sexta-feira, 4 de julho de 2014

“Causa e Efeito” estreia quinta-feira–03/07/2014

Publicado por Rádio Boa Nova

filme causa e efeito1O filme “Causa e Efeito” da Mar Revolto Produções, do mesmo diretor de “O Filme dos Espíritos”, André Marouço estreia dia 3 de julho, nos cinemas de todo o Brasil.
O longa é uma distribuição da Paris Filme e Downtown Filmes e conta ainda com A Fundação Espírita André Luiz através da Mundo Maior Filmes na co-produção, e com apoio promocional da Rádio Boa Nova e TV Mundo Maior.
O filme é inspirado na Lei de Causa e Efeito, codificada por Allan Kardec narra a história de Paulo, um policial que vive uma vida tranquila e estável com sua família. Num momento de lazer, Paulo perde a esposa e o filho em um acidente de carro causado por um motorista alcoolizado.
Revoltado pelo homem não ter sido preso, ele resolve tornar-se um justiceiro e acertar contas a mando de seu chefe.
Quando recebe a proposta para matar uma garota de programa, ele encontra em seu caminho um trio de velhinhos religiosos – um padre, um pastor e um espírita – o que causa importantes mudanças em sua vida.
Ao longo da trama, os personagens tomam ciência de que o drama que os envolve é o efeito cuja causa remonta a uma encarnação passada. Facebook do Filme: www.facebook.com/Causaeefeito Assista ao Trailer:







Qual sua opinião?

 

pararefletir

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Encontro de Esperanto em Goiás

Encontro de Esperanto em Goiás

De 4 a 6 de julho de 2014 será realizado na Casa de Retiros Nossa Senhora da Assunção o 3º ENCOR - Encontro de Esperanto da Região Centro-Oeste.
O tema central será "O Movimento Esperantista e a Paz". Durante o evento haverá um minicurso de Esperanto para principiantes ministrado pelo Professor Valdemir Moreira.
A Casa de Retiros Nossa Senhora da Assunção fica na Rua 95, nº 84 - Setor Sul, Goiânia. Mais informações podem ser obtidas através do site www.esperanto-goias.org.br ou pelo telefone (62) 3224-5076.

Seminário sobre Evangelho em Sergipe

Seminário sobre Evangelho em Sergipe

De 18 a 20 de julho de 2014 acontecerá na Associação Lívio Pereira o Seminário "O Evangelho de Jesus e o Espiritismo: 150 anos de Amor e Luz".
O evento, promovido pelo Grupo Espírita "Irmão Fêgo", terá como facilitadores Ary Quadros e Lindomar Coutinho e contará com momentos artísticos nos intervalos.
A associação Lívio Pereira fica na Rua Vereador João Claro, 261 - Siqueira Campos, Aracaju/SE. Mais informações podem ser obtidas no site www.irmaofego.org.br.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Elias e João Batista

REFUTAÇÃO

Uma carta que nos foi enviada contém a seguinte passagem:

“Acabo de ter uma discussão com o cura daqui sobre a Doutrina Espírita. A propósito da reencarnação, pediu-me lhe dissesse qual dos corpos tomará o Espírito Elias no juízo final,anunciado pela Igreja, para se apresentar diante de Jesus Cristo; se será o primeiro ou o segundo. Não soube lhe responder. Ele riu e me disse que nós, os espíritas, não éramos fortes.”

Não sabemos qual dos dois provocou a discussão. Em todo o caso, é sempre uma imprudência engajar-se numa controvérsia quando não se sente força para a sustentar. Se a iniciativa partiu do nosso correspondente, lembrar-lhe-emos o que não cessamos de repetir, que “o Espiritismo se dirige aos que não crêem ou que duvidam, e não aos que têm uma fé e aos quais esta fé basta; que não diz a ninguém que renuncie às suas crenças para adotar as nossas”, e nisto ele é conseqüente com os princípios de tolerância e de liberdade de consciência que professa. Por este motivo não poderíamos aprovar as tentativas feitas por certas pessoas, para converter às nossas idéias o clero de qualquer comunhão. Repetiremos, pois, a todos os espíritas: Acolhei prontamente os homens de boa vontade; dai luz aos que a buscam,pois não tereis êxito com os que julgam possuí-la; não violenteis a fé de ninguém, nem a do clero, nem a dos laicos, já que vindes semear em campo árido; ponde a luz em evidência, a fim de que a vejam os que quiserem ver; mostrai os frutos da árvore e dai a comer aos que têm fome, e não aos que se dizem fartos. Se membros do clero vierem a vós com intenções sinceras e sem pensamentos dissimulados, fazei por eles o que faríeis pelos vossos outros irmãos: instrui os que pedirem, mas não busqueis trazer à força os que imaginam que a sua consciência esteja empenhada em pensar de modo diverso do vosso; deixai-lhes a fé que têm, como quereis que vos deixem a vossa; mostrai-lhes, enfim, que sabeis praticar a caridade segundo Jesus. Se são os primeiros a atacar,temos o direito de responder e de refutar; se abrem a liça é permitido segui-los, sem, contudo, afastar-se da moderação, de que Jesus deu exemplo aos seus discípulos. Se os nossos adversários se afastarem por si mesmos, deve-se deixar-lhes esse triste privilégio,que jamais é prova da verdadeira força. Se de algum tempo para cá nós mesmos entramos no terreno da controvérsia, respondendo à altura a alguns membros do clero, forçoso é convir que a nossa polêmica nunca foi agressiva. Se não tivessem sido os primeiros a atacar, jamais seus nomes teriam sido pronunciados por nós. Sempre desprezamos as injúrias e os ataques de que fomos objeto,mas era nosso dever tomar a defesa dos nossos irmãos atacados e da nossa doutrina indignamente desfigurada, pois chegaram a dizer em pleno púlpito que ela pregava o adultério e o suicídio. Dissemos e repetimos, esta provocação é desastrada, porque leva forçosamente ao exame de certas questões, que teria sido melhor deixar adormecidas, porquanto, uma vez aberto o campo, não se sabe onde se vai parar. Mas o medo é mau conselheiro.

Posto isto, vamos tentar dar ao sr. cura supracitado a resposta à pergunta que ele fez. Todavia, não podemos deixar de notar que se o seu interlocutor não era tão forte quanto ele em teologia, ele mesmo não nos parece muito forte no Evangelho. Sua pergunta equivale à que foi levantada a Jesus pelos saduceus; ele não tinha senão que se referir à resposta de Jesus, que tomamos a liberdade de lembrar-lhe, já que não a sabe.

“Naquele dia aproximaram-se dele alguns saduceus, que dizem não haver ressurreição, e lhe perguntaram: Mestre, disse Moisés que se alguém morrer, não tendo filhos, seu irmão casará com a viúva e suscitará descendência ao falecido. Ora, havia entre nós sete irmãos: o primeiro, tendo casado, morreu, e não tendo descendência, deixou sua mulher a seu irmão; o mesmo sucedeu com o segundo, com o terceiro, até ao sétimo; depois de todos eles,morreu também a mulher. Portanto, na ressurreição, de qual dos sete será ela esposa? porque todos a desposaram. Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus. Porque na ressurreição nem casam nem se dão em casamento; são, porém,como os anjos no céu. E quanto à ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Ele não é Deus de mortos, e, sim, de vivos.”(São Mateus, 22:23 a 32).

Uma vez que os homens, depois da ressurreição, serão como os anjos do céu e estes não têm corpo carnal, mas um corpo etéreo e fluídico, então é porque não ressuscitarão em carne e osso. Se João Batista foi Elias é porque se trata da mesma alma, tendo tido duas vestimentas, deixadas na Terra em duas épocas diferentes; ele não se apresentará nem com uma nem com a outra, mas com o invólucro etéreo, apropriado ao mundo invisível. Se as palavras de Jesus não vos parecem bastante claras, lede as de São Paulo (que citamos mais adiante); elas são ainda mais explícitas. Duvidais que João Batista tenha sido Elias? Lede São Mateus, capítulo XI,versículos 13 a 15: “Porque todos os profetas e a Lei profetizaram até João. E, se o quereis reconhecer, ele mesmo é o Elias que havia de vir. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” Aqui não há equívoco; os termos são claros e categóricos, e para não entender é preciso não ter ouvidos, ou querer fechá-los. Sendo estas palavras uma afirmação positiva, de duas uma: Jesus disse a verdade, ou enganou-se. Na primeira hipótese, a reencarnação é por ele atestada; na segunda, é lançar dúvida sobre todos os seus ensinos, porque, se ele se enganou num ponto, pode ter-se enganado em outros. Escolhei.

Agora, senhor cura, permiti que, por minha vez, vos dirija uma pergunta, que certamente vos será fácil responder.

Sabeis que o Gênesis, fixando seis dias para a Criação,não só da Terra, mas do Universo inteiro: Sol, estrelas, Lua, etc., não tinha contado com a Geologia e a Astronomia; que Josué não contara com a lei da gravitação universal. Parece-me que o dogma da ressurreição da carne não contou com a Química. É verdade que a Química é uma ciência diabólica, como todas as que fazem ver claro onde queriam que se visse turvo. Mas, seja qual for a sua origem, ela nos ensina uma coisa positiva: é que o corpo do homem, assim como todas as substâncias orgânicas animais e vegetais, é composto de elementos diversos, cujos princípios são o oxigênio, o hidrogênio, o azoto e o carbono. Ela ainda nos ensina – e notai que é um resultado da experiência – que com a morte esses elementos se dispersam e entram na composição de outros corpos, de sorte que, ao cabo de certo tempo, o corpo inteiro é absorvido. É ainda constatado que o terreno onde sobejam as matérias animais em decomposição são os mais férteis e é na vizinhança dos cemitérios que os incrédulos atribuem a fecundidade proverbial dos jardins dos senhores curas de aldeia. Suponhamos, então, senhor cura, que batatas sejam plantadas nas proximidades de um sepulcro; essas batatas vão alimentar-se dos gases e sais provenientes da decomposição do corpo do morto; essas batatas vão servir para engordar galinhas que, por sua vez, as comereis e as saboreareis, de modo que o vosso próprio corpo será formado de moléculas do corpo do indivíduo morto, e que não deixarão de ser dele, embora tenham passado por intermediários. Então tereis em vós partes que pertenceram a outros. Ora, quando ressuscitardes ambos no dia do juízo, cada um com seu corpo, como fareis? Guardareis o que tendes do outro, ou o outro vos retomará o que lhe pertence? ou ainda tereis algo da batata ou da galinha? Pergunta no mínimo tão grave quanto a de saber se João Batista ressuscitará com o corpo de João ou o de Elias. Eu a faço na maior simplicidade; mas julgai do embaraço se, como isto é certo, tendes em vós porções de centenas de indivíduos. Aí está, a bem dizer, a ressurreição da carne; outra, porém, é a do Espírito, que não leva consigo os seus despojos. Vede, a seguir, o que diz São Paulo.

Já que estamos no terreno das perguntas, eis outra,senhor cura, que ouvimos de incrédulos. Certamente é estranha ao assunto que nos ocupa, mas é suscitada por um dos fatos acima referidos. Segundo o Gênesis, Deus criou o mundo em seis dias e repousou no sétimo. É este repouso do sétimo dia que é consagrado pelo de domingo, e cuja estrita observação é uma lei canônica. Se, pois, como o demonstra a Geologia, esses seis dias,em vez de vinte e quatro horas, são alguns milhões de anos, qual será a duração do dia de repouso? Em termos de importância, esta pergunta vale bem as duas outras.

Não creiais, senhor cura, que estas observações sejam o resultado de um menosprezo às Santas Escrituras. Não, bem ao contrário; nós lhes rendemos, talvez, uma homenagem maior que a vossa. Considerando a forma alegórica, nós lhe buscamos o espírito que vivifica, nelas encontramos grandes verdades e por aí levamos os incrédulos a crer e a respeitá-las, ao passo que, apegando-se à letra que mata, fazem-nas dizer coisas absurdas e aumenta-se o número dos cépticos.

R.E. , dezembro de 1863, p. 491

terça-feira, 1 de julho de 2014

Passe adiante... Quando as dificuldades baterem à sua...

Quando as dificuldades baterem à sua porta, faça o seu melhor e... seja você mesma. É isso que a torna especial! Está aí a sua beleza! Vale a pena assistir. Vídeo curtinho e emocionante.

Assista AQUI

A ciência criativa

A ciência criativa

Físico-filósofo francês aborda discussão sobre o papel da criatividade e da intuição, orientadas pela racionalidade, na produção científica. Para ele, entender o processo da descoberta pode ser o maior desafio da filosofia da ciência.

Por: Marcelo Garcia, Ciência Hoje On-line

Como surge a descoberta científica? Qual a sua origem? E qual o papel da criatividade nesse processo, no próprio avanço da ciência? Tais indagações, que inquietam e instigam a filosofia da ciência, certamente não têm respostas fáceis ou definitivas, mas podem ajudar a expandir nosso entendimento sobre o próprio fazer científico e sobre a trajetória da ciência nos últimos séculos. Para o físico, filósofo e historiador da ciência francês Michel Paty, diretor de pesquisa emérito do Centro Nacional para a Pesquisa Científica (CNRS, do francês), há na ciência lugar para a invenção e a intuição, orientadas pela racionalidade.
Em palestra no Colégio Brasileiro de Altos Estudos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o francês abordou, em um português simpático e cheio de sotaque, as mudanças no entendimento filosófico sobre a ciência nos últimos 200 anos. Ele recordou as inovações da ciência que ainda no século 19 afrouxaram o laço entre matemática e natureza, mostrando a distância entre experiência e abstração teórica.
Naquela época, criações como a geometria não euclidiana, que não corresponde à ‘evidência’, e teorias físicas matematizadas e abstratas em eletricidade e magnetismo teriam tornado mais claro o papel da invenção na construção da ciência, segundo Paty. “Apesar disso, na segunda metade do século 20, a concepção da ciência continuava a se basear, de maneira dominante, nas ideias herdadas do empirismo lógico, e a filosofia não estudava, em geral, o processo de descoberta, que ainda parecia dominado pela subjetividade e alheio à racionalidade”, afirmou.
Apesar dessa predominância, o francês destacou que a aproximação entre criatividade e processo científico foi estudada por grandes cientistas e filósofos do século 20 – em especial dois deles, Henri Poincaré e Albert Einstein, cujos trabalhos estudou ao longo da carreira. “Ambos concebiam a descoberta de novidades relacionadas ao conhecimento objetivo como fruto da capacidade de invenção da mente, baseada numa intuição racional que escapa às formas usuais do raciocínio, como a dedução lógica”, disse. “Dessa forma, mesmo que nem sempre seja possível observar as linhas de raciocínio, chega-se a um resultado racional”, analisou.
Nesse contexto, a invenção teria seu lugar assegurado na ciência. Fundamental, a criatividade seria, sim, pessoal (relacionada ao pensamento de sujeitos individuais), mas orientada pela racionalidade – que, por sua vez, não se identifica com a pura e simples lógica. Segundo Paty, essa criatividade seria parte fundamental do processo de elaboração dos conhecimentos científicos e deve ser levada em conta tanto pela filosofia quanto pela história da ciência.
Confira uma entrevista concedida à CH On-line pelo físico e filósofo francês:
CH On-line: O senhor é físico e filósofo, duas áreas que buscam compreender o mundo. Há uma relação natural entre elas?
Paty: Esses dois campos sempre foram próximos. Desde a Antiguidade, muitos físicos, muitos cientistas também eram filósofos, se debruçavam sobre as questões do mundo pelas duas vias. Foi só a partir do século 18 que essa separação começou a aparecer de maneira nítida, aliás, proposital, para assegurar a autonomia da ciência e da filosofia. Mas ela não é total. Se tomarmos o exemplo da cosmologia contemporânea, é impossível negar as questões filosóficas que a área suscita. A constituição da matéria, a presença da vida no universo, o surgimento de uma inteligência como a nossa nesse universo tão grande, a dúvida sobre estarmos sozinhos nele... São questões naturais, que se originam da nossa própria capacidade de indagação, tão própria da ciência.
Houve uma época em que me dediquei totalmente à física, especialmente ao estudo dos neutrinos, que hoje são famosos, mas naqueles tempos eram novidade. E é lógico que eu me colocava questões de natureza filosófica, que o conhecimento objetivo não me permitia responder. Essa aproximação mais clara entre filosofia e ciência acontece intensamente nas áreas de fronteira, mas tais questionamentos podem surgir em qualquer campo de investigação – e mesmo da atividade humana em geral.
E como se dá, no seu entendimento, a conciliação da criatividade e da intuição com a ciência? Ela é realmente possível?
Sem dúvida é possível e necessário conciliar criação científica, racionalidade e objetividade. Um conceito científico considerado numa teoria não é isolado, mas solidário a outros conceitos, forma com eles um conjunto cujas relações são mais ricas do que puramente lógicas. A mudança científica se dá pela transformação do conjunto dos conceitos que fazem parte desse sistema.
A história da ciência deixa ver que tais movimentos não são casuais e têm consistência interna, têm uma razão – justificada posteriormente – ligada à exigência de objetividade. São movidos pela racionalidade e, ao mesmo tempo, têm um lado importante de subjetividade. Cada agente humano envolvido tem reações únicas na formulação e resolução dos problemas, o que resulta numa diversidade de 'estilos científicos'.
O conhecimento, então, avança graças a ampliações da própria racionalidade, muito mais do que pela pura lógica, pois elas permitem possibilidades inéditas de relacionar os elementos conceituais considerados. É como se mudássemos as regras do jogo: passamos a enxergar de forma racional o que antes era impensável, hipotético ou pertencia de forma vaga ao campo de ideologias. As mudanças no entendimento do mundo e na própria ciência despertam a intuição racional, que pode ser concebida como uma visão sintética intelectual dos cientistas daquela época para outras possibilidades, que levam a novas descobertas.
Essa valorização da criatividade significa um reforço da figura do gênio, excêntrico, especial, inigualável, tão presente na opinião comum?
Na verdade, não. Esse estereótipo do gênio é fruto de uma visão superficial da ciência. Claro, nem todos, mesmo os mais famosos e bem-sucedidos cientistas, eram criativos como Einstein e Poincaré. As descobertas estão ligadas também a outros fatores, como o pioneirismo num campo ou a momentos sociais bem aproveitados pelo pesquisador. Precisamos tomar cuidado para não cair em certo ‘relativismo’ e ‘reducionismo’ sociológico a respeito do pensamento científico, mas também é inegável a importância de fatores culturais e sociais de cada época. A ciência do século 21 não teria o aspecto que tem não fosse a sua organização social específica. A pesquisa está inserida na história e na história social, não faz sentido separar homem e sociedade.
Em seu trabalho, o senhor já explorou muito as ideias de Einstein e Poincaré a respeito da criatividade, do estilo científico e do papel da invenção na ciência. Fazendo um paralelo com os dias atuais, qual o papel da criatividade e da invenção na ciência contemporânea?
A grande dificuldade para responder a essa pergunta está na forma que a pesquisa científica tomou a partir da segunda metade do século 20. No tipo de ciência que temos hoje em domínios importantes, a big science, o trabalho é muito coletivo e as experiências são de alta tecnologia, tanto na física, na química e na astrofísica quanto na biologia e na neurociência. Há uma enorme mobilização de pesquisadores, instituições, equipamentos e recursos. Parece ser mais difícil perceber aqui uma originalidade de contribuição dos pesquisadores tomados individualmente.
Porém, se olharmos os conhecimentos produzidos por esse tipo de pesquisa, eles não deixam de ter a mesma natureza de quando o trabalho científico era mais individual: são exprimidos como formas simbólicas organizadas racionalmente, como conceitos e teorias, que são inteligíveis não para um coletivo, mas para sujeitos individuais. Ou seja, somos levados a pensar que a produção de ideias também continua a ser individual. Não é o meio coletivo e sua tecnologia que as gera, mas o trabalho mental individual dos participantes. E isso acontece de forma variada, com mais ou menos originalidade e criatividade, e certamente com um ritmo mais intenso de trocas de ideias entre os pesquisadores, de assimilações e de transformações.
Mas há, sem dúvida, um impacto do trabalho coletivo.
Sim, e há eventualmente um reverso da medalha, que seria a eliminação de ideias menos atraentes pela maioria, direções de pesquisas que são, ao menos provisoriamente, esquecidas. Num regime mais individual e lento, essas ideias tinham mais tempo para maturação. O risco aqui é que certo conformismo leve a privilegiar exageradamente uma das direções possíveis. Isso pode ser constatado na minha antiga linha de estudo, a física das partículas, na procura de teorias unificadas onde muitos jovens optam pela mesma direção de pesquisa – aliás, favorecida pelos critérios sociais que orientam as carreiras de pesquisador. É sem dúvida um assunto complexo que merece estudo adequado.
Nesse contexto, a filosofia da ciência tem dedicado a atenção que deveria ao processo criativo na ciência?
De maneira predominante, desde a segunda metade do século 20, a filosofia da ciência se desinteressou do processo criativo do pensamento científico e o rumo atual da pesquisa socializada não vai ajudar muito a retomar esse tema. Mas acredito que os criadores com ideias originais, mais sensíveis a respeito da natureza do pensamento científico e da forma como ele é capaz de reinventar o mundo e incorporá-lo à cultura dos homens, vão continuar a contribuir com suas reflexões nessa área, como fizeram Poincaré e Einstein em seu tempo. E espero que os filósofos da ciência se abram mais a essa dimensão, levando em conta a realidade da ciência tal como ela é e se apresenta.
Além de físico e filósofo, o senhor já atuou como divulgador da ciência. Qual o papel da divulgação e da educação científicas na nossa sociedade?
Como disse, mais do que nunca a ciência impacta diretamente a cultura, a tecnologia e a sociedade, e isso não pode ser ignorado. A educação e a comunicação científicas são fundamentais para que possamos problematizar os avanços atuais. Essa é uma responsabilidade de todos nós. Os cientistas, filósofos, historiadores e sociólogos da ciência precisam promover essa reflexão lúcida e crítica sobre o conhecimento. O conhecimento científico está centrado na racionalidade, visa à objetividade e, por isso, tem vocação à universalidade, pode ser entendido por qualquer um, em princípio. As gerações que estão por vir dependem disso e a miséria e outros fatores que impedem essa disseminação são crimes contra a humanidade.
Uma questão importante é que a divulgação científica nem sempre é bem feita. Se o objetivo é apenas maravilhar o público, isso não necessariamente aproxima a ciência de suas vidas. É preciso que ela seja uma divulgação crítica, que se indague, que estimule a curiosidade e que ensine os porquês das coisas, desfazendo a imagem dogmática da ciência. Outro aspecto que precisa ser problematizado e abordado é que a ciência e a tecnologia no mundo atual estão integradas num sistema econômico e social específico, o que tem suas consequências.
De fato alguns dos mercados mais lucrativos do mundo hoje envolvem diretamente produtos tecnológicos...
Sem dúvida. Primeiro temos que considerar que o acesso à tecnologia ainda é regido por fatores econômicos e a tecnologia não é para todos. Além disso, vamos pensar nas regras que orientam esse mercado, nas motivações que norteiam o desenvolvimento de novos produtos: será que elas se baseiam no esforço pelo avanço da ciência ou no lucro, na concorrência selvagem, responsável por muitos de nossos problemas atuais? O conhecimento sobre a natureza nos dá o poder de transformá-la, mas como orientar esse poder para o bem da humanidade, e não para o lucro de uma minoria? É, sem dúvida, uma questão atual, de grande importância social e ética.

Notícia publicada no Portal Ciência Hoje, em 11 de dezembro de 2013.

Claudio Conti* comenta

A reportagem em análise trata da criatividade no contexto da ciência. Quando se fala em criatividade, muitos acreditam que a elaboração de uma pesquisa científica é diferente do movimento artístico no sentido de que o segundo seria decorrente de processos criativos e, por outro lado, o primeiro seria unicamente decorrente de processos lógicos e racionais. É fácil de entender o porquê deste tipo de pensamento, pois falta uma certa dose de compreensão tanto de um quanto de outro, pois os processos envolvidos não variam muito, ou pelo menos não deveriam.
Ao longo do tempo, o movimento artístico foi baseado em tendências e padrões, haja vista que facilmente, para quem sabe, se identifica os diferentes estilos, tais como barroco, renascentista, gótico, neo-gótico, etc.
Isto significa que as obras de arte tendem a seguir certos padrões em decorrência das tendências nas diferentes épocas e locais. O que ocorre, portanto, é o desenvolvimento de determinado estilo até que, por um processo realmente criativo que vem preencher os anseios do momento, um artista apresenta uma mudança, mesmo que pequena, de paradigma no estilo vigente, surgindo, desta forma, um novo estilo ou um ponto de virada.
Assim, um artista faz uso do desenvolvimento do conhecimento acerca de certa técnica ou tendência. Obviamente que, quando se perde o “fio da meada”, surgem obras denominadas de “arte” sem a expressão do belo. Este fato pode ser decorrente de se acreditar que o artista expressa uma criação pura e simplesmente, sem a necessidade de estudo e entendimento do real significado da sua ocupação. Nesta condição, invariavelmente, se perde o sentido do que realmente significa ser um artista e, consequentemente, também se perde a relação com a significação artística, isto é, o belo.
A ciência, tal qual, também é dependente do momento e local onde se desenvolve. Assim, uma necessidade de outrora foi trabalhada e desenvolvida até que deixe de ser necessária por se tornar obsoleta. A catapulta do tempo das guerras com arco e flecha, por exemplo, foi um marco e trouxe uma grande vantagem para quem as possuía, todavia, atualmente ninguém pensa em guerras utilizando catapultas ou aríetes.
Se pensarmos ainda mais para o passado, podemos citar a invenção da roda e, graças a ela, temos hoje os automóveis dentre inúmeros outros usos.
Portanto, similarmente à evolução artística, a evolução do conhecimento científico é decorrente de contínuo aprimoramento do conhecimento, tanto pessoal quanto coletivo.
Analisando esta questão sob o ponto de vista espiritualista, temos que o espírito imortal adquire conhecimento em suas várias existências, assim, não é necessário iniciar do zero quando encarna. Portanto, podemos dizer que os processos criativos são decorrentes do aprimoramento do conhecimento como espírito, podendo ser, por isso, decorrente de análise e raciocínio sobre temas correlatos.
Carl G. Jung, famoso psiquiatra suíço conhecido como o "pai" da psicologia analítica, dividiu a psique humana em três regiões: o consciente, o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo; sendo que a maior parte constitui o inconsciente. Jung disse ainda que processos semelhantes aos que ocorrem no consciente também ocorrem no inconsciente.
Sob este aspecto, nossa vida psíquica é muito mais rica do que imaginamos, pois nosso inconsciente se mantém ativo e produtivo. Assim, os processos criativos podem ocorrer no inconsciente, através de processamento de conteúdos existentes nesta região, podendo estes surgirem no consciente, especialmente quando mantemos nosso interesse em determinado assunto.
Além deste fator, podemos considerar, ainda, as experiências com espíritos desdobrados durante o sono, período em que nos mantemos ocupados com experiências correlacionadas com os nossos interesses. Desta forma, o que aprendemos nestas situações pode surgir no consciente quando despertos, passando a ser considerado como "criação".

* Claudio Conti é graduado em Química, mestre e doutor em Engenharia Nuclear e integra o quadro de profissionais do Instituto de Radioproteção e Dosimetria - CNEN. Na área espírita, participa como instrutor em cursos sobre as obras básicas, mediunidade e correlação entre ciência e Espiritismo, é conferencista em palestras e seminários, além de ser médium pscógrafo e psicifônico (principalmente). Detalhes no site www.ccconti.com.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Campanha pela volta das palavras mágicas - O poder da gentileza

 

campanhaparapalavrasgentis

O Poder da Gentileza

Noeval de Quadros

Nestes tempos de muita preocupação consigo mesmo, e de pouco tempo para o outro, de tempos "sem-tempo", quero chamar a atenção para uma virtude que anda meio esquecida: a gentileza.

Gentileza que não quer dizer fraqueza, nem é virtude só para mulheres.

Gentileza que significa cortesia, amabilidade, fidalguia, bom tratamento.

Tem um poder muito grande e tem relação direta com a inteligência bem como denota elevação moral.

Muitos se desculpam dizendo "não tenho tempo para estas coisas". Porém, sempre é tempo para uma palavra de amizade, para um telefonema cordial, para um sorriso de afeto, dirigido mesmo àqueles que parecem endurecidos e impermeáveis às boas maneiras.

A gentileza depende do hábito. Comece hoje a cultivá-la. Há muitas maneiras de adquirir esse hábito mas precisa ter disciplina e força de vontade.

Pode-se ser gentil com os superiores, mas é muito mais difícil ser gentil com os subalternos ou com os familiares e amigos próximos, justamente aqueles com quem acabamos desdenhando as regras da conduta sadia.

Pode-se ser gentil no trânsito, com os transeuntes, em casa, no trabalho, em todos os lugares.

Cada vez é mais raro ver-se, por exemplo, uma pessoa que dê lugar a outra, dentro de um ônibus lotado. Ou numa fila. Não falo aqui de obedecer a sua vez na fila, mas de dar a vez para outra pessoa que pareça mais aflita ou necessitada. Pelo contrário: quando podem, as pessoas `furam' a fila, quase sempre invocando um título ou uma posição social que os outros não têm.

Cada vez é mais raro ver as pessoas ajudando outras a carregar sacolas, a levantar objetos caídos, a ajudar um idoso a atravessar a rua, ou a empurrar um carro que não pega.

As pessoas alegam que não têm tempo, mas na verdade o tempo é a gente que fabrica. Quantos passam horas à frente dos tele-jornais e das novelas e alegam não ter tempo para agradecer uma carta, um e-mail, um convite ou um favor recebido.

Outro cuidado que a gente não tem: quando precisamos fazer um telefonema, não cogitamos se estamos a incomodar o outro na hora em que ele pode estar mais ocupado. É importante que não façamos ligações em horas tardias, nem tomemos o tempo por mais de dois minutos, em assuntos triviais.

Quando esses pequenos gestos de fraternidade e reconhecimento vão sendo esquecidos, a pessoa vai ficando fria e áspera, acreditando que todos devem ser gentis para com ela, mas esquecendo que esse dever é recíproco e que devemos ser aquele que dá o primeiro passo.

Quantas vezes, no trânsito, não esperamos o pedestre terminar de atravessar a rua, buzinamos impacientemente, não damos a vez ao que está pretendendo entrar numa via preferencial, nem damos carona à mulher grávida ou ao ancião.

"Muito obrigado", "por favor", "está ótimo o seu café", "bom dia", "boa tarde", "desculpe", são expressões que estão se ouvindo cada vez menos.

Nosso teste permanente é com os familiares. No tom de voz, no tempo que lhes damos, nas pequenas atitudes para com o cônjuge, seja oferecendo-se um dia para enxugar a louça, para passar o aspirador, ou surpreendê-lo com um café na cama.

Nosso exemplo é seguido pelos filhos. Não podemos chamar-lhes a atenção por tratar rispidamente a empregada se nós próprios não os ensinamos, pelo exemplo, a respeitar e a pedir "por favor' mesmo àqueles a quem pagamos para trabalhar para nós.

Na rua, outra maneira de demonstrarmos nossa civilidade é a forma como tratamos o pedinte. Mesmo que não possamos lhe dar nada, o importante é tratá-lo como ser humano, sem diminuir-lhe ainda mais a sua dignidade. Se não pudermos orientá-lo ou ajudá-lo, pelo menos vamos vibrar positivamente, em silêncio, certos de que o nosso pensamento poderá suavizar o seu padecimento.

Já não se fala do respeito aos animais ou à Natureza que apenas o ser mais evoluído espiritualmente consagra na forma devida.

A gentileza tem um pouco de renúncia e muito a ver com a generosidade, e esta é irmã da caridade, por isso que quanto mais elevada a pessoa, mais gentil ela é. Aliás, segundo Joana, o culto à gentileza é uma preparação para a transferência às Colônias Espirituais, onde teremos residência e onde o respeito e a cordialidade preponderam nos círculos de Espíritos mais conscientes ("Celeiro de Bênçãos", cap.53).

Por isso, o Espírito Meimei diz que "o primeiro degrau do Paraíso chama-se gentileza" .

Virtude que pertence à família do AMOR, é também a chave que abre as portas do sucesso, porque não há coração mais empedernido que a gentileza não consiga desarmar, nem situação mais desfavorável que não consiga reverter. Por isso dizer-se que a pessoa gentil usa da inteligência, por isso que é mais bem sucedida, sempre, ainda que não deva usar a gentileza com essa intenção oculta.

A pessoa gentil tem paciência no ouvir as pessoas, mesmo aquelas cuja conversa parece não trazer nada de útil. Segundo Chico Xavier, às vezes é preciso peneirar muito cascalho para se obter uma grama de ouro. Mas em toda conversa sempre há alguma coisa que se aproveite...

Por isso, o sinal de inteligência: a pessoa que ouve, aumenta o número dos seus conhecimentos. Só por aí já se vê quanto ganho temos por ouvir mais...

Engana-se quem pensa que a gentileza é própria da mulher. Os espíritos precisam progredir em tudo e por isso a afabilidade e a gentileza têm vez em qualquer pessoa e em qualquer lugar, demonstrando o longo caminho já percorrido pelo Espírito.

Um exemplo grandioso de gentileza vemos em Chico Xavier. Ele, com sua infinita paciência e humildade, sempre atendendo a todos, sem jamais demonstrar contrariedade ou cansaço, é o apóstolo da caridade. Sufocando a dor de angina, que às vezes se torna insuportável, Chico já passou dos 90 janeiros, sempre com uma palavra gentil e consoladora, para balsamizar os corações doridos que o procuram.

E quando a pessoa adquire o hábito da gentileza, esse proceder se torna uma segunda natureza. Ela assim age porque se sente bem. Não o faz para se sentir virtuosa ou para que os outros a admirem, até porque `a virtude desconhece a si mesma' e, segundo o Padre Vieira, "o prêmio das boas ações é praticá-las".

A pessoa gentil só tem um "defeito": é difícil a gente se aproximar dela, porque está sempre rodeada de muitas pessoas, que procuram se beneficiar desse seu halo de grandiosidade e nobreza.

Ainda que você não acredite em tudo o que pode a gentileza, ainda que ache que tudo isso é exagero, se você for gentil, estará se presenteando a si mesmo, porque tornará sua vida bem mais prazerosa. E viver de bem com a gente mesmo já é um grande passo para viver de bem com toda a Humanidade.

(Jornal Mundo Espírita de Novembro de 2000)

(http://www.espirito.org.br/portal/artigos/mundo-espirita/o-poder-da-gentileza.html)

domingo, 29 de junho de 2014

E, aí! Já leu?!

espcienciaTítulo: O Espiritismo perante a ciência

Autor: Gabriel Delanne

Conteúdo resumido

Gabriel Delanne foi um dos cientistas que deram continuidade ao trabalho de Kardec, na divulgação da Doutrina Espírita. Nesta obra, o autor demonstra que o Espiritismo, longe de contrariar a Ciência, é nela que se firma, não havendo incompatibilidade entre um e outro. Aprecia casos comprovados experimentalmente de aparições materializadas, telepatia, transportes, visão a distância e premonição, entre outros, relatando a adoção, por grande número de cientistas, da teoria espírita como a única explicação geral de todos os fenômenos investigados. Aconselha a pesquisa séria da mediunidade e reprova energicamente os que, por preconceito ou fanatismo, não admitem a adoção de medidas preventivas contra as mistificações no campo experimental. Acrescenta um Apêndice que visa informar sobre a consagração pela Ciência de algumas das mais importantes teorias da obra, várias décadas após a sua publicação.