sábado, 24 de março de 2018

Se liga - Vamos colaborar?;-) - Pesquisa: Retratos do(a) leitor(a) espírita brasileiro(a)

Veronica Abreu compartilhou um link pelo grupo do face
Gente,
Peço a colaboração de vocês na participação e divulgação de questionário para pesquisa da Universidade de Brasília- UnB acerca do perfil do leitor espírita brasileiro. 
O questionário ficará em circulação por pouco tempo e sua participação é valiosa.

Segue o Link : 

Mural reflexivo: ENQUANTO OS VENTOS SOPRAM


ENQUANTO OS VENTOS SOPRAM

    Conta-se que, há muito tempo, um fazendeiro possuía muitas terras ao longo do litoral do Atlântico.

    Horrorosas tempestades varriam aquela região extensa, fazendo estragos nas construções e nas plantações.

    Por esse motivo, o rico fazendeiro estava, constantemente, a braços com o problema de falta de empregados. A maioria das pessoas estava pouco disposta a trabalhar naquela localidade.

    As recusas eram muitas, a cada tentativa de conseguir novos auxiliares.

    Finalmente, um homem baixo e magro, de meia-idade, se apresentou.

    Você é um bom lavrador? Perguntou o fazendeiro.

    Bom, respondeu o pequeno homem, eu posso dormir enquanto os ventos sopram.

    Embora confuso com a resposta, o fazendeiro, desesperado por ajuda, o empregou.

    O pequeno homem trabalhou bem ao redor da fazenda, mantendo-se ocupado do alvorecer ao anoitecer.

    O fazendeiro deu um suspiro de alívio, satisfeito com o trabalho do homem.

    Então, numa noite, o vento uivou ruidosamente, anunciando que sua passagem pelas propriedades seria arrasadora.

    O fazendeiro pulou da cama, agarrou um lampião e correu até o alojamento dos empregados.

    O pequeno homem dormia serenamente. O patrão o sacudiu e gritou:

    Levante depressa! Uma tempestade está chegando. Vá amarrar as coisas antes que sejam arrastadas.

    O empregado se virou na cama e calmo, mas firme, disse:

    Não, senhor.  Eu não vou me levantar.  Eu lhe falei: posso dormir enquanto os ventos sopram. 

    A resposta enfureceu o empregador. Não estivesse tão desesperado com a tempestade que se aproximava, ele despediria naquela hora o mau funcionário.

    Apressou-se a sair para preparar, ele mesmo, o terreno para a tormenta sempre mais próxima.

    Para seu assombro, ele descobriu que todos os montes de feno tinham sido cobertos com lonas firmemente presas ao solo.

    As vacas estavam bem protegidas no celeiro, os frangos estavam nos viveiros e todas as portas muito bem trancadas.

    As janelas estavam bem fechadas e seguras. Tudo estava amarrado. Nada poderia ser arrastado.

    Então, o fazendeiro entendeu o que seu empregado quis dizer. Retornou ele mesmo para sua cama para também dormir, enquanto o vento soprava.

*  *  *
    Se os ventos gélidos da morte lhe viessem, hoje, arrebatar um ser querido, você estaria preparado?

    Se reveses financeiros, instabilidade econômica levassem seus bens de rompante, você estaria preparado?

    A religião que professamos, a fé que abraçamos devem nos preparar o Espírito, a mente e o corpo para os momentos de solidão, pranto e dor.

    Enquanto o dia sorri, faz sol em sua vida, fortifique-se, prepare-se de tal forma que, ao chegarem as tsunamis, soprarem os ventos e a borrasca lhe castigar, você continue firme, sereno.

    Pense nisso e comece hoje a sua preparação.

    (Redação do Momento Espírita com base em história de autoria desconhecida.- www.momento.com.br)


sexta-feira, 23 de março de 2018

O professor americano que ensina os alunos a sobreviver como homens das cavernas

Leticia Mori
Da BBC Brasil em São Paulo


Boa parte dos alunos começa o curso sem saber como quebrar um ovo. Depois das aulas de Arqueologia Experimental e Tecnologia Primitiva do professor Bill Schindler, no entanto, eles se tornam quase homens das cavernas: aprendem a fazer fogo com gravetos, cordas com fibras vegetais, flechas com pontas de pedra afiada e potes com argila. Se fossem abandonados em uma floresta sem comida e roupa, eles seriam capazes de colher frutos silvestres comestíveis, curtir peles, caçar e preparar animais selvagens como alimento.
Embora ninguém mais dependa desse tipo de habilidade, o professor da Washington College, nos Estados Unidos, defende que elas são essenciais para entender o que significa ser humano. "Compreender nossos ancestrais nos ensina a olhar para nós mesmos de uma maneira completamente diferente. Tanto do ponto de vista da nossa dieta e saúde quanto da conexão com o ambiente e com as outras pessoas", diz ele.
É uma aula incomum, mas que está fazendo sucesso — está sempre lotada e recebe estudantes de todas as áreas.
"Espero ajudar a formar não só arqueólogos e antropólogos, mas professores, políticos, cientistas e executivos que tenham uma perspectiva diferente sobre nosso lugar no mundo enquanto tomam decisões que determinam qual o caminho que a humanidade tomará no futuro", diz Schindler.

Aula inusitada

A filosofia do arqueólogo para ensino e pesquisa é baseada na ideia de se envolver em uma tarefa do início ao fim – coletando a matéria prima, aprendendo aquela tecnologia, construindo as ferramentas e usando-as. "Além das aulas teóricas e das leituras, meus alunos de fato fazem uma imersão no que estão aprendendo", diz Schindler.
Para as ferramentas, eles usam materiais como rocha obisidiana (feita de vidro vulcânico), basalto e sílex. Ao abater e limpar animais, nada é disperdiçado. Cada aluno pega um pedaço do animal para um projeto diferente. A carne de um cervo é consumida, a pele se transforma em roupa, os cascos são fervidos para fazer cola, os olhos viram tinta.
"É uma filosofia de ensino baseada em colocar a mão na massa, em aprender através da experimentação", diz Schindler. Os alunos também passam a se preocupar com o impacto que os produtos que usam têm no ambiente e com a origem dos alimentos que consomem.

Retorno às origens

Em 2015, Schindler gravou uma série para o canal National Geographic chamada The Great Human Race (exibida no Brasil como Desafio Primitivo). No programa, ele e a especialista em sobrevivência Cat Bigney viajaram o mundo tentando sobreviver da mesma forma que nossos ancestrais em diferentes períodos da pré-história.
Eles foram à Sibéria e buscaram viver como os caçadores da era do gelo, de cerca de 40 mil anos atrás, durante 8 meses.
"Aprendi muito mais do que poderia imaginar. E foi mais do que aprender – foi sentir, compreender, viver. Hoje, sinto que posso interpretar muito melhor como era a vida no passado e que tenho mais autoridade para falar sobre o assunto", conta ele. "Essas experiências imersivas beneficiam a ciência e a pesquisa porque preenchem lacunas em nosso conhecimento."
Segundo o arqueólogo, as tecnologias primitivas que mais influenciaram a evolução humana são as relacionadas com a obtenção e o processamento de comida.
"As mudanças na dieta impactaram diretamente nossa evolução biológica e cultural. Tudo o que somos do ponto de vista biológico e de como interagimos uns com os outros, ou seja, tudo o que nos torna humanos, nós devemos às mudanças permitidas pelo uso de tecnologias como ferramentas de pedra, fermentação, instrumentos e caça e estratégias de coleta de alimentos", diz Schindler.
Ficamos mais altos, nossos cérebros cresceram, a maneira como interagimos uns com os outros se aprimorou — tudo isso deu origem ao ser humano moderno, o homo sapiens sapiens.
No entanto, diz Schindler, somos uma das espécies de predadores mais fracas do planeta. "Nossas unhas, nossos dentes e nossos órgãos digestivos são completamente inúteis se comparados aos de outros animais. Nós ultrapassamos as limitações de nossos corpos criando mais ferramentas e mais tecnologia."
A série tornou a faculdade em que Schindler trabalha mais conhecida entre o público e aumentou seu prestígio na área de arqueologia - até então, era conhecida mais por seu curso de letras.
Para Schindler, as pessoas se empolgam com a ideia de aprender habilidades de sobrevivência por estarem procurando - conscientemente ou não - conexões com o passado, com o ambiente, com as outras pessoas e consigo mesmas. "A vida moderna está sempre nos afastando dessa ligação. Praticar essas habilidade nos ajuda a reconectar", diz ele.
Além disso, há um certo romantismo na ideia de ser capaz sobreviver sem as facilidades do mundo moderno. "Creio que é mais um desejo de sentir que você poderia ser auto-suficiente do que uma vontade real de estar em uma situação em que essas habilidades sejam necessárias", diz ele.

Um homem de família

Bill Schindler cresceu em um subúrbio de New Jersey, nos Estados Unidos, e começou a criar ferramentas ainda criança. Com 10 anos, contrariando os pais, ele começou a colher frutos silvestres.
Nos anos 1990, ele trocou de faculdade sete vezes. Demorou dez anos para se formar em arqueologia. Hoje, ele é professor titular do departamento de Antropologia da Washington College.
Seu trabalho com arqueologia experimental teve um impacto em sua casa e no dia a dia de sua família. Ele, sua mulher e seus três filhos — de 9, 11 e 13 anos — vivem em uma propriedade rural no Estado americano de Maryland.
"Mudamos principalmente nossa alimentação. Pegamos as lições de nosso passado pré-histórico e as modificamos para torná-las relevantes à nossa vida ocidental moderna. Produzimos praticamente tudo o que cozinhamos – caçamos, colhemos, fermentamos e curamos nossa comida", diz Bill, que produz queijo, iogurte e chucrute para consumo próprio.
Ele e sua família são próximos dos agricultores e pecuaristas que fornecem os alimentos que eles não produzem. "Somos mais saudáveis e mais conectados ao ambiente. Voltamos a comer como seres humanos e vale todo o esforço!", afirma o arqueólogo.
"Não usamos roupas de peles de animais no dia a dia, mas meus filhos sabem como esfolar um animal e curtir a pele para usá-la como vestimenta", diz Schindler. Ele acredita que isso ajuda as crianças a entenderem o valor de tudo o que eles têm.
"Quando eles veem uma jaqueta de couro, não pensam no shopping onde ela foi comprada — lembram-se de quando fizeram suas roupas com pele de veado, de que aquilo tirou a vida de cinco animais."
O objetivo é estar mais consciente das consequências das ações humanas. "Temos que enfrentar a dura realidade de que animais e plantas morrem para que nós vivamos e nos tornemos melhores guardiões do ambiente", afirma.
"Quando a maioria das pessoas pensam sobre comer um animal, elas pensam em comer carne, de forma abstrata. Em nossa casa, quando comemos um animal, pensamos em comer um animal."
Notícia publicada na BBC Brasil, em 19 de agosto de 2017.

Sergio Rodrigues* comenta

Embora possa parecer inusitada e até estranha a ideia desse professor, na verdade, podemos identificar nela algo sério e importante para seus alunos. O Espiritismo ensina que a nossa construção como espíritos é um processo irreversível, porém lento e gradativo. Etapas das mais diferentes naturezas têm que ser vencidas nesse longo projeto em que estamos mergulhados. A ideia de fazer com que os alunos se envolvam numa tarefa desde os primeiros passos, aqueles mais elementares, porém necessários para que se atinja o objetivo buscado, é uma pedagogia talvez inovadora e que pode trazer resultados positivos para todos.
Aprendendo, por exemplo, obter o fogo mediante métodos primitivos e há muito superados pelo processo civilizatório, o aluno tem a percepção das dificuldades da evolução, voltando no tempo para recordar tudo o que já passou em existências que ficaram no tempo. Além disso, aprende-se a valorizar o fim a ser alcançado, pois apenas se submetendo ao esforço demandado desde o início para alcançá-lo é que sabemos dimensionar corretamente nossas conquistas. Como dizem os Espíritos, se fôssemos criados perfeitos, possuidores de toda a quota de conhecimento possível a uma criatura, nenhum mérito teríamos para desfrutar dos benefícios da perfeição e do conhecimento. É pedagógico, repetimos, ir à raiz da tarefa, percorrendo todas as suas etapas. A sensação de êxito na sua execução se torna bem mais agradável e completa.
Portanto, acreditamos que o objetivo final do Professor seja fazer com que o conhecimento e o aprendizado de determinada tarefa deixe de ser superficial, como hoje costumeiramente acontece. Que o trabalho seja realizado com real conhecimento de causa, pois assim será mais fácil encontrar solução para eventuais dificuldades que se apresente durante sua execução.
Por outro lado, aprendendo a sobreviver como homens das cavernas, como diz a manchete, estaremos melhor preparados para o que vier à frente. Essa prática forja o espírito para ele esteja mais preparado para o enfrentamento das dificuldades que inevitavelmente povoarão o seu caminho. Mesmo não sendo espírita, como provavelmente acontece, esse professor, sem dúvida, utiliza de uma pedagogia bem próxima da ensinada pelo Espiritismo.
*Sergio Rodrigues é espírita e colaborador do Espiritismo.Net

16º Encontro Amigos da Boa Nova - Tema central: "Reconexão com Cristo".

Será realizado no dia 21 de abril de 2018 no Internacional Eventos Guarulhos o 16º Encontro Amigos da Boa Nova.
O tema central é "Reconexão com Cristo". Na programação, palestras de Alberto Almeida, Manolo Quesada e Aldeniz Leite; debates com os comunicadores André Marouço, Ildo Rosa, Deusa Samu e Del Mar Franco, além de apresentações musicais e de teatro.
O Internacional Eventos Guarulhos fica na Avenida João Cavalari, 133 - Ponte Grande, Guarulhos/SP. Mais informações podem ser obtidas em www.mundomaior.com.br ou através do telefone (11) 2458-3214.


'Ela tem tanta dor que só quer morrer': jovem de 19 anos pede eutanásia e causa polêmica no Chile

Paula Díaz tem 19 anos e quer morrer.
A jovem chilena, que nasceu na cidade de Talca, ao sul da capital, Santiago, sofre desde o fim de 2013 de um mal raro que, até agora, não foi diagnosticado de forma conclusiva pelos médicos de seu país.
Sua família afirma que, no decorrer dos últimos quatro anos e de forma cada vez mais intensa, Paula faz movimentos involuntários, tem episódios de perda da consciência, paralisia das extremidades e uma dor que a jovem define como "insuportável".
Um vídeo compartilhado pela mãe e pela irmã de Paula no início de fevereiro nas redes sociais mexeu com Chile e ultrapassou as fronteiras do país.
Nele, a jovem pede de forma desesperada à presidente Michelle Bachelet que autorize sua eutanásia - proibida no país -, porque não suporta mais a dor e não aguenta mais viver.
"É algo tão terrível que não consigo descansar. Nem de dia, nem à noite (...). Já não suporto meu corpo. Ele está despedaçado. Não consigo apoiar qualquer parte dele sem sentir dor. Como não conseguem entender que já não aguento mais?", diz em sua mensagem à presidente.
Também há imagens da jovem aparentemente antes de apresentar os sintomas e outras em que está se contorcendo na cama, com as extremidades tensionadas, muitas vezes na maca do hospital, com o semblante aflito.
Em poucos dias, os vídeos viralizaram, atingindo mais de 1 milhão de visualizações, dividindo opiniões e reacendendo o debate sobre eutanásia no país. Em 2014, um caso semelhante, de uma menina que pedia a Bachelet permissão para morrer, já havia mexido com a opinião pública.
O tema voltou aos meios de comunicação chilenos e à agenda de alguns políticos, que têm usado o caso para rediscutir a legalização do suicídio assistido no país.
O caso de Paula, contudo, é bastante diferente do episódio de 2014.
A ausência de informações claras sobre seu problema de saúde, a ausência de um diagnóstico conclusivo e um laudo médico que lhe atribui um transtorno psiquiátrico, que seria o responsável pelos sintomas que Paula alega sentir, fizeram com que a polêmica que cerca a discussão sobre eutanásia no Chile ganhasse novas camadas.

Primeiros sintomas

Vanessa Díaz, irmã de Paula, diz à BBC Mundo que tudo começou no fim de 2013, quando a jovem foi hospitalizada com sintomas que os médicos associaram à coqueluche.
"Nossa família relaciona (os acontecimentos subsequentes) ao fato de que Paula, pouco antes de ser hospitalizada naquele ano, recebeu a vacina tríplice, que protege contra três doenças (tétano, difteria e coqueluche) - e foi hospitalizada pela primeira vez justamente por uma suposta coqueluche", argumenta Vanessa.
Familiares - e alguns médicos, ainda que nenhum tenha se manifestado oficialmente por escrito - acreditam que um vírus presente na vacina se alojou na medula de Paula e é responsável por sua condição atual.
Assim, a acusação por si só tem gerado repercussão no Chile, país onde a imunização é obrigatória.
O médico Miguel Kottow, chefe da Unidade de Bioética da Escola de Saúde Pública da Universidade do Chile, afirma que não há antecedentes de qualquer caso parecido no país e considera a acusação delicada.
"É um tema muito grave, já que qualquer decisão que se tome nesse caso também coloca em evidência o tema da imunização obrigatória", pondera.
De acordo com a irmã de Paula, depois da vacina e da primeira hospitalização, a situação da jovem piorou.
"A partir daí, ela começou a apresentar uma série de sintomas que não tinham ligação com a coqueluche. Foi hospitalizada diversas vezes, ficou internada em muitas clínicas e começou a perder a mobilidade das pernas, dos braços, a sensibilidade em algumas partes do corpo e a sentir muita dor", afirma.
Desde então, acrescenta Vanessa, Paula já foi avaliada por dezenas de especialistas, sem que eles tenham encontrado uma causa para o que ela diz sentir.
"O último diagnóstico foi em 2015, que dizia que ela tinha um problema neurológico que também era degenerativo, mas nunca nos disseram que ele era sintoma de uma determinada doença ou o que ele provocava", afirma.
Segundo o jornal chileno El Mostrador, nos prontuários das diferentes clínicas pelas quais a jovem passou desde 2013 são encontrados diagnósticos que vão de bronquite obstrutiva, pneumonia e edema de laringe a transtorno depressivo maior, perda auditiva, escoliose, ataxia (perda de coordenação muscular), síndrome da conversão (transtorno mental que causa reações neurológicas sem uma causa aparente) e encefalite.
A variedade de diagnósticos é uma das razões que levam a família a acreditar que Paula foi vítima de descaso dos médicos.
"Queremos justiça para minha irmã, porque sabemos que houve negligência. Exigimos que se abra uma investigação para saber o que aconteceu com ela, uma jovem completamente saudável e que agora se encontra em situação deplorável, que pode morrer. Queremos saber o que causou o dano cerebral", diz Vanessa.
Até o momento, contudo, a família não apresentou laudo médico que atribui os sintomas a um problema neurológico degenerativo - e a clínica onde aparentemente o diagnóstico foi realizado proibiu, para preservar a privacidade dos pacientes, a divulgação de detalhes do tratamento de quem passou por ali.
Por isso, de acordo com o médico Kottow, um dos dilemas éticos do caso é o fato de que as informações que o municiam são muito "vagas e precárias".
"Até agora, o que temos é o que diz a família - o que estão dizendo, não comprovando. Não sabemos de fato o que aconteceu durante os diversos atendimentos médicos, se houve negligência ou não, se houve desentendimento da família com o tratamento indicado, se houve de fato esse diagnóstico ou a que conclusões chegaram os especialistas. São fatores que devemos levar em conta antes de debater se a assistência médica funcionou ou não", argumenta.

Os dilemas do diagnóstico

As incertezas em relação ao diagnóstico de dano cerebral crescem quando se leva em conta um outro laudo médico sobre a jovem emitido por um renomado hospital chileno.
"Em sua terceira hospitalização, na Clínica Bicentenario, submeteram-na a uma série de exames e chegaram à conclusão de que não havia nenhum dano neurológico. Nos disseram que minha irmã tinha síndrome da conversão e que ela estava causando a si mesma os sintomas", comenta Vanessa.
A síndrome da conversão é uma rara doença psiquiátrica que gera sintomas que se assemelham aos de uma doença neurológica.
Segundo a Associação Americana de Psiquiatria, uma das principais dificuldades para o tratamento desse transtorno é o fato de que, muitas vezes, ele não é reconhecido nem pelos paciente nem por seus familiares - o que pode levar a isolamento social, atraso escolar nos mais novos e, em alguns casos, complicações como prostrações e contraturas.
Após o diagnóstico de Paula, o hospital sugeriu transferir a jovem para uma clínica psiquiátrica para fazer tratamento, recomendação que a família rechaçou por não concordar com a opinião dos médicos.
"Conhecemos minha irmã, era uma menina saudável que não tinha nenhum problema, nós sabemos que não é um problema psiquiátrico", alega Vanessa.
Desde 2015, a família se nega a submeter Paula a novos exames e decidiu apoiá-la em sua decisão de tentar a eutanásia.
"Estamos respeitando a vontade de Paula, não queremos que ela continue sendo obrigada a passar pelas hospitalizações. Como ela é uma paciente supostamente psiquiátrica, em muitos momentos questionam o que ela sente, tratam-na como louca ou como alguém que está fora de si - e ela não quer mais passar por isso", ressalta a irmã.
"Ela já está há mais de quatro anos prostrada em uma cama, confinada entre quatro paredes, já que não pode nem sentar em uma cadeira de rodas para se movimentar pela casa. Não é certo viver assim, vendo que seu corpo falha cada dia um pouco mais. Ela tem tanta dor que só quer morrer."
Vanessa acrescenta que a situação de Paula tem impacto sobre toda a família - e que a mãe se viu obrigada a abandonar o trabalho e que agora tem dificuldade em pagar as contas.
"Minha irmã enviou uma carta à presidente no fim de 2017, mas não tivemos resposta. Minha mãe então pediu ajuda a um senador, que leu a carta no Congresso, mas mesmo assim não tivemos muito retorno - apenas a notícia de que receberíamos uma pensão mensal", acrescenta.

O debate da eutanásia

Mesmo com suas incertezas, o caso reativou o debate sobre eutanásia no Chile, pouco tempo depois da legalização do aborto - apenas em casos de estupro, de risco de vida da mulher e de inviabilidade fetal - e em meios às discussões sobre a reinstalação da pena de morte no país.
O deputado do Partido Liberal Vlado Mirosevic é um dos que têm levantado a bandeira da legalização do suicídio assistido no país - e o caso da jovem foi um dos exemplos que ele utilizou recentemente no Congresso para reforçar a necessidade de discussão do tema.
"O ponto aqui é respeitar o direito que Paula ou qualquer um de nós tem de uma morte com dignidade. Isso é primeiramente um direito. Assim, se deve colocar a decisão do indivíduo à frente daquela da sociedade", destaca à BBC Mundo.
"Ao mesmo tempo, esse é um tema humanitário, de compaixão, de se colocar no lugar do outro. Sob esse aspecto, a decisão sobre a eutanásia deve ser pessoal, e não determinada por uma lei de maneira uniforme e autoritária que não deixe espaço para uma morte digna", acrescenta - reconhecendo, contudo, que não tinha até então ciência do diagnóstico psiquiátrico da jovem.
Kottow, mesmo considerando que o debate sobre a eutanásia no Chile e sua legalização não são apenas "pertinentes, mas necessários", rejeita a ideia de que o caso da Paula deva servir como exemplo, como está acontecendo agora.
"Nesses casos, estaríamos falando de eutanásia médica, quer dizer, executada por um médico. Se não há diagnóstico, como ocorre com essa jovem, derruba-se todo o caso", argumenta.
"Antes de pensar em uma solução extrema - que não é possível porque não é válida por lei e porque a presidente não tem autoridade para permiti-la -, era preciso primeiramente determinar o que ela tem de fato, se é algo tratável, se tem prognóstico negativo, e em que bases se está fundamentando o pedido de eutanásia", ressalta.
Também membro da Sociedade Chilena de Bioética, ele afirma que seria "um mau precedente" abrir caminho para o suicídio assistido com esse caso, dada a quantidade de incógnitas e dificuldade de acesso a informações em torno da situação de Paula.
"Até agora, a única informação que temos são alguns vídeos nas redes sociais. Mas isso não informa muito sobre a condição real da jovem. Com base em um vídeo e na opinião da família não se pode chegar a nenhuma conlusão, mesmo que seja somente ética, sem força legal. Este é um caso que devemos analisar para além da boa vontade e da compaixão", defende.
Notícia publicada na BBC Brasil, em 13 de fevereiro de 2018.

Breno Henrique de Sousa* comenta

Eutanásia
O tema da reportagem é bastante delicado, especialmente porque a matéria destaca um caso muito particular de grande sofrimento. É muito difícil pensar racionalmente diante de uma situação de tão forte apelo emocional, pois qualquer tentativa de refletir sobre o contraditório parece uma demonstração de indiferença e insensibilidade diante de tamanho sofrimento.
Antes de tratar do nosso tema central, é preciso algumas reflexões sobre a situação destacada. A reportagem expõe o caso de Paula Díaz como se a única solução para o seu sofrimento fosse a eutanásia, mas será de fato esse o caso? O que dizem os especialistas? Com tanta tecnologia, não há nenhuma outra maneira de amenizar a dor e o sofrimento dessa moça? Esse ponto parece obscuro e não é a família quem pode responder essa pergunta e sim os especialistas.
Vamos tratar o tema em uma perspectiva mais abrangente. Por mais que seja difícil, é preciso refletir sobre como uma lei pode afetar toda a coletividade e não olhar o problema apenas a partir de uma situação muitíssimo específica. A eutanásia pode ser usada em situações onde a família decide por fim a vida de um convalescente sob a alegação de aliviar seu sofrimento diante do fim iminente. Neste caso a eutanásia lhe abreviaria apenas alguns dias ou horas de sofrimento diante da certeza de sua morte, porém, quem pode ter essa certeza? Por acaso, nunca aconteceu que alguém desenganado pelos médicos tivesse uma cura inesperada e surpreendente? Nunca aconteceu que a cura chegasse ou fosse descoberta justamente quando não havia mais esperança? Será que a família que decide por retirar a vida de um moribundo está respeitando a sua vontade ou decidindo por conta própria?
O que dizer então daqueles que gozando de boa saúde, mas, por fraqueza e desencanto pela vida decidem recorrer à eutanásia? Qual o valor da vida e o quanto ela é importante em nossa sociedade? Todas essas questões devem ser respondidas antes de se decidir sobre a legalidade da eutanásia. Além dessas questões existem outras de teor mais espiritual e profundo. É certo que o Estado é laico e suas decisões não devem ser tomadas tendo por base uma ideologia religiosa, mas estado laico não significa estado antirreligioso, ateísta ou materialista. O Estado deve representar as preferências éticas e culturais de seu povo, decidindo democraticamente pela opinião da maioria. Este certamente não é um sistema perfeito e isento de falhas, mas, certamente é bem melhor que o totalitarismo.
Sendo assim, o Estado não deve ignorar que está lidando com uma grande maioria que possui valores cristãos, isso não significa que esses valores devem ser impostos a todos, mas, em situações como essa, temos apenas duas opções: uma é a perspectiva materialista de que não há vida após a morte e por isso a eutanásia não representaria nenhum problema, e a outra é a perspectiva espiritualista de que havendo vida após a morte a eutanásia, não consentida, ou consentida (o que corresponde ao suicídio) terá graves repercussões sobre o espírito na vida após a morte. Não há meio termo nesta situação. É certo que ninguém é obrigado a fazer a eutanásia, o argumento é que cada um decide sobre a sua própria vida, porém, a decisão do Estado em consentir ou proibir está baseada em um conjunto de valores que deve ser questionado.
Aos que acreditam em vida após a morte, na justiça e na misericórdia divinas, eu perguntaria: Como explicar a existência de um Deus justo, soberanamente bom, diante dessa situação de sofrimento? Aqui também temos que tomar uma decisão: Ou achamos que Deus não existe ou não se importa conosco; ou precisamos encontrar uma solução para esse problema. Precisamos de uma explicação que permita compreender como Deus pode ser bom e permitir situações como a de Paula.
Na perspectiva espírita, a vida física, o sofrimento e a dor possuem um significado muito diferente daquele que o mundo normalmente atribui. Através da reencarnação abre-se uma nova perspectiva, talvez a única capaz de conciliar a dor e sofrimento humano com a bondade e justiça divinas.
A vida é o valor mais importante para qualquer pessoa que de fato crê em algo além da matéria. Não que um materialista não possa valorizar a vida, mas não seria uma contradição se não o fizesse, mas seria no caso de alguém que diz acreditar em Deus. Abreviar deliberadamente a própria vida é uma atitude contrária às leis divinas e acarreta sérias consequências aos que chegam ao mundo espiritual através desse processo.
Oremos pela saúde de Paula Díaz e para que ela encontre alívio para o seu sofrimento. Que a medicina possa oferecer solução ou remediação para seu problema e através de sua força e perseverança ela seja recompensada por Deus, que tudo sabe. Ele, que é o Senhor da vida, saberá o momento em que Paula poderá deixar esse corpo que é uma prisão, uma tortura, um duro resgate. Se for vitoriosa e chegar ao fim de sua expiação, Paula certamente desfrutará a vida espiritual com a paz e a alegria daqueles que vencem as mais rudes provas.
* Breno Henrique de Sousa é paraibano, professor da Universidade Federal da Paraíba nas áreas de Ciências Agrárias e Meio Ambiente. Está no movimento Espírita desde 1994, sendo articulista e expositor. Atualmente faz parte da Federação Espírita Paraibana e atua em diversas instituições na sua região

Cine-reflexão - filme: "Quem somos nós?" - E, aí! Já assistiu?

A Caravana de Luz Editora inicia nessa semana, o projeto trimestral, "Cine-Reflexão", que tem como objetivo central, esclarecer e interpretar as obras cinematográficas sob a luz da Doutrina Espírita. O filme “Quem somos nós?" foi o escolhido. Confira a resenha: acesse http://bit.ly/2DOT8h2😉😇💗😘Para visualizar o filme: acesse a versão legendada,http://bit.ly/2GQH5mp, e/ou a versão dublada,http://bit.ly/2EYU083.




quinta-feira, 22 de março de 2018

Pinga fogo - Triânulo Amoroso (Richard Simonetti)

1 – Tenho um relacionamento amoroso com um homem casado, que corresponde aos meus sentimentos. Haverá algum mal em cedermos ao amor, harmonizando-nos como marido e mulher? 
Isso é invasão de seara alheia. A harmonização deve ocorrer entre marido e mulher, num lar hoje conturbado, provavelmente, em face dessa ligação extraconjugal. A comunhão afetiva que você pretende situa-se como desvio de compromisso para ele. Seria conveniente buscar a harmonia consigo mesma, superando fantasias inspiradas pela paixão e exploradas por Espíritos mal-intencionados.


2 – E a ideia de que nada acontece por acaso? Não haveria aí uma programação espiritual?
Realmente, tudo o que acontece tem uma origem, não é ocasional. As experiências extraconjugais, por exemplo, são fruto de impulsos passionais próprios da animalidade humana. Podem, sim, atender a uma programação espiritual, aquela elaborada por Espíritos obsessores que desejam conturbar os lares humanos.


3 – Fui informada por um médium de que temos uma ligação muito forte de vidas passadas.
Médium ou palpiteiro? A experiência costuma demonstrar que essas ligações muito fortes guardam origem na sensualidade do presente, sem nenhum vínculo com compromissos do passado.


4 – Mas não temos todos o direito de ser felizes junto ao ser amado?
Sim, sem dúvida, desde que não atropelemos ninguém nesse propósito. Coloque-se no lugar da esposa. Como se sentiria vendo seu marido deixá-la por outra mulher?


5 – Então ninguém deveria se casar em segundas núpcias?
Os ex-cônjuges podem refazer sua vida no terreno afetivo, buscando nova experiência quando acaba o casamento em virtude de desentendimentos insuperáveis, nascidos, como ensinava Jesus, da dureza do coração humano. É diferente da separação por influência de alguém que se envolveu com um deles.


6 – E como fico, se ele é tudo o que quero nesta vida?
Em favor de nossa felicidade, não devemos reduzir nossos desejos e aspirações à consumação de uma ligação afetiva. Há assuntos muito mais importantes. Nossa realização como filhos de Deus, por exemplo, pelo esforço incessante de aprendizado e, sobretudo, o aprimoramento moral, buscando fazer ao próximo o bem que desejamos para nós, como ensina Jesus. Isso implica não fazer ao semelhante o que não queremos que façam contra nós. Por exemplo: destruir um lar.


7 – Devo renunciar?
Renúncia envolve desistência de um direito. Seu caso é diferente. Configura mero dever. O dever de respeitar uma família, evitando tornar-se responsável por sua dissolução, com o que assumirá débitos cármicos a pesarem em sua biografia espiritual, com penosas repercussões em seu futuro.


8 – E se faz parte do carma da esposa ver seu marido deixá-la por outra?
E você seria o instrumento de Deus nesse propósito? Não se iluda. A justiça divina não necessita do concurso humano para cumprir-se e ninguém nasce com o carma de ser traído. Por isso os que ensejam situações dessa natureza, são instrumentos sim, mas de insidioso demônio que mora no coração humano: o egoísmo.


Livro Dúvidas e Impertinências.

Artigo: A sabedoria e o bom senso (Richard Simonetti)

O sábio indiano passava com um discípulo, às margens do Ganges.
Em dado momento, viu um escorpião que se afogava.
Pressuroso, estendeu a mão e o retirou das águas.
Previsivelmente, o escorpião deu-lhe uma ferroada.
Não obstante a dor, o sábio, cuidadoso e paciente, o depositou em terra firme.
Teimoso, o bicho voltou ao rio.
O discípulo, admirado, viu seu mestre salvá-lo novamente, submetendo-se a nova agressão.
O escorpião, que parecia orientado por vocação suicida, retornou às águas.
Repetiu-se a cena.
A mão do sábio intumescia, lancinante dor.
– Mestre – balbuciou, confuso, o discípulo, – não estou entendendo. Esse escorpião o atacou três vezes e o senhor continua empenhado em socorrê-lo?!
Ele sorriu.
– Meu filho, é da natureza dele picar; a minha é salvar!


***

Grande sábio, não é mesmo, leitor amigo?
Se responder negativamente, concordo com você.
Faltou-lhe um componente essencial à sabedoria:
O bom senso, a capacidade de avaliar uma situação e fazer o melhor.
Se o exercitasse, simplesmente apanharia um arbusto ou vareta, recolheria o escorpião e o deixaria longe do rio.
Fácil, fácil, sem problemas, sem picadas, sem dores…


***

Camille Flammarion (1842-1925) famoso astrônomo francês, fazia o elogio fúnebre de Hippolyte León Denizard Rivail (1804-1869), emérito professor, imortalizado como Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita.
Destacava que Kardec não fora reconhecido pelos homens de ciência, já que não colecionara títulos acadêmicos; mas muito mais que o simples saber dos que freqüentam as academias, revelara o atributo fundamental da sabedoria.
E o definiu em inesquecível epíteto:

Foi o bom senso encarnado.

***

Desde tempos imemoriais, os homens colhem experiências envolvendo o sobrenatural.
No histórico de qualquer família, infalivelmente, há notícias relacionadas com o assunto.
Em meados do século XIX, na França, estavam em efervescência fenômenos dessa natureza.
Envolviam mesas que se movimentavam e até se comunicavam, em insólita telegrafia, com pachorrenta indicação das letras do alfabeto, compondo instigantes diálogos com a madeira.
As pessoas divertiam-se, sem questionar como era possível um móvel, sem nervos e sem cérebro, exercitar o pensamento.
Usando de bom senso, Kardec concebeu, de imediato, que havia seres inteligentes produzindo os fenômenos.
Imaginou, em princípio, fossem os próprios participantes a agir, inconscientemente, por artes de desconhecida província cerebral.
Para comprovar essa tese, preparou perguntas sobre assuntos que só ele conhecia.
A mesa respondeu com propriedade.
Certamente, sua própria mente interferia.
Formulou questões sobre assuntos que desconhecia.
A mesa, impávida, não vacilou.
Respostas absolutamente corretas.
Fosse um parapsicólogo, desses que abominam avançar além dos estreitos limites de suas convicções materialistas, certamente formularia hipóteses mirabolantes, relacionadas com um ser onisciente a dormitar nos refolhos da consciência humana. Um deus interior, capaz de responder a qualquer pergunta, ainda que a resposta estivesse num livro enterrado em recôndita região, no Himalaia.
Ocorre que Kardec não era simples “sábio”.
Tinha bom senso.
Logo percebeu que, por trás daquelas manifestações, havia seres invisíveis, no mais vigoroso movimento jamais desenvolvido pelos poderes espirituais que nos governam, com o objetivo de combater o materialismo, estabelecendo uma ponte entre o além e o aquém.


***

Descobrindo os Espíritos, os seres pensantes da criação, Kardec empolgou-se com as perspectivas que aquele contato oferecia.
Mas, cuidadoso, escreve, em Obras Póstumas:

Compreendi, antes de tudo, a gravidade da exploração que ia empreender; percebi, naqueles fenômenos, a chave do problema tão obscuro e tão controvertido do passado e do futuro da Humanidade, a solução que procurara em toda a minha vida. Era, em suma, toda uma revolução nas idéias e nas crenças; fazia-se mister, portanto, andar com a maior circunspeção e não levianamente; ser positivista e não idealista, para não me deixar iludir.
Isso é bom senso.
Sem ele, ficaremos sempre jungidos aos estreitos limites de nossa crença, engessados por princípios dogmáticos, como ocorre com muitos religiosos, que poderiam iluminar seu entendimento se tivessem o bom senso de avançar além das restrições que lhes são impostas.
Muitos se recusam a tocar um livro espírita, como se fora ameaçador escorpião.
Não aprenderam o elementar:
Escorpiões somos todos nós, dominados por tendências agressivas e viciosas, a nos debatermos nos turbilhões da ignorância.

Salva-nos o livro espírita, quando temos o bom senso de compulsar suas páginas luminosas.

Livro Para Rir e Refletir

terça-feira, 20 de março de 2018

ANIMAFEST 2018 em São Paulo

Acontecerá no dia 7 de abril de 2018, a partir das 19h no Centro Espírita União e Caridade, a 8ª edição do ANIMAFEST - Música por um mundo melhor.
O evento contará com as participações dos grupos vocais Augusto Vive, de Pindamonhangaba/SP, e Joanna de Ângelis, de Volta Redonda/RJ, que apresentará o musical "A Era do Rádio". O ingresso custa um quilo de alimento não perecível ou doação voluntária.
O Centro Espírita União e Caridade fica na Rua Dr. Souza Alves, 142 - Centro, Taubaté/SP. Mais informações podem ser obtidas em www.anima.mus.br ou através do telefone (12) 99143-0047.


Desafio do desodorante, da camisinha, da cola: as ondas online que põem vida de crianças em risco

A morte de uma menina de sete anos por ingestão de aerossol volta a lançar luz sobre "desafios" que circulam em vídeos pela internet e têm nas crianças suas principais vítimas.
Adrielly Gonçalves, de São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), deu entrada em uma Unidade de Pronto Atendimento no último sábado com parada cardiorrespiratória, em estado grave. As tentativas de reanimá-la não tiveram sucesso, segundo nota da Secretaria de Saúde da cidade. Um laudo do Instituto Médico Legal vai detalhar as causas da morte.
"Ela, criança inocente, colocou o desodorante direto na boca e desmaiou, tendo uma parada cardíaca na sequência. (Foi) por um motivo que jamais imaginamos, um vídeo sobre desafio de inalar desodorante aerossol", disse uma familiar em postagem no Facebook, fazendo "um alerta aos pais, (para) que fiquem de olho nos conteúdos que os filhos pesquisam na internet".
Youtubers fazem diferentes desafios que consistem em inalar a substância em vídeos que circulam pelas redes sociais e acumulam milhares de visualizações no site.
Há ainda o "jogo da asfixia" ou "do desmaio", em que compete-se para ver quem prende a respiração por mais tempo, além de desafios de inserir camisinhas nas narinas para tirar pela boca, de comer canela em pó em grandes quantidades e pura, de passar cola nas narinas e na boca. Fora as competições que induzem jovens e crianças a tomar grandes quantidades de bebidas alcóolicas.
Todas as práticas trazem gravíssimos riscos à saúde. E estão proliferando na internet.
A ONG cearense DimiCuida, voltada à conscientização sobre o perigo de jogos de asfixia, contabilizou na semana passada 24 mil vídeos em português de "desafios de desmaio" apenas no YouTube. Há outros 800 mil em inglês.
"E o número de vídeos fica extraordinariamente maior se contarmos outros vídeos de jogos semelhantes que também causam asfixia, como os da camisinha ou da canela", diz Fabiana Vasconcelos, psicóloga da ONG, à BBC Brasil.
Além disso, há relatos de convites a jogos do tipo em postagens no Instagram, no Snapchat e em fóruns de games online, ainda que o YouTube seja a maior fonte de acesso.
Há cerca de um ano e meio, um jovem de 14 anos de São Vicente (litoral de São Paulo) foi encontrado morto com um lençol no pescoço. Investiga-se se ele foi induzido a isso pelo chamado "jogo do desmaio".
"Muitos acidentes acontecem por causa (de brincadeiras assim), em que as crianças participam de desafios porque o amigo pediu, por exemplo", diz à BBC Brasil o capitão Marcos Palumbo, porta-voz do Corpo de Bombeiros de São Paulo.
"Geralmente o resultado é muito ruim, com lesões que duram o resto da vida ou causam a morte."
Até jogos aparentemente inocentes, como o que estimula a ingerir canela, podem ter consequências graves: "a canela em pó bloqueia e queima as vias respiratórias e pode causar asfixia. O jogo da camisinha também pode asfixiar", explica Vasconcelos, da DimiCuida.
E o desafio do desodorante, que aparentemente causou a morte de Adrielly Gonçalves, é perigoso por causa do alto teor de etanol (álcool) presente em qualquer tipo de desodorante, explica Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) do Instituto da Criança da Faculdade de Medicina da USP.
"Esse teor é de 70% a 90%, muito maior do que o do uísque ou o absinto, por exemplo. E, ao inalar, o volume (de álcool) absorvido é extremamente alto, provocando uma inflamação da laringe e uma parada cardíaca", diz à BBC Brasil.

Como agir no caso emergências

Em situações como essas, é preciso correr para o pronto-socorro, porque a criança precisará de inalação ou entubação urgente, explica Wong.
E, tendo havido a ingestão de produtos tóxicos ou alcoólicos, a orientação dos especialistas é nunca provocar o vômito (que pode piorar a obstrução das vias aéreas) nem oferecer nada às crianças sem antes buscar ajuda especializada.
Essa ajuda pode ser dada pelos bombeiros (telefone 193) ou por centros de assistência toxicológica, como o Ceatox da Faculdade de Medicina da USP (0800-148110), que atende ligações do Brasil inteiro nas 24 horas do dia.
"As substâncias podem causar reações diferentes entre si, e cada uma vai exigir um tipo de tratamento, então é primordial pedir auxílio especializado", diz Palumbo, do Corpo de Bombeiros.
No caso de asfixia ou parada respiratória, Palumbo orienta a colocar a criança deitada de costas no chão (por ser uma superfície rígida) com o corpo alinhado ao pescoço, para ajudar a liberar as vias aéreas.
Isso não dispensa, porém, que se chamem os bombeiros imediatamente, para obter orientações específicas para as circunstâncias de cada caso.
Veja, pelo movimento do tórax, se há sinais de respiração e batimentos cardíacos. Se não houver, é possível que o atendente emergencial oriente a fazer uma massagem cardíaca (um vídeo dos bombeiros no Facebook ensina a fazer as manobras).
No caso de queimaduras, os bombeiros ensinam a lavar a área do corpo com água corrente, cobrir com gazes úmidas e com um pano, para proteger o local. Jamais passe qualquer produto.

Como prevenir

"Como nativas do mundo digital, as crianças têm acesso muito mais rápido a esses vídeos, enquanto os pais ainda não sabem como administrar (a navegação infantil)", diz Vasconcelos, da DimiCuida.
A prevenção, diz ela, começa com respeitar a idade mínima de acesso às plataformas sociais (16 anos para WhatsApp e 13 anos para Facebook, por exemplo). E Vasconcelos sugere a pais e responsáveis acompanhar a vida online das crianças assim como ocorre com a vida offline.
"Assim como perguntamos 'com qual amigo você vai sair hoje?', devemos perguntar 'quem são seus amigos online?', 'a qual vídeo você assistiu hoje?', e assistir junto", explica.
Vasconcelos opina que não adianta proibir a visualização de vídeos perigosos.
"É preciso criar um ambiente (para discutir os vídeos) sem julgamento, mas sim com uma reflexão crítica, que ainda não está maturada nas crianças e adolescentes. 'Esse rapaz do vídeo tem quantos anos? Ele não parece ser uma criança como você. Por que ele está fazendo isso? E vale a pena correr esse tipo de risco? Vale a pena compartilhar esse conteúdo?'", diz.
Como, para crianças e adolescentes, a morte é algo muito abstrato, Vasconcelos sugere deixar claro o risco desses vídeos de forma mais concreta - dizendo, por exemplo, que a criança pode perder seus movimentos e ser impedida de jogar futebol.
Além disso, é importante denunciar vídeos com conteúdo perigoso.
A BBC Brasil questionou o YouTube sobre seus procedimentos de segurança para evitar esses conteúdos.
Em nota, o site disse que "as políticas (da plataforma) restringem conteúdos que têm a intenção de incitar violência ou encorajar atividades ilegais ou perigosas, que apresentem um risco inerente de danos físicos graves ou de morte. Qualquer usuário pode denunciar esse tipo de conteúdo e nossa equipe analisa essas denúncias 24 horas por dia, sete dias por semana".
A reportagem também questionou o Youtube sobre o número de vídeo similares já removidos, mas não obteve resposta.
Notícia publicada na BBC Brasil, em 8 de fevereiro de 2018.

Jorge Hessen* comenta

Na intertnet há em grande quantidade o submundo dos vídeos que humilham e expõem crianças no YouTube e noutras plataformas sociais.
Como prevenir?
Como geração do mundo digital, as crianças têm acesso muito mais rápido a muitos vídeos, enquanto os pais ainda não sabem como administrar a navegação infantil.
É óbvio que não adianta proibir a visualização de vídeos perigosos. Mais do que nunca o diálogo e a confiança entre pais e filhos continua sendo a melhor arma contra possíveis enganos e erros na utilização da internet.
É sim muito importante e imperioso explicar aos filhos sobre os perigos das redes sociais (facebook, Instagram ou Snapchat), investigar diariamente o que eles acessam na Internet, o que assistem (filmes), o que ouvem (músicas) e com quem articulam mensagens. Urge fazer isso de forma amorosa, numa relação de proteção. Esse procedimento dos pais acarretará benefício aos filhos e eles perceberão que estamos cautelosos e que podem dialogar conosco sobre o que fazem e com quem conversam nos universos virtuais.
Seguramente, os pais que negligenciaram até aqui o controle das viagens dos filhos nas trilhas dos smartphones, notebooks, tablets etc., quando começarem a monitorar ficarão espantados ao adentrarem nos perfis e correspondências dos filhos (menores de 12 anos). Há cem por cento de chance de descobrirem visualizações incomodativas por lá. Toda cautela é pouca! Lembrando que no monitoramento não pode haver suspensões hostis quanto ao uso da tecnologia, até porque a “coisa proibida” é mais sedutora para eles. É necessário dimensionar aos filhos a confiança de que estão sendo vigiados para o seu próprio bem.
* Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal aposentado do INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.