sábado, 27 de agosto de 2016

Espiritirinha


Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão - CONCLUSÃO - A020 – Cap. 6 – No Anfiteatro – Segunda Parte

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

A020 – Cap. 6 – No Anfiteatro – Segunda Parte


CONCLUSÃO

1.     O que acontecia no anfiteatro?
No antifeatro, havia um julgamento de Espíritos que cometiam erros perante as Leis Divinas. Teofrastus que era conhecedor da hipnose e das técnicas obsessivas, aplivava penas a esses Espíritos que eram trazidos, mediante o argumento de que a vingança era um “dever”.

2.     Por que razão a mulher desencarnada era tão fortemente influencida por Teofrastus?
       Esta mulher possuía a culpa dentro de si mesma, perante os erros cometidos. Além de ter cometido 6 abortos, consta no texto que vivia uma vida de “abominação” ou seja, completamente distanciada da “responsabilidade perante os próprios atos”.


3.     Que tipo de argumento Teofrastus utilizava para prejudicar encarnados e desencarnados?
Teofrastus falava em nome da Justiça como argumento para a vingança, sem se dar conta de que todos nós estamos amparados pela Justiça de Divina e que a cada um segundo as suas obras.

4.     Como o Espiritismo pode ser uma eficiênte terapêutica para o Espírito?

O Espiritismo nos esclarece sobre como manter a nossa mente higienizada de forma que impeça o assédio de Espíritos obsessores.
A prece é sempre o apoio que todos temos a nossa favor e ao buscarmos atitudes corretas, exercendo o amor e a caridade, criamos barreiras a influencia de Espíritos que buscam prejudicar.


Não há força operante no mal que consiga penetrar numa mente assepsiada pelas energias vitalizadoras do otimismo, que se adquire pela irrestrita confiança em Deus e pela prática das ações da solidariedade e da fraternidade.”



Um abraço a todos!
Equipe Manoel Philomeno


sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Veja o vídeo AQUI

Dois homens, ambos gravemente doentes, com muitas dores, sofrendo muito, estavam no mesmo quarto de hospital.
Um deles, podia sentar-se na sua cama durante uma hora, todas as tardes, para que os fluidos circulassem nos seus pulmões. A sua cama estava junto à única janela do quarto.
O outro homem tinha de ficar sempre deitado de costas. Os homens conversavam horas a fio. Falavam das suas mulheres e famílias, das suas casas, dos seus empregos, onde tinham passado as férias... Todas as tardes, quando o homem da cama perto da janela se sentava, ele passava o tempo a descrever ao seu companheiro de quarto, todas as coisas que ele conseguia ver do lado de fora da janela.
O homem da cama do lado, aquele que não podia se mover, começou a viver à espera desses períodos de uma hora, em que o seu mundo era alargado e animado por toda a atividade e cor do mundo do lado de fora da janela. A janela dava para um parque com um lindo lago. Patos e cisnes chapinhavam na água enquanto as crianças brincavam com os seus barquinhos. Jovens namorados caminhavam de braços dados por entre as flores de todas as cores do arco-íris. Árvores velhas e enormes acariciavam a paisagem, e uma tênue vista da silhueta da cidade podia ser vista no horizonte.
Enquanto o homem da cama perto da janela descrevia isto tudo com extraordinário pormenor, amor e carinho, o homem no outro lado do quarto fechava os seus olhos e imaginava a pitoresca cena; viajava e sonhava com o mundo lindo visto da janela.
Um dia, o homem perto da janela descreveu um desfile que ia a passar.
Embora o outro homem não conseguisse ouvir a banda, ele conseguia vê-la e ouvi-la na sua mente, enquanto o outro senhor a refratava através de palavras bastante descritivas.
Dias e semanas passaram com este lindo ato de amor.
Uma manhã, a enfermeira chegou ao quarto trazendo água para os seus banhos, e encontrou o corpo sem vida do homem perto da janela, que tinha falecido calmamente enquanto dormia. Ela ficou muito triste e chamou os funcionários do hospital para que levassem o corpo.
Logo que lhe pareceu apropriado, o outro homem perguntou se podia ser colocado na cama perto da janela. A enfermeira disse logo que sim e fez a troca.
Lentamente, e cheio de dores, o homem ergueu-se, apoiado no cotovelo, para contemplar o mundo lá fora. Fez um grande esforço e calmamente olhou para o lado de fora da janela... que dava, afinal, para uma parede de tijolo! Que surpresa...
O homem perguntou à enfermeira o que teria feito com que o seu falecido companheiro de quarto, lhe tivesse descrito coisas tão maravilhosas do lado de fora da janela.
A enfermeira respondeu que o homem era cego e estava muito doente, sabia que estava no fim da vida e nem sequer conseguia ver a parede:
“Talvez ele quisesse apenas dar-lhe coragem para que você pudesse suportar tantas dores e sofrimentos...”. (disse a enfermeira)

MORAL DA HISTÓRIA
Há uma felicidade tremenda em fazer os outros felizes, apesar dos nossos próprios problemas. A dor partilhada é metade da tristeza, mas a felicidade, quando partilhada, é o dobro de alegria.
“O dia de hoje é uma dádiva, por isso é que lhe chamam presente.”

E aí! Já leu?!

Raphael Vivacqua Carneiro indica:




Olá, amigos!
 
Compartilho com vocês  o livro “Fundamentação da Ciência Espírita”, editado pela Lachâtre em 2003. O autor Carlos Loeffler é espírita, radicado em Vitória/ES, professor e pesquisador da UFES, doutor em engenharia de estruturas.
 
Como o próprio título indica, considero que este livro apresenta uma base fundamental para quem deseja realizar pesquisa espírita de forma consistente.

Baixei o livro a partir do site da Biblioteca Virtual Espírita. O link para download é:
 
 
Abraços, Raphael


quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Papo informal: a fé cega e a fé racional

Bom dia pessoal
Gostaria de sugerir um novo tema para debate.
A fé cega, e a fé racional, até que ponto nós que nos denominamos espíritas estudiosos, estamos dispostos a abrir mão de crenças enraizadas, em nome das comprovações da ciência ou da historia.
Isso vem me chamando a atenção em nosso meio, porque não raro percebermos renitência a fatos comprovados, mesmo com a celebre e humilde postura tomada por Kardec quando diz que o espiritismo é uma doutrina aberta, e que pode ser corrigida quando houver comprovação.
O que vocês têm enfrentado nesse aspecto? O que acham? E como devemos nos colocar diante de um espírita que não aceita questionamentos e que muitas vezes se coloca em "posição" superior, sem dar a chance sequer para um debate?
Abraços
Paty
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Bom dia todos,

Para melhor compreensão da proposta da Paty, seria interessante e produtivo relacionar os fatos comprovados aludidos e em desacordo com a visão ou entendimento espírita. 

Abraços,

Paulo
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Ola Paulo
Coloquei de uma forma geral, pois tenho me deparado com muitos assuntos, e acho que todos são importantes o debate. Mas um, por exemplo, com o qual me deparei esta semana, foi o Evangelho de Judas, pessoas espíritas que conheço simplesmente abominavam até mesmo a ideia de ler a respeito, colocando a alcunha de traidor e ponto. Isso me chamou a atenção pois pensei o seguinte: e se de fato houver uma mudança na historia de Jesus que mudasse as visões dos fatos, o que isso impactaria para nós, estamos realmente abertos a novos pensamentos, livres de dogmas?
Entre outras várias situações que deparo com posições orgulhosas extremamente renitentes a possíveis mudanças, exercendo posições de lideranças em nosso meio. Que consequências teremos disso?
Então resolvi propô-los a uma conversa, para ouvir demais opiniões que sempre me parecem muito lúcidas e eficazes, principalmente quanto a como devemos nos comportar diante dessas vertentes.
Abraços
Paty
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Olá, Paty

Veja, eu entendi que o essencial de suas colocações se refere muito mais a comportamentos e atitudes de algumas pessoas, uma espécie de aversão ao simples exame de teses e novas possibilidades, do que a fatos comprovados que pudessem se contrapor às nossas “verdades”.

Penso que isso é normal, próprio da natureza humana, vamos encontra-los em qualquer ambiente que frequentemos, pois as religiões, doutrinas, seitas também abrigam todo tipo de indivíduos, consciências abertas, fechadas, humildes, arrogantes, boas e más, refletem em ponto pequeno a diversidade do planeta e o Espiritismo não é uma exceção. Concordo que Kardec alertou sobre isso, mas alguns seguem e outros não, nessa hora fala mais alto a imperfeição do ser; se temos dificuldades em mudar a nós mesmos, que dirá mudar o outro.

Particularmente adoro temas instigantes e me sinto mais espírita do que nunca agindo assim, sendo confrontado naquilo que até então entendia como pacificado, acima de qualquer dúvida. Mas se outras pessoas pensam diferente, não vou bater de frente, não será um ponto de discórdia e vou procurar aqueles dispostos a debater, estudar junto comigo essas questões. Você sempre poderá propor a todo o grupo, mas não espere unanimidade, ela dificilmente virá. A consequência disso é a manutenção do livre arbítrio, não podemos esquecer que nosso aperfeiçoamento se dá no coletivo, mas é individualmente que crescemos. Não sei se isso ajuda, mas é a minha contribuição. :)

Abraço,

Paulo
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Gostei Paulo,
Também gosto dos temas instigantes, investigativos, de muita pesquisa e observação, não gosto do prontinho, do resumido, e quanto mais melhor. Isso é que nos faz evoluir, crescer, conhecer.
Infelizmente realmente temos que respeitar e considerar o nível de cada um, mas confesso que parece que sinto minhas asas amarradas quando me deparo com essas situações.
E confesso que acho extremamente prejudicial ao movimento esse perfil radical adotado por dirigentes de estudo e muitas vezes como filosofia geral de algumas casas,  fazendo o tal igrejismo espirita.
Esquecendo totalmente dos demais aspectos doutrinários da ciência e filosofia.
Outro assunto que escutei verdadeiras aversões e abominação total do debate, foi Transcomunicação instrumental.
Abraços




quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Estudo dirigido: O Evangelho segundo o Espiritismo

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EESE – Cap. XV – Itens de 4 a 7
Tema: O mandamento maior
          Necessidade da caridade, segundo S. Paulo

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A - Texto de Apoio:
O mandamento maior

4. Mas, os fariseus, tendo sabido que ele tapara a boca aos saduceus, se reuniram; e um deles, que era doutor da lei, foi propor-lhe esta questão, para o tentar: -Mestre, qual o grande mandamento da lei? - Jesus lhe respondeu: Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito. - Esse o maior e o primeiro mandamento. - E aqui está o segundo, que é semelhante ao primeiro: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. - Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos. (S. MATEUS, cap. XXII, vv. 34 a 40.)

5. Caridade e humildade, tal a senda única da salvação. Egoísmo e orgulho, tal a da perdição. Este princípio se acha formulado nos seguintes precisos termos: "Amarás a Deus de toda a tua alma e a teu próximo como a ti mesmo; toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos." E, para que não haja equívoco sobre a interpretação do amor de Deus e do próximo, acrescenta: "E aqui está o segundo mandamento que é semelhante ao primeiro" , isto é, que não se pode verdadeiramente amar a Deus sem amar o próximo, nem amar o próximo sem amar a Deus. Logo, tudo o que se faça contra o próximo o mesmo é que fazê-lo contra Deus. Não podendo amar a Deus sem praticar a caridade para com o próximo, todos os deveres do homem se resumem nesta máxima: FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO.

Necessidade da caridade, segundo S. Paulo

6. Ainda quando eu falasse todas as línguas dos homens e a língua dos próprios 
anjos, se eu não tiver caridade, serei como o bronze que soa e um címbalo que retine; -ainda quando tivesse o dom de profecia, que penetrasse todos os mistérios, e tivesse perfeita ciência de todas as coisas; ainda quando tivesse a fé possível, até o ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou. - E, quando houver distribuído os meus bens para alimentar os pobres e houvesse entregado meu corpo para ser queimado, se não tivesse caridade, tudo isso de nada me serviria.
A caridade é paciente; é branda e benfazeja; a caridade não é invejosa; não é temerária, nem precipitada; não se enche de orgulho; - não é desdenhosa; não cuida de seus interesses; não se agasta, nem se azeda com coisa alguma; não suspeita mal; não se rejubila com a injustiça, mas se rejubila com a verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre.
Agora, estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade permanecem; mas, dentre elas, a mais excelente é a caridade (S. PAULO, 1ª Epístola aos Coríntios, cap. XIII, vv. 1 a 7 e 13.)

7. De tal modo compreendeu S. Paulo essa grande verdade, que disse: Quando mesmo eu tivesse a linguagem dos anjos; quando tivesse o dom de profecia, que penetrasse todos os mistérios; quando tivesse toda a fé possível, até ao ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou. Dentre estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade, a mais excelente é a caridade. Coloca assim, sem equívoco, a caridade acima até da fé. É que a caridade está ao alcance de toda gente: do ignorante, como do sábio, do rico, como do pobre, e independe de qualquer crença particular.
Faz mais: define a verdadeira caridade, mostra-a não só na beneficência, como também no conjunto de todas as qualidades do coração, na bondade e na benevolência para com o próximo.

B - Questões para estudo e diálogo virtual:

1 – Comente a frase: “Caridade e humildade, tal a senda única da salvação”.
2 – Dentre as virtudes, por que a caridade é colocada acima até mesmo da fé?
3 – Extraia do texto acima a frase ou parágrafo que mais gostou e justifique. 

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão - A020 – Cap. 6 – No Anfiteatro – Segunda Parte

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

A020 – Cap. 6 – No Anfiteatro – Segunda Parte


Não havia tempo para maiores elucubrações, pois nesse momento deu entrada no recinto singular cortejo formado por um grupo grotesco, estranhamente vestido, sustentando um sólio sob colorido pálio, em cujo assento se encontrava hedionda personagem. Trajando roupa de cor berraste, que variava do arroxeado ao negro, osten­tava grosseiro paludamento que lhe caia dos ombros e era sustido pelo braço esquerdo. O semblante aberto num sorriso que mais parecia um esgar, não ocultava a ferocidade brilhante nos dois olhos quase oblíquos, que se destacavam na face gorda e macilenta, sob uma testa larga, de raros fios de cabelos empastados... Bigodes abundantes se perdiam nas suíças extravagantes, com­pletando a visão terrificante e macabra.
O  préstito bizarro voluteou por três vezes o picadeiro e se aquietou ao centro, transferindo-se o temível dou­tor Teofrastus para um palanque adredemente armado, com gestos vulgares e ridículos. Houve um súbito si­lêncio feito de expectativa e receio.
Voltando-se para a multidão, começou a falar, atra­vés de um microfone que levava a sua voz às galerias, por meio de vários projetores de som, de alta potência.
As palavras duras e impiedosas exprobravam os que se atemorizavam ante o cumprimento do «dever da vingança», explodindo ameaças e exibindo toda a prepotência de que se supunha possuir.
O  silêncio era aterrador. Nenhum som, nenhuma galhofa, exceto, de quando em quando, alguns gritos de terror que partiam das arquibancadas...
Temos hoje um caso de Justiça... — reticenciou.
E para fazer-se mais temerário, apostrofou:
Julgaremos uma criminosa que chegou da Terra para os nossos presídios, há quase um ano...
Apareceram os que se poderiam chamar jurados, que tomaram lugar em assentos reservados, um acusa­dor, duas testemunhas — uma de lamentável aspecto Iacerado, e a outra, apenas uma pasta informe, perispi­ritual, estiolada, que, mantida numa cesta nauseante, foi colocada sobre uma mesa, em destaque, no centro do proscênio.
Algemada e atada a uma corrente, jovem mulher de uns quase 35 anos foi trazida, acolitada por dois guardas e conduzida ao palco da triste encenação.
O  semblante desencarnado e a expressão de loucura deformavam-na em grande parte. Andrajosa e imunda, quase rastejava, minada pela ausência de forças.
O  simulacro de julgamento era decerto confran­gedor.
A infeliz relanceou os olhos baços várias vezes, tra­duzindo o quanto de sofrimento lhe invadia o ser.
O  acusador, empertigado e ferino, narrou:
Esta mulher vem da Terra, após uma vida de abominação.
«Enganando-se, quanto pôde, entregou-se a toda es­pécie de prazeres, assistida de perto por diversos coope­radores da nossa Organização, após os seus primeiros crimes.
«Tendo oportunidade de fazer-se mãe, seis vezes con­secutivas, delinqüiu em todas elas, evadindo-se, pelo in­fanticídio, a qualquer responsabilidade para com os pró­prios atos.
«Na última vez, fez-se vítima da própria leviandade e desencarnou após terrível e demorada hemorragia que lhe roubou toda possibilidade de sobrevivência.
«Dentre os a quem ela impediu voltassem à carne, aqui estão duas vítimas suas, em diferentes estados: um conseguiu retomar a forma anterior, mas apresenta os sinais das lâminas que lhe romperam o corpo em formação; o outro ainda dorme, hibernado, na forma desfigurada, graças ao despedaçamento sofrido, no ato do aborto.
«Logo despertou, porém, no túmulo, alguns dias após o desenlace, acreditando-se viva no corpo — igno­rante das realidades espirituais —, um soldado nosso deu-lhe «voz de prisão» pelos crimes cometidos e, al­gemando-a, trouxe-a ao cárcere, em que tem estado até este momento.
«A sua primeira vítima, que pertencia aos nossos quadros, apresentou queixa, há muito, o que nos levou a assisti-la por alguns anos e agora nos reunimos para fazer justiça. »
O pobre espírito assistia a tudo, quase sem se aper­ceber. Parecia semidesvairado, recolhendo a muito es­forço mental algumas expressões esparsas, que no en­tanto não conseguia coordenar...
Os insultos e doestos choviam, atirados em abun­dância.
A testemunha fez chocante narração, várias vezes interrompida pelo vozerio das galerias, após o que, uma voz se destacou na bulha, anunciando o veredicto:
Culpada!
Gargalhadas estridentes espoucaram de todos os lados.
O Dr. Teofrastus ergueu-se e, depois de receber mesuras dos comparsas, sentenciou:
Façamos com ela, o que no íntimo sempre foi: uma loba!
Acercou-se da sofrida entidade e, fitando-a, escar­necedor, passou a ofendê-la, vilmente.
A vítima não apresentou qualquer reação. Era como se a sua visão se encontrasse longe, a fixar as evoca­ções dos abortos delituosos a que se entregara nos dias de insensatez, que ficaram para trás, mas que não se consumiram...
Obrigando-a a ajoelhar-se, enquanto lhe estrugia no dorso longo chicote sibilante, ordenou, de voz ester­torada:
Víbora infeliz! Devoradora dos próprios filhos! Toma a tua forma... a que já tens na mente atormen­tada.
A tua justiça é a tua consciência... Obedece, ser­pente famélica!»
A voz, impregnada de pesadas vibrações deletérias e vigorosas, dobrava os centros de parca resistência pe­rispiritual da atormentada, e, diante dos nossos olhos, ao comando do sicário cruel, que se utilizava de proces­sos hipnóticos deprimentes, atuava no subconsciente pe­rispiritual abarrotado de remorso da infanticida, impri­mindo-lhe a tragédia da mutação da forma, num hor­rendo fenômeno de licantropia, dos mais lacerantes...
Choros convulsivos e gritos irromperam simultâ­neos das arquibancadas. A altercação foi geral. Repentinamente escutaram-se cirenes de alarme, e a pertur­bação se fez total...
Saturnino, a meia voz, buscou acalmar-nos, adu­zindo explicações:
—  A visão horrenda para todos nós produziu em algumas centenas de reencarnados aqui presentes, cons­tringidos pelas forças obsessivas nas quais se encontram subjugados aos seus verdugos, choques muito profundos e violentos, que os recambiaram inopinadamente ao corpo — abençoada cidadela de defesa que a vida nos con­cede para aprender e recomeçar...
Despertarão, ex­tremunhados, esses espíritos, mesmo os que conservam a demência nos registros da consciência retornando de estranhos e terríveis pesadelos, banhados por álgidos suores, amedrontados, chorosos, desesperados...
E desejando esclarecer-nos com as sábias lições, con­tinuou, enquanto os distúrbios prosseguiam:
—  Nesse sentido, é que o conhecimento do Espiri­tismo realiza a melhor terapêutica para o espírito, hi­gienizando-lhe a mente, animando-o para o trabalho reto e atitudes corretas e sobretudo dulcificando-o pelo exercício do amor e da caridade, como medidas provi­denciais de reajustamento e equilíbrio. Não há força operante no mal que consiga penetrar numa mente as­sepsiada pelas energias vitalizadoras do otimismo, que se adquire pela irrestrita confiança em Deus e pela prá­tica das ações da solidariedade e da fraternidade.
E dando mais ênfase ao ensino, arrematou:
—  Aliando o esforço que cada um deve envidar a benefício próprio, a prece é a fonte inexaurível que irriga o ser, renovando-o e aprimorando-o, ensejando também, logo após depurar-se, a plainar além dos reveses e tro­pelias, arrastado pelas sutis modulações das Esferas Su­periores da Vida, onde haure vitalidade e força para superar todos os empeços.
Paulatinamente a ordem foi restabelecida, conquanto a evasão dos encarnados fosse muito expressiva, na busca desesperada de refúgio nos corpos.
A cena estranha Continuou por mais alguns momen­tos e o atormentado espírito da mulher-lobo foi, por de­terminação do chefe, remetido ao interior para ser co­locado em defesa do anfiteatro.
Houve, ainda, algumas outras demonstrações de hip­nose elementar e grosseira, porém de efeito na multi­dão, atônita, quando o espetáculo foi encerrado, após a saída do infame séquito e do seu famanaz.
Um tanto deprimidos, saímos, também, e voltando a respirar o hálito da Natureza, quando chegamos àpraça em que se encontrava a União Espírita Baiana, depois da Jornada pelo mesmo processo, adentramo-nos, para receber energias revitalizantes e esclarecimentos finais do vigilante Benfeitor.
Recompondo o círculo e carinhosamente recebidos pelos que ficaram, fomos concitados à oração, após o que Saturnino, empenhado em esclarecer-nos, elucidou, pausado:
Aparentemente, os infelizes companheiros que mourejam no Anfiteatro constituem segura organização a serviço do mal. Adestrados na prática da ignomínia, supõem-se preparados para investir contra os espíritos atormentados que gravitam em ambos os lados da vida, imanados às paixões que os consomem, paixões cujo comportamento facilmente sintonizam com eles e outros afins, caindo-lhes nas malhas vigorosas que, em última análise, se transformam em instrumentos de que se uti­liza a Lei Divina para corrigir os que ainda preferem os tortuosos caminhos... Muito tempo se passará até que as Leis de Amor, Leis da Vida, portanto, se esta­beleçam em definitivo entre nós... Convém considerar que só o bem tem características de perfeição, por ser obra de Deus, que é Perfeito. O mal, engendrado pelo espírito atribulado, opera por métodos de violência e, dessa forma, é falho, o que atesta a sua procedência. Não fosse isso e não nos poderíamos ter adentrado no recinto das intervenções malignas, pois que o. psicovi­brômetro ter-nos-ia denunciado... À semelhança de um contacto Geiger que detecta a radioatividade, o psicovi­brômetro obedece ao mesmo princípio, tendo, porém, as características magnéticas que registam a psicosfera dos que dele se acercam, detectando as vibrações mais sua­ves que, então, disparam a agulha que incide numa “re­lay” que, por sua vez, comanda um circuito de alarmes espalhados nas dependências adjacentes...
Como pro­curamos sintonizar com o meio ambiente em que nos en­contrávamos e aspirando os mesmos resíduos espalha­dos no ar, mergulhamos, naturalmente, em densas ondas de baixo teor vibratório que nos envolveram a todos, sendo que nós, Ambrósio e Glauco, passamos a sofrer os mal-estares compreensíveis, a que Guilherme por sin­tonia constante está habituado e os demais encarnados do Grupo, graças à condição do corpo orgânico não experimentaram maior choque, permanecendo, momenta­neamente, no mesmo teor de energias deprimentes, que impediram a oscilação da agulha de registro do aparelho... Fosse, porém, o inverso, isto é: se o aparelho detectasse vibrações de baixo tom vibratório, nenhuma Entidade das que ali se encontravam, desejando violar recintos Superiores, poderia sutilizar o padrão da sua psicosfera para criar condição mais elevada. Sem dú­vida que toda ascensão é lenta e áspera... Agradeça­mos, portanto, ao Senhor. Teremos ensejo de retornar ao Anfiteatro, oportunamente, para prosseguir observa­ções e tarefas, quando, então, o irmão Glauco desempe­nhará função específica junto ao nosso irmão Teo­frastus...
Os trabalhos foram encerrados quando os primeiros raios da Alva venciam a teimosia da noite.
Reconduzidos ao corpo, particularmente nossa pes­soa conservou lembranças dolorosas e angustiantes. O dia nos foi de inquietação e distonia emocional, como se a noite nos houvesse ofertado cruéis pesadelos, de cuja visão confusa não nos podíamos libertar.


Texto complementar para nosso esclarecimento:

Zoantropia -1. Perturbação mental em que o enfermo se acredita convertido num animal. 2. Metamorfose perispirítica, através de processo de indução hipnótica, em que o Espírito desencarnado, ainda inferiorizado, ganha a forma animalesca.

Em ‘O Livro dos Médiuns’, cap. VI, temos:

30ª Poderiam os Espíritos apresentar-se sob a forma de animais?
Isso pode dar-se; mas somente Espíritos muito inferiores tomam essas aparências. Em caso algum, porém, será mais do que uma aparência momentânea. Fora absurdo acreditar-se que um qualquer animal verdadeiro pudesse ser a encarnação de um Espírito. Os animais são sempre animais e nada mais do que isto.”

André Luiz no livro ‘Nos Domínios da Mediunidade, cap. 13:

A obsessão é sinistro conúbio da mente com o desequilíbrio comum às trevas. Pensamos, e imprimimos existência ao objeto idealizado. A resultante visível de nossas cogitações mais íntimas denuncia a condição espiritual que nos é própria, e quantos se afinam com a natureza de nossas inclinações e desejos aproximam-se de nós, pelas amostras de nossos pensamentos.
Se persistimos nas esferas mais baixas da experiência humana, os que ainda jornadeiam nas linhas da animalidade nos procuram, atraídos pelo tipo de nossos impulsos inferiores, absorvendo as substâncias mentais que emitimos e projetando sobre nós os elementos de que se fazem portadores.
Imaginar é criar.
E toda criação tem vida e movimento, ainda que ligeiros, impondo responsabilidade à consciência que a manifesta. E como a vida e o movimento se vinculam aos princípios de permuta, é indispensável analisar o que damos, a fim de ajuizar quanto àquilo que devamos receber.
Quem apenas mentalize angústias e crime, miséria e perturbação, poderá refletir no espelho da própria alma outras imagens que não sejam as da desarmonia e do sofrimento?

  
QUESTÕES PARA ESTUDO E DIÁLOGO VIRTUAL

1.     O que acontecia no anfiteatro?
2.     Por que razão a mulher desencarnada era tão fortemente influencida por Teofrastus?
3.     Que tipo de argumento Teofrastus utilizava para prejudicar encarnados e desencarnados?
4.     Como o Espiritismo pode ser uma eficiênte terapêutica para o Espírito?
  

 Um abraço a todos!
Equipe Manoel Philomeno