão retornam e tomam das mãos dos homens, com mãos intangíveis, para os conduzirem a retas atitudes, e uma sinfonia de bênçãos em forma de melodia de justiça, amor e caridade, envolve a Humanidade como se os an­jos da noite santa do Natal voltassem a repetir: «Glória a Deus nas alturas e paz na Terra entre os homens de boa vontade»! Os ouvidos das criaturas, porém, ante as atroadas dos desesperos, os olhos queimados pelo incêndio das paixões, os sentimentos crestados pelo vazio da volúpia e os cérebros abrasados pela sofreguidão do poder parecem não registrar tão sublime sementeira de luz, não sentir tão grandiosa epopeia de vida!...
O triunfo do Consolador prometido por Jesus, ora entre nós, ainda não atingiu o climax. Ele, porém, re­petindo as «vozes dos Céus», prosseguirá no desiderato da verdade, semeando bênçãos, embora as pequenas co­lheitas de amor, e ficará até o «fim dos tempos».
A missão do Espiritismo é a mesma do Cristianismo das primeiras e refulgentes horas do caminho e das are­nas: levantar o homem do abismo do «eu» e alçá-lo às culminâncias da fraternidade, após galgado o monte da sublimação evangélica redentora.
Transitório o período das trevas, prepara ele as consciências para o despertamento da verdade.
Saturado das vibrações ultrajantes, o espírito hu­mano buscará, invadido por incomparável sede de reno­vação, as fontes inefáveis do bem, mergulhando demo­radamente nas suas águas refrescantes...
Assim considerando e diante das esperanças e con­solações que nos aguardam, os nefandos labores da ator­mentada quimbandista nos inspiravam funda compaixão, compaixão que também nos merecem aqueles que bus­cam os desvios da leviandade para enganarem a cons­ciência, tentando a fuga espetacular às linhas do dever. Não poderão alegar desconhecimento da verdade, nem se justificarão como ignorantes do  auxílio  dos recursos divinos; lamentarão sem poderem fruir o consolo reser­vado aos que se esforçaram em perseverar na augusta direção do bem; chorarão sem lenitivo, por desprezo àimpostergável mensagem do «fazer ao próximo o que deseja lhe faça ele»; sofrerão demoradamente longe do recurso da prece, de que se utilizaram mecanicamente, sem qualquer respeito, fazendo-a instrumento de capricho infantil antes que veículo de comunhão com o Se­nhor... São os que se encarceram nos presídios sem pa­redes da mente desalinhada e tormentosa, O tempo, porém, que de tudo se encarrega, cuidará dos sandeus com a mesma mestria que liberta os humildes, os pacificadores, os simples de coração... herdeiros da Terra!
 
QUESTÕES PARA ESTUDO E DIÁLOGO VIRTUAL
1)     O que fazia Marta para sofrer o assédio dos Espíritos viciosos?
2)     Marta estava consciente do processo obsessivo que vivenciava? Por quê?
3)     Os obsessores de Marta conseguem prejudicar o lar e influenciar outros familiares?
4)     O que pode ser feito para auxiliar Marta?
 
 
Um abraço a todos!
Equipe Manoel Philomeno

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Empresas japonesas usam filmes tristes e choro para 'aproximar' funcionários

Empresas japonesas usam filmes tristes e choro para 'aproximar' funcionários


Emily Webb
BBC News

Somos dez pessoas sentadas em uma sala de conferências de um conjunto de escritórios em Tóquio e um homem acaba de colocar em uma seleção de clipes de filmes.

Enquanto a música ecoa de caixinhas de som, uma história de cortar o coração sobre um homem surdo e sua filha começa na tela. A filha sofre com doença terrível e é levada para o hospital. O homem, incapaz de se fazer entender que ele é o pai da moça seu pai, é impedido de passar da recepção do hospital. O filme termina com ele chorando inconsolável, enquanto ela morre sozinha.

O segundo filme - sobre um cachorro à beira da morte - começa e eu ouvi um soluço abafado do outro lado da sala. Minutos depois, à minha direita, começa um "funga-funga" alto. Em 15 minutos, metade dos que estão na sala está olhando para a tela com lágrimas escorrendo pelo rosto.

O homem que exibe os filmes caminha pela sala com um grande lenço de algodão e suavemente limpa as lágrimas do rosto das pessoas. Ele diligentemente redobra o lenço para oferecer um lado seco à próxima pessoa que chora.

"Quando comecei a participar desses workshops, houve alguns momentos bastante constrangedores", diz o homem com o lenço, Ryusei. Ele tem aparência de modelo e leva muito a sério seu trabalho de enxugador de lágrimas.

"Eu tinha pouca prática e, por isso, não podia chorar facilmente. Isso fazia com que o público não chorasse também. Mas estou muito melhor agora, eu consigo chorar e, assim, os outros me seguem", conta.

O trabalho de Ryusei é, de fato, incomum. O nome da profissão em japonês é ikemeso danshi, algo como "meninos bonitos chorando". Ele conduz oficinas com o único propósito de fazer as pessoas chorarem.

"Os japoneses não estão acostumados a chorar na frente das pessoas. Mas, uma vez que você chora na frente dos outros, o ambiente muda, especialmente no mundo dos negócios".

A ideia da estratégia é mostrar vulnerabilidade das pessoas - quando os outros veem esse lado emotivo dos colegas, supõe-se que as pessoas são capazes de estreitar as relações e funcionar melhor como equipe.

A maioria dos filmes que o bonitão exibe na sessão em que participo tem animais doentes ou explora a relação pai-filha e parece ser dirigida às mulheres. Disseram-me que qualquer um pode participar, mas na sessão de hoje só um dos participantes não é do sexo feminino. O único homem é o chefe da empresa que organizou a oficina.

As empresas podem escolher entre uma seleção de diferentes rapazes que choram e secam lágrimas. Um deles é um dentista que atua nessa área nas horas vagas. Há os que secam lágrimas como atividade principal e, para isso, interpretam papeis de ginasta, agente funerário ou engraxate.

O responsável pela oficina do dia é Ryusei, conhecida por ser bonitão mas ligeiramente mais velho que os demais rapazes boa pinta que choram (e secam lágrimas) - os outros têm 20 anos enquanto ele se aproxima dos 40.

Em Tóquio, outras empresas lançaram projetos similares. Sessões de afago não-sexual e de serviços "alugue um amigo" já estão disponíveis na cidade.
As oficinas de choro foram a ideia de Hiroki Terai - ele é um homem de negócios determinado a fazer com que os japoneses expressem suas emoções: "Eu sempre tive interesse nas sagas ocultas dos seres humanos", diz ele.

Tudo começou quando Terai tinha 16 anos de idade. Sem amigos na escola, ele fazia o lanche sozinho, trancado no banheiro. Foi um momento difícil: "Foi ai que eu comecei a querer saber mais sobre as emoções reais das pessoas - na superfície elas estão sorrindo, mas nem sempre é como estão se sentindo".

O primeiro projeto de Terai foi promover cerimônias de divórcio para casais cujos casamentos chegaram ao fim. "O clímax da cerimônia era esmagar o anel de casamento com um martelo", explica.

Os casais lhe relatavam que o choro era o momento mais catártico. Assim, em 2013, Terai decidiu criar um negócio para fazer pessoas chorarem. Passou a oferecer oficinas abertas a todos em Tóquio.

"As pessoas vinham para chorar juntas. Depois que gritavam, diziam se sentir muito bem depois", diz ele. "O único problema era a percepção de homens que choravam. As pessoas pensavam que eles eram chorões ou fracos."


A solução de Terai

Para tentar afastar essa imagem de fracos e chorões, Terai passou a organizar oficinas do choro lideradas por homens bonitos. A ideia era mostrar que os "boa pinta" também choram e usá-los para fazer outras pessoas irem às lágrimas.

Eu pergunto por que os homens precisam ter boa aparência. Ele dá de ombros e diz: "Eu acho que é porque é muito diferente da vida diária", diz ele. "É emocionante."

As pessoas podem se surpreender com a própria reação aos filmes exibidos nas sessões do choro. "Eu pensei que não iria chorar, mas chorei muito", admite Terumi, uma comediante que está fazendo um documentário sobre esse tipo de oficinas.

Foram os clipes do pai e da filha que a comoveram: "Meu pai ainda está vivo, mas eu tenho mais de 30 anos... e, ainda hoje, eu, às vezes, não me comporto bem diante do meu pai", diz com um riso nervoso. "Bateu um arrependimento", admite.

Nem todo mundo fica tão comovido quanto a comediante e documentarista. Com um olhar bastante desconfiado, Uria, uma funcionária do escritório, pergunta: " É para dizer a verdade?" Ao ouvir que sim, ela diz: "Honestamente, não estou interessada neste tipo de filme. Foram cinco ou seis filmes, muitas pessoas morreram. Eu não gosto disso! Eu não acho que comove. Não me emocionou".

Toda a premissa do negócio de Hiroki Terai gira em torno da ideia de que os japoneses não choram o suficiente. Pergunto se é um estereótipo, mas a maioria dos participantes da oficina parecem concordar.

"Os japoneses não são realmente bons em expressar suas emoções", diz Terumi, que está fazendo o documentário. "As pessoas que trabalham em empresas não costumam revelar muito suas opiniões ou sentimentos", completa ela.

E é isso que motiva Hiroki Terai, o fundador da empresa. "Quero que fazer os japoneses chorarem mais", diz ele com uma empolgação genuína. "Quero isso não só em casa, mas no escritório. Se chora no trabalho, acha que os colegas não vão querer oferecer conforto - há uma imagem muito negativa do choro".

Terai acredita que compartilhar emoções melhora o ambiente de trabalho. "Depois de chorar e deixar as pessoas verem sua vulnerabilidade, você pode se relacionar melhor com as pessoas e isso também é bom para a empresa", argumenta o criador das oficinas do choro.

Depois que deixei aquela sala, pensei sobre o a noite surreal. Não chorei como fizeram os japoneses que participaram da sessão. No entanto, se estivesse focada nos filmes (e não nas reações das pessoas ao meu lado), acho que eu poderia ter ido às lágrimas.

Mas fiquei no fundo da sala, tentando captar ruídos de choro para meu programa na rádio. De fato, não é um comportamento muito propício para chorar.

Notícia publicada na BBC Brasil, em 26 de agosto de 2016.


Breno Henrique de Sousa* comenta

Cultura Japonesa e Isolamento Social

Em um mundo globalizado, onde as distâncias são encurtadas pela tecnologia, pelo turismo e pelo comercio internacional, torna-se cada dia mais frequente o contato com outras culturas, bem como o interesse ou a admiração diante das diferenças existentes entre os povos.

Interpretar outras culturas a partir do nosso contexto é uma estratégia arriscada que pode resultar em estereótipos e preconceitos. Foi sob esse critério que procurei analisar a reportagem, pois a notícia enfatiza apenas o aspecto curioso ou – para nós – exótico da situação, sem a preocupação de explicar um pouco do contexto cultural em que ela se apresenta. Pensando nisso, eu que não conheço a cultura japonesa, pesquisei um pouco sobre o tema, inclusive em artigos acadêmicos, mas, fiquem tranquilos porque eu não pretendo fazer uma enfadonha análise sobre o assunto, até porque esse não é o contexto dos nossos comentários, mas apenas oferecer outras possibilidades de reflexão.

Diante de culturas e tradições muito diferentes, assim como das diferentes formas de expressar as emoções, nos perguntamos se as emoções são da natureza humana ou aprendidas socialmente. Por que alguns povos parecem mais frios nas relações humanas? Para responder essas questões, especialmente no contexto da cultura japonesa, destaco um trabalho interessante que encontrei da pesquisadora Daniela de Carvalho.(1)

Através de uma breve revisão literária, Daniela deixa claro que existe uma base comum na forma que os povos e civilizações expressam suas emoções; por exemplo, medo, alegria, surpresa e ira podem ser expressas facialmente e por tonalidades vocais comuns a todos os povos, mesmo que existam diferenças culturais na forma de expressar essas emoções. A manifestação das emoções básicas através de uma linguagem corporal é da natureza humana, mas existem diferenças culturais significativas na interpretação emocional de situações sociais. Isso nos permite entender que todos os seres humanos tem uma base comum que lhes permite sentir e reagir emocionalmente, mas a forma de exprimir essas emoções e a carga emocional que pomos em situações sociais específicas muda para cada povo.

Ao longo do trabalho, fica claro que os japoneses têm emoções como qualquer povo, mas expressam menos essas emoções, sobretudo publicamente. Em geral os japoneses falam menos sobre suas emoções, apresentam menos expressões faciais que denunciem suas emoções, movimentos corporais e até mesmo menos reações fisiológicas, algo que é culturalmente aprendido desde a infância e ocorre de forma automática. Da mesma forma, os japoneses parecem menos hábeis para identificar expressões faciais que sinalizem emoções negativas como medo e raiva.

Na sociedade japonesa existe uma supervalorização da harmonia social, das regras do convívio em sociedade, a harmonia, a obediência, de maneira que as relações sociais são marcadas pela delicadeza e boas maneiras; dessa forma, eles acreditam que a expressão de sentimentos negativos pode afetar essa harmonia social. Dizem outros textos que essa reverência à harmonia social está muito relacionada com o contexto geográfico de uma sociedade milenar que se desenvolveu em uma ilha, em um contexto de interdependência, onde essa harmonia social sempre foi fundamental para a sobrevivência coletiva.

Nessa sociedade sentimentos como a vergonha tem peso muito maior do que a culpa, pois a vergonha é social e a culpa é íntima, própria de sociedades individualistas como as sociedades ocidentais. A sinceridade não é um valor ético no Japão, onde é mais importante mostrar-se reservado e estar atento à comunicação não verbal.

Por isso, muitos escritores fazem uso do conceito Honne (本音) e Tatemae (建前).(2) Honne se refere ao nosso verdadeiro sentimento íntimo e Tatemae se refere ao que expressamos socialmente, ou quando ocultamos o sentimento verdadeiro em benefício da harmonia social.

É bem verdade que nós mesmos – ocidentais – adotamos um comportamento diante da sociedade que não corresponde àquele que adotamos em nossa vida íntima, mas em nossa sociedade a sinceridade é mais valorizada como uma qualidade e isso nos permite manifestar socialmente nossos sentimentos de maneira mais livre. Essa característica da sociedade japonesa e a forte expectativa social gera grande pressão, mas existem formas socialmente aceitas de libertar a tensão emocional. As expressões literárias e representações dramáticas emocionalmente carregadas podem ser vistas como catárticas da tensão derivada da repressão da agressividade e outras emoções negativas.

Assim fica mais fácil entender o sucesso dessa “terapia” corporativa, pois ela permite justamente a expressão catártica das emoções aliviando as tensões resultantes do autocontrole excessivo e a forte expectativa social. Ao aliviar as tensões, isso se reflete de maneira positiva no ambiente de trabalho e nas relações interpessoais.

Mas o que dizer sobre as regras da sociedade que exercem pressão sobre os indivíduos? Os costumes não podem resultar em uma forma de tensão e sofrimento? O que fazer se somos vítimas de regras e normas sociais que nos provocam desconforto ou sofrimento? Vejamos o que diz O Livro dos Espíritos sobre esse assunto:

863. Os costumes sociais não obrigam muitas vezes o homem a enveredar por um caminho de preferência a outro e não se acha ele submetido à direção da opinião geral, quanto à escolha de suas ocupações? O que se chama respeito humano não constitui óbice ao exercício do livre-arbítrio?

“São os homens e não Deus quem faz os costumes sociais. Se eles a estes se submetem, é porque lhes convêm. Tal submissão, portanto, representa um ato de livre-arbítrio, pois que, se o quisessem, poderiam libertar-se de semelhante jugo. Por que, então, se queixam? Falece-lhes razão para acusarem os costumes sociais. A culpa de tudo devem lançá-la ao tolo amor-próprio de que vivem cheios e que os faz preferirem morrer de fome a infringi-los. Ninguém lhes leva em conta esse sacrifício feito à opinião pública, ao passo que Deus lhes levará em conta o sacrifício que fizerem de suas vaidades. Não quer isto dizer que o homem deva afrontar sem necessidade aquela opinião, como fazem alguns em que há mais originalidade do que verdadeira filosofia. Tanto desatino há em procurar alguém ser apontado a dedo, ou considerado animal curioso, quanto acerto em descer voluntariamente e sem murmurar, desde que não possa manter-se no alto da escala.”

O progresso das sociedades promove a mudança dos costumes sociais que gradativamente expurga ou transforma costumes opressores. Aos poucos, com o progresso intelectual e moral, as sociedades tornar-se-ão mais fraternas, abertas, éticas e humanas. De momento, o contato com outras sociedades e culturas deve-nos permitir uma análise de nossa própria cultura a fim de trabalhar seus aspectos negativos, livrando-nos daqueles hábitos e costumes que refletem a vaidade e o egoísmo.

As culturas com seus costumes e tradições possuem seus aspectos positivos e negativos. Nenhuma sociedade está isenta de contradições e de situações que provoquem tensões sociais e sofrimentos individuais. A oportunidade de ter contato com as diferenças talvez seja nossa salvação, pois na diversidade aprendemos e ensinamos. Por isso não convém denigrir a cultura de nenhum país e nem mesmo menosprezar a própria cultura.


Referências:

(1) CARVALHO, D. Psicologia Educação e Cultura 2003, vol. VII, nº 2, pp. 341-358;


* Breno Henrique de Sousa é paraibano, professor da Universidade Federal da Paraíba nas áreas de Ciências Agrárias e Meio Ambiente. Está no movimento Espírita desde 1994, sendo articulista e expositor. Atualmente faz parte da Federação Espírita Paraibana e atua em diversas instituições na sua região.

Lançamento de livro em São Paulo - autor José Carlos De Lucca - livro "Pensamentos que ajudam".

Lançamento de livro em São Paulo


Acontecerá no dia 22 de outubro de 2016, a partir das 14h na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, o lançamento do

O autor José Carlos De Lucca é professor, Juiz de Direito, palestrante, escritor e estará presente para uma sessão de autógrafos.

A Livraria Cultura do Conjunto Nacional fica na Avenida Paulista, 2073 - Bela Vista, São Paulo/SP. Mais informações em www.jcdelucca.com.br ou pelo telefone (11) 3170-4033.

Café Literário em RJ: tema central é "As Teorias Esquecidas de Allan Kardec".

Café Literário em RJ


Acontecerá no dia 12 de outubro de 2016, a partir das 9h30 no Memorial Zumbi dos Palmares, um Café Literário com Paulo Henrique de Figueiredo.

O tema central é "As Teorias Esquecidas de Allan Kardec". O expositor é autor do livro "Revolução Espírita", que fará parte da 28ª Feira do Livro Espírita de Volta Redonda.

O Memorial Zumbi dos Palmares fica na Rua 23, A - Santa Cecília, Volta Redonda/RJ. Mais informações podem ser obtidas através do telefone (24) 3345-4444.

domingo, 9 de outubro de 2016

Mural reflexivo: Noventa segundos


Noventa segundos

      

     A neurocientista americana Jill Bolte Taylor teve um derrame em 2008, aos trinta e sete anos.

     Seu cérebro ficou comprometido de tal forma que, quando foi apresentada a uma simples conta de matemática, como um mais um, não sabia o que era o número um.

     Hoje, totalmente recuperada, Jill vem pesquisando o funcionamento do cérebro e das emoções. Oferece palestras e escreveu um livro sobre o que descobriu desde o Acidente Vascular Cerebral até a recuperação.

     Revela que nossas emoções são originadas por descargas químicas na corrente sanguínea. Dessa forma, diante de um estímulo, nosso corpo reage movido por substâncias que permanecem durante um tempo no sangue. Depois, o organismo absorve essas substâncias e volta ao normal.

     A doutora Jill explica que a raiva e outras emoções são respostas programadas que podem ser disparadas automaticamente.

     Diz ela: Uma vez desencadeada, a química liberada por meu cérebro percorre meu corpo e tenho a experiência fisiológica.

     Noventa segundos depois do disparo inicial, o componente químico da raiva dissipou-se completamente do meu sangue e minha resposta automática está encerrada. Se, porém, me mantenho zangada depois desses noventa segundos, é porque escolhi manter o circuito rodando.

     Essa constatação da doutora Jill nos faz refletir. Se as emoções, entre elas a raiva, são reações que podem ocorrer, automaticamente mas, a química que liberam dura apenas noventa segundos em nós, por que, então, nos permitimos sentir raiva por horas, dias, semanas, meses e anos?

     Porque escolhemos continuar sentindo raiva, seria a resposta da pesquisadora.

     Quantas vezes sentimos raiva de alguém ou de alguma situação, por muito tempo?

     Quantas vezes escolhemos continuar alimentando raiva de uma pessoa que nos magoou, ou que simplesmente não atendeu nossas expectativas?

     As causas que disparam a emoção da raiva podem ser muitas, mas o tempo de permanência desse sentimento em nós é uma escolha.

     Quando o Mestre Jesus nos disse para perdoarmos setenta vezes sete vezes, ele nos deu a chave para não sentirmos raiva, para não desejarmos vingança. Porém, nosso orgulho nos domina e, muitas vezes, nos induz a atos dos quais nos arrependeremos num futuro próximo.

     Alimentar a raiva é contaminar-se diariamente e enviar aos que nos rodeiam vibrações carregadas de negatividade.

     Também comprometer nosso organismo, envenenar órgãos nobres, criando possibilidades para o aparecimento de enfermidades.

     Mas, como podemos evitar que sentimentos negativos perdurem em nós?

     Primeiramente, observando a nós mesmos. Por que nos irritamos? Por que nos abalamos tanto com o que os outros fazem e falam?

     Se conseguirmos observar o outro que nos fere e tentar compreender o que o move, talvez possamos perceber um irmão ferido, doente, que sofre e ainda não tem condição de agir de outra forma.

     Não temos controle sobre a forma do nosso próximo agir, mas podemos controlar a forma como nós reagiremos ao que ele nos apresenta.

     Pensemos nisso.

      

      Redação do Momento Espírita, com base no livro  A cientista que curou seu próprio cérebro, de Jill Bolte Taylor, ed. Ediouro.