A Violência Interior de Todos Nós 
A violência do mundo se combate com as armas do bem apontadas 
em nossa própria direção.
A palavra violência exprime todo pensamento, complementado ou 
não por palavras e ações, que exteriorize um sentimento contrário à lei do amor 
e da caridade. No mundo atual acompanhamos muitas vezes com o requinte de 
detalhes, as notícias e reportagens sobre os atos mais violentos da humanidade. 
Esse contato diário com os atos extremados do ser humano toma as pessoas mais 
insensíveis, levando-as a desconsiderar suas pequenas atitudes de violência, 
esquecendo de colocá-las no rol daquelas que devem sofrer o esforço de 
transformação no trabalho constante de auto-aprimoramento.
A propensão à violência é característica dos Espíritos 
vinculados ao planeta Terra, variando apenas quanto a intensidade e aos 
estímulos necessários para desencadear a ação violenta. Daí o "não julgueis", 
induzindo-nos pelo raciocínio, a buscarmos maior prudência ao julgar o próximo, 
porque não sabemos se guardamos em nosso íntimo o mesmo grau de violência que 
condenamos, esperando apenas as condições propícias para despertar.
Segundo o Espírito Verdade (perg. 785), o maior obstáculo ao 
progresso moral é o orgulho e o egoísmo. Ambos caracterizam o sentimento ainda 
muito imperfeito que aliado à ignorância das leis naturais e seus mecanismos de 
atuação, originam as ações contrárias a essas mesmas leis constituindo a 
violência. Essa ignorância, no entanto, não nos exime de culpa e 
responsabilidade pelos nossos atos uma vez que a lei de Deus está escrita na 
consciência de cada um (perg. 621), permitindo ao homem discernir sobre o bem e 
o mal. As imprudências cometidas sem intenção negativa ou consciência perfeita 
da situação estariam livres de culpa (perg. 954), embora o Espírito mais 
adiantado se sinta naturalmente compelido a auxiliar àqueles envolvidos pela sua 
imprudência. (Consultar "0 Livro dos Espíritos ")
Devemos combater a nossa violência interior em todas as suas 
formas e intensidades, porque, com ela e através da Lei de Sintonia contribuímos 
para a sua manutenção entre nós. Muitas vezes achamos que não fazemos mal a 
ninguém (pelo menos diretamente), apesar de fazermos mal a nós próprios 
diariamente, agredindo nosso corpo com fumo, bebidas, remédios e alimentos 
inadequados ou exagerados, agredindo nosso campo emocional e psíquico com 
impaciência, irritação e pensamentos infelizes.
Parece lógico supor que os pequenos atos de violência sejam 
mais fáceis de eliminar e que o conjunto desses atos favorecem perigosamente o 
aumento gradativo da tendência de agir com violência. Logo, convém priorizar a 
eliminação das pequenas atitudes inconvenientes, bem como evitar que elas se 
transformem em hábitos, o que dificultaria sua constatação e eliminação pelo seu 
portador.
O conhecimento espírita oferece diversas medidas preventivas 
imprescindíveis para evitar que o sofrimento surja em conseqüência da lei de 
ação e reação. Eis alguns deles: fixar objetivos de aperfeiçoamento moral, 
conhecer melhor a si mesmo, enriquecer dia-a-dia o seu conhecimento espiritual, 
estimular continuamente o bem interior, trabalhar pelo seu auto-aprimoramento, 
fazer o bem, evitar o mal, orar.
Estando a evolução do homem subordinada ao relacionamento com 
outros seres, pode-se concluir que os atos de violência surgem do conflito entre 
pessoas. O remédio auxiliar para prevenir conflitos maiores é a busca da 
compreensão pela prática da empatia, procurando sentir o que sentiria se 
estivesse na situação e circunstâncias experimentadas por outra pessoa. Este 
exercício proporciona ótimos resultados, mas requer muita boa vontade para 
desempenhar o papel de advogado de defesa, inclusive especulando sobre os 
possíveis componentes espirituais que possam estar influenciando o contexto 
analisado.
A consciência das dificuldades do processo de melhoria 
interior não deve ser causa de desânimo e sim de desafio a ser vencido. O fato 
de se possuir algum conhecimento das leis naturais não assegura a ninguém manter 
um comportamento equilibrado. É preciso entender, aceitar, enfrentar situações 
difíceis utilizando o conhecimento, para reavaliar os resultados num ciclo que 
se repete indefinidamente. No início nem nos lembramos do conhecimento ao 
começarmos uma ação violenta, mas temos a chance de identificá-lo e analisá-lo 
depois. A prática dessa conduta leva a um estágio mais adiantado, em que a exata 
consciência de estar procedendo mal surge no meio da ação, possibilitando algum 
reparo antes de sua finalização. O estágio seguinte permite detectar a tendência 
para agir negativamente antes de tomar qualquer atitude. No último estágio 
conseguimos responder automaticamente com boas ações e pensamentos, aos 
estímulos recebidos.
Existe a influência das ondas de pensamentos com as quais nos 
sintonizamos segundo o princípio que o semelhante atrai o semelhante, 
fortalecendo os pensamentos e sentimentos próprios da faixa vibratória em que 
nos situamos.
O Espiritismo oferece os meios para aceleração do sistema 
natural de evolução, exigindo, porém, vontade firme, melhoria contínua do 
conhecimento e prática incessante do bem. Ao absorver e procurar adotar o 
conhecimento espírita, o homem acerta as bases racionais do seu intelecto 
facilitando o trabalho de transformação dos seus impulsos emotivos 
inferiores.
O exame de consciência periódico é instrumento útil, não só 
de identificação dos erros cometidos, mas também como registro dos acertos e 
sucessos obtidos visando alimentar a motivação necessária para a continuidade da 
tarefa de melhoria interior. Tudo isso o homem pode fazer com o governo 
consciente de sua vida. Nada melhor do que poder conduzir com segurança a 
própria trajetória rumo à realização plena. É hora de agradecer a oportunidade e 
trabalhar pela própria felicidade. 
(Ivan René Franzolim - em Violências, Pena de Morte e outros 
Dramas - Fonte: CVDEE)
 
 

