sábado, 29 de agosto de 2015

Estudo dirigido: O Evangelho segundo o Espiritismo

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EESE – Cap. XII – Itens 5 a 8
Tema:   Os inimigos desencarnados
            Se alguém vos bater na face direita, apresentai-lhe
            também a outra
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A - Texto de Apoio:

Os inimigos desencarnados

5. Ainda outros motivos tem o espírita para ser indulgente com os seus inimigos. Sabe ele, primeiramente, que a maldade não é um estado permanente dos homens; que ela decorre de uma imperfeição temporária e que, assim como a criança se corrige dos seus defeitos, o homem mau reconhecerá um dia os seus erros e se tornará bom.

Sabe também que a morte apenas o livra da presença material do seu inimigo, pois que este o pode perseguir com o seu ódio, mesmo depois de haver deixado a Terra; que, assim, a vingança, que tome, falha ao seu objetivo, visto que, ao contrário, tem por efeito produzir maior irritação, capaz de passar de uma existência a outra. Cabia ao Espiritismo demonstrar, por meio da experiência e da lei que rege as relações entre o mundo visível e o mundo invisível, que a expressão: extinguir o ódio com o sangue é radicalmente falsa, que a verdade é que o sangue alimenta o ódio, mesmo no além-túmulo. Cabia-lhe, portanto, apresentar uma razão de ser positiva e uma utilidade prática ao perdão e ao preceito do Cristo: Amai os vossos inimigos. Não há coração tão perverso que, mesmo a seu mau grado, não se mostre sensível ao bom proceder. Mediante o bom procedimento, tira-se, pelo menos, todo pretexto às represálias, podendo-se até fazer de um inimigo um amigo, antes e depois de sua morte. Com um mau proceder, o homem irrita o seu inimigo, que então se constitui instrumento de que a justiça de Deus se serve para punir aquele que não perdoou.

6. Pode-se, portanto, contar inimigos assim entre os encarnados, como entre os desencarnados. Os inimigos do mundo invisível manifestam sua malevolência pelas obsessões e subjugações com que tanta gente se vê a braços e que representam um gênero de provações, as quais, como as outras, concorrem para o adiantamento do ser, que, por isso; as deve receber com resignação e como consequência da natureza inferior do globo terrestre. Se não houvesse homens maus na Terra, não haveria Espíritos maus ao seu derredor. Se, conseguintemente, se deve usar de benevolência com os inimigos encarnados, do mesmo modo se deve proceder com relação aos que se acham desencarnados.

Outrora, sacrificavam-se vítimas sangrentas para aplacar os deuses infernais, que não eram senão os maus Espíritos. Aos deuses infernais sucederam os demônios, que são a mesma coisa. O Espiritismo demonstra que esses demônios mais não são do que as almas dos homens perversos, que ainda se não despojaram dos instintos materiais; que ninguém logra aplacá-los, senão mediante o sacrifício do ódio existente, isto é, pela caridade; que esta não tem por efeito, unicamente, impedi-los de praticar o mal e, sim, também o de os reconduzir ao caminho do bem e de contribuir para a salvação deles. E assim que o mandamento: Amai os vossos inimigos não se circunscreve ao âmbito acanhado da Terra e da vida presente; antes, faz parte da grande lei da solidariedade e da fraternidade universais.

Se alguém vos bater na face direita, apresentai-lhe também a outra

7. Aprendestes que foi dito: olho por olho e dente por dente. - Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal que vos queiram fazer; que se alguém vos bater na face direita, lhe apresenteis também a outra; - e que se alguém quiser pleitear contra vós, para vos tomar a túnica, também lhes entregueis o manto; - e que se alguém vos obrigar a caminhar mil passos com ele, caminheis mais dois mil. - Dai àquele que vos pedir e não repilais aquele que vos queira tomar emprestado. (S. MATEUS, cap. V, vv. 38 a 42.)

8. Os preconceitos do mundo sobre o que se convencionou chamar "ponto de honra" produzem essa suscetibilidade sombria, nascida do orgulho e da exaltação da personalidade, que leva o homem a retribuir uma injúria com outra injúria, uma ofensa com outra, o que é tido como justiça por aquele cujo senso moral não se acha acima do nível das paixões terrenas. Por isso é que a lei moisaica prescrevia: olho por olho, dente por dente, de harmonia com a época em que Moisés vivia. Veio o Cristo e disse: Retribui o mal com o bem. E disse ainda: "Não resistais ao mal que vos queiram fazer; se alguém vos bater numa face, apresentai-lhe a outra." Ao orgulhoso este ensino parecerá uma covardia, porquanto ele não compreende que haja mais coragem em suportar um insulto do que em tomar uma vingança, e não compreende, porque sua visão não pode ultrapassar o presente.

Dever-se-á, entretanto, tomar ao pé da letra aquele preceito? Tampouco quanto o outro que manda se arranque o olho, quando for causa de escândalo. Levado o ensino às suas últimas consequências, importaria ele em condenar toda repressão, mesmo legal, e deixar livre o campo aos maus, isentando-os de todo e qualquer motivo de temor. Se se lhes não pusesse um freio as agressões, bem depressa todos os bons seriam suas vítimas. O próprio instinto de conservação, que é uma lei da Natureza, obsta a que alguém estenda o pescoço ao assassino. Enunciando, pois, aquela máxima, não pretendeu Jesus interdizer toda defesa, mas condenar a vingança. Dizendo que apresentemos a outra face àquele que nos haja batido numa, disse, sob outra forma, que não se deve pagar o mal com o mal; que o homem deve aceitar com humildade tudo o que seja de molde a lhe abater o orgulho; que maior glória lhe advém de ser ofendido do que de ofender, de suportar pacientemente uma injustiça do que de praticar alguma; que mais vale ser enganado do que enganador, arruinado do que arruinar os outros. E, ao mesmo tempo, a condenação do duelo, que não passa de uma manifestação de orgulho. Somente a fé na vida futura e na justiça de Deus, que jamais deixa impune o mal, pode dar ao homem forças para suportar com paciência os golpes que lhe sejam desferidos nos interesses e no amor-próprio. Daí vem o repetirmos incessantemente: Lançai para diante o olhar; quanto mais vos elevardes pelo pensamento, acima da vida material, tanto menos vos magoarão as coisas da Terra.

B - Questões para estudo e diálogo virtual:

1 – Cite motivos pelos quais tem o espírita o dever de ser para ser indulgente com os seus inimigos.

2 – Como podemos compreender a máxima: “Se alguém vos bater na face direita, apresentai-lhe também a outra”?

3 – Extraia do texto acima a frase ou parágrafo que mais gostou e justifique.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB–1970 – CONCLUSÃO A007 – Examinando a obsessão - 3ª parte

 

Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

A007 – Examinando a obsessão - 3ª parte

Examinando a obsessão – parte 03

CONCLUSÃO

QUESTÕES PARA ESTUDO

1 – Que tipo de recomendações Manoel Philomeno traz para identificarmos uma possível obsessão e impedi-la em nós mesmos?

Em todas as citações cotidianas, Manoel Philomeno deixa claro qual é o sintoma da obsessão: um pensamento negativo que procura se impor, seja através do vício, da desconfiança sem motivo, da irritabilidade, etc. A obsessão, conforme temos estudado a definição kardequiana, é a ação persistente de um espírito sempre atrasado sobre um encarnado; este espírito, chamado obsessor, tentará agir através dos canais psíquicos, isto é, da sugestão telepática procurando impor sua vontade, a despeito da vontade do reencarnado.

2 – Que tipo de recursos possuímos, caso identifiquemos a influência de um espírito nos inspirando ideias fixas e ruins?

Se a linha de ação do obsessor será a sugestão psíquica negativa, transmitida telepaticamente, é certo que deverá ser estabelecida uma sintonia mínima entre obsessor/obsidiado para que, através dela, os pensamentos impositivos emitidos sejam recepcionados pela mente do reencarnado. A sintonia entre ambos tem por base a afinidade de aptidões, de imperfeições e paixões; do contrário, a onda psíquica emitida não encontra receptividade no encarnado. Portanto, que devemos fazer? Quebrar esta receptividade em nós mesmos através da procura da conduta cristã, alicerçada em virtudes eternas. Logo, devemos buscar a tríade: estudo, prece e trabalho fraterno; pouco a pouco, transformaremos nosso padrão de vibração espiritual, tornando-nos surdos aos apelos inferiores. É interessante a citação de Tiago, 1, 14: "cada um é tentado quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência."

3 – Qual a influência dos vícios no processo obsessivo? Por que isso acontece?

Os vícios apresentam importante papel no processo obsessivo, pois são grandes fatores de sintonia entre obsessor/obsidiado. Ora, com o tabagismo, a alcoofilia, a sexualidade perturbada, o consumo de drogas, etc apenas podemos esperar atrair espírito de baixa condição espiritual, porque presos às paixões terrenas; evidentemente, tais convivências cultivadas anos a fio estreitam os laços de sintonia para a obsessão, e, mais tarde, poderão ser portas escancaradas para a sugestão doentia. Não por acaso, os piores crimes são planejados e executados sob o bafejo dos vícios variados...

4 – Você tem dúvidas sobre o tema desta semana? Qual?

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Somos Legatários das Nossas Obras*

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Somos Legatários das Nossas Obras*

Jorge Hessen

Pesquisando aqui e ali esbarrei com histórias curiosas. Uma delas foi o recente reencontro entre dois amigos (ex-jogadores de futebol) que se uniram deslumbrados pela bola e após abandonarem os gramados seguiram rumos opostos. Seus nomes? Ronaldo Souza e Carlos Eduardo se conheceram na década de 1990 no pequeno time da Portuguesa da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro.

Contudo a vida dos dois tomaria caminhos diferentes: Carlos virou magistrado e Ronaldo traficante de drogas. Decorridos quase 20 anos, o caminho dos dois se cruzou outra vez e, graças à intervenção de Carlos (o magistrado), Ronaldo (o criminoso) ganhou o benefício de trabalhar fora da cadeia(1).
A história dos dois começou na juventude. Além da Portuguesa, a dupla atuou junto em outros times pequenos do Rio. Carlos jogava mais pela ala esquerda e Ronaldo era centroavante. Posteriormente, separados, eles passaram por vários clubes do Brasil. Carlos jogou no Vila Nova, Aracruz e União Barbarense, mas percebeu que o futebol não lhe daria equilíbrio financeiro. Estudou muito e se formou em direito e em seguida passou no concurso de juiz. Hoje, é o titular da vara de Execuções Penais e cuida dos cerca de 25 mil presos do Estado do Rio.
Ronaldo, porém, nos últimos anos de carreira, já desmotivado, começou a se envolver no submundo do crime. Foi preso em 2003. O processo criminal de Ronaldo caiu na mesa de Carlos em dezembro de 2014. Com um atestado de bom comportamento na prisão, Ronaldo solicitava o benefício de trabalhar fora da cadeia. Carlos, impedido de decidir por ter laços de amizade com Ronaldo, deixou o processo nas mãos de outro juiz. Mas, como titular da vara, foi ele quem assinou o documento que oficializou o benefício.
No dia do reencontro no fórum, Ronaldo parecia tenso, constrangido, mas a gratidão no rosto e nas palavras prevaleceram. Pronunciou ao amigo e então meritíssimo juiz que “na lei da semeadura colhemos o que semeamos, então temos que procurar plantar coisa boa, pra colher coisa boa, sei que infelizmente não plantei o melhor”. Após agradecer a oportunidade e relembrar os momentos de jogador, o tão esperado momento de sair do carceragem enfim aconteceu.
Outro episódio singular ocorreu na corte de justiça de Miami nos EUA, quando dois ex-colegas do “ginasial” se reencontraram em situações de vida bastante adversas. Em uma sessão, a juíza Mindy Glazer reconheceu Andy Booth (acusado de assalto e distúrbios na ordem de trânsito) – como seu ex-colega de turma. O acontecimento (difundido pelo You Tube) e citado pela imprensa internacional foi ainda mais impactante quando a juíza pronunciou, em palavras francas, que Booth era “o cara mais legal da escola”. Entretanto, diferente do desfecho entre o juiz Carlos e o traficante Ronaldo, ocorrido no Rio de Janeiro, lá nos EUA o assaltante Booth chorou muito diante da ex-colega de ginásio quando a reconheceu.
A juíza Glazer lastimou a situação do ex-colega de escola e aplicou-lhe a penalidade cabível, emitindo sinceros votos para que Andy conseguisse mudar o próprio futuro(2).
Tais fatos incomuns e inesperados foram amplamente divulgados, e valem como uma sentença para reflexões: a todo momento devemos fazer opções na vida e as alternativas cotidianas edificam nossa história. Gradativamente vamos bancando nossa caminhada e cada dia em que preenchemos os espaços da experiência com boas decisões precisa ser celebrado. A conquista de uma situação social digna e segura é erigida palmo a palmo, dia após dia, insistindo no caminho do esforço e do bem.
Na Lei de Causa e Efeito estão compendiadas as dinâmicas que harmonizam as demandas ético-morais. Compreendemos que a justiça humana está apoiada na legislação terrestre, sob códigos judiciais instituídos pelos juristas. Quando há uma demanda qualquer, os conhecedores desses códigos analisam o processo, julgam e decidem os corretivos aplicáveis ao réu. A justiça dos homens se alicerça no arbítrio e segundo a visão dos meritíssimos.
Contudo, considerando a justiça divina a apreciação das infrações tem outra conotação. Os efeitos dos atos se dão de forma direta e natural, sem intercessores. Numa falta, a punição se situa de modo adequado e interrompe espontaneamente, com os mecanismos do arrependimento eficaz, da expiação e da reparação do erro. Nos códigos da justiça divina não há dois pesos e duas medidas. Inexiste espaço para injustiças e as leis são inabaláveis e não podem ser burladas. As leis divinas não admitem exceções, nem concessões. Todavia, como reconhecer essas leis? Ora, auscultando a consciência, que é onde está escrito o código divino.
Se sabemos que as consequências dos nossos atos ocorrerão, que somos herdeiros das nossas obras, podemos suscitar, se quisermos, efeitos suaves para o futuro. Se hoje padecemos as sequelas de atos equivocados já cometidos, basta enfrentar os efeitos, sem nos queixar dos sofrimento, e agir com um comportamento ético-moral harmônico com o resultado que aspiramos conseguir amanhã.
No campo moral a justiça divina rege a vida humana, distribuindo a cada um segundo as próprias obras, sem intermediários. Destarte, se desejamos um futuro próspero, procuremos acertar nossos passos em consonância com a consciência, que é sempre um guia infalível onde estão grafadas as leis do Criador.
E, se não tivermos certeza de como agir corretamente, recordemos aquela regra de ouro: “façamos aos outros o que gostaríamos que os outros nos fizessem”(3), e não há como errar.

Referências:

1 - Disponível em http://globoesporte.globo.com... acesso 28/07/15.
2 - Disponível em
http://revistamarieclaire.globo.com... acesso em 28/07/15.
3 - Mateus 7:12.

17 de agosto 2015

* Publicado originalmente no portal Rede Amigo Espírita

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Ivan Franzolim - Pesquisa Espírita 2015 - Concluída

---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Ivan Franzolim
Assunto: Pesquisa Espírita 2015 - Concluída

Colega espírita,

Graças a ajuda de muitos espíritas como você, o projeto de realizar uma pesquisa nacional foi realizado com sucesso.

Agradeço muito a sua participação.

Agora estou na fase de divulgar e oferecer as informações para que o Movimento Espírita possa fazer bom uso deles em suas ações de comunicação.

Conforme prometido, seguem os links abaixo para você acompanhar os resultados da pesquisa.

Os resultados mostram dados interessantes e boa parte deles seguem as tendências já detectadas no Censo 2010, mas há novidades.

A análise de clusters conseguiu segregar 5 grupos distintos de espíritas:

Grupo A - Os Contestadores [7%]

Grupo B - Os Dirigentes [26%]

Grupo C - Os Convertidos [24%]

Grupo D - Os Frequentadores [33%]

Grupo E - Os Pensadores [17%]

Permaneço à disposição para esclarecimentos adicionais.

Um grande abraço,

Ivan Franzolim (SP)

Escritor, pesquisador e orador espírita

Pós graduado em Marketing e Comunicação Social

http://franzolim.blogspot.com.br/

Links para as matérias relacionadas à Pesquisa Espírita 2015:

Pesquisa para Espíritas [1/5]

http://franzolim.blogspot.com.br/2015/08/pesquisa-para-espiritas-15.html?view=sidebar

Como foi fazer a Pesquisa para Espíritas [2/5]

http://franzolim.blogspot.com.br/2015/08/como-foi-fazer-pesquisa-para-espiritas.html?view=sidebar

Resultados da Pesquisa para Espíritas de 2015 [3/5]

http://franzolim.blogspot.com.br/2015/08/resultados-da-pesquisa-para-espiritas.html?view=sidebar

Grupos identificados na Pesquisa para Espíritas [4/5]

http://franzolim.blogspot.com.br/2015/08/grupos-identificados-na-pesquisa-para.html?view=sidebar

Tabulação dos dados da Pesquisa Espírita 2015 [5/5]

http://franzolim.blogspot.com.br/2015/08/tabulacao-dos-dados-da-pesquisa.html?view=sidebar

domingo, 23 de agosto de 2015

Estudo da FFLCH analisa pluralidade do espiritismo kardecista

Foto: Valéria Dias

Estudo da FFLCH analisa pluralidade do espiritismo kardecista

Publicado em Sociedade, USP Online Destaque por Agência USP de Notícias em 21 de julho de 2015

 

Ao contrário do catolicismo e do protestantismo, o espiritismo kardecista é uma religião sem corpo eclesiástico definido. Para entender as formas de autoridade existentes na doutrina, a socióloga Célia da Graça Arribas reconstruiu a história dessa religião ao longo do século 20 a fim de compor o cenário e o elenco espíritas, e como esses personagens atuaram no período. Os dados estão em sua pesquisa de doutorado defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Quase 4 milhões de brasileiros se declararam espíritas no último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Apesar de não ter um corpo eclesiástico definido, algumas pessoas dentro da doutrina têm o poder de ditar regras, normas e práticas que estão, muitas vezes, em contraste com as ideias originais de Allan Kardec, o decodificador da doutrina espírita”, explica a socióloga.

Célia pesquisou jornais, livros e periódicos espíritas do século 20, principalmente entre 1920 e 1960, a fim de reconstituir historicamente o cenário, e identificar os principais atores que influenciaram a religião, assim como o surgimento das federações, uniões e ligas. A partir daí, a socióloga identificou três tipos de “autoridades” do espiritismo kardecista: a institucional (burocrático-legal), a carismática (mediúnica) e a intelectual. “Meu foco recaiu sobretudo em cima da autoridade intelectual: como ela funciona e de como e onde angaria legitimidade. Para melhor explicar e compreendê-la, elegi os nomes de José Herculano Pires e Edgard Armond como exemplos a serem estudados, de modo que eu pudesse elucidar de forma mais clara a minha caracterização de autoridade intelectual”, esclarece.

Autoridade intelectual