sábado, 18 de junho de 2016

Revista Espírita - Março de 1863 - Morte do Sr. Guillaume Renaud, de Lyon


Revista Espírita

Jornal de Estudos Psicológicos

ANO VI

MARÇO  DE 1863

 

Morte do Sr. Guillaume Renaud, de Lyon

 

Domingo, 1 o de fevereiro, foram realizadas em Lyon as exéquias do Sr. Guillaume Renaud, antigo oficial, condecorado com a medalha de Santa Helena e um dos mais antigos e fervorosos espíritas daquela cidade, muito conhecido entre seus irmãos em crença. Embora sobre alguns pontos de forma, que combatemos, aliás pouco importantes e que não atingem a doutrina, professasse idéias particulares que não eram partilhadas por todos, não deixava de ser menos amado e estimado pela bondade de seu caráter e por suas eminentes qualidades morais; e nós mesmos, caso estivéssemos em Lyon naquela ocasião, teríamos tido prazer em lançar algumas flores sobre o seu túmulo. Que ele receba aqui, bem como sua família e amigos particulares, o testemunho de nossa afetuosa lembrança.

Homem simples e modesto, o Sr. Renaud quase não era conhecido fora de Lyon. Entretanto, sua morte repercutiu até num vilarejo da Haute-Saône, onde foi contada no púlpito, domingo, 8 de fevereiro, do seguinte modo:

O vigário da paróquia, entretendo os paroquianos com os horrores do Espiritismo, acrescentou que “o chefe dos espíritas de Lyon havia morrido há três ou quatro dias; que tinha recusado os sacramentos; que ao seu enterro não havia comparecido mais que dois ou três espíritas, sem parentes nem sacerdotes; que se o chefe dos espíritas (fazendo alusão ao Sr. Allan Kardec) morresse, ele o lamentaria, se fizesse como o de Lyon. Depois concluiu, dizendo nada negar dessa doutrina, nada afirmar, a não ser que era o demônio que agia contra a vontade de Deus.”

Se quiséssemos refutar todas as falsidades que atribuem ao Espiritismo, na tentativa de desmascarar o seu objetivo e o seu caráter, encheríamos nossa Revista. Como isto pouco nos inquieta, deixemos que falem, limitando-nos a recolher as notas que nos enviam, para utilizá-las posteriormente – se houver oportunidade – na história do Espiritismo. Nas circunstâncias que acabamos de falar, trata-se de um fato material, sobre o qual o sr. vigário sem dúvida foi mal informado, pois não queremos supor que conscientemente tenha ele querido induzir em erro. Por certo procederia melhor se tivesse agido com menos ardor e esperasse informes mais exatos.

Acrescentaremos que, há pouco tempo, a propósito da morte de um de seus habitantes, fizeram espalhar naquela comuna o boato, por certo de muito mau gosto, que a Sociedade dos Irmãos Batedores, composta de sete ou oito indivíduos da comuna, queria ressuscitar os mortos, pondo-lhes na fronte emplastros, feitos com uma pomada preparada pela Sociedade Espírita de Paris; que essa sociedade de irmãos batedores ia visitar todas as noites o cemitério para dar nova vida aos mortos. As mulheres e a gente moça do bairro ficaram apavoradas a ponto de não mais ousarem sair de casa, com medo de encontrar defuntos.

Lamentavelmente, mais não era preciso para impressionar algum cérebro fraco ou doentio e, se acontecesse um acidente, logo se cuidaria de o debitar à conta do Espiritismo.

 

Voltemos ao Sr. Renaud. Durante sua doença, inúteis esforços foram tentados para que ele fizesse uma autêntica abjuração de suas crenças espíritas. Apesar disso, um venerável sacerdote o confessou e lhe deu a absolvição. É verdade que depois disto quiseram retirar o certificado de confissão e a absolvição foi declarada nula pelo clero de Saint-Jean, como tendo sido dada precipitadamente. É um caso de consciência que não nos incumbiremos de resolver. Daí esta reflexão muito justa, feita em público, que aquele que recebe a absolvição antes de morrer não pode saber se é válida ou não, pois com a melhor intenção pode um padre dá-la de maneira precipitada. O clero, pois, se recusou obstinadamente a receber o corpo na igreja, porque o Sr. Renaud não quis retratar-se de nenhuma das convicções que lhe haviam dado tantas consolações e feito suportar com resignação as provas da vida.

Por um sentimento de conveniência, que apreciarão, e em razão das pessoas que seríamos forçados a designar, passamos em silêncio as lamentáveis manobras que foram tentadas, as mentiras que foram inventadas para provocar desordem nesta circunstância. Apenas nos limitamos a dizer que foram completamente frustradas pelo bom-senso e prudência dos espíritas que, a respeito, receberam provas da benevolência das autoridades. Recomendações haviam sido feitas por todos os chefes de grupos, a fim de não se responder a nenhuma provocação.

Em face da recusa do clero de conceder as orações da Igreja, o corpo foi levado diretamente de casa ao cemitério, seguido por perto de mil pessoas, entre as quais se achavam cerca de cinqüenta senhoras e moças, o que não é hábito em Lyon. Sobre o túmulo e apropriada à circunstância, foi lida uma prece por um dos assistentes e por todos ouvida, cabeça descoberta, em religioso recolhimento. Em seguida a multidão retirou-se, silenciosa e, como havia começado, tudo terminou na mais perfeita ordem.

 

Como contraste diremos que o Sr. Sanson, nosso antigo colega, recebeu todos os sacramentos antes de morrer; que foi levado à igreja e acompanhado por um padre ao cemitério, embora tivesse previamente declarado de modo formal que era espírita e não renegaria nenhuma de suas convicções. “Entretanto, disse-lhe o padre, se eu condicionasse a absolvição a esta negação, que fareis? – Lamentaria muito, respondeu o Sr. Sanson, mas persistiria, porquanto vossa absolvição de nada valeria. – Como assim? Então não credes na eficácia da absolvição? – Sim, mas não creio na virtude de uma absolvição recebida por hipocrisia. Ouvi-me: para mim o Espiritismo não é apenas uma crença, um artigo de fé; é um fato tão patente quanto a vida. Como quereis que eu negue um fato que me é demonstrado como o dia que nos ilumina e ao qual devo a cura miraculosa da minha perna? Se o fizesse, seria com os lábios e não com o coração; eu seria perjuro. Assim, daríeis absolvição a um traidor. Digo que de nada valeria porque a daríeis pro forma e não pelo fundo. Eis por que preferiria dela ser dispensado. – Meu filho, replicou o padre, sois mais cristão do que muitos que dizem sê-lo.

Recolhemos estas palavras do próprio Sr. Sanson.


Enviado por: "Joel Silva"

 

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Mural reflexivo: Os dois ladrões


OS DOIS  LADRÕES – CHICO XAVIER

 

O fato ocorreu em Pedro Leopoldo. 

 

Chico costumava acompanhar até às pensões ou hotéis as visitas que ficavam no Centro até o término das reuniões, que se dava por volta de duas horas da manhã. 

Certo dia, já de volta ao lar, foi abordado por dois desconhecidos, que ele sabia não serem da cidade, e um deles foi logo dizendo:

- Passe para cá todo o dinheiro que tiver em seu bolso.

Chico remexeu seus bolsos e, só encontrando cinco cruzeiros, disse aos ladrões:

- Olhem, eu só tenho cinco cruzeiros, mas por favor, não me façam mal. Tenho muitas crianças para cuidar.

Um dos assaltantes, que parecia ter alguma bondade nos olhos, perguntou:

- Você é casado?

- Não, respondeu o Chico.

- Então, que história é essa de crianças?

- São as crianças que eu cuido, umas são parentes, outras necessitadas, mas olho-as todas.

Nisso o outro assaltante intervém, dizendo:

- Não falei que não valia a pena assaltá-lo? Veja as roupas remendadas. O sapato, então, parece a boca aberta de um jacaré. Vamos embora que esse aí está pior que nós.

O assaltante então perguntou:

- Você ainda tem aqueles duzentos cruzeiros com você?

- Você não vai fazer o que eu estou pensando, vai?

- Vamos, passe o dinheiro depressa.

De posse do dinheiro, entregou-o ao Chico e disse:

- Tome, compre leite para as suas crianças.

E, chamando o outro ladrão, foram embora.

Chico, aliviado, escorou-se num poste e disse:

- Muito obrigado, meus irmãos. Que Jesus os abençoe e acompanhe.

O ladrão que havia lhe dado o dinheiro lhe respondeu:

- Você acha que Jesus vai nos abençoar e acompanhar? Nós somos ladrões!

- Como não, meu irmão, disse-lhe o Chico, Ele escolheu dois para sair da Terra com Ele.

 

Da obra: Kardec Prossegue - Adelino da Silveira

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Desenvolva o tema... Qual sua opinião?

 Oi, Turma! Tudo bem?

Deixamos, abaixo, um texto para que vocês desenvolvam os vários assuntos tratados nele pela visão espírita. De que forma podemos relacionar as colocações feitas dentro das orientações espíritas.
Aguardamos a participação de vocês!
Beijos e Abraços


A falsa liberdade e a síndrome do “ter de” – Lya Luft

lyaluft10Essa é uma manifestação típica do nosso tempo, contagiosa e difícil de curar porque se alimenta da nossa fragilidade, do quanto somos impressionáveis, e da força do espírito de rebanho que nos condiciona a seguir os outros. Eu tenho de fazer o que se espera de mim. Tenho de ambicionar esses bens, esse status, esse modo de viver – ou serei diferente, e estarei fora.
Temos muito mais opções agora do que alguns anos atrás, as possibilidades que se abrem são incríveis, mas escolher é difícil: temos de realizar tantas coisas, são tantos os compromissos, que nos falta o tempo para uma análise tranquila, uma decisão sensata, um prazer saboreado.
A gente tem de ser, como escrevi tantas vezes, belo, jovem, desejado, bom de cama (e de computador). Ou a gente tem de ser o pior, o mais relaxado, ou o mais drogado, o chefe da gangue, a mais sedutora, a mais produzida. Outra possibilidade é ter de ser o melhor pai, o melhor chefe, a melhor mãe, a melhor aluna; seja o que for, temos de estar entre os melhores, fingindo não ter falhas nem limitações. Ninguém pode se contentar em ser como pode: temos de ser muito mais que isso, temos de fazer o impossível, o desnecessário, até o absurdo, o que não nos agrada –  ou estamos fora.
A gente tem de rir dos outros, rebaixar ou denegrir nem que seja o mais simples parceiro de trabalho ou o colega de escola com alguma deficiência ou dificuldade maior.  A gente tem de aproveitar o mais que puder, e isso muitos pais incutem nos filhos: case tarde, aproveite antes! (O que significa isso?) A gente tem de beber em preparação para a balada, beijar o maio número possível de bocas a cada noite, a gente tem de.
A propaganda nos atordoa: temos de ser grandes bebedores (daquela marca de bebida, naturalmente), comprar o carro mais incrível, obter empréstimos com menores juros, fazer a viagem maravilhosa, ter a pele perfeita, mostrar os músculos mais fortes, usar o mais moderno celular, ir ao resort mais sofisticado.
Até no luto temos de assumir novas posturas: sofrer vai ficando fora de moda.
Contrariando a mais elementar psicologia, mal perdemos uma pessoa amada, todos nos instigam a passar por cima. “Não chore, reaja”, é o que mais ouvimos. “Limpe a mesa dele, tire tudo do armário dela, troque os móveis, roupas de cama, mude de casa.” Tristeza e recolhimento ofendem nossa paisagem de papelão colorido. Saímos do velório e esperam que se vá depressa pegar a maquilagem, correr para a academia, tomar o antidepressivo, depressa, depressa, pois os outros não aguentam mais, quem quer saber da minha dor?
O “ter de” nos faz correr por aí com algemas nos tornozelos, mas talvez a gente só quisesse ser um pouco mais tranquilo, mais enraizado, mais amado, com algum tempo para curtir as coisas pequenas e refletir. Porém temos de estar à frente, ainda que na fila do SUS.
Se pensar bem, verei que não preciso ser magro nem atlético nem um modelo de funcionário, não preciso ter muito dinheiro ou conhecer Paris, não preciso nem mesmo ser importante ou bem-sucedido. Precisaria, sim, ser um sujeito decente, encontrar alguma harmonia comigo mesmo, com os outros, e com a natureza na qual fervilha a vida e a morte é apaziguadora.
Em lugar disso, porém, abraçamos a frustração, e com ela a culpa.
A culpa, disse um personagem de um filme, “e como uma mochila cheia de tijolos. Você carrega de um lado para o outro, até o fim da vida. Só tem um jeito: jogá-la fora”. Mas ela tem raízes fundas em religiões e crenças, em ditames da família, numa educação pelo excessivo controle ou na deseducação pela indiferença, na competitividade no trabalho e na pressão de nosso grupo, que cobra coisas demais.
Dizem que devemos nos informar melhor, mas quanto mais informação, mais dúvidas; quanto mais abertura, mais opções; quanto mais olhamos, mais se expande a tela onde se projetam nosso desejos.
Nessa rede de complexidades, seria bom resistir à máquina da propaganda e buscar a simplicidade, não sucumbir ao impulso da manada que corre cegamente em frente. Com sorte, vamos até enganar o tempo sendo sempre jovens, sendo quem sabe imortais com nariz diminuto, boca ginecológica e olhar fatigado num rosto inexpressivo. Não nos faltam recursos: a medicina, a farmácia, a academia, a ilusão, nos estendem ofertas que incluem músculos artificiais, novos peitos, pele de porcelana, e grandes espelhos, espelho, espelho meu. Mas a gente nem sabe direito onde está se metendo, e toca a correr porque ainda não vimos tudo, não fizemos nem a metade, quase nada entendemos. Somos eternos devedores.
Ordens aqui e ali, alguém sopra as falas, outro desenha os gestos, vai sair tudo bem: nada depressivo nem negativo, tudo tem de parecer uma festa, noite de estreia com adrenalina a aplausos ao final.
Autora: Lya Luft
Livro: Múltipla escolha
Editora: Record
Ano: 2010

(Fonte: FLÁVIO HASTENREITER blog)

terça-feira, 14 de junho de 2016

Estudo dirigido: O Evangelho segundo o Espiritismo

-----------------------------------------------
EESE062 – Cap. XIV – Itens 5 a 8
Tema:   Piedade filial
 -----------------------------------------------

A - Texto de Apoio:
 
Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?
 
5. E, tendo vindo para casa, reuniu-se aí tão grande multidão de gente, que eles nem sequer podiam fazer sua refeição. - Sabendo disso, vieram seus parentes para se apoderarem dele, pois diziam que perdera o espírito.
Entretanto, tendo vindo sua mãe e seus irmãos e conservando-se do lodo de fora, mandaram chamá-lo. - Ora, o povo se assentara em torno dele e lhe disseram: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e te chamam. - Ele lhes respondeu: Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? E, perpassando o olhar pelos que estavam assentados ao seu derredor, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos; - pois, todo aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe. (S. MARCOS. cap. III, vv. 20, 21 e 31 a 35 - S. MATEUS, cap. XII, vv. 46 a 50.)
6. Singulares parecem algumas palavras de Jesus, por contrastarem com a sua bondade e a sua inalterável benevolência para com todos. Os incrédulos não deixaram de tirar daí uma arma, pretendendo que ele se contradizia. Fato, porém, irrecusável é que sua doutrina tem por base principal, por pedra angular, a lei de amor e de caridade. Ora, não é possível que ele destruísse de um lado o que do outro estabelecia, donde esta consequência rigorosa: se certas proposições suas se acham em contradição com aquele princípio básico, é que as palavras que se lhe atribuem foram ou mal reproduzidas, ou mal compreendidas, ou não são suas.
7. Causa admiração, e com fundamento, que, neste passo, mostrasse Jesus tanta indiferença para com seus parentes e, de certo modo, renegasse sua mãe.
Pelo que concerne a seus irmãos, sabe-se que não o estimavam. Espíritos pouco adiantados, não lhe compreendiam a missão: tinham por excêntrico o seu proceder e seus ensinamentos não os tocavam, tanto que nenhum deles o seguiu como discípulo. Dir-se-ia mesmo que partilhavam, até certo ponto, das prevenções de seus inimigos. O que é fato, em suma, é que o acolhiam mais como um estranho do que como um irmão, quando aparecia à família. S. João diz, positivamente (cap. VII, v. 5), "que eles não lhe davam crédito".
Quanto à sua mãe, ninguém ousaria contestar a ternura que lhe dedicava. Deve-se, entretanto, convir igualmente em que também ela não fazia ideia muito exata da missão do filho, pois não se vê que lhe tenha nunca seguido os ensinos, nem dado testemunho dele, como fez João Batista. O que nela predominava era a solicitude maternal. Supor que ele haja renegado sua mãe fora desconhecer-lhe o caráter. Semelhante ideia não poderia encontrar guarida naquele que disse: Honrai a vosso pai e a vossa mãe. Necessário, pois, se faz procurar outro sentido para suas palavras, quase sempre envoltas no véu da forma alegórica.
Ele nenhuma ocasião desprezava de dar um ensino; aproveitou, portanto, a que se lhe deparou, com a chegada de sua família, para precisar a diferença que existe entre a parentela corporal e a parentela espiritual.
A parentela corporal e a parentela espiritual
8. Os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porquanto o Espírito já existia antes da formação do corpo. Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho; ele mais não faz do que lhe fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto, auxiliar o desenvolvimento intelectual e moral do filho, para fazê-lo progredir.
Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas, também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação. Não são os da consanguinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de ideias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações. Segue-se que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue. Podem então atrair-se, buscar-se, sentir prazer quando juntos, ao passo que dois irmãos consanguíneos podem repelir-se, conforme se observa todos os dias: problema moral que só o Espiritismo podia resolver pela pluralidade das existências. (Cap. IV, nº 13.)
Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual. Foi o que Jesus quis tornar compreensível, dizendo de seus discípulos: Aqui estão minha mãe e meus irmãos, isto é, minha família pelos laços do Espírito, pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe.
A hostilidade que lhe moviam seus irmãos se acha claramente expressa em a narração de São Marcos, que diz terem eles o propósito de se apoderarem do Mestre, sob o pretexto de que este perdera o espirito. Informado da chegada deles, conhecendo os sentimentos que nutriam a seu respeito, era natural que Jesus dissesse, referindo-se a seus discípulos, do ponto de vista espiritual: "Eis aqui meus verdadeiros irmãos." Embora na companhia daqueles estivesse sua mãe, ele generaliza o ensino que de maneira alguma implica haja pretendido declarar que sua mãe segundo o corpo nada lhe era como Espírito, que só indiferença lhe merecia. Provou suficientemente o contrário em várias outras circunstâncias.
 
B - Questões para estudo e diálogo virtual:
 
1 – Como entender a frase de Jesus: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?”?
2 – O que é a parentela corporal e a parentela espiritual?
3 – Extraia do texto acima a frase ou parágrafo que mais gostou e justifique.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Solidão demais faz mal à saúde

Solidão demais faz mal à saúde


É possível ser feliz sozinho? Talvez. Mas parece que a sua saúde está mesmo em risco quando você se isola. Entenda por quê.

Por Helô D'Angelo


É importante tirar um tempo só para você. Mas ficar sozinho, all by yourself, o tempo todo pode ter impactos terríveis - como aumentar as chances de ataques cardíaco ou derrames, diminuir a expectativa de vida e piorar a sua imunidade. Sério mesmo.

O estudo mais recente que liga a solidão a problemas de saúde foi realizado em conjunto pelas universidades de York, Liverpool e Newcastle, na Inglaterra. Por meses, eles acompanharam o dia a dia de 181 mil pessoas, e descobriram que as que eram mais solitárias tinham mais problemas cardíacos e de circulação. A conclusão foi que quem vive sem amigos e longe da família tem 30% mais chances de ter um ataque cardíaco ou um derrame.

De acordo com a pesquisa, isso acontece porque as pessoas mais solitárias tendem a cultivar hábitos nocivos, como fumar, beber e não praticar esportes. Mas outros estudos já explicaram essa relação de uma forma mais orgânica: ter amigos diminui o nível de cortisol (hormônio ligado ao estresse) no organismo, o que minimiza os riscos de sofrer de problemas do coração.

Além disso, a solidão pode afetar a produção de glóbulos brancos, responsáveis pela defesa do corpo, que compromete a imunidade. O sono também piora, porque quando isolados, ficamos alerta o tempo todo e acabamos acordando por qualquer coisa - e dormir menos, como já sabemos, é péssimo para a saúde.

A Fundação Britânica do Coração, porém, não concorda com os números dos pesquisadores de York, Liverpool e Newcastle. Para a Fundação, não há como ter certeza se outros fatores influenciaram os resultados. Mas os impactos da solidão na saúde não são só teoria: eles já foram provados antes. Em 2012, uma pesquisa concluiu que morar sozinho corta, em média, 4 anos da vida das pessoas. E tem mais: entre jovens solitários, o risco de morte é 9% maior do que o de idosos que têm amigos. Outra prova de que morar sozinho faz mal vem da Universidade de Chicago, que afirma que isso mata mais do que a obesidade - e tem o mesmo efeito que fumar 15 cigarros por dia ou ser alcóolatra. Não tem como fugir: a solidão realmente faz mal à saúde.

Então, pelo amor da sua saúde, aproveite o próximo final de semana e troque a TV por um encontro com seus amigos.

Matéria publicada na Revista Superinteressante, em 20 de abril de 2016.

Claudio Conti* comenta

Espíritos ainda ligados a um mundo de expiação e provas, como o planeta Terra, apresentam dificuldades das mais variadas formas, dentre elas, a interação e o relacionamento com outros espíritos, sendo que a maior dificuldade existe com aqueles que pensam diferente.

Sem sombra de dúvidas que estamos encarnados neste mundo para compartilharmos ideias e experiências, todavia, isto nem sempre acontece de forma pacífica e profícua, demonstrando a nossa necessidade de desenvolver questões de extrema importância para o processo evolutivo pessoal. Pode-se dizer que estas questões são fundamentais para se alcançar patamares mais elevados da evolução espiritual.

Os conflitos que surgem nas relações entre espíritos são decorrentes da diversidade de ideias e de níveis evolutivos. Contudo, não se deve considerar que certo grau de harmonia entre espíritos somente pode ser alcançado quando todos compartilharem de condição evolutiva igual ou, ao menos, semelhante.

A harmonia somente poderá ser alcançada com o respeito mútuo, com cada qual sabedor dos seus deveres e de seus direitos, reconhecendo até onde pode ir sem interferir com os direitos alheios. Em suma, é necessário que se reconheça como parte integrante de um todo que, para o bom funcionamento, é necessário que cada qual faça o que lhe cumpre de forma organizada e eficiente e esta questão não necessariamente demanda um determinado nível evolutivo, podendo existir no ser em qualquer condição em que se encontrar.

Os sentimentos de dominação, megalomaníacos e egoísticos são geradores de profunda desordem interior, causando a perda sensível da noção da realidade ao redor, levando o enfermo às mais diferentes desordens comportamentais. Estes comportamentos doentios por parte de espíritos, dependendo da posição que ocupem na organização social, podem afetar profundamente a sociedade como um todo.

É preciso ter em mente que vivemos em um planeta cuja faixa evolutiva é relativamente larga, habitando espíritos que já alcançaram certo grau de discernimento e aqueloutros que possuem estruturas mentais ainda muito frágeis e, por isso, suscetíveis à influência externa. Neste contexto, é fundamental um sistema de crença e valores muito bem definido para o enfrentamento de ideias e conceitos tão discrepantes entre si para uma mesma questão, possibilitando a medida certa para uma interpretação mais correta.

Estas cisões vão ocorrendo gradativamente, muitas vezes sem que se perceba tanto a causa quanto as consequências, levando muitos ao isolamento decorrente da incapacidade de relacionamento com comportamentos e ideias tão variadas.

Outro fenômeno decorrente do comportamento atual é um tipo de interação que está se tornando muito comum, cuja característica principal é a superficialidade e a futilidade. Neste tipo de interação, o uso de redes sociais, por exemplo, se torna uma ferramenta vital, pois não há a necessidade de proximidade, do contato visual e de demonstração de sentimentos e emoções.

Obviamente que todo este comportamento doentio dos mais variados matizes vão “cobrar seu preço” invariavelmente na forma de enfermidades.

* Claudio Conti é graduado em Química, mestre e doutor em Engenharia Nuclear e integra o quadro de profissionais do Instituto de Radioproteção e Dosimetria - CNEN. Na área espírita, participa como instrutor em cursos sobre as obras básicas, mediunidade e correlação entre ciência e Espiritismo, é conferencista em palestras e seminários, além de ser médium pscógrafo e psicifônico (principalmente). Detalhes no site www.ccconti.com.

domingo, 12 de junho de 2016

Mural reflexivo: Dia dos namorados

Dia dos namorados 
E eis que chega, outra vez. Hoje haverá muitas flores, perfumes, presentes.
Jantares à luz de velas, abraços, expectativas.
O que será que ele me reserva, neste dia? Será que ela me surpreenderá de alguma forma especial?
Sim, embora esse apressar das coisas que vivemos no mundo, de muitos ficares, de conquistas apressadas e descomprometimentos, o amor continua na moda.
E basta se anunciar o Dia dos namorados para que o coração bata diferente.
O que será, desta vez? Ano passado, a gente nem estava junto e ele lembrou de me dar um presente. E este ano, como será?
O que eu poderia fazer, desta vez, para ser diferente? Já dei flores, já enviei cartão, já comprei perfume. Preciso pensar...
A origem do Dia dos namorados remonta ao século III da nossa era.
Conta-se que, durante o governo do Imperador Cláudio II, este proibiu a realização de casamentos em seu reino, com o objetivo de formar um grande e poderoso exército.
Cláudio acreditava que se os jovens não tivessem família, se alistariam com maior facilidade.
Apesar disso, um bispo romano continuou a celebrar casamentos, mesmo com a proibição do Imperador. Seu nome era Valentim e as cerimônias eram realizadas em segredo.
A prática foi descoberta, Valentim foi preso e condenado à morte.
Enquanto estava preso, muitos jovens lhe enviavam flores e bilhetes dizendo que eles ainda acreditavam no amor.
Entre as pessoas que deram mensagens ao bispo estava uma jovem cega: Assíria, filha do carcereiro.
Com a permissão do pai ela visitou Valentim na prisão. Os dois acabaram se apaixonando.
O bispo chegou a escrever uma carta de amor para a jovem com a seguinte assinatura: De seu Valentim, expressão que passou a significar De seu amor, De seu apaixonado.
Valentim foi decapitado em 14 de fevereiro de 270 d.C.
A partir de então, o dia de São Valentim, 14 de fevereiro, passou a ser tido como o Dia dos namorados.
Outra versão afirma que o costume de enviar mensagens amorosas, neste dia, não tem qualquer ligação com o santo, datando da Idade Média, quando se acreditava que o dia 14 de fevereiro assinalava o princípio da época de acasalamento das aves.
De toda forma, o mais importante é a manifestação do amor. É ter um dia, para aqueles de nós que andamos esquecidos de como é importante demonstrar que se ama.
Um dia para aqueles que adoram demonstrar que amam. Um dia para todos os casais namorados, noivos, casados.
Um dia especial para lembrar de como é bom amar. Como é bom ter alguém ao seu lado para dar e receber carinho.
E nesse dia, é bom recordar os tempos felizes de um início de namoro, de casamento.
E, se houver rusgas, que sejam desfeitas, com um abraço, um beijo, flores e ternura.
Porque, afinal é maravilhoso ter alguém para amar.
*   *    *
No Brasil, a data do Dia dos namorados é comemorada a 12 de junho, por ser a véspera do dia 13, dia de Santo Antônio.
É que Santo Antônio tem tradição de casamenteiro. Provavelmente, por suas pregações a respeito da importância da união familiar que, na época, era combatida pelos cátaros.
 
Redação do Momento Espírita.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 9, ed. Fep.