sábado, 14 de novembro de 2015

Estudo dirigido: O Evangelho segundo o Espiritismo

------------------------------------------------------------------------------------------
EESE– Cap. XIII – Itens 7 a 10
Tema:   Convidar os pobres e os estropiados.
Dar sem esperar retribuição
            A caridade material e a caridade moral
-----------------------------------------------------------------------------------------

A - Texto de Apoio:

Convidar os pobres e os estropiados. Dar sem esperar retribuição

7. Disse também àquele que o convidara: Quando derdes um jantar ou uma ceia, não convideis nem os vossos amigos, nem os vossos irmãos, nem os vossos parentes, nem os vossos vizinhos que forem ricos, para que em seguida não vos convidem a seu turno e assim retribuam o que de vós receberam. - Quando derdes um festim, convidai para ele os pobres, os estropiados, os coxos e os cegos. - E sereis ditosos por não terem eles meios de vo-lo retribuir, pois isso será retribuído na ressurreição dos justos.

Um dos que se achavam à mesa, ouvindo essas palavras, disse-lhe: Feliz do que comer do pão no reino de Deus! (S. LUCAS, cap. XIV, vv. 12 a 15.)

8. "Quando derdes um festim, disse Jesus, não convideis para ele os vossos amigos, mas os pobres e os estropiados." Estas palavras, absurdas, se tomadas ao pé da letra, são sublimes, se lhes buscarmos o espírito. Não é possível que Jesus haja pretendido que, em vez de seus amigos, alguém reúna à sua mesa os mendigos da rua. Sua linguagem era quase sempre figurada e, para os homens incapazes de apanhar os delicados matizes do pensamento, precisava servir-se de imagens fortes, que produzissem o efeito de um colorido vivo. O âmago do seu pensamento se revela nesta proposição: "E sereis ditosos por não terem eles meios de vo-lo retribuir." Quer dizer que não se deve fazer o bem tendo em vista uma retribuição, mas tão-só pelo prazer de o praticar. Usando de uma comparação vibrante, disse: Convidai para os vossos festins os pobres, pois sabeis que eles nada vos podem retribuir. Por festins deveis entender, não os repastos propriamente ditos, mas a participação na abundância de que desfrutais.

Todavia, aquela advertência também pode ser aplicada em sentido mais literal. Quantos não convidam para suas mesas apenas os que podem, como eles dizem, fazer-lhes honra, ou, a seu turno, convidá-los! Outros, ao contrário, encontram satisfação em receber os parentes e amigos menos felizes. Ora, quem não os conta entre os seus? Dessa forma, grande serviço, às vezes, se lhes presta, sem que o pareça. Aqueles, sem irem recrutar os cegos e os estropiados, praticam a máxima de Jesus, se o fazem por benevolência, sem ostentação, e sabem dissimular o benefício, por meio de uma sincera cordialidade.

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS

A caridade material e a caridade moral

9. "Amemo-nos uns aos outros e façamos aos outros o que quereríamos nos fizessem eles." Toda a religião, toda a moral se acham encerradas nestes dois preceitos. Se fossem observados nesse mundo, todos seríeis felizes: não mais aí ódios, nem ressentimentos. Direi ainda: não mais pobreza, porquanto, do supérfluo da mesa de cada rico, muitos pobres se alimentariam e não mais veríeis, nos quarteirões sombrios onde habitei durante a minha última encarnação, pobres mulheres arrastando consigo miseráveis crianças a quem tudo faltava.

Ricos! pensai nisto um pouco. Auxiliai os infelizes o melhor que puderdes. Dai, para que Deus, um dia, vos retribua o bem que houverdes feito, para que tenhais, ao sairdes do vosso invólucro terreno, um cortejo de Espíritos agradecidos, a receber-vos no limiar de um mundo mais ditoso.

Se pudésseis saber da alegria que experimentei ao encontrar no Além aqueles a quem, na minha última existência, me fora dado servir!...

Amai, portanto, o vosso próximo; amai-o como a vós mesmos, pois já sabeis, agora, que, repelindo um desgraçado, estareis, quiçá, afastando de vós um irmão, um pai, um amigo vosso de outrora. Se assim for, de que desespero não vos sentireis presa, ao reconhecê-lo no mundo dos Espíritos!

Desejo compreendais bem o que seja a caridade moral, que todos podem praticar, que nada custa, materialmente falando, porém, que é a mais difícil de exercer-se.

A caridade moral consiste em se suportarem umas às outras as criaturas e é o que menos fazeis nesse mundo inferior, onde vos achais, por agora, encarnados. Grande mérito há, crede-me, em um homem saber calar-se, deixando fale outro mais tolo do que ele. É um gênero de caridade isso. Saber ser surdo quando uma palavra zombeteira se escapa de uma boca habituada a escarnecer; não ver o sorriso de desdém com que vos recebem pessoas que, muitas vezes erradamente, se supõem acima de vós, quando na vida espírita, a única real, estão, não raro, muito abaixo, constitui merecimento, não do ponto de vista da humildade, mas do da caridade, porquanto não dar atenção ao mau proceder de ou trem é caridade moral.

Essa caridade, no entanto, não deve obstar à outra. Tende, porém, cuidado, principalmente em não tratar com desprezo o vosso semelhante. Lembrai-vos de tudo o que já vos tenho dito: Tende presente sempre que, repelindo um pobre, talvez repilais um Espírito que vos foi caro e que, no momento, se encontra em posição inferior à vossa. Encontrei aqui um dos pobres da Terra, a quem, por felicidade, eu pudera auxiliar algumas vezes, e ao qual, a meu turno, tenho agora de implorar auxilio.

Lembrai-vos de que Jesus disse que todos somos irmãos e pensai sempre nisso, antes de repelirdes o leproso ou o mendigo. Adeus: pensai nos que sofrem e orai. Irmã Rosália. (Paris, 1860.)

10. Meus amigos, a muitos dentre vós tenho ouvido dizer: Como hei de fazer caridade, se amiúde nem mesmo do necessário disponho?

Amigos, de mil maneiras se faz a caridade. Podeis fazê-la por pensamentos, por palavras e por ações. Por pensamentos, orando pelos pobres abandonados, que morreram sem se acharem sequer em condições de ver a luz. Uma prece feita de coração os alivia. Por palavras, dando aos vossos companheiros de todos os dias alguns bons conselhos, dizendo aos que o desespero, as privações azedaram o ânimo e levaram a blasfemar do nome do Altíssimo: "Eu era como sois; sofria, sentia-me desgraçado, mas acreditei no Espiritismo e, vede, agora, sou feliz." Aos velhos que vos disserem: "É inútil; estou no fim da minha jornada; morrerei como vivi", dizei: "Deus usa de justiça igual para com todos nós; lembrai-vos dos obreiros da última hora." As crianças já viciadas pelas companhias de que se cercaram e que vão pelo mundo, prestes a sucumbir às más tentações, dizei: "Deus vos vê, meus caros pequenos", e não vos canseis de lhes repetir essas brandas palavras. Elas acabarão por lhes germinar nas inteligências infantis e, em vez de vagabundos, fareis deles homens. Também isso é caridade.

Dizem, outros dentre vós: "Ora! somos tão numerosos na Terra, que Deus não nos pode ver a todos." Escutai bem isto, meus amigos: Quando estais no cume da montanha, não abrangeis com o olhar os bilhões de grãos de areia que a cobrem? Pois bem: do mesmo modo vos vê Deus. Ele vos deixa usar do vosso livre-arbítrio, como vós deixais que esses grãos de areia se movam ao sabor do vento que os dispersa. Apenas, Deus, em sua misericórdia infinita, vos pôs no fundo do coração uma sentinela vigilante, que se chama consciência. Escutai-a, que somente bons conselhos ela vos dará. As vezes, conseguis entorpecê-la, opondo-lhe o espírito do mal. Ela, então, se cala. Mas, ficai certos de que a pobre escorraçada se fará ouvir, logo que lhe deixardes aperceber-se da sombra do remorso. Ouvi-a, interrogai-a e com frequência vos achareis consolados com o conselho que dela houverdes recebido.

Meus amigos, a cada regimento novo o general entrega um estandarte. Eu vos dou por divisa esta máxima do Cristo: "Amai-vos uns aos outros." Observai esse preceito, reuni-vos todos em torno dessa bandeira e tereis ventura e consolação. - Um Espírito protetor. (Lião, 1860.)

B - Questões para estudo e diálogo virtual:

1 – Qual o significado da máxima: "Quando derdes um festim, disse Jesus, não convideis para ele os vossos amigos, mas os pobres e os estropiados"?

2 – Por que a caridade moral é a mais difícil de se exercer?

3 – Extraia do texto acima a frase ou parágrafo que mais gostou e justifique.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Desculpas que usamos: Se eu quiser que saia bem feito, eu mesmo tenho que fazer

 

image001SE EU QUISER QUE SAIA BEM FEITO, EU MESMO TENHO QUE FAZER.

Quando nos achamos insubstituíveis para realizar algo ou quando pensamos que ninguém mais é capaz de fazer tão bem quanto nós, será que, na verdade, não estamos encobrindo um tremendo apego, um tremendo ciúmes das coisas que estamos realizamos – ou pretendemos realizar?

Será que, por trás da nossa aparente autossuficiência ou independência, não estamos encobrindo nossa própria insegurança, medo ou receio de que exista alguém que venha e realize ou faça aquilo melhor do que nós mesmos? E que a consequência disto seria que nós seríamos postos de lado, que deixassem de gostar de nós, que nos colocassem fora da jogada, fora da turma, etc. e tal?

Que possamos refletir e nos lembrar de que cada ser humano tem sua contribuição a dar e seu talento direcionado para alguma coisa. Nunca devemos nos esquecer de que cada um de nós é um talento único e que, independentemente de termos todos nós fraquezas e dificuldade, com toda certeza ninguém nos substituirá. E, se alguns irão nos detestar pelos nossos vínculos e equívocos passados, outros tantos,em maioria, irão e permanecerão nos amando por aquilo que nós mesmos somos: um misto de defeitos e qualidades, mas rumo à perfeição espiritual.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB –1970 - A010 – Examinando a obsessão - 6ª parte

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970

Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

A010 – Examinando a obsessão - 6ª parte

d) Porta de luz

Imagine um dédalo em sombras, imensurável, hórrido, onde se demoram emanações morbíficas provenientes de células em disjunção; charco miasmático carregado de lodo instável, tendo por céu nimbos borrascosos sacudidos por descargas elétricas; paul sombrio que agasalha batráquios e ofídios, répteis e toda a fauna asquerosa; região varrida por ventos ululantes, longe da esperança

onde uma tênue e célere perspectiva de paz não tremelha...

Considere-se relegado a esse labirinto nefasto, longe de qualquer amparo, a mergulhar a mente em febre nos abismos do remorso que, fantasma incansável, assume proporçôes inimagináveis; sob o estrugir de recordações vigorosas das quais não se consegue furtar, ressumando erros propositais e casuais com que se distanciou da paz; malgrado necessite de esperança ou refazimento, silêncio para meditar ou uma aragem fresca para renovação, escute, inerme, outros companheiros de desdita em imprecaçôes e lamentos, dominados pela própria sandice; onde a razão se fez sicário impiedoso, sem entranhas, e se encarrega, ela mesma, de justiçar com azorragues em forma de cilícios que lhe são involuntários; sem equilíbrio para uma evocação suave, um painel de ternura, amor ou prece...

Avalie o significado de uma porta libertadora, que sübitamente se abrisse, convidativa, banhada que fosse de fraca mas significativa luz, através da qual, transposta a mínima distância entre você e ela, poderia ouvir consolo, chorar sem desespero, lenindo as próprias angústias, e repousar; além da qual, doce canto embalante ciciasse uma melopeia conhecida ou uma berceuse reconfortante; após vencida, revisse paisagem esquecida e agradável e, dilatados os ouvidos, escutasse a pronúncia de um terno nome, em relação a você: irmão! —depois do que, roteiro e medicamento chegassem salvadores, inaugurando experiência feliz, transpassada a expiação inominável...

Você bendiria, certamente, mil vezes, esse portal de acesso. Tal região, não muito longe de nós, entre os desencarnados e os encarnados, são os vales purgatoriais para os que transpõem o umbral da morte narcotizados pela insânia e pelo crime.

Tal porta fascinante é a mediunidade socorrista de que você se encontra investido na tessitura física, ao alcance de um pouco de disciplina e abnegação.

Examinando quanto você gostaria de receber auxílio se ali estivesse, pense nos que lá estão e não demore mais em discussões inócuas ou em desculpismo injustificável.

Corra ao socorro deles, os nossos companheiros na dor, iludidos em si mesmos, e abra-lhes a porta de luz da oportunidade consoladora.

Mergulhe o pensamento nos exórdios do amor do Cristo e, mesmo sofrendo, atenda a estes que sofrem mais.

Não lhe perguntarão quem você é, donde vem, como se apresenta, pois não lhes importa; antes, sim, desejarão saber o que você tem em nome de Jesus para lhes dar. Compreenderão mais tarde a excelência da sua fé, o valor do seu devotamento, a expressão da sua bondade, a extensão das suas necessidades e também estenderão braços na direção do seu espírito.

Agora, necessitam de paz e libertação, e Jesus precisa de você para tal mister.

Não lhes atrase o socorro, nem demore sua doação. Possivelmente você já esteve ali antes, talvez seja necessário estagiar por lá..

Se você conceber que o seu esforço é muito, para os ajudar, mentalize Jesus transferindo-se dos Cimos da Vida para demorar-se no Vale de Sombras por vários anos e prosseguir até agora conosco...

O Espiritismo que lhe corrige a mediunidade em nome do Cristo — Espiritismo que lhe consola e esclarece — ensina-lhe que felicidade é moeda cujo sonido somente produz festa íntima quando retorna daquele a quem se oferece e vem na direção do doador.

Doando-se, em silêncio, longe dos que aplaudem faculdades mediúnicas, coloque suas possibilidades a benefício dos sofredores, nas sessões especializadas, e granjeará um crédito de bênçãos que lhe ensejará, também, liberdade e iluminação, à semelhança dAquele que, Médium do Pai, se fez o doce irmão de nós todos, milênios a fora.

e) Reuniões sérias

As reuniões espíritas de qualquer natureza devem revestir-se do caráter elevado da seriedade.

«Não sendo os Espíritos seres outros que não as almas dos homens» que viveram na Terra, não podem eles isentar-se da comunhão imperiosa, resultante das leis da afinidade. Nesse particular, convém não esquecer que os Espíritos desencarnados, pelo simples fato de estarem despidos da indumentária carnal, não são melhores nem piores que os homens, mas continuação destes, plasmados pelo que cultivaram, fizeram e se aprazeram.

Elegendo como santuário qualquer lugar onde se vivam as lições incorruptíveis de Jesus, o Espiritismo ensina que o êxito das sessões se encontra na dependência dos fatores-objetivos que as produzem, das pessoas que as compõem e do programa estabelecido.

Como requisitos essenciais para uma reunião séria consideremos, pois, as intenções, o ambiente, os membros componentes, os médiuns, os doutrinadores. As intenções, fundamentadas nos preceitos evangélicos do amor e da caridade, do estudo e da aprendizagem, são as que realmente atraem os Espíritos Superiores, sem cuja contribuição valiosa os resultados decaem para a frivolidade, a monotonia e não raro para a obsessão.

Não sendo apenas o de construção material, o ambiente deve ser elaborado e mantido por meio da leitura edificante e da oração, debatendo-se os princípios morais capazes de criar uma atmosfera pacificadora, otimista e refazente.

Os membros componentes devem esforçar-se por manter os requisitos mínimos de conseguirem instruir-se, elevando-se moral, mental e espiritualmente, através do devotamento contínuo, incessante, para a fixação da idéia espírita de elevação que lhes deve tornar pauta de conduta diária.

Os médiuns, semelhantemente aos demais participantes, são convidados ao policiamento interior das emoções, dos pensamentos, das palavras e da conduta, para se tornarem maleáveis às instruções de que porventura poderão ser instrumento. A faculdade mediúnica não os isenta das responsabilidades morais imprescindíveis àprópria renovação e esclarecimento, pois que, mais facilmente, os Espíritos Puros se aprazem de utilizar aqueles instrumentos dóceis e esclarecidos,

capazes de lhes facilitarem as tarefas a que se propõem.

Os doutrinadores têm igualmente a obrigação de se evangelizar, estudando a Doutrina e capacitando-se para entender e colaborar nos diversos misteres do serviço em elaboração. Na mesma linha de deveres dos médiuns, não se podem descurar do problema psíquico da sintonia, a fim de estabelecerem contacto com os Diretores do Plano Espiritual que supervisionam os empreendimentos de tal natureza.

As reuniões espíritas são compromissos graves assumidos perante a consciência de cada um, regulamentados pelo esforço, pontualidade, sacrifício e perseverança dos seus membros.

Somente áqueles que sabem perseverar, sem postergarem o trabalho de edificação interior, se fazem credores da assistência dos Espíritos interessados na sementeira da esperança e da felicidade na Terra — programa sublime presidido por Jesus, das Altas Esferas.

Nas reuniões sérias, os seus membros não podem compactuar com a negligência aos deveres estabelecidos em prol da ordem geral e da harmonia, para que a infiltração dos Espíritos infelizes não as transformem em celeiros de balbúrdia, em perfeita conexão com a desordem e o caos.

Invariàvelmente, as reuniões sérias de estudo ou socorro mediúnico se convertem em educandários para desencarnados que são trazidos por seus mentores. São atraídos pela própria curiosidade ou interessados na sua destruição...

Sendo a sociedade do Mundo Espiritual constituída daqueles que viveram na Terra, ou como aí, não faltam os ociosos, os de mente viciada, os parasitas, os perseguidores inveterados, os obsessores cruéis, os infelizes de todo o jaez que deambulam solitários ou em magotes, isolados em si mesmos ou em colônias perniciosas, buscando presas irresponsáveis e inconscientes para o comércio da vampirização...

Conseguintemente, necessárias se fazem muita vigilância e observação, mesmo porque grande parte desses visitadores é trazida para que o exemplo dos encarnados lhes constitua lição viva de despertamento, mudando-lhes a direção mental e interessando-os na solução dos afligentes problemas que os infelicitam e maceram, mesmo quando disso não se apercebem ou fingem não os experimentar...

Para que uma sessão espírita possa interessar os Instrutores Espirituais, não pode abstrair do elevado padrão moral de que se devem revestir todos os participantes, pois que se o cenho carregado e sisudo na Terra pode apresentar um homem como sendo de bem, em verdade, só a exteriorização dos seus fluídos — isto é, a vibração do seu próprio espírito, que é resultante dos atos morais praticados — o distingue das diversas criaturas, oferecendo material específico aos Instrutores Desencarnados para as múltiplas operações que se realizam nos abençoados núcleos espiritistas sérios, que têm em vista o santificante programa da desobsessão espiritual.

f) Em oração

Senhor: — ensina-nos a respeitar a força do direito alheio na estrada do nosso dever.

Ante as vicissitudes do caminho, recorda-nos de que no supremo sacrifício da Cruz, entre o escárnio da multidão e o desprezo da Lei, erigiste um monumento à justiça, na grandeza do amor.

Ajuda-nos, assim, a esquecer todo o mal, cultivando a árvore generosa do perdão.

Estimula-nos à claridade do bem sem limites, para que o nosso entusiasmo na fé não seja igual a ligeiro meteoro riscando o céu de nossas esperanças, para apagar- se depois...

Concede-nos a felicidade ímpar de caminhar na trilha do auxílio porque, só aí, através do socorro aos nossos irmãos, aprendemos a cultivar a própria felicidade.

Tu que nos ensinaste sem palavras no testemunho glorioso da crucificação, ajuda-nos a desculpar incessantemente, trabalhando dentro de nós mesmos pela transformação do nosso espírito, na sucessão do tempo, dia a dia, noite a noite, a fim de que, lapidado, possamos apresentá-lo a Ti no termo da nossa jornada.

Ensina-nos a enxergar a Tua Ressurreição sublime, mas permite também que recordemos o suplício da Tua solidão, a coroa de espinhos, a cruz infamante e o silêncio tumular que a precederam, como lições incomparáveis para nós, na hora do sofrimento, quando nos chegue.

Favorece-nos com a segurança da ascensão aos Altos Cimos, porém não nos deixes olvidar que após a jornada silenciosa durante quarenta dias e quarenta noites, entre jejum e meditação, experimentaste a perturbação do mundo e dos homens, em tentações implacáveis que, naturalmente, atravessarão também nossos caminhos...

Dá-nos a certeza do Reino dos Céus, todavia não nos deixes esquecer que na Terra, por enquanto, não há lugar para os que te servem, tanto quanto não o houve para Ti mesmo, auxiliando-nos, entretanto, a viver no mundo, até à conclusão da nossa tarefa redentora.

Ajuda-nos, Divino Companheiro, a pisar os espinhos sem reclamação, vencendo as dificuldades sem queixas, porque é vivendo nobremente que fazemos jus a uma desencarnação honrada como pórtico de uma ressurreição gloriosa. Senhor Jesus, ensina-nos a perdoar, ajudando-nos a esquecer todo o mal, para sermos dignos de Ti!

*

Não nos animaram a presunção e a veleidade de examinar, nos estudos do presente livro, as enfermidades psíquicas clássicas, tais como, as esquizofrenias e as parafrenias, as psicoses e neuroses, as oligofrenias e a paranóia de multíplice manifestação, tanto quanto não cuidaremos das personalidades psicopáticas, as dos dementes senis e outras de que cuida a Psiquiatria, embora sem o conhecimento das causas anteriores das mesmas e que dizem respeito, invariàvelmente, às vidas pregressas de tais pacientes.

Cuidaremos de convidar os interessados nos problemas da obsessão e no ministério da desobsessão ao estudo paciente do Espiritismo, apresentando algumas experiências e conotações nossas ao valioso material já existente, embora ainda não suficiente para a rápida equação de tão importante questão.

Não pretendemos elaborar um tratado para a análise e a prática da desobsessão espiritual. Estes são apontamentos singelos e despretenciosos, mediante os quais trazemos o nosso pouco de fermento na esperança de conseguir levedar parte da massa», conforme a autorizada palavra de Nosso Senhor Jesus- Cristo, a Quem rogamos abençoar-nos o esforço e nos socorrer pela rota da própria iluminação.

QUESTÕES PARA ESTUDO

1 – Qual é a “porta de luz” que o autor descreve e como ela é sentida pelos espíritos que se encontram em zonas infelizes da Espiritualidade?

2 – Comente a frase “(...) Espiritismo ensina que o êxito das sessões se encontra na dependência dos fatores-objetivos que as produzem, das pessoas que as compõem e do programa estabelecido”, destacando que e quem são os fatores-objetivos, componentes da reunião e programa a ser estabelecido.

3 – Que é o elevado padrão moral que todos os componentes do grupo mediúnico devem possuir e por que os Instrutores Espirituais não podem abstrai-lo?

Bom estudo a todos!!

Equipe Manoel Philomeno

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB–1970 – A009 – Examinando a obsessão - 5ª parte–CONCLUSÃO

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970

Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

A009 – Examinando a obsessão - 5ª parte

CONCLUSÃO

1) Por que Manoel Philomeno mostra o exercício da prece como algo “imprescindível” para o Homem que não deve ser ignorado, apesar das dificuldades do dia a dia?

O autor esclarece que é o Espírito tem necessidade de estar em comunhão com Deus e é através da prece que nos aproximamos de Deus.

A prece é como uma “lâmpada acesa no coração” que nos auxilia na caminhada, proporcionando paz e fortalecimento moral ao Espírito e atuando como um impeditivo a obsessão. A prece deve ser um hábito para o Espírito.

2) Existem “condições” necessárias para realizar uma prece?

Não, a prece deve ser realizada em qualquer ocasião. Mas, é importante que esta conversa seja realizada com a sinceridade de sentimentos e intenções.

Não se deve descuidar da prece por cansaço ou dificuldades, pois a oração é também uma contribuição ao repouso, refazimento e renovação interior.

3) O que seriam possuir uma “nuvem de testemunhas” de acordo com o entendimento deste texto?

A Doutrina Espírita nos esclarece que os laços afetivos não se acabam com a desencarnação. Cada um possui Espíritos a sua volta com as quais se afinizam, sejam estes bons ou maus.

Cada um possui então, uma “nuvem de testemunhas” ou seja, Espíritos que lhe observam e buscam de acordo com os interesses em comu.

4) Que tipo de “predisposição” uma pessoa pode trazer a obsessão? Por que isso acontece?

Uma pessoa pode trazer em seu perispírito as condições próprias à obsessão. Isso acontece por manter em si mesmo inconscientemente complexos de inferioridade e culpa que são resultados de suas ações equivocadas de outras existências.

Em todos os casos, mesmos os indivíduos que renascem em condições aflitivas e com antipatias espirituais, poderão se precaver da obsessão se pautarem sua vida em busca de uma renovação moral.

5) Que tipo de prevenção a Doutrina Espírita pode oferecer contra a obsessão?

O estudo da Doutrina Espírita com a compreensão da vida espiritual oferece meios para que uma pessoa busque sua renovação moral e atraia os Bons Espíritos para perto de si mesma.

Ao fazer da prece um hábito sincero, buscar a renovação de pensamentos para o bem e realizar ações em favor do bem estar geral, a pessoa cria proteção eficaz para prevenção da obsessão.

--

Hora Vazia

Cuidado com a hora vazia, sem objetivo, sem atividade.

Nesse espaço, a mente engendra mecanismos de evasão e delira.

Cabeça ociosa é perigo à vista.

Mãos desocupadas facultam o desequilíbrio que se instala.

Grandes males são maquinados quando se dispõe de espaço mental em aberto.

*

Se, por alguma circunstância, surge-te uma hora vazia, preenche-a com uma leitura salutar, ou uma conversação positiva, ou um trabalho que aguarda oportunidade para execução, ou uma ação que te proporcione prazer...

O homem, quanto mais preenche os espaços mentais com as ideias do bem, mediante o estudo, a ação ou a reflexão, mais aumenta a sua capacidade e conquista mais amplos recursos para o progresso.

Estabelece um programa de realizações e visitas para os teus intervalos mentais, as tuas horas vazias, e te enriquecerás de desconhecidos tesouros de alegria e paz.

Joanna de Angelis (Cap. 8 - Episódios Diários)

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Desenvolva o tema… Eu acredito

EU ACREDITO!

Naidaterra

Eu acredito na força do amor...
Acredito que um dia a chuva bondosa esparrame água
em terras áridas ofertando vida as raízes que dormem
nas profundezas...

Eu acredito na força de vontade do homem, na sua determinação e que percebam a premência na necessidade de mudanças nas suas atitudes em relação a tudo e ao todo...

Eu acredito na benevolência e na inteligência do ser racional, tendo por objetivo entender que a vida é um ciclo, um círculo perfeito que não deve ser alterado e sim compreendido e respeitado...

Eu acredito que um dia seremos livres, haverá fartura de amor e as celas serão abolidas para sempre...

Laços serão perpétuos e sagrados, uma imensa família universal...

Eu acredito que todas as espécies de fanatismos serão destruídas prevalecendo a fé, o amor em Deus, ser onipotente que reside dentro de cada um de nós...

Eu acredito na vida antes e após a morte do corpo, na bondade, no sorriso, na integridade da alma e na beleza do infinito aberto...

Eu acredito no livre arbítrio e no poder da ponderação da humanidade que caminham para o centro do círculo...

Eu acredito num grito de guerra único,
...PAZ...

E a despeito de tudo,
EU ACREDITO EM MIM!


(Naidaterra - abril/2007 - respeite o texto e a autoria)

Mural reflexivo: Meus encontros com Deus

9299_4729719571634_949172439_nMeus encontros com Deus

Meus encontros com Deus, no período do colegial, eram na capela da escola, durante o recreio.

Cresci. E hoje nos reunimos em tantos outros lugares...

*   *   *

Estamos constantemente em presença da Divindade.

Não há necessidade de estar nesse ou naquele local para encontrá-lO.

O Criador não está mais para uns e menos para outros. Não tem escolhidos.

Da mesma forma, não há uma só de nossas ações que possamos subtrair ao Seu olhar.

Nosso pensamento está em contato com o Seu pensamento e é com razão que se diz que Deus lê o mais profundodo coração.

Para estender Sua solicitude às menores criaturas, Ele não tem necessidade de mergulhar Seu olhar do alto da imensidade, nem de deixar o repouso de Sua glória, pois esse repouso está em toda a parte.

Para serem ouvidas por Ele, nossas preces não necessitam transpor o espaço, nem serem ditas com voz retumbante porque, incessantemente penetrados por Ele, nossos pensamentos nEle repercutem.

Entre Ele e nós a distância foi suprimida: já compreendemos isto e este pensamento, quando a Ele nos dirigimos, aumenta a nossa confiança, porque não podemos dizer que Deus esteja muito longe e seja muito grande para se ocupar de nós.

Deus existe. Não poderíamos duvidar. é infinitamente justo e bom. E Sua essência, Sua solicitude se estende a tudo: também compreendemos isto.

Ninguém está abandonado. Ninguém deixa de receber Seus cuidados de Pai amoroso.

Incessantemente em contato com Ele, podemos orar com a certeza de sermos ouvidos.

Ele não pode querer senão o nosso bem. Por isso, devemos nEle ter confiança: eis o essencial. Para o resto, esperemos que sejamos dignos de compreendê-lO.

Amadureçamos um pouco mais. Deixemos a arrogância derreter através do conhecimento e da humildade diante Dessa Inteligência Suprema.

Espiritualizemo-nos. Sensibilizemo-nos. Apaixonemo-nos pela vida, e veremos que a compreensão de Deus virá naturalmente com os dias.

*   *   *

Hoje encontrei Deus no sorriso de minha filha.

Porém, o gesto espontâneo e luminoso não foi para mim, foi para um estranho, alguém que ela nunca havia visto antes, sentado à mesa ao lado, com o olhar distante e triste.

Pude ver o Criador nos olhos dela.

Ela acenou, como se quisesse perguntar: “Está tudo bem com você?” Em seguida lhe jogou um beijo, espontaneamente.

Certamente ele não estava bem... E Deus sabia.

No mesmo instante – instante mágico, a Divindade amorosa encontrou na mesa mais próxima um sorriso amigo, uma pequena lamparina para acender na vida daquele filho desanimado – que então sorriu, e também acenou de volta.

Hoje encontrei Deus no sorriso de minha filha... Mas o sorriso não foi para mim, foi para a dor do mundo, que ainda lateja incômoda por aí.

E, sem perceber, aquele sorrir também me fez um pouco mais feliz.

Pensando bem, acho que Ele também sorriu para mim.

E agora sorri para você.

Deus irradia sorrisos.

Redação do Momento Espírita, com base em Haikai (curto poema japonês);
no poema
Deus no sorriso de minha filha
, de Andrey Cechelero,
e em trecho da
Revista Espírita
, de Allan Kardec, de maio de 1866,
ed. FEB.

domingo, 8 de novembro de 2015

Mural reflexivo: A Parábola da Rosa

rosaA PARÁBOLA DA ROSA

    Certa vez, um homem plantou uma roseira e passou a regá-la constantemente.
    Assim que ela soltou seu primeiro botão que em breve desabrocharia, o homem notou espinhos sobre o talo e pensou consigo mesmo: "como pode uma flor tão bela vir de uma planta rodeada de espinhos?"
    Entristecido com o fato, ele se recusou a regar a roseira e, antes mesmo de estar pronta para desabrochar a rosa morreu. 
    Isso acontece com muitos de nós com relação à nossa semeadura.
    Plantamos um sonho e, quando surgem as primeiras dificuldades, abandonamos a lavoura.
    Fazemos planos de felicidade, desejamos colher flores perfumadas e, quando percebemos os desafios que se apresentam, logo desistimos e o nosso sonho não se realiza.
    Os espinhos são exatamente os desafios que se apresentam para que possamos superá-los.
    Se encontramos pedras no caminho é para que aprendamos a retirá-las e, dessa forma, nossos músculos se tornem mais fortes.
    Não há como chegar ao topo da montanha sem passar pelos obstáculos naturais da caminhada. E o mérito está justamente na superação desses obstáculos.
    O que geralmente ocorre é que não prestamos muita atenção na forma de realizar nossos objetivos e, por isso, desistimos com facilidade e até justificamos o fracasso lançando a culpa em alguém ou em alguma coisa.
    O importante é que tenhamos sempre em mente que se desejamos colher flores, temos que preparar o solo, selecionar cuidadosamente as sementes, plantá-las, regá-las sistematicamente e, só depois, colher.
    Se esperamos colher antes do tempo necessário, então a decepção surgirá.
    Se temos um projeto de felicidade, é preciso investir nele. E considerar também a possibilidade de mudanças na estratégia.
    Se, por exemplo, desejamos um emprego estável, duradouro, e não estamos conseguindo, talvez tenhamos que rever a nossa competência e nossa disposição de aprender.
    Não adianta jogar a culpa nos governantes nem na sociedade, é preciso, antes de tudo, fazer uma avaliação das nossas possibilidades pessoais.
    Se desejamos uma relação afetiva duradoura, estável, tranquila, e não conseguimos, talvez seja preciso analisar ou reavaliar nossa forma de amar.
    Quando os espinhos de uma relação aparecem, é hora de pensar numa estratégia diferente, ao invés de culpar homens e mulheres ou a agitação da vida moderna, ou simplesmente deixar a rosa do afeto morrer de sede.
    Há pessoas que, como o homem que deixou a roseira morrer, deixam seus sonhos agonizarem por falta de cuidados ou diminuem o seu tamanho. Vão se contentando com pouco na esperança de sofrer menos.
    Mas o ideal é estabelecer um objetivo e investir esforços para concretizá-lo.
    Se no percurso aparecer alguns espinhos, é que estamos sendo desafiados a superar, e jamais a desistir. 
*** 
    Quem deseja aspirar o perfume das rosas, terá que aprender a lidar com os espinhos.
    Quem quer trilhar por estradas limpas, terá que se curvar para retirar as pedras e outros obstáculos que surjam pela frente.
    Quem pretende saborear a doçura do mel, precisa superar eventuais ferroadas das fabricantes, as abelhas.
    Por tudo isso, não deixe que nenhum obstáculo impeça a sua marcha para a conquista de dias melhores.

(www.momento.com.br)

Revista Espirita – maio 1862 – Conversas familiares de além túmulo

Revista Espírita

Quinto Ano – 1862

Maio

Conversas familiares de além túmulo

Revista Espírita, maio de 1862

O capitão Nivrac

(Morto em 11 de fevereiro de 1862; evocado a pedido de seu amigo, o capitão Blou, membro da Sociedade. - Médium, Sr. Leymarie.)

O Sr. Nivrac era um homem rico de muitos estudos e de uma inteligência notável. O Sr. Blou falara-lhe inutilmente do Espiritismo, e ofereceu todas as obras que tratam da matéria; ele olhava todas essas coisas como utopias, e aqueles que lhe adicionavam fé como sonhadores. Em 1o de fevereiro passeava com um de seus camaradas, gracejando sobre esse assunto, como de hábito, quando, passando diante da loja de uma livraria, viram exposta a brochura: O Espiritismo em sua mais simples expressão. Uma boa inspiração, disse o Sr. Blou, fê-lo comprar, o que provavelmente não teria feito se eu não me encontrasse ali. Depois desse dia, o Sr. capitão Nivrac leu O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, e alguns números da Revista; seu Espírito e seu coração estavam tocados; longe de zombar, vinha me questionar, e se fez, junto dos oficiais, um zeloso propagador do Espiritismo, a tal ponto que, durante oito dias, a nova doutrina era o assunto de todas as conversas. Desejava muito assistir a uma sessão, quando a morte veio surpreendê-lo sem nenhuma causa aparente de doença. Na terça-feira, 11 de fevereiro, estando no banho, expirou em 4 horas nos braços do médico. Não está aí, acrescentou o Sr. Blou, o dedo de Deus, que permitiu que meu amigo abrisse os olhos à luz antes de sua morte?

1. Evocação. R. Compreendo porque desejais me falar, estou feliz com esta evocação, e venho a vós com alegria, porque é um amigo que me pede, e nada me poderia ser mais agradável.

Nota. O Espírito antecipa a pergunta que lhe iria ser proposta e que era esta: Embora não tenhamos a vantagem de vos conhecer, vos pedimos para vir da parte de vosso amigo, o Sr. capitão Blou, nosso colega, e estaremos encantados em conversar convosco se o quiserdes.

2. Sois feliz... (o Espírito não deixa terminar a pergunta que termina assim: por ter conhecido o Espiritismo antes de morrer?) - R. Sou feliz, porque acreditei antes de morrer.

Lembro-me das discussões que tive contigo, meu amigo, porque eu repelia todas as doutrinas novas. Dizendo em verdade, eu estava abalado: dizia à minha mulher, à minha família, que era loucura escutar semelhantes futilidades, e te acreditava amalucado, eu o pensava; mas felizmente pude crer e esperar, e minha posição é mais feliz, porque Deus me promete um adiantamento muito desejado.

3. Como uma pequena brochura, de algumas páginas, teve mais poder sobre vós do que as palavras de vosso amigo, em que devíeis ter confiança? - R. Eu estava abalado, porque a ideia de uma vida melhor está no fundo de todas as encarnações. Acreditava instintivamente, mas as ideias do soldado tinham modificado meus pensamentos; eis tudo.

Quando li a brochura, me senti emocionado; encontrei esse enunciado de uma doutrina tão clara, tão precisa, que Deus me apareceu em sua bondade; o futuro me pareceu menos sombrio. Acreditei, porque devia crer, e a brochura estava segundo meu coração.

4. De que morrestes? - R. Morri de uma comoção cerebral. Deu-se várias razões; era um derrame no cérebro. O tempo estava marcado e me era preciso partir.

5. Poderíeis nos descrever vossas sensações no momento de vossa morte e depois de vosso despertar? - R. A passagem da vida para a morte é uma sensação dolorosa, mas rápida; pressente-se tudo o que pode chegar; toda a vida se apresenta espontaneamente, como uma miragem, e se gostaria de recobrar todo o seu passado para purificar os maus dias, e este pensamento vos segue na transição espontânea da vida à morte, que não é senão outra vida. Fica-se como aturdido pela luz nova, e fiquei numa confusão de ideias bastante singular. Não era um Espírito perfeito; contudo, pude me dar conta, e agradeço a Deus de me ter esclarecido antes de morrer.

Nota. Esse quadro da passagem da vida à morte tem uma analogia marcante com a que dele deu o Sr. Sanson. Fazemos observar que não foi o mesmo médium.

6. Vossa situação atual seria diferente se tivésseis conhecido e aceitado as ideias espíritas?

- R. Sem dúvida; mas era um homem de natureza franca, e, embora não seja extremamente avançado, não é menos verdadeiro que Deus recompensa toda boa decisão, quando mesmo seja a última.

7. É inútil vos perguntar se... (o Espírito não deixou terminar a pergunta, assim concebida: ides ver vossa mulher e vossa filha, mas não podeis fazê-las ouvirem; quereis que lhes transmitamos alguma coisa de vossa parte? - R. Sem dúvida, estou sempre perto dela; eu a

encorajo à paciência e lhe digo: Coragem, amiga, secai vossas lágrimas e sorri a Deus, que vos fortificará. Pensai que minha existência é um adiantamento, uma purificação, e que tenho necessidade de vossas preces para me ajudar. Desejo, com todas as minhas forças, uma nova encarnação, e, embora a separação terrestre seja cruel, lembrai-vos, vós que amo, que estais só e tendes necessidade de toda vossa saúde, de toda vossa resignação para vos sustentar; mas eu estarei perto de vós para vos encorajar, vos bendizer e vos amar.

8. Estamos certos de que os vossos camaradas do regimento estariam muito felizes de ter algumas palavras vossas. A esta questão acrescento uma outra que, talvez, achará lugar em vossa alocução. Até aqui o Espiritismo quase não se propagou no exército, senão entre os oficiais. Pensais que seria útil que assim fosse entre os soldados, e qual seria o resultado disso? - R. É preciso muito que a cabeça se torne séria para que o corpo a siga, e compreendo que os oficiais hajam aceitado primeiro essas soluções filosóficas e sensatas

que O Livro dos Espíritos dá. Por essas leituras, o oficial compreende melhor o seu dever; torna-se mais sério, menos sujeito a zombar da tranquilidade das famílias; ele se habitua à ordem em seu interior, e a bebida e a comida não são mais os primeiros móveis da vida. Por eles, os sub-oficiais aprenderão e propagarão; saberão poder se o querem. Eu lhes digo: adiante! E um novo campo de batalha da Humanidade; somente as feridas, nada de metralha, mas por toda a parte há harmonia, o amor e o dever. E o soldado será um homem tornado liberal segundo a boa expressão; terá a coragem e a boa vontade que fazem de um operário um bom cidadão, um homem conforme Deus.

Segui, pois, a nova direção; sede apóstolos segundo Deus, e dirigi-vos ao infatigável propagador da Doutrina, o autor do pequeno livro que me esclareceu.

Nota. A respeito da influência do Espiritismo sobre o soldado, a comunicação seguinte foi ditada numa outra ocasião:

O soldado tornado Espírita será mais fácil para governar, mais submisso, mais disciplinado, porque a submissão será para ele um dever sancionado pela razão, ao passo que ela não é, o mais frequentemente, senão o resultado do constrangimento; não se embrutecerá mais nos excessos que, muito frequentemente, engendram as sedições e levam a desconhecer a autoridade. Ocorre o mesmo com todos os subordinados, a qualquer classe que pertençam: operários, empregados e outros; se eles quitarão mais conscienciosamente com sua tarefa quando se darão conta da causa que os colocou nessa posição sobre a Terra, e da recompensa que espera os humildes na outra vida. Infelizmente, bem poucos creem na outra vida, e é o que faz que dêm tudo à vida presente. Se a incredulidade é uma praga social, é sobretudo nas classes inferiores da sociedade, onde não há o contrapeso da educação e o temor da opinião. Quando aqueles que são chamados a exercer uma autoridade, a qualquer título que isso seja, compreenderem o que ganhariam em ver subordinados imbuídos das ideias espíritas, farão todos os seus esforços para compeli-los nesse caminho. Mas paciência! Isso virá.

LESPINASSE.

Enviado por: Joel Silva