sábado, 25 de setembro de 2010

Pergunta Feita: Espirito

Mensagem: Gostaria de aprender/saber como faz para afastar um espírito obsessor.



Olá, P!

Muita paz!

A respeito desse tema, há incontáveis trabalhos orientando-nos sobre os processos obsessivos - mecanismos, intensidades, tratamentos e prevensões -, onde encontraremos muitas instruções.

Abaixo, indicaremos algs desses que lhe permitirão estudar.

Livro "A Gênese", de Allan Kardec, capítulo XIV - Dos Fluidos:

Obsessões e possessões

45. - Pululam em torno da Terra os maus Espíritos, em conseqüência da inferioridade moral de seus habitantes. A ação malfazeja desses Espíritos é parte integrante dos flagelos com que a Humanidade se vê a braços neste mundo. A obsessão que é um dos efeitos de semelhante ação, como as enfermidades e todas as atribulações da vida, deve, pois, ser considerada como provação ou expiação e aceita com esse caráter.

Chama-se obsessão à ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diferentes, que vão desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais. Ela oblitera todas as faculdades mediúnicas. Na mediunidade audiente e psicográfica, traduz-se pela obstinação de um Espírito em querer manifestar-se, com exclusão de qualquer outro.

46 - Assim como as enfermidades resultam das imperfeições físicas que tornam o corpo acessível às perniciosas influências exteriores, a obsessão decorre sempre de uma imperfeição moral, que dá ascendência a um Espírito mau. A uma causa física, opõe-se uma força física; a uma causa moral preciso é se contraponha uma força moral. Para preservá-lo das enfermidades, fortificase o corpo; para garanti-la contra a obsessão, tem-se que fortalecer a alma; donde, para o obsidiado, a necessidade de trabalhar por se melhorar a si próprio, o que as mais das vezes basta para livrá-lo do obsessor, sem o socorro de terceiros. Necessário se torna este socorro, quando a obsessão degenera em subjugação e em possessão, porque nesse caso o paciente não raro perde a vontade e o livre-arbítrio.

Quase sempre a obsessão exprime vingança tomada por um Espírito e cuja origem freqüentemente se encontra nas relações que o obsidiado manteve com o obsessor, em precedente existência, Nos casos de obsessão grave, o obsidiado fica como que envolto e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É daquele fluido que importa desembaraçá-lo, Ora, um fluído mau não pode ser eliminado por outro igualmente mau. Por meio de ação idêntica à do médium curador, nos casos de enfermidade, preciso se faz expelir um fluido mau com o auxílio de um fluido melhor.

Nem sempre, porém, basta esta ação mecânica; cumpre, sobretudo, atuar sobre o ser inteligente, ao qual é preciso se possua o direito de falar com autoridade, que, entretanto, falece a quem não tenha superioridade moral, quanto maior esta for, tanto maior também será aquela.

Mas, ainda não é tudo: para assegurar a libertação da vítima, indispensável se torna que o Espírito perverso seja levado a renunciar aos seus maus desígnios; que se faça que o arrependimento desponte nele, assim como o desejo do bem, por meio de instruções habilmente ministradas, em evocações particularmente feitas com o objetivo de dar-lhe educação moral. Pode-se então ter a grata satisfação de libertar um encarnado e de converter um Espírito imperfeito.

O trabalho se torna mais fácil quando o obsidiado, compreendendo a sua situação, para ele concorre com a vontade e a prece. Outro tanto não sucede quando, seduzido pelo Espírito que o domina, se ilude com relação às qualidades deste último e se compraz no erro a que é conduzido, porque, então, longe de a secundar, o obsidiado repele toda assistência. É o caso da fascinação, infinitamente mais rebelde sempre, do que a mais violenta subjugação. (O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, cap. XXIII.)

Em todos os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso meio de que se dispõe para demover de seus propósitos maléficos o obsessor.

Além desse texto, acesse também, online, os livros "O Livro dos Médiuns" - Cap. 23 - Da Obsessão - Allan Kardec (http://livrodosmediuns.wordpress.com/)


e "Obsessão e Desobsessão" - Por Suely Caldas Schubert - (http://eduardobarros.multiply.com/journal/item/1379)

Outro livro: "Encontro com a Paz e a Saúde" - Capítulo 6 - Transtornos Mentais e Obsessivos - Espírito Joanna de Ângelis - Psicografia de Divaldo P. Franco

Palestras:

- "Formas-Pensamento" - Jacobson Trovão - www.espiridigi.net/arquivos/formas_pensamento.zip
- "Obsessão: Um Flagelo Atual" - José Raul Teixeira - www.espiridigi.net/arquivos/raul-flagelo.zip

Vídeos:
- www.espiridigi.net/videos

Revista Informação
- Atitude Mental
- A Influência Espiritual
- Perturbação Espiritual

- www.virtual.espiridigi.net - seção Multimídia > vídeos Programas Espíritas
- Terceira Revelação - 15 - Emoções Perturbadoras
- Terceira Revelação - 20 - Influência dos Espíritos
- Terceira Revelação - 37 - Prece
- Ciência e Espiritualidade - 03 - Obsessão e Psiquiatria

Programa Transição - http://www.transicao.tv.br/
- Programa 29 - Obsessão - Suely Caldas Schubert e José Maria Medeiros

- Programa 30 - A influência dos espíritos nos nossos pensamentos. - Divaldo Franco

Acreditamos que a partir esse material terá um bom início para outros estudos.

Como complemento, P, para harmonização, íntima e em nossas casas, sugerimos fazer a Reunião do Evangelho no Lar para que não somente você, mas todos da família, e auxiliares, possam receber os seus benefícios, que envolvem todo o ambiente doméstico. Segundo Emmanuel, Espírito, não devemos esquecer a necessidade de trazer o Cristo para o cenário de amor onde nos refugiamos. É um trabalho simples. Escolhemos alguns minutos por semana e nos reunimos com todos aqueles que vivem conosco, para o aprendizado das lições de Jesus. Recomendável seja feito esse estudo no mesmo dia da semana e horário. Iniciamos com uma prece espontânea, abrimos uma página do Evangelho e lemos, em voz alta, alguns trechos, comentando-os em seguida. Os companheiros participantes devem expor suas dúvidas, seus temores e dificuldades. Através da conversação edificante produzida, os benfeitores da espiritualidade superior "distribuirão a todos ideias e forças, em nome do Cristo, para que horizontes novos iluminem o espírito de cada um."

Um Roteiro e outros esclarecimentos sobre o assunto poderão ser encontrados no seguinte endereço: http://www.espiritismo.net/evangelho_no_lar.

Procure cultivar o hábito da oração e manter-se em vigilância, no pensamento, no falar e no agir. Outrossim, assistindo às palestras de uma Casa Espírita, prestando a devida atenção, sempre encontraremos respostas para as nossas dúvidas, por meio dos ensinamentos dos oradores e a assistência inspiradora dos nossos mentores e protetores espirituais. A Casa Espírita proporciona o benefício do passe, o qual constitui-se duma transfusão de energias, que nos revigoram e reanimam. O tratamento magnético (passes) vem como um poderoso recurso para o equilíbrio que todos precisamos e nele encontramos o suporte espiritual para nossas lutas cotidianas. Igualmente, a participação em atividades de caridade, de ajuda ao próximo, proporciona a higiene mental necessária à nossa renovação.

Caso seja possível e haja interesse, participem de nossas atividades na Internet (estudos, palestras, vibrações e Atendimento Fraterno), via Paltalk (programa de áudio-conferência). Informe-se sobre o programa - instalação e uso - no site www.espiridigi.net/paltalk, além da programação semanal de nossos grupos de trabalho, com as atividades e horários.

No Paltalk: categoria "Central & South America" - subcategoria "Brazil", sala ESPIRITISMO NET JOVEM - Às sextas-feiras, 21h, com estudo das Obras Básicas.

Também, no mesmo programa, às segundas-feiras, 20h40, na sala ESPIRITISMO NET ESTUDO, estudo da obra "Educadores do Coração", de Walter Barcelos - para pais, educadores e evangelizadores.

Recomendamos também, para você, sua família e interessados, conhecer nosso trabalho de vibração, desenvolvido no Paltalk - sala Espiritismo Net Vibração -, aos domingos, categoria Central & South America / subcategoria Brazil", das 22h às 22h30, que lhes proporcionará momentos de harmonia e reflexão. Você também pode encaminhar os nomes dos que necessitam de auxílio para a vibração através do formulário no endereço www.espiritismo.net, seção "Preces Online".

Instrua-se com leituras edificantes – caso seja do seu interesse, a Codificação Espírita e outros livros espíritas instrutivos podem ser obtidos no link www.espiritismo.net/portugues_download ou www.virtual.espiridigi.net (Biblioteca Virtual).

Para conhecer melhor o Espiritismo, acesse os sites www.espiridigi.net/videos e www.espiritismo.net/espiritismo para assistir aos vídeos e ler as informações abordando seus diversos aspectos.

Boa sorte e que Jesus os ampare sempre.
Estamos à disposição para auxiliar no que for necessário e conte sempre conosco.

Um abraço,

André.
Equipe Espiritismo Net Jovem
Dúvidas e Sugestões: www.cvdee.org.br/netjovem.asp

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Notícia: Paranormalidade em Itatira.

Estudantes, a maioria meninas, vivem instantes de apreensão ao entrarem em transe no Distrito de Cachoeira BR.

Itatira. Um fenômeno paranormal está afetando estudantes, a maioria meninas, da Escola de Ensino Fundamental Eduardo Barbosa no Distrito de Cachoeira BR, no Município de Itatira, cidade localizada no Sertão Central a 220 quilômetros de Fortaleza. O caso está deixando as autoridades do Município sem uma explicação.

De acordo com depoimentos das vítimas os sintomas são: dores musculares, de cabeça, sufoco no sistema respiratório, no peito, palidez, calafrio, dificuldades para caminhar, náusea, paralisia muscular, aumento nos batimentos do coração, pressão alta, desmaio, inquietação e medo de morrer.

O fato está deixando o secretário de Educação de Itatira, Antônio Inácio, preocupado, pois as vítimas, segundo ele, ficam em transe, agressivas e com perda de identidade. Os jovens, entre 11 e 16 anos, depois que voltam ao normal, não conseguem lembrar nada.

Os familiares, professores e amigos das estudantes, quando estão presentes no momento do fenômeno, ficam apavorados, correm de um lado para outro e precisam agir com rapidez para carregá-las nos braços e levá-las aos hospitais mais próximos em Canindé, Lagoa do Mato e Madalena. A ocorrência começou no último dia 2 e se estendeu por toda a semana. Já atingiu 32 alunas e um estudante.


Após o transe

Após o momento de transe, as meninas se recuperam e voltam a conversar normalmente, como se nada tivesse acontecido.

Para os pais, como não há um diagnóstico para o que está acontecendo, o jeito é acreditar em Deus. Para a auxiliar de serviço da instituição educacional onde se presencia o fato, Francisca Zeneide da Silva, todas as crianças que são dominadas pelo fenômeno agem da mesma forma e, ao retomarem os sentidos, não lembram nada. "Quando acontece com uma, todas ficam em pânico", conta ela.

A diretora da Escola Nazaré Guerra, Eliane Dias, situada em Lagoa do Mato, que tem um anexo funcionando na Escola Eduardo Barbosa, local onde estão ocorrendo os fatos paranormais, não esconde o medo de tudo isso e já pensa em buscar solução junto ao Estado e até mesmo um parapsicólogo. "Vamos nos reunir com as autoridades do Município para buscarmos uma solução. Está todo mundo apavorado, nunca tinha presenciado nada igual ao que vi na última sexta-feira, dia 4", disse. Ela autorizou a suspensão das aulas até que seja esclarecido o ocorrido.


Celebração

Para tentar conter o avanço do fenômeno, o padre Guilherme Afonso de Andrade Pessoa foi convidado a celebrar uma missa na própria escola. No momento de oração, o que se viu foi à repetição da cena por diversas vezes. Em uma determinada ocasião, uma aluna, Graziele da Silva, entrou em transe e mudou totalmente a voz. Houve uma grande correria. Essa é a reação que ocorre para quem presencia a cena. A adolescente dizia que estava com medo e pedia para não deixá-la morrer e chorava muito.

O padre disse que a Igreja é muito prudente em tudo. "É preciso aprofundar bem as coisas, para não dizer palavras sem nexo. A Igreja só emite opinião depois de um estudo aprofundado", disse.

O pastor evangélico, José Carlos, de Lagoa do Mato, distrito mais próximo do local dos acontecimentos, acredita que pode ser uma força espiritual que está agindo dentro da escola, já que da unidade educacional, três jovens morreram em acidentes. "Talvez eles estejam vagando precisando de reza".


TENSÃO

Estudantes relatam angústia e medo

Itatira. Para quem sofre na pele o fenômeno, conta que são momentos angustiantes. De acordo com a estudante Andréia Alves Marcolino, de 16 anos, a "perseguição deste fenômeno é de exato um mês. É tudo muito rápido, começa com um calafrio, depois as mãos ficam trêmulas, os batimentos do coração ficam acelerados, dá sede, um sufocamento toma conta do tórax, as pernas não seguram o corpo e aos poucos vem o desmaio. Quando volto ao normal, não dá para relembrar de nada", relata.

Um dos garotos que vivenciou o problema, Marlei Alves Marcolino, de 14 anos, diz que os acontecimentos acontecem em série. "Quando tudo começa dá uma dor no peito, um arrepio, uma agitação que dá vontade de correr, gritar e pedir para não morrer. A gente desmaia, perde o sentido e o que é pior fica com a voz conturbada. No dia que aconteceu comigo, a professora disse que mais seis alunas sofreram o mesmo ataque", conta.


Emoção

Outra estudante que se emociona e chega a chorar ao descrever a situação é Francisca Diana Lôbo Loiola, de 18 anos. "De imediato dá um nervosismo. Fiquei tonta, bateu um suor frio, a voz fica enrolada e grossa e a força que penetra na mente pede que reze missa e faça orações porque ele não vai ficar satisfeito enquanto não realizar a sua missão. É uma adrenalina muito forte. Estou com muito medo de voltar à sala de aula".

Antônio Carlos Alves
Colaborador

Notícia publicada no Diário do Nordeste, em 9 de junho de 2010.

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Comentário:

Alguns estudantes (a maioria meninas) viveram instantes de pânico ao entrarem em transe na Escola de Ensino Fundamental do Distrito de Cachoeira, no Município de Itatira, no estado do Ceará. O episódio está deixando as autoridades da localidade sem uma explicação.

Durante o transe psíquico, as jovens sentem dores musculares, de cabeça, asfixia no sistema respiratório, palidez, calafrio, dificuldades para caminhar, náusea, paralisia muscular, aumento nos batimentos do coração, pressão alta, desmaio, inquietação e medo de morrer. Após a crise, os alunos se recuperam e voltam a conversar normalmente, como se nada tivesse acontecido.

Na tentativa de conter o avanço do fenômeno, um líder religioso foi convidado para orar na própria escola. Mas, no momento da preleção, o que se viu foi à repetição dos transes por diversas vezes. O religioso justificou a ineficácia de sua presença dizendo que a sua Igreja é prudente nesses casos. Para ele, é preciso analisar mais detalhadamente o fato. A Igreja só emite opinião depois de um estudo “aprofundado”. Um representante de outro credo religioso afirmou que pode ser uma força espiritual que está agindo dentro da escola, já que da unidade educacional três jovens morreram em acidentes. "Talvez eles estejam vagando precisando de reza”, opinou.

Uma das estudantes relatou que, na crise, é tudo muito rápido, começa com um calafrio, depois as mãos ficam trêmulas, os batimentos do coração ficam acelerados, dá sede, um sufocamento toma conta do tórax, as pernas não seguram o corpo e aos poucos vem o desmaio. “Quando volto ao normal, não dá para relembrar de nada", afirmou.

Estamos diante de um fenômeno mediúnico coletivo ou um surto de histeria psicótica? O médico do hospital que atendeu as jovens disse que elas chegaram apresentando histeria, gritando, debatendo-se e com comportamento agressivo. Afirmou que a histeria coletiva tem uma explicação científica. Esses fenômenos acontecem em contextos em que há muita tensão, sofrimento não-verbalizado, argumentou.

O fenômeno é uma histeria coletiva disse o clérigo. "De repente, uma aluna surtou e isso contagiou as demais garotas". Pasmem(!) O sacerdote afirmou que os fenômenos de Itatira são totalmente humanos e classificados pela parapsicologia “oscarquevediana” de "psicorragia" ou "hemorragia psíquica.(!!??...)

Obviamente, analisaremos o drama dos alunos sob a ótica espírita. A mediunidade é uma faculdade humana e pode eclodir a qualquer momento. No caso de Itatira, alguns alunos dizem ver o espírito de um aluno desencarnado, chegando a descrevê-lo, vestido com calças de canga azul e uma camisa. Quando o “morto” aparece, os alunos (principalmente as meninas) começam a tremer, a contorcer-se, entram em transe e a partir daí o pavor toma conta delas e desmaiam.

O assunto nos remete ao mês de março do ano de 1857, quando a comuna de Morzine, situada na Alta Sabóia, leste da França, com aproximadamente 2.500 habitantes, encontrava-se, segundo os noticiários da época, sob a influência de uma desconhecida epidemia psíquica. As autoridades francesas designaram o pesquisador Constant, para que investigasse o fato.

Após analisar os fenômenos, Constant elaborou um relatório, em cujos tópicos curiosos destacamos: “de repente sobrevêm sobre as pessoas bocejos, espreguiçamentos, tremores, pequenos solavancos nos braços; pouco a pouco, em curto espaço de tempo, como por efeito de descargas sucessivas; batem nos móveis com força e vivacidade, começam a falar, ou antes a vociferar; no transe as moças têm uma força desproporcional à idade, pois são precisos três ou quatro homens para conter, durante a mesma, meninas de dez anos; deram respostas exatas a perguntas feitas em línguas por elas desconhecidas; após a crise, as meninas não têm qualquer lembrança do que disseram ou fizeram”.

Com esse farto material, sob a ótica espírita, não hesitaríamos em identificar claras evidências de um legítimo enredo obsessivo; no entanto, assim concluiu o pesquisador: “parece ser uma possessão demoníaca, crise histero-demoniomania coletiva. Tratar-se-ia, segundo o diagnóstico proposto, de uma intrigante histeria coletiva, agravada pela fixação na figura demoníaca.(!!??...)

Em decorrência do relatório do senhor Constant, recorreu-se aos tradicionais procedimentos de expulsão demoníaca, a cargo das autoridades religiosas. Tentaram um exorcismo coletivo na igreja local, todavia, as jovens entraram em crise ostensiva simultaneamente, derrubando e quebrando o mobiliário do templo, lançando-se ao chão entre homens e crianças que, em vão, tentavam contê-las. Posteriormente, tentou-se o exorcismo em domicílio, porém não surtiu nenhum efeito.

O interessante fenômeno coletivo de Morzine fez com que Kardec solicitasse orientação específica ao Espírito São Luiz, e o mentor da Sociedade Espírita de Paris explicou o seguinte: "Os possessos de Morzine estão realmente sob a influência dos Espíritos sofredores, atraídos para aquela região por causas que conhecereis um dia, ou melhor, que vós mesmos reconhecereis um dia. O conhecimento do Espiritismo ali fará predominar a boa influência sobre a má fé, isto é, os Espíritos curadores e consoladores, atraídos pelos fluidos simpáticos, substituirão a maligna e cruel influência que desola aquela população. O Espiritismo está chamado a prestar grandes serviços. Será o curador dos males cuja causa era antes desconhecida e ante às quais a ciência continua impotente. Sondará as chagas mortais e lhes ministrará o bálsamo reparador; tornando os homens melhores, deles afastará os Espíritos doentes atraídos pelos vícios da humanidade. Se todos os homens fossem bons, os Espíritos violentos deles se afastariam porque não poderiam os induzir ao mal. A presença dos homens de bem os faz fugir. A dos homens viciosos os atrai, ao passo que se dá o contrário com os bons Espíritos. Assim, sede bons, se quiserdes ter apenas bons Espíritos em redor de vós.”(1)

Como percebemos, os fenômenos de Morzine se mostram atuais. Importa, portanto, que, diante de tão elucidativas afirmações pertinentes à temática, nos abstenhamos de responsabilizar somente os Espíritos momentaneamente imersos nas sombras por todos os dissabores e infortúnios que nos visitam a existência, reconhecendo que processo obsessivo é fenômeno de sintonia, sobretudo mental, em que ondas semelhantes se entrelaçam, fazendo com que os afins se atraiam, ainda que circunstancialmente.

Para a Doutrina Espírita, o esclarecimento dos encarnados, o amparo e consolo dos espíritos desencarnados em sofrimento poderiam acalmar as coisas em Itatira, sem maiores estardalhaços.

Fonte:

(1) Kardec, Allan. Revista Espírita, ano VI, maio de 1863, vol. 5 (mensagem ditada pelo Espírito S. Luiz através da médium sra. Costel, em reunião na SEEP);

Por: Jorge Hessen. Natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal lotado no INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Dica legal: Nosso Lar - O filme.

Ao abrir os olhos André Luiz (Renato Prieto) sabe que não está mais vivo, apesar de ainda sentir sede e fome. Ao seu redor ele apenas vê uma planície escura e desértica, marcada por gritos e seres que vivem na sombra. Após passar pelo sofrimento no purgatório, André é levado para a cidade de Nosso Lar. Lá ele tem acesso a novas lições e conhecimentos, enquanto aprende como é a vida em outra dimensão. Baseado na obra psicografada de Chico Xavier.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Artigo: Métodos Contraceptivos e Planejamento Reencarnatório.

Por: Breno Henrique de Sousa


Temos algumas considerações a fazer a cerca desta temática que tem se tornado polêmica no meio espírita. Alguns expositores espíritas combatem publica e severamente o uso de anticoncepcionais e outros métodos contraceptivos, como a camisinha; outros chegam ao ponto de afirmar que os casais que optarem por estes métodos terão de arcar com severas consequências.

A argumentação está embasada na ideia do planejamento reencarnatório, bem citado nos livros de André Luiz, onde se diz que desde o plano espiritual podemos escolher fatos relevantes que ocorrerão na nossa vida terrestre; isso implica que casamento e número de filhos já são previamente definidos no plano espiritual. Diz-se ainda que, não raro, assumimos o compromisso com alguns Espíritos de recebê-los como filhos nesta existência terrestre, neste caso, evitar artificialmente a vinda de filhos seria faltar com o compromisso assumido com estes Espíritos que podem ser almas que precisam resgatar conosco os erros passados através do convívio familiar.

Outra afirmação muito comum é a de que existe uma grande “fila” de Espíritos que esperam pela oportunidade de reencarnar para resgatarem seus débitos passados e que, por isso, devemos, por dever de caridade, oferecer os meios para que o maior número possível de espíritos possam vir à Terra para se reajustarem perante a justiça divina.

Farei uma série de objeções a este pensamento, algo não muito simples, pois, como veremos, a temática é abrangente e envolve diversas áreas do conhecimento espírita e científico.

Orientando-me pelos conhecimentos espíritas, é preciso afirmar que valorizo a família como célula mater da nossa sociedade. Acredito que no seio da família espíritos com enlaces seculares se reencontram a fim de juntos reajustarem-se perante a justiça divina. A família é um progresso adquirido por nossa sociedade, sem a qual recrudesceríamos ao estado de barbárie (questões 695, 696 e 775, de O Livro dos Espíritos).

Formar uma família e ter filhos é uma missão sagrada. Aqueles que voluntariamente aceitam essa missão possuem muitos méritos aos olhos da divindade. Porém, as pessoas que por comodismo, egoísmo e vaidade não aceitam ter filhos, esses sim terão perdido uma grande oportunidade e provavelmente se arrependerão.

Temos visto que a espiritualidade encarrega-se de planejar certos acontecimentos durante a nossa vida física. Há um planejamento que se desenrola naturalmente e, à medida que o tempo passa, os fatos se apresentam em sua ordem natural, conforme foram planejados, porém, para que as coisas aconteçam, é preciso a participação inteligente e consciente do ser humano. Também não devemos esperar que estes fatos se deem de maneira absolutamente pontual e precisa; as circunstâncias sob as quais eles acontecem são determinadas por nosso livre-arbítrio:

“Pode, portanto, ser certo o resultado final de um acontecimento, por se achar este nos desígnios de Deus; como, porém, quase sempre, os pormenores e o modo de execução se encontram subordinados às circunstâncias e ao livre-arbítrio dos homens, podem ser eventuais as sendas e os meios. Está nas possibilidades dos Espíritos prevenir-nos do conjunto, se convier que sejamos avisados; mas, para determinarem lugar e data, fora mister conhecessem previamente a decisão que tomará este ou aquele indivíduo. Ora, se essa decisão ainda não lhe estiver em mente, poderá, tal venha ela a ser, apressar ou demorar a realização do fato, modificar os meios secundários de ação, embora o mesmo resultado chegue sempre a produzir-se. É assim, por exemplo, que pelo conjunto das circunstâncias, podem os Espíritos prever uma guerra que se acha mais ou menos próxima, que é inevitável, sem, contudo, poderem predizer o dia em que começará, nem os incidentes pormenorizados que possam ser modificados pela vontade dos homens”. (A Gênese, Cap. XVI, Item 13).

A primeira questão que podemos fazer é: O planejamento reencarnatório é uma determinação absoluta ou relativa? É flexível este planejamento? Pela literatura, temos visto que esse planejamento pode ser modificado. Podemos citar os diversos casos das pessoas que recebem moratórias e passaram a viver mais tempo na Terra do que a princípio foi determinado em seu planejamento reencarnatório, ou aqueles que cometem suicídio, abreviando as suas vidas. Conforme o nosso merecimento e as escolhas que façamos, o rumo da nossa existência poderá alternar-se para melhor ou para pior.

São sempre nocivas as interferências que fazemos no nosso planejamento reencarnatório? Ou seja, através do nosso livre-arbítrio, podemos modificar o planejamento reencarnatório de maneira que o resultado seja positivo para nossa evolução espiritual? A resposta é positiva. Quem evita filhos, por exemplo, para se dedicar a uma causa humanitária, pode, por isso, salvar muito mais vidas. É o que nos diz, por exemplo, a questão 699, de O Livro dos Espíritos:

Da parte de certas pessoas, o celibato não será um sacrifício que fazem com o fim de se votarem, de modo mais completo, ao serviço da Humanidade?

“Isso é muito diferente. Eu disse: por egoísmo. Todo sacrifício pessoal é meritório, quando feito para o bem. Quanto maior o sacrifício, tanto maior o mérito.”

Como saber com certeza o que está determinado em nosso planejamento reencarnatório? Não temos como saber isso com certeza. Não existe aqui um arquivo público onde se possa consultar a sua ficha reencarnatória, nem tão pouco se pode confiar no que apenas um médium falou. Não é porque médium “fulano de tal” disse que você tem que se casar ou ser solteiro, ou mesmo ter um número x de filhos, que se deve seguir esse tipo de orientação. O caminho seguro para que nossas vidas se desenrolem conforme o planejado é: ouvir a voz da consciência, tomar decisões baseadas em princípios de vida edificantes e altruísticos, e não movido por interesses mesquinhos e egoístas; escolher as atividades que tenhamos mais afinidade e que nos sentimos intimamente mais propensos a realizá-las e, por fim, deixar que os fatos se desenvolvam naturalmente.

Temos exemplos de pessoas que se casaram e não tiveram filhos, como o próprio Allan Kardec. Baseando-nos no exemplo do próprio Kardec, podemos admitir a possibilidade da existência de casais que optam por não ter filhos sem estar com isso burlando o planejamento reencarnatório. Quem irá dizer que Kardec não cumpriu com seu planejamento reencarnatório pelo fato de não ter tido filhos?

Afirmar que devemos simplesmente não usar métodos contraceptivos porque Deus só mandará os filhos que estiverem determinados é o mesmo que deixar as portas da casa abertas e dizer que só seremos roubados se isso estiver no nosso planejamento reencarnatório. É interessante que entre aqueles que condenam o uso da camisinha ou anticoncepcionais, existem os que admitem o uso da tabelinha para evitar a gestação. Ora! Usar a famosa tabelinha é um meio de impedir a concepção de filhos. Se, conforme dizem, não se deve impedir a vinda de filhos, usar a tabelinha é um meio de impedimento. Podem justificar-se dizendo que este é um método natural, porém o natural, do ponto de vista biológico, é manter relações sexuais no período fértil. Se o ser humano decide não ter relações durante o período fértil, ele está optando, por seu livre-arbítrio, interferir nos mecanismos naturais da biologia. Sabe-se que as fêmeas de qualquer espécie, inclusive da espécie humana, ficam mais atraentes aos seus parceiros no período fértil, com a finalidade da reprodução. Este é o mecanismo natural. Mas, como o ser humano é inteligente, ele passa a agir refletidamente, conforme a resposta da questão 692, de O Livro dos Espíritos: “Tudo se deve fazer para chegar a perfeição e o próprio homem é um instrumento de que Deus se serve para atingir seus fins. Sendo a perfeição a meta para que tende a Natureza, favorecer essa perfeição é corresponder às vistas de Deus”. Desta forma, usar a tabelinha é, no “frigir dos ovos”, o mesmo que usar qualquer outro método contraceptivo, pois em todos os casos trata-se de uma intervenção deliberada e consciente no processo reprodutivo; assim, quem condena o uso da camisinha deve condenar também a tabelinha, pois do contrário estará em contradição com seus próprios argumentos.

É a espiritualidade quem autoriza o controle da natalidade em O Livro dos Espíritos. Vejamos a questão 963:

São contrários à lei da Natureza as leis e os costumes humanos que têm por fim ou por efeito criar obstáculos à reprodução?

“Tudo o que embaraça a Natureza em sua marcha é contrário à lei geral”.


Aqui parece haver uma reprovação ao controle da natalidade. De fato, se houvesse um controle absoluto da natalidade, a sobrevivência da espécie estaria comprometida. Porém, à época de Kardec, a demografia mundial era de apenas 1 bilhão e 262 milhões (1850); hoje estamos em torno dos 7 bilhões de habitantes. Mas Kardec, sempre a frente de seu tempo, fez a sub-questão “a”, onde se diz:

Entretanto, há espécies de seres vivos, animais e plantas, cuja reprodução indefinida seria nociva a outras espécies e das quais o próprio homem acabaria por ser vítima. Pratica ele ato repreensível, impedindo essa produção?

“Deus concedeu ao homem, sobre todos os seres vivos, animais e plantas, um poder de que ele deve usar, sem abusar. Pode, pois, regular a reprodução, de acordo com as necessidades. Não deve opor-se-lhe sem necessidade. A ação inteligente do homem é um contrapeso que Deus dispôs para restabelecer o equilíbrio entre as forças da Natureza e é ainda isso o que o distingue dos animais, porque ele obra com conhecimento de causa (grifo nosso). Mas, os mesmos animais também concorrem para a existência do equilíbrio, porquanto o instinto de destruição que lhes foi dado faz com que, provendo à própria conservação, obstem ao desenvolvimento excessivo, quiçá perigoso, das espécies animais e vegetais que se alimentam.”


Esta sub-questão “a” permite-nos muitas reflexões profundas, sobretudo a partir do trecho por nós destacado (A AÇÃO INTELIGENTE DO HOMEM É UM CONTRAPESO QUE DEUS DISPÔS PARA RESTABELECER O EQUILÍBRIO ENTRE AS FORÇAS DA NATUREZA E É AINDA ISSO O QUE O DISTINGUE DOS ANIMAIS, PORQUE ELE OBRA COM CONHECIMENTO DE CAUSA). Isso também serve para explicar a resposta da questão 687, quando Kardec, preocupado com a questão da demografia mundial, recebe a resposta de que Deus a isso provê e mantém sempre o equilíbrio. Mas esquecemo-nos que, enquanto seres conscientes e inteligentes, devemos, de maneira consciente e deliberada, contribuir para esse equilíbrio. Se o homem se recusa a estabelecer esse equilíbrio, ele está se rebaixando à condição do animal que obra por instinto.

Devido à superioridade das nossas faculdades mentais em relação aos demais seres vivos da Terra, proliferamo-nos assustadoramente e agora temos problemas ecológicos por conta da nossa mega-população. Isso é ainda mais grave nos países asiáticos. A China hoje possui 1,3 bilhão de habitantes e isso não é um problema apenas do ponto de vista econômico e social, mas sobretudo ecológico.

A nossa população mundial tem crescido assustadoramente, não apenas pelos avanços das ciências médicas e nutricionais; isso só se tornou possível com o advento da industrialização e da produção massiva de alimentos. Acontece que todo nosso sistema produtivo (indústria primária, secundária e terciária) desenvolveu-se a partir de um modelo anti-ecológico e degradante. Hoje, a superpopulação é um dos fatores que mais contribui para o aquecimento global e esgotamento dos recursos naturais.

Assim como os animais se reproduzem assustadoramente, comprometendo o equilíbrio ecológico, conforme a citação da questão 963a, o homem proliferou-se de maneira descontrolada, comprometendo sua própria existência e as existências das demais espécies na Terra. Se a produção houvesse se desenvolvido sob critérios corretos e ecológicos, certamente a população mundial seria muito menor do que é hoje, e se hoje mesmo decidíssemos modificar drasticamente nosso sistema produtivo, isso comprometeria a sobrevivência de milhões de pessoas que dependem de um sistema insustentável desde a sua concepção.

Se quisermos permitir que os Espíritos continuem a reencarnar na Terra para progredirem, precisamos então reduzir a natalidade mundial; de outra maneira, não haverá Terra para Espírito nenhum reencarnar, pois se o crescimento populacional continuar no mesmo ritmo, não haverá como impedir as catástrofes decorrentes deste desequilíbrio que podem causar a extinção da espécie humana.

Também não podemos ignorar o problema social decorrente de uma natalidade descontrolada, sobretudo nas grandes periferias dos países sub-desenvolvidos ou em desenvolvimento, como o Brasil. Conforme a Doutrina Espírita, uma sociedade justa não é necessariamente uma sociedade onde todos estão em condição de absoluta igualdade. A pobreza pode existir, mas a miséria afeta a dignidade humana. Ser pobre não é motivo para não ter filhos, mas ser miserável é motivo de sobra para não ter filhos. O miserável vive de esmolas e isso, segundo a espiritualidade (O Livro dos Espíritos, questão 888), o degrada física e moralmente, embrutecendo-o.

Viemos aqui para evoluir e, para isso, precisamos das mínimas condições de sobrevivência. Quando não se tem essa consciência, geralmente nas camadas menos esclarecidas da sociedade, a natalidade é descontrolada e um grande número de Espíritos encarna em condições sub-humanas. Sabemos que isso não se dá por acaso e que aqueles que nascem em condições miseráveis estão resgatando grandes débitos do seu passado, mas isso não significa que devamos cruzar os braços e dizer que essa é a vontade de Deus. Isso equivaleria a dizer que não devemos ajudar o próximo porque cada um está pagando o que deve, sem nos lembrarmos que Deus pode utilizar-se de nós para por fim ao sofrimento do próximo.

Chegar à África e dizer que as pessoas não devem usar camisinha seria uma atitude fanática, irresponsável e alienada. Seria o mesmo que permitir que milhares de espíritos nasçam em condições miseráveis, agravando ainda mais os problemas sociais e ambientais, sem que isso seja para eles uma oportunidade legítima de progresso, já que, conforme a questão 888, a miséria degrada física e moralmente ao invés de proporcionar o progresso. Vale ressaltar que estamos falando de condições de miserabilidade e não simplesmente de pobreza. Lembremos também que a prevenção através do uso da camisinha pode evitar um grande número de gravidezes indesejadas e, por fim, evitar também um grande número de abortos. O aborto, este sim, é uma agressão física à mulher, além de gerar graves consequências espirituais para quem o pratica.

Alguns opositores ao uso de métodos contraceptivos alegam que com o advento destes métodos deram-se as pessoas as condições para usufruir mais promiscuamente do sexo, ou seja, se há camisinha para me proteger, eu posso fazer sexo à vontade, e com quem quiser, sem correr riscos. Mas como as pessoas que possuem vida promíscua sempre se descuidam, ou mesmo pelo fato destes métodos eventualmente falharem, isso contribuiu para um aumento nas gravidezes indesejadas e, consequentemente, no número de abortos. Para defender este argumento, apresentam estatísticas que mostram como o número de abortos acompanha o aumento no uso de anticoncepcionais.

De fato, estas estatísticas são verdadeiras, mas é falsa a relação que se faz entre elas. É um argumento retórico e frágil. O que se deu foi que a sociedade moderna, com a liberação sexual ocorrida nos fins da década de 60, com os valores materialistas de uma sociedade de consumo, onde as pessoas possuem valor de objeto, banalizou o sexo. O sexo tornou-se instrumento de servilismo e exploração da mídia ou de repressão e controle por parte das religiões, foi banalizado, erotizado ou reprimido e em todos os casos isso promove um uso descontrolado e abusivo. É por isso que as pessoas se tornaram mais promíscuas e é por isso que passaram a usar mais os métodos contraceptivos. O aumento no uso dos métodos contraceptivos é consequência e não causa da promiscuidade.

Neste caso, não faria efeito proibir os métodos contraceptivos; sem eles, certamente, o número de abortos aumentaria ainda mais. A repressão nunca tem efeito positivo; a educação é a única via capaz de transformar e disciplinar o ser humano para o uso equilibrado e saudável das funções sexuais.

A ideia de proibir os métodos contraceptivos é uma atitude inspirada nos postulados ortodoxos das religiões tradicionais que tratam o tema como um tabu e acham que o sexo deve ser usado apenas para a procriação. Porém, essa ideia não tem fundamento no Espiritismo, que admite o usufruto do sexo como meio de troca de energias salutares entre o casal. Assim, se um casal já teve os filhos que deveria ter, ou se ainda não chegou o momento de tê-los, que problema há em usar os métodos contraceptivos para evitar a gravidez?

Por fim, podemos resumir os nossos argumentos em defesa dos métodos contraceptivos da seguinte maneira:

• O homem torna-se instrumento de Deus pelo uso de sua inteligência, assim ele deve prover conscientemente seus caminhos e não deixar que o acaso decida por ele;

• Conforme temos visto, existem pessoas que podem não ter filhos mesmo quando casados, sem com isso transgredir seu planejamento reencarnatório. É o caso, por exemplo, de Allan Kardec, que não teve filhos;

• Usar a tabelinha, assim como usar qualquer outro método contraceptivo, é um meio de intervir deliberadamente no processo reprodutivo; neste sentido, a tabelinha é um método contraceptivo igual a qualquer outro;

• A reprodução acelerada é anti-ecológica e insustentável. Comprometerá a vida no planeta Terra e a existência da própria espécie humana. Então, se quisermos dar a vez para a “fila” de desencarnados, precisamos reduzir a natalidade para garantir a vida em nosso planeta;

• Não existe nenhum princípio no Espiritismo que seja contrário ao controle de Natalidade; pelo contrário, a doutrina nos dá argumentos para realizá-lo de maneira equilibrada e consciente;

• Se os métodos de prevenção não são 100% seguros, isso não é argumento para que não sejam usados. Defender o uso de métodos contraceptivos não significa estimular a promiscuidade, mesmo que as campanhas veiculadas atualmente na mídia assim procedam;

• Devemos lutar contra posições retrógradas e pseudo-moralistas inspiradas na ortodoxia das religiões tradicionais e que são uma ameaça à sociedade. Estas ideias trazem implícita a ideia do sexo como pecaminoso e sujo e estão descontextualizadas da nossa realidade social, econômica, ecológica e espiritual. Aqueles que pregam estas ideias responderão pelas consequências geradas na sociedade e pelos desequilíbrios advindos ao planeta Terra;

• Não podemos saber com certeza do conteúdo do nosso planejamento reencarnatório. O caminho seguro para que nossas vidas se desenrolem conforme o planejado é: ouvir a voz da consciência, tomar decisões baseadas em princípios de vida edificantes e altruísticos e não movido por interesses mesquinhos e egoístas; escolher as atividades que tenhamos mais afinidade e que nos sentimos intimamente mais propensos a realizá-las e, por fim, deixar que os fatos se desenvolvam naturalmente.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Notícia: “O amor é genético”.

por Maria da Graça Bicalho, geneticista-chefe do Laboratório de Imunogenética da UFPR.

É tentador pensar que escolhemos nossos parceiros amorosos a partir das semelhanças que vislumbramos entre nós e eles. Mas a ciência mostra que, do ponto de vista biológico, ocorre justamente o oposto. Nosso trabalho no Laboratório de Imunogenética e Histocompatibilidade na Universidade Federal do Paraná (LIGH-UFPR) está ajudando a desvendar um desses mecanismos.

Hoje sabemos que a natureza atua para aproximar indivíduos de MHC diferentes. MHC significa Major Histocompatibility Complex, ou Complexo Principal de Histocompatibilidade e, na espécie humana, é conhecido como HLA. O MHC/HLA é uma região do genoma na qual ficam vários genes relacionados à resposta imunológica, cada um podendo comportar centenas de alelos (formas alternativas do mesmo gene) diferentes. Isso gera, a cada pessoa, uma individualidade biológica. A variação aumenta as chances de o indivíduo ser resistente a microorganismos geradores de doenças, diminuindo a possibilidade de elas se propagarem. Do ponto de vista de preservação da espécie, seria interessante que indivíduos MHC/HLA diferentes se encontrassem e formassem casais.

Em camundongos e ratos, é bem documentado o fato de as fêmeas preferirem o parceiro geneticamente diferente delas próprias. Em 1995, o biólogo suíço Claus Wedekind e seus colaboradores da Universidade de Lausanne realizaram um estudo evidenciando a preferência pelo MHC diferente entre seres humanos. O estudo de Wedekind tornou-se um modelo para várias pesquisas. Nosso grupo, da Universidade Federal do Paraná, foi pioneiro na realização de trabalho semelhante feito com a população brasileira.

No final de maio, durante um seminário da Sociedade Europeia de Genética Humana, em Viena, apresentamos o resultado de um estudo realizado, durante um ano, a partir de informações de nosso banco de dados sobre a população do Sul do Brasil. Partimos de uma amostra de 90 casais. A partir desse grupo, criamos dois novos conjuntos de casais virtuais. Um foi gerado a partir dos casais reais, que foram recombinados de forma aleatória. O outro era formado pelas informações obtidas de 410 indivíduos presentes em nosso banco de dados, combinados aleatoriamente. A seguir, as diferenças genéticas entre os casais reais foram contadas e comparadas com as dos casais virtuais.

Nossa hipótese de trabalho era que, se o MHC/HLA fosse irrelevante para a escolha do parceiro, a comparação das duas amostras, tanto as reais quanto as virtuais, deveria apresentar médias de distribuição semelhantes. Os resultados mostraram, porém, que os casais reais apresentam mais diferenças genéticas entre si do que aqueles gerados virtualmente.

Claro que, diferentemente de outras espécies, o ser humano é muito influenciado por outros fatores. Elementos sociais, culturais etc. colaboram para a formação do casal. Os resultados da nossa pesquisa fazem sentido somente no contexto de estudos genéticos de população. Isto é, apenas quando se estuda um grande número de indivíduos. Pensando assim, nós não podemos de maneira nenhuma prever que tipo de escolha de parceiro uma pessoa fará tomando como base unicamente seus genes. Mas talvez eles mandem no nosso "coração" bem mais do que pensávamos.

Matéria publicada na Revista Galileu, em 23 de dezembro de 2009.

***

Comentário:

A ciência genética teve os seus primórdios nos estudos que o Monge Austríaco Gregor Mendel efetuou com ervilhas, em meados do século XIX, num mosteiro da Ordem de Santo Agostinho, e que o levou à descoberta de algumas das leis da hereditariedade. Desde o início do século XX, muitos foram os progressos que esta área científica acumulou, com assinaláveis contribuições práticas para a melhoria das condições de vida das populações e para o desenvolvimento de outras áreas fundamentais, como a Medicina, a Biologia e a Agricultura, entre outras. Através dos seus estudos avançados, os cientistas têm desvendado o funcionamento de alguns genes, percebendo melhor a sua importância, tornando possível a cura de algumas doenças e a manipulação de substâncias que possibilitam o aumento da esperança de vida de muitos seres vivos.

Outrora cingida aos caracteres morfológicos de um indivíduo (aparência física e saúde), nos últimos anos temos assistido a um aumento das evidências que nos permitem perceber que algumas das características comportamentais que o ser humano revela podem ser parcialmente influenciadas por aspectos genéticos. No entanto, no intuito de publicitar comercialmente algumas descobertas científicas, há hoje uma tendência quase irresistível para o sensacionalismo e simplificação da informação, reduzindo acontecimentos infinitamente complexos, como são os processos genéticos, a relações simplistas de o gene X provocar o comportamento Y. É desta forma que ouvimos expressões abusivas como “gene da agressividade”, “gene da inteligência”, “gene da felicidade” ou, como é o caso desta notícia, “o amor é genético”.

Para explicar de uma forma simplificada a complexidade daquilo que somos, os biólogos usam dois termos: O fenótipo e o genótipo. Por fenótipo podemos entender as características variáveis e observáveis de um indivíduo (aparência, saúde, comportamento e emoções). Já o genótipo é constituído pelas informações hereditárias de um organismo contidas no seu genoma e que permanece constante durante toda a sua vida. O genótipo não determina o fenótipo mas sim uma infinidade de fenótipos possíveis. Para a Biologia, o fenótipo que se irá concretizar dependerá dos estímulos ambientais a que o indivíduo for sujeito juntamente com uma gama de variações ao acaso.

Seguindo esta ideia, o homem seria apenas um repositório para a sobrevivência dos genes que carregariam para sempre as nossas emoções, sentimentos e personalidade. O fato de sermos a pessoa que somos hoje dependeria unicamente da sorte ou, como alguns cientistas gostam de referir, “do acaso”. A Doutrina Espírita, seguindo a ciência e as suas descobertas, mas não se detendo quando esta não consegue ir mais além, acrescenta a “dimensão espiritual” à construção da natureza humana, reforçando a sua complexidade e responsabilidade. Nós somos Espíritos imortais, que temporariamente estão ligados a um corpo físico, portadores de uma bagagem interior acumulada em inúmeras encarnações e situações distintas. Através do que fizemos e acumulamos no passado, somos responsáveis por aquilo que somos hoje. Somos individualidades únicas, dotadas de livre-arbítrio, com inteligências e vontades próprias, construídos pela força do nosso trabalho, dedicação e empenho ao longo de incontáveis experiências. Desta forma, os genes e o meio ambiente, que inegavelmente têm a sua influência no nosso comportamento, nas nossas emoções e nas escolhas que vamos fazendo ao longo da nossa vida, estando comprovado através de inúmeras pesquisas científicas, definem tendências, mas é a expressão da vontade individual que irá concretizar essas tendências genéticas num determinado fenótipo de acordo com o sentir e as necessidades daquele que é o dono e responsável pelo próprio destino: O Espírito, a verdadeira essência daquilo que somos.

Por: Carlos Miguel Pereira. Trabalha na área de informática e é morador da cidade do Porto, em Portugal. Na área espírita, é trabalhador do Centro Espírita Caridade por Amor (CECA), na cidade do Porto, e colaborador regular do Espiritismo.net.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Mural Reflexivo: Os pressentimentos em nossas vidas.

Você já teve, alguma vez, um pensamento repentino que o impele a tomar uma determinada atitude?

Algo que você faz, porque sentiu uma quase irresistível vontade de fazer, sem saber bem o porquê?

Mas que, depois de um tempo, acaba por se dar conta que aquele ato lhe salvou a vida? Ou o impediu de cometer uma tolice?

Assim é com viagem programada que, à última hora, se decide cancelar; um negócio pensado longamente e que é abortado na hora de sua concretização.

Um imóvel que iria ser vendido a fulano e se opta por declinar da venda; a criança que seria deixada, por algumas horas, em casa de alguém, etc, etc.

São situações aparentemente simples, comuns. Coisas do cotidiano. No entanto, o fato de fazer algo oposto ao que estava programado ou mudar alguma coisa que vinha sendo feita há muito tempo, decide por sua vida.

Ou pela melhoria dela.

Detalhes que você somente perceberá mais tarde.

Assim é o caso daquela jovem de 17 anos. Morava em uma rua sem saída.

De manhã, estava no quarto, preparando-se para sair. Um impulso a fez olhar para sua cama que ficava debaixo da janela e a empurrar para junto da parede oposta.

Parecia um comando mental. E ela não pensou duas vezes.

Ao chegar à porta para sair, olhou novamente o quarto e não pôde entender muito bem o que fizera.

Ela não era uma pessoa com criatividade para decoração. Normalmente, decidia sobre a posição de um móvel e não mudava mais.

Por um breve momento, ela tentou entender por que fizera aquilo. Mas, em seguida, resolveu sair e tocar a sua vida.

A escola, as amigas, o estudo. Havia muita coisa para fazer, para dizer, para viver.

À noite, ela foi a uma festa e voltou tarde para casa. Uma hora da manhã.

Estava tão cansada que literalmente se jogou na cama e dormiu.

No meio da madrugada, foi arrancada do sono por um enorme estrondo.

Faróis ofuscantes, blocos de cimento despedaçado e a parte dianteira de um caminhão estavam no seu quarto.

Pedaços de cimento caíram em sua cama. O quarto foi invadido por uma nuvem de poeira.

Pulou da cama, assustada. Dentro do caminhão, estava uma mulher.

Seu rosto sangrava e, mesmo assim, ela tentava engatar uma marcha à ré.

Soube-se, mais tarde, que a mulher, totalmente drogada, tinha atravessado três pistas, derrubado a cerca do quintal e invadido o quarto, daquela forma.

Passado o susto, a jovem se tomou de indignação pelo risco que correra.

Depois, agradeceu por estar viva.

Foi, no entanto, quando se deu conta de que, se não tivesse mudado a cama de lugar horas antes do desastre, o impacto do caminhão a teria matado, que ela deu graças a Deus por estar viva.

E pela intuição que teve e atendeu de pronto.

Na nova arrumação, o lado direito do caminhão ficou a trinta centímetros de sua cabeça.

* * *

O pressentimento, por vezes, é o conselho íntimo e oculto de um Espírito que nos quer bem.

Na incerteza de atender ou não ao pressentimento, ore a Deus, Soberano Senhor de tudo e todos.

Ele lhe enviará um de Seus mensageiros em seu socorro.

Pense nisso!

(Texto da Redação do Momento Espírita, com base no cap. 6 do livro Não é preciso dizer adeus, de Allison Dubois, ed. Sextante e itens 522 e 523, de O livro dos espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb. http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=1487&let=P&stat=0)