sábado, 9 de fevereiro de 2013

Pergunta feita: O que é aconselhjável para os dias de carnaval?

O que é aconselhável para os dias de carnaval? E como a Doutrina Espírita vê o carnaval?

   A doutrina espírita nem apoia nem condena o carnaval. O Carnaval é uma festa popular, e o que a doutrina sempre faz é nos esclarecer. No carnaval, como qualquer outro dia, o importante é buscarmos ficar em equilíbrio e tranquilidade, sem aflições, sem excessos. Enquanto muitos se divertem, desequilibradamente, podemos fazer o bem. Se gostamos de carnaval, podemos entrar na festa, mas lembrando que a doutrina nos ensina a manter uma postura moral elevada, independente de dia ou festa. Uma dica boa é ler o livro Conduta Espirita.
(fonte: CVDEE)

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O Jovem no Mundo Atual

O Jovem no Mundo Atual



É a juventude uma fase da vida humana muito linda. Gozando saúde, tendo vigor, o jovem vê espraiar- se diante de si o amplo cenário da vida. E ele, c om ardor, se atira à vida, em busc a da realizaç ão de seus mais nobres ideais.
Tudo é alegria, é encantamento, é ânsia de viver porque, em chegando a idade adulta, as responsabilidades não mais o deixarão viver livremente como a ave que singra despreocupadamente o azul de um c éu sem lindes!...
Escrevendo pelo médium Divaldo Franco, assim se expressou o Espírito Marco Prisco:
"Juventude é promessa. Transforme- a em realidade.
"Juventude é anúncio. Torne- a açâo dignificante.
"Juventude é bênção. Converta- a em produtividade superior.
"Juventude é esperança. Faça- a atualidade do Bem, em todo tempo e lugar.
"Jovem é todo aquele que, malqrado qualquer idade, mantém vivos os ideais de enobrecimento e edificação.
"A juventude do corpo é ensaio que os critérios da realização convertem em expressiva materialização de vida.
"Ser jovem é permanecer otimista, quando qrassa o pessimismo; crer, quando a descrenç a arma barracas de vitória;servir, quando os outros debandam em desilusão; amar, embora os gritos da ira e as arremetidas do ódio; perdoar,não obstante os insultos da impiedade, recomeçando outra vez com o mesmo ardor a tarefa que haja redundado em fracasso, sem amargura nem desânimo.
"Por tal razão, a Sabedoria Divina concedeu ao homem a mais larga faixa de juventude no reino animal, a fim de que seja possível fixar sorrisos e ideais para todas as quadras da existência."
Apesar de ser a juventude uma quadra linda da vida, nem por isto deixam de aparecer espinhos na estrada dos moços. E os moços podem ferir- se nestes acúleos. sangrando- lhes os corações. Os tempos são de mutações incessantes; e essas transformações se passam de modo tão rápido, num ritmo tão alucinante, que nem se tem tempo para que se possa entender o que está acontecendo. Novos padrões de conduta, novos hábitos, novos costumes inspiram a atitude da rapaziada nas grandes cidades do mundo hodierno. O jovem espírita não vive num deserto. Ao contrário, ele de uma forma ou de outra participa desta vida em sociedade, na escola, no trabalho, no clube, no cinema, na praia, na discoteca, nas festas... Ele convive com outros moços, não raro com outras idéias, outros ideais, outra formaç o moral. diferentes estilos de vida. Como deverá pro eder, ele que já conhece os postulados da 3a. Revelação?


Bem, o moço espírita já sabe que o Espiritismo não nos proíbe nada! Deixa por conta de seus adeptos a total responsabilidade de todos os seus atos. Ademais, mostra claramente que a prática de certas ações, embora tranqüilamente conte com a aprovação social de muitos que por aí andam desavisados das realidades espirituais, esta prática insensata e hedonista é apenas sementeira de lágrimas no futuro. A violação consciente às leis morais sempre gera sofrimento. Assim, só irá praticar semelhante desatino quem deseja sofrer, o que não tem lógica. Nossa responsabilidade tem a medida do nosso conhecimento das leis de Deus. Sabendo então o que melhor lhe convém, o espírita (moço ou não) tudo fará por assumir uma posição de equilíbrio, uma conduta pautada pelos ensinos de Jesus. não com idéias de salvacionisimo ou de puritanismo, mas no desejo de ser um homem de Bem. Um pai, sentindo que a vida é cheia de lutas, de sucessos e fracassos, legou estes conselhos a seus filhos, com os quais encerro este capítulo:
1) O melhor dos amigos - Deus.
2) Os melhores companheiros - os pais.
3) A melhor casa - o Lar.
4) A maior felicidade - a consciência tranquila.
5) O mais belo dia - hoje.
6) O melhor tempo - agora.
7) O melhor negócio - o trabalho.
8) O melhor divertimento - o estudo.
9) A melhor regra de viver - a disciplina.
10) A coleção mais rica - a das boas ações.
11) A maior alegria - o dever bem cumprido.
12) A maior força - a do Bem.
13) A melhor atitude - a cortesia.
14) O maior heroísmo - a coragem de ser bom.
15) A maior falta - a mentira.
16) A pior pobreza - a preguiça.
17) O pior fracasso - o desânimo.
18) O maior inimigo - o Mal.
19) O melhor dos esportes - a prática do Bem.
20) A estrada mais fácil para a Felicidade - o caminho reto.
Mensagem extraída do Livro "Sexo e amor em nossas vidas" de Celso Martins
 

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Curso de capacitação para novos voluntários do CVV acontece em SP

Curso de capacitação para novos voluntários do CVV acontece em SP

O Posto Abolição do CVV, que realiza gratuitamente, há 50 anos, serviço de apoio emocional e valorização da vida, com a consequente prevenção do suicídio, utilizando o telefone como ferramenta, promove, nos dias 16 e 17 de fevereiro de 2013, das 13h30min às 18h30min, curso para seleção e capacitação de novos voluntários da instituição.
O candidato será apresentado, nesta atividade, que é gratuita, à filosofia da entidade e à forma de conduta a ser seguida pelo voluntário.
Para ser voluntário vinculado ao Programa CVV Prevenção ao Suicídio, Apoio Emocional e Valorização da Vida, basta ter mais de 18 anos, ter disponibilidade de tempo (média de 4 horas e meia por semana), disposição para ajudar o próximo, abertura para o autoconhecimento e ser treinado.
O CVV é uma instituição sem fins lucrativos e mantida pelos próprios voluntários. Os postos do CVV desenvolvem trabalhos de apoio emocional por meio de contatos telefônicos, atendimento pessoal, via correio, e-mail e, mais recentemente, via chat, na própria página da entidade (www.cvv.org.br).
A seleção e capacitação será feita no seguinte endereço: Rua Abolição, 411, Centro, São Paulo, SP, próximo às estações do metrô Anhangabaú e Sé, ou terminal de ônibus Bandeira. É necessário comparecer aos dois dias do evento.
As inscrições podem ser feitas no local, até 15 minutos antes do início do primeiro dia do curso, ou pelos telefones (11) 3242-4111 ou (11) 981-433-611, das 15h às 23h, todos os dias, onde outras informações podem ser obtidas.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Mulher com doença é ridicularizada em fórum, se defende e cativa usuários

Mulher com doença é ridicularizada em fórum, se defende e cativa usuários

Aline Jesus
Para o TechTudo

Balpreet Kaur, uma mulher que sofre de hirsutismo (uma doença que gera pêlos em áreas masculinas, como o rosto), cativou os usuários da rede social Reddit depois de ser muito ironizada por algumas pessoas no mesmo fórum. Na última semana, uma foto dela foi publicada na página e se tornou alvo de diversas piadas de mau gosto. Isso até a própria entrar na conversa e mudar totalmente o rumo do bate-papo.
A fotografia de Kaur foi feita em um aeroporto e o usuário “european_douchebag” publicou-a no Reddit com a legenda “Não sei o que pensar disso”. A explicação veio rapidamente. A menina é adepta do sikhismo, uma religião antiga e com muitos adeptos do Paquistão e da Índia. Nesta cultura, o corpo é cultuado como “um bem divino” e deve ser conservado intacto, como foi “dado por Deus” à pessoa. Por isso, Balpreet não se preocupa em retirar os pelos de seu rosto.
“Para nós, a modificação do corpo é viver por ego e criar uma separação entre nós e a divindade dentro da gente. Transcendendo os padrões de beleza da sociedade, acredito que devemos focar mais nas ações do que nas aparências. Meu corpo vai virar cinza no final, então não há muito motivo para essa preocupação. Quando eu morrer, ninguém vai se lembrar do meu físico, só do meu legado”, publicou a menina no site.
Pouco depois do desabafo emocionado da usuária, diversos membros do fórum passaram a lhe dar apoio. As piadinhas se tornaram elogios. Até mesmo o próprio responsável pela publicação da foto pediu desculpas e disse que “leu mais sobre a fé Sikh e achou interessante”.
“Para mim, o rosto é não tão importante quanto o sorriso e a felicidade que estão por trás dele”, completou Balpreet Kaur. Uma lição de vida, tolerância e orgulho de suas crenças.
Via Daily Dot
Notícia publicada no Portal TechTudo, em 1º de outubro de 2012.

Jorge Hessen* comenta
Balpreet Kaur, uma estudante do segundo ano de neurociência e psicologia na Universidade de Ohio State (EUA), padece de hirsutismo (crescimento excessivo de pelos terminais na mulher, em áreas anatômicas características de distribuição masculina) e é adepta do sikhismo(1), uma religião antiga e com muitos adeptos do Paquistão e da Índia.(2)
Recentemente foi execrada e humilhada através de um site de relacionamento por ter sido fotografada, por um colega de faculdade, trajando o tradicional turbante utilizado pelos sikh(3) e com pelos faciais (bigode, cavanhaque e costeletas). Sabe-se que na cultura sikh, o corpo é cultuado como “um bem divino” e deve ser conservado intacto.
Indo contra todos os moldes de estética infligidos pelos padrões de beleza femininos, Balpreet não se preocupa em se “barbear”. Para ela, a transformação do corpo seria viver para o ego e criaria separação entre o “eu” e a divindade.(4) Kaur entende que é urgente focalizar mais nas ações do que nas aparências físicas, pois quando perecermos ninguém vai se lembrar do nosso corpo físico, mas só das obras dignas que realizamos. Para ela, as práticas do bem permanecerão e não será entronizando a formosura física que obteremos ocasião para aperfeiçoar outras virtudes interiores e facultar propostas de transformação e desenvolvimento na sociedade.
O fato nos induz a refletir sobre a intolerância e o preconceito, ou seja, PRE (antes) e CONCEPTUS (resumo, concebido - de concipere - conceber, engravidar). Assim como DISCRIMINARE (dividir, separar, gerar uma diferença) é derivada de DISCERNERE (distinguir, separar), formado por DIS (fora) e CERNERE (peneirar, separar). Enfim, são opiniões formadas com base em ajuizamento próprio, com tom depreciativo, tendencioso e discriminatório.
É de grande utilidade os espíritas refletirem sobre esse assunto e transporem suas conclusões para os ambientes que frequentam e a ideologia que cultivam como fonte de realização. O grau de preconceito demonstrado por aqueles que discriminam, perseguem e expulsam seus confrades, quando estes começam a destoar dos seus pontos de vista, demonstram a incapacidade de compreender e conviver com a diversidade e de aceitar o princípio da igualdade humana como lei universal.
É comum as pessoas demonstrarem atitude maliciosa ao saber do casamento de uma bela jovem com um idoso. Se o ancião é famoso, ou tem fortuna e poder, depressa arrazoam que o pretexto para o casório é tão somente interesse financeiro. Esquecem que pessoas jovens e idosas, como todos os seres humanos, têm lacunas afetivas; procuram a ternura e anseiam por serem queridas. É imperioso acatar as eleições alheias. Exercitar olhares compassivos que possam desvendar o lado melhor das situações e pessoas. Urge enxergar os fatos com otimismo, sem ajuizamentos errados ou precipitados. Invariavelmente, os preconceitos são matrizes de infelicidade e arruínam o júbilo de viver.
Os preconceitos, sobretudo religiosos, são estratificados em nosso psiquismo e na conduta como peças ardilosas para discriminação de grupos e princípios ideológicos. Mahatma Gandhi, figura contemporânea da Era Atômica, parecia ser em sua época, e ainda hoje, uma pessoa bizarra, saído das páginas de qualquer livro de folclore. Martim Luther King, seguindo os passos de Gandhi, desmontou a dissimulação que coloria nos EUA a fantasia da liberdade e dos direitos civis. A experiência de Allan Kardec comprova que é plausível ir mais à frente das acepções, romper preconceitos seculares e prosseguir cada vez mais no terreno da liberdade de consciência. É preciso ir além, dissolver paradigmas, atrever-se, como fizeram os demolidores de convencionalismos em todas as épocas.
Qual é a nossa opinião presente a respeito do sexo, religião, raça, velhice, nação, política e outras? Nosso juízo é do tipo “Maria-vai-com-as-outras”, ou seja, somos naturalmente influenciáveis e nos deixamos induzir pelo julgamento de outrem? O Soberano Mestre demonstrou ser inteiramente impenetrável a qualquer influência alheia quanto a seus sentimentos e sentidos de vida, revelando isso em várias ocorrências de Sua trajetória terrena. Ao acolher no coração a equivocada de Migdol, ao exaltar as virtudes do Samaritano, ao banhar os pés dos apóstolos, ao frequentar a casa de Zaqueu, não deu a menor estima aos burburinhos maledicentes das pessoas de arcabouço psicológico pueril, pois sabia peregrinar distinguindo por si mesmo.
Somos, como grupo social humano, um intricado mosaico de ideologias e crenças, na forma de cultos religiosos, partidos políticos, corporações filosóficas ou costumes de vida que avaliamos sedutores e afins com o nosso estilo de observar o mundo. Nessa confraria buscamos respostas, lenitivo espiritual, prestígio e todos os recursos plausíveis para resolver os nossos conflitos internos, nossas deficiências pessoais, e finalmente a busca da plenitude, de uma direção, da auto-realização.
O espírita, o cristão, não deve ter preconceitos, mas sim saber distinguir o que vai trazer ou não consequências danosas para si e para os outros. Em tudo o que fizermos, sejamos maduros e consequentes. Isso não quer dizer que devemos viver como importunos, reparando na forma como os outros vivem, e colocando-nos como senhores da verdade. Sejamos alegres, úteis e amigos. Mas sejamos responsáveis, colocando acima de tudo o interesse coletivo, a pureza de sentimentos, que fará de todos os nossos atos exemplos de quem encontrou o verdadeiro caminho da paz.

Referências:
(1) O número de sikhs no mundo é estimado em cerca de 23 milhões, o que faz do sikhismo a quinta maior religião mundial em número de aderentes;
(2) Uma intervenção de tropas indianas ordenada por Indira Gandhi no início dos anos 80 levou à revolta dos sikhs e ao assassinato da primeira-ministra indiana em 1984;
(3) O termo sikh significa em língua punjabi "discípulo forte e tenaz";
(4) Os sikhs acreditam no karma, segundo o qual as ações positivas geram frutos positivos e permitem alcançar uma vida melhor e o progresso espiritual; a prática de ações negativas leva à infelicidade e ao renascer em formas consideradas inferiores, como em forma de planta ou de animal (a metempsicose é recusada pelo Espiritismo).

* Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal lotado no INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Artigo: Tragédias coletivas: por quê? (Suely Caldas Schubert)

Tragédias coletivas: por quê?


Suely Caldas Schubert

A dolorosa ocorrência da queda do avião da TAM, que ia de São Paulo para o Rio, causando a morte de quase cem pessoas, traz novamente, de forma mais intensa e angustiosa a pergunta: por quê? por que acontecem essas tragédias coletivas? Outras indagações acorrem à mente: por que alguns foram salvos, desistindo da viagem ou chegando atrasados ao aeroporto? Por que alguns foram poupados e outros receberam o impacto da queda do avião em suas casas ou na rua?

Somente o Espiritismo tem as respostas lógicas, profundas e claras que explicam, esclarecem e, por via de consequência, consolam os corações humanos.

Para a imensa maioria das criaturas essas provas coletivas constituem um enigma insolúvel pois desconhecem os mecanismos da Justiça Divina, que traz no seu âmago a lei de causa e efeito.

Ante tragédias como essa mais recente, ou como outras de triste memória: o incêndio do Edifício Joelma, em São Paulo; o incêndio no circo em Niterói; outros desastres de avião; terremotos; inundações; enfim, diante desses dramáticos episódios a fé arrefece, torna-se vacilante e, não raro, surge a revolta, o desespero, a descrença. Menciona-se que Deus castiga violentamente ou que pouco se importa com os sofrimentos da Humanidade. Chega-se ao ponto de comparar-se o Criador a um pai terreno e, nesse confronto, este sair ganhando pois zela pelos seus filhos e quer o melhor para eles, enquanto que Deus...

O Codificador do Espiritismo interrogou os Espíritos Superiores quanto às provas coletivas, no item intitulado Flagelos Destruidores, conforme vemos em "O Livro dos Espíritos", nas questões 737 a 741, que recomendamos ao atencioso leitor.

Nos últimos tempos a Espiritualidade Amiga tem-se pronunciado a respeito das provações coletivas, conforme comentaremos a seguir.

Exatamente no dia 17 de dezembro de 1961, em Niterói (RJ), ocorre espantosa tragédia num circo apinhado de crianças e adultos que procuravam passar uma tarde alegre, envolvidos pela magia dos palhaços, trapezistas, malabaristas e domadores com os animais. Subitamente irrompe um incêndio que atinge proporções devastadoras em poucos minutos, ferindo e matando centenas de pessoas, queimadas, asfixiadas pela fumaça ou pisoteadas pela multidão em desespero.

Essa dramática ocorrência, que comoveu o povo brasileiro, motivou a Espiritualidade Maior a trazer minucioso esclarecimento, conforme narrativa do Espírito Humberto de Campos, inserida no livro "Cartas e Crônicas" (ed. FEB), cap. 6.

Narra o querido cronista espiritual que no ano de 177, em Lião, no sopé de uma encosta mais tarde conhecida como colina de Fourvière, improvisara-se grande circo, com altas paliçadas em torno de enorme arena. Era a época do imperador Marco Aurélio, que se omitia quanto às perseguições que eram infligidas aos cristãos. Por isto a matança destes era constante e terrível. Já não bastava que fossem os adeptos do Nazareno jogados às feras para serem estraçalhados.

Inventavam-se novos suplícios. Mais de vinte mil pessoas haviam sido mortas.

Anunciava-se para o dia seguinte a chegada de Lúcio Galo, famoso cabo de guerra, que desfrutava atenções especiais do imperador. As comemorações para recebê-lo deveriam, portanto, exceder a tudo o que já se vira. Foi providenciada uma reunião para programação dos festejos.

Gladiadores, dançarinas, jograis, lutadores e atletas diversos estariam presentes. Foi quando uma voz lembrou: -"Cristãos às feras!" Todos aplaudiram a idéia, mas logo surgiram comentários de que isto já não era novidade. Em consideração ao visitante era preciso algo diferente. Assim, foi planejado que a arena seria molhada com resinas e cercada de farpas embebidas em óleo, sendo reunidas ali cerca de mil crianças e mulheres cristãs. Seriam ainda colocados velhos cavalos e ateado fogo. Todos gargalhavam imaginando a cena. O plano foi posto em ação. E no dia seguinte, conforme narra Humberto de Campos, ao sol vivo da tarde, largas filas de mulheres e criancinhas, em gritos e lágrimas, encontraram a morte, queimadas ou pisoteadas pelos cavalos em correria.

Afirma o cronista espiritual que quase dezoito séculos depois, a Justiça da Lei, através da reencarnação, reaproximou os responsáveis em dolorosa expiação na tragédia do circo, em Niterói.

Uma outra tragédia também mereceu dos Benfeitores Espirituais vários esclarecimentos.

Por ocasião do incêndio do Edifício Joelma, em São Paulo, ocorrido no dia lº de fevereiro de 1974, o médium Francisco Cândido Xavier, em seu lar, em Uberaba (MG), ouvindo a notícia pelo rádio, reuniu-se em prece com quatro amigos, solicitando auxílio dos Benfeitores Espirituais para as vitimas .

Atendendo ao apelo apresenta-se o Mentor Espiritual Emmanuel e escreve, através do médium, comovedora prece inserida no livro "Diálogo dos Vivos".*

Dias depois, em reunião pública, na qual estavam presentes alguns familiares de vítimas do incêndio do Joelma, os poetas Cyro Costa e Cornélio Pires (Espíritos) manifestaram-se pela psicografia, ditando ao médium sonetos referentes à tragédia.

O soneto de Cyro Costa traz uma dedicatória e o transcrevemos, tal como está, no citado livro "Diálogo dos Vivos" (cap. 26, pág. 150):

Luz nas chamas
Cyro Costa
(Homenagem aos companheiros desencarnados no incêndio ocorrido na capital de São Paulo a 1º de fevereiro de 1974, em resgate dos derradeiros resquícios de culpa que ainda traziam na própria alma, remanescentes de compromissos adquiridos em guerra das Cruzadas.)

Fogo!... Amplia-se a voz no assombro em que se espalha.
Gritos, alterações... O tumulto domina.
No templo do progresso, em garbos de oficina,
O coração se agita, a vida se estraçalha.

Tanto fogo a luzir é mística fornalha
E a presença da dor reflete a lei divina.
Onde a fé se mantém, a prece descortina
O passado remoto em longínqua batalha...
Varrem com fogo e pranto as sombras de outras eras

Combatentes da Cruz em provações austeras,
Conquanto heróis do mundo, honrando os tempos idos.
Na Terra o sofrimento, a angústia, a cinza, a escória...
Mas ouvem-se no Além os hinos de vitória
Das Milícias do Céu saudando os redimidos.


Tecendo comentários sobre o soneto de Cyro Costa, Herculano Pires (no livro retrocitado), pondera que somente a reencarnação pode explicar a ocorrência trágica. Segundo o poeta as dívidas remontavam ao tempo das Cruzadas. Estas foram realizadas entre os séculos XI e XIII e eram guerras extremamente cruéis com a agravante de terem sido praticadas em nome da fé cristã. Os historiadores relatam atos terríveis, crimes hediondos, chacinas vitimando adultos e crianças. Os débitos contraídos foram de tal gravidade que os resgates ocorreram a longo prazo. Tal como o do circo em Niterói. O que denota a Bondade Divina que permite ao infrator o parcelamento da dívida, pois não haveria condição de quitá-la de uma só vez.

Vejamos agora o outro soneto (cap. 27, pág. 155):

Incêndio em São Paulo
                                    CORNÉLIO PIRES
 
Céu de São Paulo... O dia recomeça...
O povo bom na rua lida e passa...
Nisso, aparece um rolo de fumaça
E o fogo para cima se arremessa.
A morte inesperada age possessa,
E enquanto ruge, espanca ou despedaça,
A Terra unida ao Céu a que se enlaça
É salvação e amor, servindo à pressa...
A cidade magoada e enternecida
É socorro chorando a despedida,
Trazendo o coração triste e deserto...
Mas vejo, em prece, além do povo aflito,
Braços de amor que chegam do Infinito
E caminhos de luz no céu aberto...

A ideia de que um ente querido tenha cometido crimes tão bárbaros às vezes não é bem aceita e muitos se revoltam diante dessas explicações, mas, conhecendo-se um pouco mais acerca do estágio evolutivo da Humanidade terrestre e do quanto é passageira e impermanente a vida humana, a compreensão se amplia e aceitam-se de forma mais resignada os desígnios do Criador. Por outro lado, que outra explicação atenderia melhor às nossas angustiosas indagações?

 Estas orientações do Plano Maior sobre as provações coletivas expressam, é óbvio, o que ocorre igualmente no carma individual. Todavia, é compreensível que muitos indaguem como seria feita a aproximação dessas pessoas envolvidas em delitos no passado. A literatura espírita, especialmente a mediúnica, tem trazido apreciáveis esclarecimentos sobre essa irresistível aproximação que une os seres afins, quando envolvidos em comprometimentos graves. A culpa, insculpida na consciência, promove a necessidade da reparação.

O Codificador leciona de forma admirável a respeito das expiações, em "O Céu e o Inferno" (Ed. FEB), cap. 7 - As penas futuras segundo o Espiritismo. Esclarece que "o Espírito é sempre o árbitro da própria sorte, podendo prolongar os sofrimentos pela permanência no mal, ou suavizá-los e anulá-los pela prática do bem".

Assim - expressa Kardec -, as condições para apagar os resultados de nossas faltas resumem-se em três: arrependimento, expiação e reparação.

"O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa.

Este o notável Código penal da vida futura, que tem 33 itens e que apresenta no último o seguinte resumo, em três princípios:

"lº O sofrimento é inerente à imperfeição.

2º Toda imperfeição, assim como toda falta dela promanada, traz consigo o próprio castigo nas conseqüências naturais e inevitáveis: assim, a moléstia pune os excessos e da ociosidade nasce o tédio, sem que haja mister de uma condenação especial para cada falta ou indivíduo.

3º Podendo todo homem libertar-se das imperfeições por efeito da vontade, pode igualmente anular os males consecutivos e assegurar a felicidade futura.

A cada um segundo as suas obras, no Céu como na Terra: - tal é a lei da Justiça Divina."
 
___________
* XAVIER, Francisco Cândido e PIRES, J. Herculano. Espíritos Diversos, cap. 25, p. 145, 1ª ed. da GEEM, São Bernardo do Campo (SP) - 1974.