Manoel
Philomeno de Miranda, em Temas da Vida e da Morte, diz: “ Que o meio ambiente
exerce efeitos e predisposições nos seres vivos. Embora o meio sócio cultural
seja consequência da ação do homem, torna-se-lhe fator de vigorosos efeitos no
comportamento, o que tem levado muitas pessoas a concluir que – o homem é
produto do meio – salvo as inevitáveis exceções.”
O
que seria meio ambiente: vamos colocar aqui, no
contexto em estudo, como a esfera social ou profissional onde se vive ou
trabalha; ambiente; círculo.
Sobre a influência do meio, Allan Kardec aborda a questão da
influência do meio no capítulo XXI de “O Livro dos Médiuns”, não restringindo,
no entanto, a influência energética do meio a quem possua capacidade ostensiva
de percepção de mensagens de planos existenciais diferentes do em que se
vive. Assim, verificamos que em nossa
casa, em nossos ambientes de trabalho, estudo ou lazer, somos sempre
influenciados e influenciamos a atmosfera — e não estamos simplesmente à mercê
de influências alheias à nossa vontade, mas sempre de acordo com o que
pensamos, dizemos ou fazemos.
Em estudos mais acadêmicos coloca-se que o meio ambiente faz parte da realidade de vida
de todos os indivíduos, sendo influenciado pela cultura que impera em determinada
localidade e que esse processo cultural
forma a identidade social do sujeito mediante à sociedade contemporânea,
refletindo em suas ações e considerações; tendo por consequência, que cada
indivíduo irá perceber e reagir diferentemente diante das ações realizadas
sobre o meio.
As
respostas ou manifestações são, portanto, resultados das percepções de cada
indivíduo. Embora nem todas as manifestações psicológicas sejam evidentes, elas
são constantes e afetam nossa conduta, na maioria das vezes, inconscientemente.
Kardec
coloca (em O LM): “Assim, onde quer que haja uma
reunião de homens, há igualmente em torno deles uma assembleia oculta, que
simpatiza com suas qualidades ou com seus defeitos, feita abstração completa
de toda ideia de evocação.” Assim, o que pensamos, dizemos e fazemos atrai
nossas companhias, sejam elas visíveis ou não. O apóstolo Paulo já nos havia
alertado a respeito em sua carta aos seus patrícios hebreus, nos convidando a
nos manter no caminho do Bem: “Portanto também nós, visto que estamos rodeados
de uma tão grande nuvem de testemunhas, pondo de lado todo o impedimento, e o
erro que se nos apega, corramos com perseverança a carreira que nos está
proposta” (Paulo aos Hebreus 12:01)
Cuidemos, portanto, de nossos pensamentos, palavras e ações. Estes
três determinarão que companhia teremos, as quais reforçarão nossas decisões
sobre o que pensar, dizer e decidir.
A Mídia, propaganda e marketing influenciando nós e nossa família:
A
intervenção da mídia verifica-se sob três aspectos: produção, recepção e
difusão.
Isso
explica:
como
produzir os conteúdos a serem transmitidos;
como
recepcioná-los e engajá-los no dia-a-dia, para que se tenha uma internalização
das mensagens;
e
como difundi-las abrangendo a massa populacional e por isso modificando a
realidade, ou seja, a vida dos indivíduos.
Então
se vê a forte influência da mídia como agente de socialização dentro de uma
dada sociedade e a sua capacidade de interferir na relação entre o indivíduo e
meio ambiente.
A
influência da vida familiar é fato histórico e ainda atual. Ela configura em
sua base descendentes, de mesma formação cultural e moral junto às suas
relações, criando uma hierarquia com origens próprias.
Já
a escola é considerada como um ambiente onde se ensina e se aprende, propondo
mesclar as diversidades, valorizando a heterogeneidade.
“...Enfoques a partir dos textos de Joanna de Angelis. encontramos no
título A Influência da Mídia: "o período infanto-juvenil, é decisivo na
vida das pessoas. Por isso pais e professores estão querendo mais rigor para a
programação televisiva e estão apontando filmes, novelas e programas que mais
rejeitam pelo conteúdo pornográfico e apelativo, porque sabem que os ágeis meios
de comunicação exercem intensa influência nos jovens. A televisão entra nos
lares indiscriminadamente e exibe valores éticos e consumistas, nem sempre
adequados à formação das identidades de seus filhos e/ou alunos. Por outro
lado, os pais reconhecem que não são onipresentes. Não parece válido o
argumento que diz que o aparelho possui um botão para desligar".
O cinema, a televisão, as revistas e os jornais veiculam
informações de todos os tipos: ora fiéis e corretas, ora tendenciosas,
preconceituosas, ambíguas e destorcidas.
O aparecimento de uma informação inadequada na televisão, numa
tarde de domingo, no decorrer de um jogo de futebol importante ou durante um
capítulo de novela, com alto índice de audiência, pode destruir o trabalho de
muitos anos de investimentos e esforços de Instituições que mantêm programas
dirigidos à educação e à saúde.
Os que assistem aos programas de entretenimento podem não ter a
intenção de aprender, mas aprendem, e acabam sendo manipulados. É preciso
desconfiar da televisão. Com a mídia muitos acabam se confundindo na distinção,
por exemplo, entre amor e sexo.
A televisão tem assumido o papel de principal educador de crianças
a adolescentes e isso aconteceu não por opção, mas por omissão dos segmentos
responsáveis pela educação das novas gerações. Não há dúvida de que a TV é um
educador eficaz e importante até porque muitos genitores e muitas escolas têm
sido ineficazes.
Precisamos oferecer melhores alternativas. A participação efetiva
dos pais nas vidas dos filhos é elemento de primordial importância na formação
de suas personalidades, na formação de seu caráter.
Fatores biológicos ou psicológicos podem impulsionar os jovens
para a beira do precipício, mas esses impulsos são liberados ou bloqueados
através da influência social e o que dá legitimidade às interdições sociais são
os laços afetivos familiares. Os jovens que apresentam vínculos familiares
significativos respeitam os valores da família. À semelhança do que ocorre com
a sexualidade, os jovens ao se sentirem órfãos de pais vivos, ansiosos,
convivendo com inseguranças e sentimentos de rejeição, podem buscar a droga e o
sexo como alívio dessas incertezas ou carências. O afeto recebido,
principalmente no período infanto‑juvenil, é que os torna capazes de tolerar e
se submeterem às normas sociais e familiares, controlando seus impulsos ao
invés de por eles serem controlados.
Ninguém nasce consumista. O consumismo é uma ideologia, um hábito mental
forjado que se tornou uma das características culturais mais marcantes da
sociedade atual. Não importa o gênero, a faixa etária, a nacionalidade, a
crença ou o poder aquisitivo. Hoje, todos que são impactados pelas mídias de
massa são estimulados a consumir de modo inconsequente.
As crianças, que vivenciam uma fase de peculiar desenvolvimento e,
portanto, mais vulneráveis que os adultos, não ficam fora dessa lógica e
infelizmente sofrem cada vez mais cedo com as graves consequências relacionadas
aos excessos do consumismo: obesidade infantil, erotização precoce, consumo
precoce de tabaco e álcool, estresse familiar, banalização da agressividade e
violência, entre outras. Nesse sentido, o consumismo infantil é uma questão
urgente, de extrema importância e interesse geral.
De pais e educadores a agentes do mercado global, todos voltam os
olhares para a infância − os primeiros preocupados com o futuro das crianças,
já os últimos fazem crer que estão preocupados apenas com a ganância de seus
negócios. Para o mercado, antes de tudo, a criança é um consumidor em formação,
consumidor de hoje e do amanhã, e uma poderosa influência nos processos de
escolha de produtos ou serviços.
As crianças brasileiras influenciam 80% das decisões de compra de uma
família (TNS/InterScience, outubro de 2003). Carros, roupas, alimentos,
eletrodomésticos, quase tudo dentro de casa tem por trás o palpite de uma
criança, salvo decisões relacionadas a planos de seguro, combustível e produtos
de limpeza que têm pouca influência dos pequenos.
No Brasil, a publicidade na TV é a principal ferramenta do mercado para
a persuasão do público infantil, que cada vez mais cedo é chamado a participar
do universo adulto quando é diretamente exposto às complexidades das relações
de consumo sem que esteja efetivamente preparado para isso.
As crianças são um alvo importante, não apenas porque escolhem o que
seus pais compram e são tratadas como consumidores mirins, mas também porque
impactadas desde muito jovens tendem a ser mais fiéis a marcas e ao próprio
hábito consumista que lhes é praticamente imposto.
Nada, no meio publicitário, é deliberado sem um estudo detalhado. Em
2006, os investimentos publicitários destinados à categoria de produtos
infantis foram de R$ 209 milhões(Ibope Monitor, 2005x2006, categorias
infantis). No entanto, a publicidade não se dirige às crianças apenas para
vender produtos infantis. Elas são assediadas pelo mercado como eficientes
promotoras de vendas de produtos direcionados também aos adultos.
O Ibope Mídia, que anualmente divulga os dados de investimento publicitário
no Brasil, constatou que foram movimentados cerca de R$ 112 bilhões em 2013 com
publicidade. A televisão permanece a principal mídia utilizada pela
publicidade, representando 70% do investimento. Ao cruzar essa informação com o
fato de a criança brasileira passar em média cinco horas 22 minutos e 11
segundos por dia assistindo à programação televisiva (Painel Nacional de
Televisores, Ibope 2012) é possível imaginar o impacto da publicidade na
infância.
Apesar de toda essa força, a publicidade veiculada na televisão é apenas
um dos fatores que contribuem para o consumismo infantil. A TNS, instituto de
pesquisa que atua em mais de 70 países, divulgou dados em setembro de 2007 que
evidenciaram outros fatores que influenciam as crianças brasileiras nas
práticas de consumo. Elas sentem-se mais atraídas por produtos e serviços que
sejam associados a personagens famosos, brindes, jogos e embalagens chamativas.
A opinião dos amigos também foi identificada como uma forte influência.
No âmbito da alimentação, a publicidade é um fator que estimula a
disseminação da maior epidemia infantil da história: a obesidade. A pesquisa
Targeting Children With Treats (Alvejando crianças com guloseimas, em livre
tradução do inglês) de 2013 aponta que as crianças que já têm sobrepeso
aumentam em 134% o consumo de alimentos com altos teores de sódio, gorduras
trans e saturadas e açúcar, quando expostas à publicidade destes produtos.
O consumismo está relacionado à ideia de devorar, destruir e extinguir.
Se agora, tragédias naturais, como queimadas, furacões, inundações gigantescas,
enchentes e períodos prolongados de seca, são muito mais comuns e frequentes, é
porque a exploração irresponsável do meio ambiente prevaleceu ao longo de
décadas.
Concentrar todos os esforços no consumo é contribuir, dia após dia, para
o desequilíbrio global. O consumismo infantil, portanto, é um problema que não
está ligado apenas à educação escolar e doméstica. Embora a questão seja
tratada quase sempre como algo relacionado à esfera familiar, crianças que
aprendem a consumir de forma inconsequente e desenvolvem critérios e valores
distorcidos são de fato um problema de ordem ética, econômica e social.
O Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, combate qualquer tipo
de comunicação mercadológica dirigida às crianças por entender que os danos
causados pela lógica insustentável do consumo irracional podem ser minorados e
evitados, se efetivamente a infância for preservada em sua essência como o
tempo indispensável e fundamental para a formação da cidadania. Indivíduos
conscientes e responsáveis são a base de uma sociedade mais justa e fraterna,
que tenha a qualidade de vida não apenas como um conceito a ser perseguido, mas
uma prática a ser vivida.
Entre 2010 e 2012, o projeto manteve um blog, com o objetivo de discutir
os principais impactos do consumismo e da publicidade na formação da infância.
Nele há diversos textos sobre cidadania e mobilização, comportamento, política
e legislação, saúde e sustentabilidade.