quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Biografia: Johann Heinrich Pestalozzi

Um dos maiores educadores da humanidade e mestre de Allan Kardec.

Pestalozzi passou a ser conhecido, devido ao conjunto de sua obra, como "O Educador da Humanidade".

A Formação: Johann Heinrich Pestalozzi nasceu em Zurich, Suíça, no ano de 1746. Órfão de pai aos 4 anos, passou por grandes dificuldades, juntamente com a mãe e três irmãos, fato este que ajudou a consolidar sua personalidade predominantemente humanista, tornando-o um homem sensível e sonhador, sempre preocupado com o destino dos necessitados. Ainda estudante, já demonstrava interesse pela causa dos desamparados, participando sempre de movimentos de reforma política e social. Em 1774, na esteira de seu pioneirismo, fundou um orfanato, onde tinha a intenção de ensinar técnica de agricultura e comércio, tentativa que fracassou alguns anos depois. Resolveu, então, transformar o projeto agrícola fracassado em um Instituto Filantrópico para crianças abandonadas, no que também não teve sucesso. Porém, nunca desistiu de seus objetivos.

Durante a Invasão Napoleônica, em 1798, quando a cidade de Stans foi invadida e seus habitantes massacrados pelas tropas, Pestalozzi reuniu as crianças desamparadas e passou a cuidar delas em meio às mais precárias condições. Claramente influenciado pelas idéias de Jean Jacques-Rousseau, acreditava na educação como um desenvolvimento total do indivíduo, num conjunto moral, intelectual e físico, cuja potencialidade se encontra na criança, que deve ser estimulada, principalmente no lar em que vive: "A escola deve ser a continuação do lar. É no lar que se encontra o fundamento de toda cultura verdadeiramente humana e social" – concluía o educador.

Pestalozzi acreditava que o indivíduo, desde criança, possui todos os meios necessários para a socialização plena e que o papel do educador é justamente promover o desenvolvimento desses valores já existentes em cada indivíduo, sempre ressaltando a importância da família na formação da personalidade. Para ele, a mãe é a figura central do desenvolvimento educacional. E ele entendia que o conhecimento não é propriamente adquirido, mas sim desenvolvido, pois cada ser humano já nasce com a tendência espontânea da natureza de seu próprio desenvolvimento. Somente precisa do estímulo do educador, sempre subordinado à educação moral e espiritual.

Em 1805, Pestalozzi fundou o famoso Internato de Yverdon, cujas atividades principais eram desenho, escrita, canto, educação física, modelagem, cartografia e excursões ao ar livre. Durante os 20 anos de funcionamento, a escola foi freqüentada por estudantes de vários países europeus. Tal Instituto, devido à sua popularidade, ganhou renome internacional.

O espiritismo trouxe grandes influências das idéias de Pestalozzi, principalmente no que diz respeito à importância do lar como base para a educação espiritual e para a formação da personalidade do indivíduo. A didática de Pestalozzi, preceitua que "[...] a melhor escola ainda é o lar, onde a criatura deve receber as bases do sentimento e do caráter" e que "[...] a universidade pode fazer o cidadão, mas somente o lar pode edificar o homem".********

Em 1825, devido a disputas internas, foi obrigado a encerrar suas atividades no Instituto de Yverdon, o que lhe causou enorme tristeza. Dotado de vasta cultura, em 1781, publicou um romance em quatro volumes, intitulado "Leonardo e Gertrude", muito divulgado, onde expunha suas idéias de reforma social e política. O livro conta a história de Gertrudes, uma mulher generosa, dotada de bondade e inteligência infinitas. Sua dedicação aos filhos era tamanha que, além de tirar seu marido Leonardo do vício da embriaguez, conseguiu influenciar os habitantes da aldeia onde morava: fez com que todos aplicassem seus métodos em benefício da população, alcançando o bem estar social tão almejado por Pestalozzi, que acreditava plenamente possível realizar na prática, o conteúdo de sua obra. Johann Heinrich Pestalozzi casou-se com Ana Schultz, companheira amiga e fiel, que lhe deu o filho Jacob, falecido ainda jovem. Jacob, porém, deixou-lhe o neto Gottlieb, que permaneceu ao lado do avô até os últimos dias deste, quando, acometido de grave doença, veio a desencarnar em 17 de fevereiro de 1827.

Colaboração de José Maurício Kimus Dias, 6 de outubro de 2003

Bibliografia:

1. Um dos Maiores Educadores da Humanidade Escreve: Cristiane Carlovich
(Extraído do jornal Entre nós - Informativo CEOS/ IAM - 47)
2. Enciclopédia Britânica Barsa – vol. 10, pág. 450/451; PESTALOZZI – O
Educador da Humanidade - por Luciano dos Anjos. Setembro/2003.

Fonte: http://www.espiritismogi.com.br

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Notícia: "Pouca idade, muita responsabilidade".

Ameaçados por pobreza, gravidez e problemas familiares, 234 mil crianças e adolescentes no Brasil chefiam suas casas. - Verônica Mambrini.

Perison Santana Pereira mora com a mulher, Ana Cláu dia. Juntos, cuidam da bebê de um mês, Ana Clara. Perison é sério e não gosta de falar muito, mas os olhos se iluminam e um sorriso se abre quando fala da filha: "Ela tem as bochechas gordinhas", diz, com indisfarçável orgulho de pai. O que parece uma história comum ganha outros contornos ao saber a idade do casal: ambos têm 17 anos. "Moro com meus sogros. Temos nosso canto, mas dividimos o quintal com eles", conta o jovem chefe de família, que é lavador de carros em São Paulo. Das 8h às 18h, ele dá expediente num lava-rápido, sem horário de almoço, para bancar as contas do casal."Não sobra tempo para nada. Quando minha filha tiver minha idade, quero que esteja estudando."

As novas responsabilidades fizeram Perison parar de estudar no ano passado, depois de terminar a oitava série. Ana Cláudia interrompeu os estudos no ensino fundamental também. Os motivos para deixar a escola e começar a trabalhar muitas vezes coincidem: necessidade de chefiar a casa, desinteresse, problemas familiares, gravidez. O fato é que o Brasil tem hoje 233.908 crianças e adolescentes que são chefes de família, segundo o relatório "Situação da Infância Brasileira 2009", do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio. "Sair do ensino médio é muitas vezes sair da família", explica a representante do Unicef no Brasil, Marie-Pierre Poirier.

"As meninas perdem automaticamente o direito de ser criança com a gravidez precoce", afirma Marie. Para os rapazes, a situação não é melhor. A pressão para entrar no mercado e ajudar em casa é grande. "O fato de serem chefes de família mostra que a sociedade não se organizou para garantir o direito deles de ser adolescente", diz ela. "Isso perpetua o ciclo da pobreza, da exclusão e da situação de ser adulto antes da hora."

Embora o número de crianças e adolescentes trabalhando seja maior no Nordeste - 27,9% deles estão lá - e no Norte, o Sudeste também tem milhares de jovens à frente de famílias. "Não é só um problema rural. Nos grandes centros urbanos, a organização social é mais pulverizada", comenta Marie. É comum o jovem buscar sua identidade e afirmação por meio de comportamentos que levam ao abandono da escola. Foi o que ocorreu com Leonardo dos Santos, 16 anos.

Empacotador em um mercado de São Paulo, ele largou a escola há três anos, na quinta série. Embora não seja arrimo de família, será responsável por outra vida. Leonardo vai ser pai. Não tem planos de ficar com a jovem, que está grávida de sete meses, mas vai pagar pensão para o bebê. Quando é perguntado sobre os projetos para o futuro, paira um silêncio espantado. Um espaço em branco, como se ele nunca houvesse parado para pensar no assunto.

Com um passo de cada vez, N.S.S., 18 anos, está construindo seu destino. Pai de uma menina de um ano e oito meses, e esperando a chegada de um menino, é funcionário em um supermercado na periferia paulistana. "Trabalho desde os 13 anos, fazendo bicos", diz ele, que já foi funcionário de lanchonete, de transportadora e ajudante de pedreiro. E, contrariando as estatísticas, teve disciplina e persistência para continuar os estudos - está perto de terminar o ensino médio, na idade certa. "Só parei de estudar quando minha filha nasceu, para dar suporte à minha mulher", conta. N.S.S. tem planos de fazer faculdade ou prestar um concurso, e mais adiante comprar uma casa só para a família. Hoje, ele mora com a mãe, e a namorada, com os pais dela.

Para modificar esse tipo de história e dar tempo para a adolescência terminar a seu tempo, a escola tem um papel fundamental. "Se fosse vista como investimento, seria uma opção mais interessante. Falta adequação do conteúdo do ensino médio ao projeto de vida do adolescente, para poder competir com a noção de renda imediata", diz Marie-Pierre, do Unicef. Segundo ela, a escola tem deixado de ensinar habilidades que podem garantir melhores condições de vida para o jovem, como a capacidade de negociar.

Por muito tempo, a escola passou longe da vida de Luciano Tavares dos Santos, 16 anos. Desde os 11, ele se viu com a responsabilidade de cuidar da mãe, dos tios e primos - todos moradores de rua. "Sem mim seria difícil pagar o arroz ou feijão", conta. Na região da avenida Paulista, em São Paulo, com a caixa de engraxate nas mãos, o menino labutava, das 8h da manhã até sumirem os clientes, às vezes às 3h da madrugada. Quando a família teve de sair de uma casa abandonada na região, ele garantiu o dinheiro para a tia alugar uma casa na periferia paulistana. A rotina de engraxate continuou até Luciano ser abordado por voluntários do Instituto Rukha, que propuseram trocar trabalho por estudo e uma bolsa para dar conta das despesas domésticas.

Na Casa do Zezinho, instituição parceira do Rukha, Luciano passou a frequentar cursos como informática, design gráfico e edição de som. Situações impensáveis antes para um menino que foi matriculado pela primeira vez na terceira série e teve problemas de indisciplina. "No final da sétima, comecei a me destacar na escola e aprendi a lidar com desaforo", conta ele, que agora se diz exemplar. Ainda responsável pela renda da família, o menino já começou a realizar sonhos. "Ele nunca largou o vínculo com a mãe e queria resgatála da rua", conta Dagmar Darroux, diretora da Casa do Zezinho. Dagmar admite que não são todos os jovens que persistem na mudança de rumo. "Muitas vezes a gente perde um menino para um lava-rápido, para ser motoboy", afirma. "Mas não é questão da pobreza em si. É a falta de um sonho."

Fonte: http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2067/artigo142056-1.htm

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COMENTÁRIO:

Num tempo não muito distante em que a marginalização e discriminação eram práticas habituais e as pessoas eram fortemente segregadas com base nas suas expressões culturais, sociais e religiosas… um corajoso e jovem carpinteiro ousou defender o princípio de igualdade entre todos os homens. Ele entusiasmava as multidões falando de um novo mundo em que o amor e a paz reinavam, apelando a uma renovação íntima e pessoal de cada um dos que o ouvia. Ele sabia que apenas através dessa transformação do homem era possível transformar o mundo e implantar na Terra um ideal social em que a fraternidade, a inclusão e as oportunidades estivessem à disposição de todos. Se todos somos iguais, porque não haveríamos de possuir oportunidades iguais? A oportunidade da educação é um direito inalienável de todos os homens, inscrito no artigo 26º da Declaração Universal dos Direitos do Homem: "Toda a pessoa tem direito à educação. (…) A educação deve visar a plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do homem e das liberdades fundamentais (…)."

A infância e a juventude são períodos cruciais no crescimento do indivíduo, em que ele desperta para a realidade da sua personalidade construída em múltiplas existências e em que fica mais receptivo às influências positivas ou negativas que possam moldar o seu carácter. É uma fase de descoberta de si mesmo e do desconhecido, de verificação dos seus limites e de assimilação dos princípios fundamentais que irão orientar a sua existência e estabelecer as bases firmes para uma vida responsável e segura. Esta fase tão delicada é um tempo de oportunidades e desafios, em que os jovens ficam vulneráveis a alguns perigos que podem prejudicar o seu desenvolvimento e crescimento futuro: Drogas, gravidez precoce, delinquência, abandono escolar, trabalho precário.

É necessário haver uma preocupação especial em proteger as crianças e os jovens destes e de outros perigos. Como sociedade todos nos devemos empenhar em que a educação chegue a todos sem excepção: Eles serão os futuros adultos deste país, a classe trabalhadora que irá suportar a economia e a autoridade moral que irá guiar uma nova geração. Muitas variáveis podem exercer pressão para tirar os nossos jovens da escola e colocá-los de uma forma prematura no mercado de trabalho, desde o desinteresse escolar, à necessidade de sustentar a família, a uma paternidade precoce e outras. Permitir que os nossos jovens abandonem demasiado cedo a escola, impede que eles possam potenciar devidamente as suas qualidades e se transformem em adultos melhor preparados moral e intelectualmente, o que seria uma mais valia futura para si, para a sua família e para o seu país. Por isso é necessário defender e valorizar a escola, torná-la mais apelativa e dimensioná-la para uma estrutura onde não seja apenas ministrada a instrução cognitiva. Para que a escola possa desempenhar efetivamente o seu papel social e humano, é preciso que possa haver uma educação integral, onde as questões morais e práticas do quotidiano possam ser devidamente esclarecidas e debatidas para que eles possam ficar melhor preparados para lidar com os perigos atrás mencionados.

Carlos Miguel Pereira é trabalhador do Centro Espírita Caridade por Amor (CECA), na cidade do Porto, e colaborador regular do Espiritismo.net

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Biografia: Joanna de Ângelis

Um espírito que irradia ternura e sabedoria, despertando-nos para a vivência do amor na sua mais elevada expressão, mesmo que, para vivê-lo, seja-nos imposta grande soma de sacrifícios. Trata-se do Espírito que se faz conhecido pelo nome JOANNA DE ÂNGELIS, e que, nas estradas dos séculos, vamos encontrá-la na mansa figura de JOANA DE CUSA, numa discípula de Francisco de Assis, na grandiosa SÓROR JUANA INÉS DE LA CRUZ e na intimorata JOANA ANGÉLICA DE JESUS. Conheça agora cada um deste personagens que marcaram a história com o seu exemplo de humildade e heroísmo.

JOANA DE CUSA

Joana de Cusa, segundo informações de Humberto de Campos, no livro "Boa Nova", era alguém que possuía verdadeira fé. Narra o autor que: "Entre a multidão que invariavelmente acompanhava JESUS nas pregações do lago, achava-se sempre uma mulher de rara dedicação e nobre caráter, das mais altamente colocadas na sociedade de Cafarnaum. Tratava-se de Joana, consorte de Cusa, intendente de Ântipas, na cidade onde se conjulgavam interesses vitais de comerciantes e de pescadores".

O seu esposo, alto funcionário de Herodes, não lhe compartilhava os anseios de espiritualidade, não tolerando a doutrina daquele Mestre que Joana seguia com acendrado amor. Vergada ao peso das injunções domésticas, angustiada pela incompreensão e intolerância do esposo, buscou ouvir a palavra de conforto de JESUS que, ao invés de convidá-la a engrossar as fileiras dos que O seguiam pelas ruas e estradas da Galiléia, aconselhou-a a seguí-Lo a distância, servido-O dentro do próprio lar, tornando-se um verdadeiro exemplo de pessoa cristã, no atendimento ao próximo mais próximo: seu esposo, a quem deveria servir com amorosa dedicação, sendo fiel a Deus, amando o companheiro do mundo como se fora seu filho. JESUS traçou-lhe um roteiro de conduta que lhe facultou viver com resignação o resto de sua vida. Mais tarde, tornou-se mãe.

Com o passar do tempo, as atribuições se foram avolumando. O esposo, após uma vida tumultuada e inditosa, faleceu, deixando Joana sem recursos e com o filho para criar. Corajosa, buscou trabalhar. Esquecendo "o conforto da nobreza material, dedicou-se aos filhos de outras mães, ocupou-se com os mais subalternos afazeres domésticos, para que seu filhinho tivesse pão". Trabalhou até a velhisse. Já idosa, com os cabelos embranquecidos, foi levada ao circo dos martírios, juntamente com o filho moço, para testemunhar o amor por JESUS, o Mestre que havia iluminado a sua vida acenando-lhe com esperanças de um amanhã feliz. Narra Humberto de Campos, no livro citado:

"Ante o vozerio do povo, foram ordenadas as primeiras flagelações.
- Abjura!... - excalama um executor das ordens imperiais, de olhar cruel e sombrio.
A antiga discípula do Senhor contempla o céu, sem uma palavra de negação ou de queixa. Então o açoite vibra sobre o rapaz seminu, que exclama, entre lágrimas: - "Repudia a JESUS, minha mãe!... Não vês que nós perdemos?! Abjura!... por mim, que sou teu filho!..."
Pela primeira vez, dos olhos da mártir corre a fonte abundante das lágrimas. As rogativas do filho são espadas de angustia que lhe retalham o coração.
Após recordar sua existência inteira, responde:
"- Cala-te, meu filho! JESUS era puro e não desdenhou o sacrifício. Saibamos sofrer na hora dolorosa, porque, acima de todas as felicidades transitórias do mundo, é preciso ser fiel a DEUS!"
Logo em seguida, as labaredas consomem o seu corpo envelhecido, libertando-a para a companhia do seu Mestre, a quem tão bem soube servir e com quem aprendeu a sublimar o amor.

UMA DISCÍPULA DE FRANCISCO DE ASSIS

Séculos depois, Francisco, o "Pobrezinho de Deus", o "Sol de Assis", reorganiza o "Exército de Amor do Rei Galileu", ela também se candidata a viver com ele a simplicidade do Evangelho de Jesus, que a tudo ama e compreende, entoando a canção da fraternidade universal.

SOROR JUANA INÉS DE LA CRUZ

No século XVII ela reaparece no cenário do mundo, para mais uma vida dedicada ao Bem. Renasce em 1651 na pequenina San Miguel Nepantla, a uns oitenta quilômetros da cidade do México, com o nome de JUANA DE ASBAJE Y RAMIREZ DE SANTILLANA, filha de pai basco e mãe indígena.
Após 3 anos de idade, fascinada pelas letras, ao ver sua irmã aprender a ler e escrever, engana a professora e diz-lhe que sua mãe mandara pedir-lhe que a alfabetizasse. A mestra, acostumada com a precocidade da criança, que já respondia ás perguntas que a irmã ignorava, passa a ensinar-lhe as primeiras letras.
Começou a fazer versos aos 5 anos.
Aos 6 anos, Juana dominava perfeitamente o idioma pátrio, além de possuir habilidades para costura e outros afazeres comuns às mulheres da época. Soube que existia no México uma Universidade e empolgou-se com a idéia de no futuro, poder aprender mais e mais entre os doutores. Em conversa com o pai, confidenciou suas perspectivas para o futuro. Dom Manuel, como um bom espanhol, riu-se e disse gracejando:
-"Só se você se vestir de homem, porque lá só os rapazes ricos podem estudar." Juana ficou surpresa com a novidade, e logo correu à sua mãe solicitando insistentemente que a vestisse de homem desde já, pois não queria, em hipótese alguma, ficar fora da Universidade.
Na Capital, aos 12 anos, Juana aprendeu latim em 20 aulas, e português, sozinha. Além disso, falava nahuatl, uma língua indígena. O Marquês de Mancera, querendo criar uma corte brilhante, na tradição européia, convidou a menina-prodígio de 13 anos para dama de companhia de sua mulher.
Na Corte encantou a todos com sua beleza, inteligência e graciosidade, tornando-se conhecida e admirada pelas suas poesias, seus ensaios e peças bem-humoradas. Um dia, o Vice-rei resolveu testar os conhecimentos da vivaz menina e reuniu 40 especialistas da Universidade do México para interrogá-la sobre os mais diversos assuntos. A platéia assistiu, pasmada, àquela jovem de 15 anos responder, durante horas, ao bombardeio das perguntas dos professores. E tanto a platéia como os próprios especialistas aplaudiram-na, ao final, ficando satisfeito o Vice-rei.
Mas, a sua sede de saber era mais forte que a ilusão de prosseguir brilhando na Corte.
A fim de se dedicar mais aos seus estudos e penetrar com profundidade no seu mundo interior, numa busca incessante de união com o divino, ansiosa por compreender Deus através de sua criação, resolveu ingressar no Convento das Carmelitas Descalças, aos 16 anos de idade. Desacostumada com a rigidez ascética, adoeceu e retornou à Corte. Seguindo orientação de seu confessor, foi para a ordem de São Jerônimo da Conceição, que tem menos obrigações religiosas, podendo dedicar-se às letras e à ciência. Tomou o nome de SÓROR JUANA INÉS DE LA CRUZ.
Na sua confortável cela, cercada por inúmeros livros, globos terrestres, instrumentos musicais e científicos, Juana estudava, escrevia seus poemas, ensaios, dramas, peças religiosas, cantos de Natal e música sacra. Era freqüentemente visitada por intelectuais europeus e do Novo Mundo, intercambiando conhecimentos e experiências.
A linda monja era conhecida e admirada por todos, sendo os seus escritos popularizados não só entre os religiosos, como também entre os estudantes e mestres das Universidades de vários lugares. Era conhecida como a "Monja da Biblioteca".
Se imortalizou também por defender o direito da mulher de ser inteligente, capaz de lecionar e pregar livremente.
Em 1695 houve uma epidemia de peste na região. Juana socorreu durante o dia e a noite as suas irmãs reliogiosas que, juntamente com a maioria da população, estavam enfermas. Foram morrendo, aos poucos, uma a uma das suas assistidas e quando não restava mais religiosas, ela, abatida e doente, tombou vencida, aos 44 anos de idade.

SÓROR JOANA ANGÉLICA DE JESUS

Passados 66 anos do seu regresso à Pátria Espiritual, retornou, agora na cidade de Salvador na Bahia, em 1761, como JOANA ANGÉLICA, filha de uma abastada família. Aos 21 anos de idade ingressou no Convento da Lapa, como franciscana, com o nome de SÓROR JOANA ANGÉLICA DE JESUS, fazendo profissão de Irmã das Religiosas Reformadas de Nossa Senhora da Conceição. Foi irmã, escrivã e vigária, quando, e, 1815, tornou-se Abadessa e, no dia 20 de fevereiro de 1822, defendendo corajosamente o Convento, a casa do Cristo, assim como a honra das jovens que ali moravam, foi assassinada por soldados que lutavam contra a Independência do Brasil.

Nos planos divinos, já havia uma programação para esta sua vida no Brasil, desde antes, quando reencarnara no México como Sóror Juana Inés de La Cruz. Daí, sua facilidade estrema para aprender português. É que, nas terras brasileiras, estavam reencarnados, e reencarnariam brevemente, Espíritos ligados a ela, almas comprometidas com a Lei Divina, que faziam parte de sua família espiritual e aos quais desejava auxiliar.
Dentre esses afeiçoados a Joanna de Ângelis, destacamos Amélia Rodrigues, educadora, poetisa, romancista, dramaturga, oradora e contista que viveu no fim do século passado ao início deste.

JOANNA NA ESPIRITUALIDADE

Quando, na metade do século passado, "as potências do Céu" se abalaram, e um movimento de renovação se alastrou pela América e pala Europa, fazendo soar aos "quatro cantos" a canção da esperança com a revelação da vida imortal, Joanna de Ângelis integrou a equipe do Espírito de Verdade, para o trabalho de implantação do Cristianismo redivivo, do Consolador prometido por Jesus. E ela, no livro "Após a Tempestade", em sua última mensagem, referindo-se aos componentes de sua equipe de trabalho diz:

"Quando se preparavam os dias da Codificação Espírita, que ando se convocavam trabalhadores dispostos à luta, quando se anunciavam as horas preditas, quando se arregimentavam seareiros para Terra, escutamos o convite celeste e nos apressamos a oferecer nossas parcas forças, quanto nós mesmos, a fim de servir, na ínfima condição de sulcadores do solo onde deveriam cair as sementes de luz do Evangelho do Reino."
Em "O Evangelho Segundo o Espiritismo" vamos encontrar duas mensagens assinadas por "Um Espírito amigo". A primeira, no Cap. IX, item 7 com o título "A paciência", escrita em Havre, 1.862. A segunda no Cap. XVIII itens 13 e 15 intitulada "Dar-se-á àquele que tem", psicografada no mesmo ano que a anterior, na cidade de Bordéus. Se observarmos bem, veremos a mesma Joanna que nos escreve hoje, ditando no passado uma bela página, como o modelo das nossas atitudes, em qualquer situação. No mundo Espiritual, Joanna estagia numa bonita região, próxima da Crosta terrestre.

Quando vários Espíritos ligados a ela, antigos cristãos equivocados se preparavam para reencarnar, reuniu a todos e planejou construir na Terra, sob o céu da Bahia no Brasil, uma cópia, embora imperfeita, da Comunidade onde estagiava no Plano Espiritual, com o objetivo de, redimindo os antigos cristãos, criar uma experiência educativa que demonstrasse a viabilidade de se viver numa comunidade, realmente cristã, nos dias atuais. Espíritos gravemente enfermos, não necessariamente vinculados aos seus orientadores encarnados, viriam na condições de órfãos, proporcionando oportunidade de burilamento, ao tempo em que, eles próprios, se iriam liberando das injunções cármicas mais dolorosas e avançando na direção de Jesus.
Engenheiros capacitados foram convidados para traçarem os contornos gerais dos trabalhos e instruírem os pioneiros da futura Obra.

Quando estava tudo esboçado, Joanna procurou entrar em contato com Francisco de Assis, solicitando que examinasse os seus planos e auxiliasse na concretização dos mesmos, no Plano Material.
O "Pobrezinho de Deus" concordou com a Mentora e se prontificou a colaborar com a Obra, desde que "nessa Comunidade jamais fosse olvidado o amor aos infelizes do mundo, ou negada a Caridade aos "filhos do Calvário", nem se estabelecesse a presunção que é vérmina a destruir as melhores edificações do sentimento moral'.

Quase um século foi passado, quando os obreiros do Senhor iniciaram na Terra, em 1947, a materialização dos planos de Joanna, que inspirava e orientava, secundada por Técnicos Espirituais dedicados que espalhavam ozônio especial pela psicosfera conturbada da região escolhida, onde seria construída a "Mansão do Caminho", nome dado à alusão à "Casa do Caminho" dos primeiros cristãos.

Nesse ínterim, os colaboradores foram reencarnando, em lugares diversos, em épocas diferente, com instrução variada e experiências diversificadas para, aos poucos, e quando necessário, serem "chamados" para atender aos compromissos assumidos na espiritualidade. Nem todos, porém, residiriam na Comunidade, mas, de onde se encontrassem, enviariam a sua ajuda, estenderiam a mensagem evangélica, solidários e vigilantes, ligados ao trabalho comum.

A Instituição crescendo sempre comprometida a assistir os sofredores da Terra, os tombados nas provações, os que se encontram a um passo da loucura e do suicídio. Graças às atividades desenvolvidas, tanto no plano material como no plano espiritual, com a terapia de emergência a recém-desencarnados e atendimentos especiais, a "Mansão do Caminho" adquiriu uma vibração de espiritualidade que suplantas humanas vibrações dos que ali residem e colaboram.

Texto extraído do livro: "A Veneranda Joanna de Ângelis"
Autoria de Celeste Carneiro em Parceria com Divaldo Pereira Franco.

Fonte: http://www.espiritismogi.com.br/

domingo, 23 de agosto de 2009

Biografia: Jésus Gonçalves

Jesus Gonçalves, nascido em 12/07/1902 em Borebi-SP (próximo à Agudos), ficou órfão de mãe aos 3 anos e seu pai era uma humilde lavrador.

Aos 14 anos empregou-se como trabalhador braçal na Fazenda Boa Vista, de Ângelo Pinheiro Machado. Nesta época começou a aprender música e junto com outros companheiros animavam as quermesses e bailes com a "Bandinha de Borebi ".

Aos 17 anos foi para Bauru, onde freqüentou o Colégio São José, mas não chegou ao menos a tirar o diploma do Ginásio.

Casou-se aos 20 anos com Theodomira de Oliveira, que era viúva e já tinha 2 filhas. Mesmo assim ainda tiveram mais 4 filhos. Nesta época empregava-se como Tesoureiro da Prefeitura.

Em 1930 sua esposa desencarna por causa de uma tuberculose. Apesar das enormes dificuldades em criar suas 6 crianças continuava a tocar e fazia parte da Banda da Prefeitura de Bauru como clarinetista.

Atuava também como Diretor e ator de teatro na cidade. Apesar de seu pouco estudo apreciava a poesia e prosa, colaborando ativamente nos jornais "Correio da Noroeste " e "Correio de Bauru ".

Casou-se novamente, com Anita Vilela, vizinha que lhe ajudava a cuidar das crianças, mas, aos 27 anos foi acometido pela Hanseníase (Lepra). Anita era estudiosa da doutrina espírita e tentava, em vão, esclarecer a mente materialista do ateu Jésus.

Nestes tempos os doentes eram obrigados a abandonar seus empregos e viverem isolados da sociedade, trancados em suas casas ou então em leprosários. Como faria então para cuidar de sua esposa e das crianças? Aposentado prematuramente passa a viver em uma moradia cedida temporariamente pela Câmara Municipal. Apesar disso continua a escrever para o "Correio da Noroeste".

Seu compadre, João Martins Coube, cedeu-lhe o usufruto de um sítio, onde Jésus passou a cultivar melancias e outras frutas. Mas, em Agosto de 1933, o Serviço Sanitário recolhe-o, afastando-o do convívio de sua família, e internou-o no Asilo-Colônia Aymorés.

Por ter sido um homem resignado foi sempre líder, tolerante e calmo. Fundou o jornal interno "O Momento ", a "Jazz Band de Aymorés " e a equipe de futebol. Por não receberem grupos artísticos no asilo, fundou também o grupo teatral interno.

Jésus sofria muito com problemas no fígado, buscava a transferência para o Hospital Padre Bento em Guarulhos. Mas suas cartas paravam nas mãos do Diretor do Sanatório Aymorés, que não queria perder seu mais ativo e dinâmico interno. Em 1937 conseguiu a transferência mas não conseguiu chegar até lá, as dores no fígado o obrigaram a parar em Itú, e alí ficou no Hospital de Pirapitinguí.

Fundou alí além da "Jazz Band", a Rádio Clube de Pirapitinguí (existente até hoje) e um jornal interno, o "Nosso Jornal".

Em 1943 Anita desencarnou, e no velório da mesma aconteceram diversos acontecimentos mediúnicos de clarividência de alguns colegas seus e finalmente Anita passou uma mensagem para ele de uma forma bastante íntima onde Jésus não teve dúvidas da veracidade das informações, um pequeno trecho: "Velho, não duvides mais, Deus existe ! ".

Por ser extremamente materialista buscou nos livros Espíritas as explicações para o contato.

A conversão de Jésus ocorreu de forma bastante convincente. Um dia, às voltas com suas dores no fígado, resolveu chamar aquele "Deus ", e desafiou, tirando um pouco de água e colocando em um copo.

"- Se Deus existe mesmo, dou 5 minutos para que coloque nesta água um remédio que me alivie as dores que sinto". E contou no relógio.

Quando bebeu a água sentiu que estava totalmente amarga. Chamou um companheiro que confirmou a alteração da água. E após 2 minutos nada mais sentia em dores.

Fundou em 1945, após muito estudo, o Centro espírita Pirapitinguí, com dificuldades conseguiu recursos junto às comunidades espíritas para a construção do Centro. Diversas caravanas Espíritas passaram a visitar o sanatório, levando alegria e conforto aos internos.

Passou então a atender as incorporações de familiares e desobsessões severas daqueles considerados "loucos ", permitindo a estes que voltasses à vida normal.

Vinte dias antes de desencarnar, com a doença já tendo lhe consumido todo o corpo, e também as cordas vocais, foi à sessão espírita e para a surpresa das 300 pessoas presentes, os mentores da casa devolveram-lhe a voz e aí fez uma preleção de quase 2 horas de elevados ensinamentos evangélicos. Ao término da preleção Jésus simplesmente perdeu novamente a voz.

E sofreu muito nos últimos dias, o seu corpo estava completamente deformado pela doença, seu rosto transfigurado e seus órgãos começaram a parar, e lentamente desligou-se do corpo físico. Mas teve tempo de saber que o sofrimento é o caminho que nos leva à Cristo, e que pôde mudar a mentalidade daqueles que consideravam os doentes internos de asilos, sanatórios e leprosários apenas como animais fedorentos.

Fonte: http://www.espiritismogi.com.br