sexta-feira, 2 de março de 2018

Entre A Terra E O Céu - Programa 007

Memórias De Um Suicida - Programa 031

Mural reflexivo: A cada um segundo suas obras

A cada um segundo suas obras
     
      Nessa sentença de Jesus estão sintetizadas todas as leis que regem as questões ético-morais.
      Mas de que maneira essa justiça se estabelece?
      Que mecanismo coordena essa distribuição, com justiça?
      Primeiro é importante lembrar que a justiça dos homens está calcada na legislação humana, com base em códigos legais criados pelos próprios homens.
      Quando há um litígio qualquer, um grupo de pessoas especializadas nesses códigos analisa o processo, julga e define as penalidades aplicáveis ao réu.
      A duração das penas também é estabelecida pelo juiz.
      Então podemos concluir que a justiça dos homens se alicerça no arbítrio, segundo a visão dos magistrados.
      Mas com a justiça divina é diferente.
      As consequências dos atos se dão de forma direta e natural, sem intermediários.
      Em caso de uma falta qualquer, a penalidade se estabelece de maneira natural, e cessa também naturalmente, com o arrependimento efetivo e a reparação da falta.
      Importante destacar que na justiça divina não há dois pesos e duas medidas. As leis são imutáveis e imparciais, e não podem ser burladas.
      Um exemplo talvez torne mais fácil o entendimento.
      Se alguém resolve beber uma dose considerável de veneno, as consequências logo surgirão no organismo, de maneira direta e natural.
      Não é preciso que alguém julgue o ato e decida o que vai acontecer com o organismo do indivíduo. Simplesmente o resultado aparece.
      Castigo? Não. Consequência natural derivada do seu ato, da sua livre escolha.
      Os efeitos produzidos no corpo físico não fazem distinção entre o pobre ou o rico, o religioso ou o ateu, a criança ou o adulto.
      As leis divinas não contemplam exceções, nem concessões. São justas e equânimes.
      E essas consequências duram tanto quanto a causa que as produziu.
      Uma vez passado o efeito do veneno, resta consertar o estrago e seguir em frente. Por isso a necessidade da reparação.
      Nesse caso devemos considerar que a lei da reencarnação se torna uma necessidade, para que cada um receba conforme suas obras, segundo a justiça divina.
      Se a pessoa bebe veneno e morre, as consequências do seu ato a seguirão no mundo espiritual, pois ela sai do corpo mas não sai da vida.
      Por vezes, é necessário renascer num novo corpo marcado pelos estragos que o veneno produziu.
      Castigo? Certamente não. Consequência direta e natural.
      No campo moral a justiça divina se dá da mesma maneira, distribuindo a cada um segundo suas obras, sem intermediários.
      Mas como conhecer essas leis?
      Ouvindo a própria consciência, que é onde se encontra esse código divino.
      Não é outro o motivo que leva a pessoa corrupta, injusta, violenta, hipócrita, a tentar anestesiar a consciência usando drogas, embriagando-se para aplacar o clamor que vem da sua intimidade.
      Uma vez mais podemos considerar que Jesus realmente é o maior de todos os sábios.
      Numa sentença sintética ele ensinou tudo o que precisamos saber para conquistar a nossa felicidade.
      Sim, porque se as consequências dos nossos atos são diretas e naturais, podemos promover, desde agora, consequências felizes para logo mais.
      E se hoje sofremos as consequências de atos infelizes já praticados, basta colher os resultados, sem se queixar da sorte, e agir com uma conduta ético-moral condizente com o resultado que desejamos obter logo mais.

    Pense nisso!
   
      Nas leis divinas não existem penas eternas. As consequências infelizes duram tanto quanto a causa que as produziu.
      Assim, como depende de cada um o seu aperfeiçoamento, todos podem, em virtude do livre-arbítrio, prolongar ou abreviar seus sofrimentos, como o doente sofre, pelos seus excessos, enquanto não lhes põe termo.
      Dessa forma, se você deseja um futuro mais feliz, busque ajustar seus atos a sua consciência, que é sempre um guia infalível onde estão escritas as leis de Deus.
      E, se em algum momento surgir a dúvida de como agir corretamente: faça aos outros o que gostaria que os outros lhe fizessem, e não haverá equívoco.
     
      
        Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em A Gênese, de Allan Kardec, item 32, cap. I.

Pedagogia Espírita na Educação

Parábolas E Ensinos De Jesus - Programa 031

O Problema Do Ser E Do Destino - Programa 031

quinta-feira, 1 de março de 2018

Meninas Espíritas - EXISTE MOCIDADE ESPÍRITA FORA DO BRASIL?


ROSSANDRO KLINJEY: como EQUILIBRAR TRABALHO e VIDA PESSOAL? | 34º Congresso Espírita de Goiás


Qual a importância das MÍDIAS SOCIAIS para o ESPIRITISMO?


POR QUE você deve REGISTRAR EVENTOS ESPÍRITAS | 34º Congresso Espírita de Goiás


Meninas Espíritas - O BEM E MAL NA VISÃO ESPÍRITA


A Série Psicológica de Joanna de Ângelis - Módulo 21

AULA 01



AULA 02




AULA 03


quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Crie a história e desenvolva o tema...






Reflexão


As crianças que sofreram 'lavagem cerebral' pelo EI e que estão fugindo para a Europa

Quentin Sommerville e Riam Dalati
BBC News


Mutassim está nervoso. O garoto de 16 anos nunca andou de avião antes. Ele olha para os outros passageiros esperando no portão de embarque no aeroporto de Atenas.
À medida que as pessoas começam a embarcar, o garoto sírio repassa na mente as frases em espanhol que aprendeu. As autoridades poderão lhe fazer perguntas, e ele está viajando com um passaporte espanhol falso. O documento custou mais de 3 mil euros (Mais de R$ 11 mil) e foi comprado de contrabandistas de pessoas que o ajudaram a fugir da Síria para a Turquia e agora para a Europa.
Apenas um mês antes, ele tinha estado em Raqqa, uma cidade controlada pelo grupo autodenominado "Estado Islâmico". O adolescente tinha sido colocado para trabalhar em um hospital local e cuidar de combatentes do EI. Antes disso, integrava uma das unidades de propaganda do grupo.
Mas essa foi uma outra vida, que ele quer esquecer. Os ataques aéreos, os gritos, as pessoas decapitadas...tudo agora ficou para trás. Toda essa história precisa ser mantida em segredo, já que um novo começo o espera na Alemanha - mas isso só se as autoridades não descobrirem que ele foi treinado para ser um "filhote de leão", como eram chamados os soldados mirins do califado.
O Estado Islâmico está entrando em colapso. Na Síria, no Iraque, na Líbia... em todos esses lugares, eles estão perdendo território. Suas ambições de um califado mundial não estão se mostrando realizáveis. Mas talvez isso já estivesse previsto. Havia um plano B, uma "política de segurança" pensada para prolongar a sobrevivência do grupo extremista depois da perda de controle sobre Raqqa, Sirte e Mosul.
Primeiro, veio o aliciamento, depois o recrutamento e o treinamento para criar um novo exército de crianças jihadistas, que poderiam virar combatentes adultos. A nova geração de ódio do Estado Islâmico.
Mutassim não tem muito perfil de guerrilheiro. Ele é baixo e nervoso. Eu o conheci no pequeno vilarejo alemão onde está vivendo agora. Estava fumando - um vício que adquiriu depois de deixar a Síria, já que isso é proibido pelo EI. E apesar de ainda não passar do meio-dia, ele me oferece uma lata de cerveja.
Ele diz que parou de rezar e abandonou suas crenças. Antes, ele há havia absorvido por completo as lições do EI e seguia seu caminho extremista.
O jovem havia filmado lugares atingidos por ataques aéreos, ajudado feridos no hospital e testemunhado decapitações públicas. Ele também recebeu treinamento militar, o que é pré-requisito do grupo. No caso de Mutassim, durou apenas 15 dias - para outros, pode durar muito mais. O programa é rigoroso, começa às 4h da madrugada com orações. Exercício físico, treinamento para combate e lições sobre a sharia, a lei islâmica.
Como parte do treinamento, adolescentes tinham que saltar por pneus em chamas, rastejar sob arame farpado, enquanto balas disparadas voavam sobre suas cabeças.
Um amigo - um garoto de 13 anos do leste de Ghouta, perto de Damasco - foi atingido na cabeça por uma bala perdida e morreu. Mutassim viveu tudo isso antes de completar 16 anos.
Muitos grupos armados na África, no Oriente Médio e na América do Sul, treinaram crianças para batalhas. Recrutar crianças como soldados é um crime de guerra. Mas poucos refinaram esse treinamento de maneira tão eficiente quanto o EI.
Para se ter uma ideia, as unidades móveis de propaganda que o grupo levou a vários pontos do território mostram punições e combates. Crianças de cinco anos de idade frequentam esses lugares.
Vídeos filmados secretamente em Raqqa e enviados à BBC mostram crianças rodeando, animadas, uma espécie de jaula. Dentro dela, está um morador local, um comerciante local chamado Samir.
Eles encaram o prisioneiro, que está sentado no centro da jaula, com a cabeça entre os joelhos. Uma das crianças esguicha Samir com alguma coisa. De acordo a ficha de acusação, ele havia abusado sexualmente de uma mulher muçulmana. Sua punição era prover entretenimento às crianças - como um animal em um zoológico. Mas crianças como aquelas provavelmente já haviam visto muita coisa pior - como decapitações e execuções.
Os militantes têm sido cuidadosos na hora de recrutar adolescentes para a causa. Eles aliciam as crianças não apenas com promessas de salvação e paraíso, mas também com a realização de desejos mais terrenos.
A vida com o EI é difícil e perigosa, mas tem suas recompensas. Para Mutassim, prometeram uma esposa.
Quando tinha 14 anos e meio, estava muito a fim de se casar. Quando sua família recusou sua vontade, o EI entrou em cena. Eles o permitiram viver com eles, deram ao garoto responsabilidades, o ensinaram a dirigir e se comprometeram a encontrar para ele uma noiva.
"Eles me trataram bem, eu me senti como um rei e eles eram meus servos."
Mutassim era um recruta voluntário. Ele diz que cerca de 70% dos jovens que se juntaram à organização tinham problemas familiares. "Eles usariam esses problemas contra suas famílias, então, ou elas supriam suas demandas ou eles se juntariam à organização."
Mas conforme o tempo foi passando e a guerra se intensificando, a vida em Raqqa passou a ser mais difícil.
"Quando ocorreu o atentado ao estádio na França (novembro de 2015), ninguém podia dormir em Raqqa", conta. "Os franceses bombardearam a cidade toda. Eu fiquei com raiva porque muitos civis inocentes morreram."
Após outro ataque aéreo, ele ouviu crianças chorando, mulheres gritando por ajuda. "Foi uma cena que não vou esquecer nunca. Parecia um filme de ação."
Aos poucos, Mutassim foi se desiludindo com o EI. Combatentes que antes ele via como corajosos e fortes não eram verdadeiros com suas crenças, segundo ele.
"Decidi sair quando vi um deles batendo em uma mulher. Fiquei furioso. Ele era um estrangeiro e estava batendo em uma mulher síria. Daquele dia em diante, comecei a odiar o Estado Islâmico. Foi preciso quatro meses até que eu conseguisse sair."
Mutassim se reconciliou com sua família, que sempre o aconselhou a sair do país o quanto antes. Eles pagaram contrabandistas para ajudá-lo a escapar.
Raqqa e a área do entorno dela é um campo de batalha, com forças concorrentes em diferentes pontos de controle. Os riscos são altos - como o de ser capturado.
"Se você tentar sair, você será preso - a maioria dos que tentaram foram executados."
Na fronteira sul da Turquia, encontrei Abu Jasen, o contrabandista de pessoas que ajudou a tirar Mutassim da Síria. Ele diz que a rota hoje é mais difícil do que era entre 2014 e 2015. Para alcançar a fronteira, a pessoa tem que passar primeiro pelas Forças Democráticas da Síria - uma aliança de curdos com árabes opositores do EI - que têm listas de nomes de recrutas do grupo extremista e estão à procura deles.
O próximo obstáculo é passar pelo território controlado pelo Exército Livre da Síria, que faz oposição ao presidente Assad e ao EI.
Mutassim descreve parte do desespero que passou durante a missão de fugir do EI. "Eles atiraram sobre nossas cabeças", relata sobre quando cruzou a fronteira com a Turquia. Ainda que guardas sejam pagos para deixar os sírios passar, isso não torna o trajeto menos apavorante.
Depois o desafio foi cruzar a Grécia com um passaporte falso. Hoje, ele mora em um hotel para refugiados na Alemanha - e foi me contando os pesadelos que viveu na Síria e que nunca vai esquecer.
As autoridades alemãs não sabem nada sobre seu passado, nem que ele conseguiu viajar do território do Estado Islâmico até a Europa por um mês sem ser pego.
E Mutassim não veio sozinho.
Outro adolescente, que serviu o califado na Síria e em Mosul, no Iraque, conseguiu chegar até a Bélgica.
Omar tem 17 anos, mas poderia facilmente ser confundido com uma pessoa mais nova. Ele se pinta de garoto duro e ainda tem fortes características de quem foi enviado para lutar pelo Estado Islâmico.
O jovem está vivendo na Bélgica e foi expulso de três hostels para refugiados por ter sido indisciplinado. Demorou meses para contar sua história e, apesar de alguns exageros, pintou um quadro de abusos.
À medida que vai bebendo uma cerveja, Omar começa a se abrir sobre o EI. Suas respostas são formuladas com cuidado. Seus relatos são recheados de bravatas, mas logo dá para perceber que o tempo que passou no EI foi cheio de fracassos.
Ele também é de Raqqa, onde trabalhou em uma garagem. Juntou-se ao EI quando ainda era bem novo.
"Todos os meus amigos estavam com a organização, e decidi me juntar a eles porque, sinceramente, gostava deles. Eles tinham uma reputação boa no início, mas depois isso mudou."
Depois de duas semanas de treinamento em Raqqa, o jovem foi enviado a Mossul, no Iraque, para reforçar o EI na cidade. Lá, ele ficou em uma casa por uma semana.
"Não saíamos de lá, nos disseram para não abrir a porta para ninguém."
Mossul foi uma experiência decepcionante. Encontrou combatentes que estavam havia dois anos na cidade, sem um único dia livre. Muitos passaram o tempo todo na linha de frente de batalha, se alimentando apenas com iogurte, pão e tâmaras.
Omar não conseguiu se tornar o combatente que esperava.
Ele foi dispensado do Jaysh al Khilafa (o Exército do califado) por faltar nas aulas. Chegou a tentar novamente, desta vez para se juntar ao IED (responsáveis pela fabricação das bombas), mas também acabou rejeitado.
O jovem acabou trabalhando como informante, uma função de nível mais baixo, responsável por espionar curdos, fumantes (o Estado Islâmico proíbe o cigarro) e pessoas com armas não autorizadas. Ele recebia em dinheiro por cada informação que passava.
Mas seus dias com o califado acabaram rápido. O ponto derradeiro veio quando foi detido por um combatente argelino do EI que o acusou de estar fumando - já era tarde da noite, e o homem o levou para um carro, onde o estuprou.
"Eu fiquei com tanto medo, e ele tinha o controle de tudo, poderia me acusar de qualquer coisa e me levar para a polícia", disse. Foi aí que Omar decidiu sair.
Hoje em dia, ele mantém seu passado em segredo. E sobrevive graças a suas "namoradas" - mulheres mais velhas que lhe dão dinheiro.
Ele não é uma ameaça para europeus, garante. "Eles eram meus inimigos, mas agora estou vivendo entre eles, comendo e bebendo com eles. Eles me receberam e cuidaram de mim. Comecei a odiar meu passado todo e decidi construir uma nova vida."
Nos últimos meses, a BBC soube de pelo menos mais três outros ex-soldados mirins do EI vivendo na Europa. Eles não quiseram dar entrevista. A reportagem tentou conversar com as autoridades europeias sobre os casos, mas ninguém quis comentar.

Currículo de ódio

Mas o Estado Islâmico não apenas se concentrou em recrutar crianças para serem soldados nos campos de batalha. Ele avançou fundo na sociedade, nas casas, nas salas de aula, e na mente de crianças mais novas.
Assim que elas fazem cinco anos, são introduzidas a um vocabulário de conflitos e violência, conforme os livros escolares do califado revelam. Eles são os "filhotes do Califado" e o processo de transformá-los em guerreiros sagrados começa aí.
O Ministério da Educação instruiu professores a semear o "amor pela educação", mas sugeria que isso fosse feito com menções às virtudes dos profetas e mensagens de "perdão, paciência, coragem, força, confiança em Alá e no chamado para ser jihadista em seu nome". Os professores eram incentivados a "injetar fervor" nas crianças ensinando versos infantis.
"Ó nação, Alá é nosso senhor, seja generoso com seu sangue. A vitória só pode ser atingida pelo sangue dos mártires", é um dos versos ensinados às crianças do Estado Islâmico.
Assim como o movimento da Juventude de Hitler doutrinou jovens a servir os nazistas na época da Segunda Guerra Mundial, o grupo extremista islâmico desenvolveu um "aparato" para renovar seus seguidores regularmente. Quando assumiu o controle de Raqqa no inverno de 2014 e a transformou em sua capital, ela criou o Ministério da Educação, que logo emitiu seu primeiro decreto: as aulas de música foram banidas, assim como as aulas de educação cívica, história, esportes e até o currículo do governo sírio sobre educação islâmica.
Elas foram substituídas pela "doutrina jihadista" do EI e livretos sobre a sharia.
Como ainda não possuía livros para o currículo próprio, o grupo usava livros sírios existentes, só que estes eram censurados. "Exemplos que falavam sobre juros bancários, democracia, eleições ou darwinismo precisam ser apagados", dizia um decreto do ministério. Professores foram orientados a preencher as lacunas do material apagado usando exemplos que "não contradizem nem as leis islâmicas, nem a política do Estado Islâmico".
Em julho de 2014, o califado assumiu o controle sobre a cidade iraquiana de Mossul, seis vezes maior que Raqqa, e que tinha muito mais a oferecer em termos de recursos humanos e infraestrutura. Com isso, o Estado Islâmico passou a ter a expertise e os recursos para fazer todo seu currículo escolar desde o início.
Na escola primária, o material religioso incluía textos que instigavam as pessoas contra não-muçulmanos, além de propagandas para jovens enxergarem o EI de maneira positiva.
O currículo escolar do grupo extremista ficou pronto entre 2015 e 2016. As crianças se matriculariam aos 5 anos e se formariam aos 15, eliminando quatro anos da escola normal que existia até então. Elas seriam educadas em 12 disciplinas diferentes, mas todas em acordo com a doutrina do Estado Islâmico. Ser jihadista era algo institucionalizado e o inimigo estaria em qualquer lugar além das fronteiras do califado.
Agora, mesmo com a queda do Estado Islâmico em Mossul, e com a capitulação de Raqqa sendo esperada nos próximos meses, o EI continua ensinando seu currículo de ódio nas escolas de territórios que mantém sob seu controle na Síria.
Durante os anos no ensino primário, nas aulas de leitura em árabe, as crianças aprendem que há um fluxo de "inimigos" tentando profanar a dignidade dos muçulmanos - os xiitas, os sunitas que não seguem a doutrina do EI, os iranianos, o Ocidente, a aliança judeu-cristã (a coalizão militar que enfrenta o EI), a ONU...desde cedo, o EI doutrina suas crianças sobre a guerra necessária contra os infiéis, que precisam ser "vencidos".
Esses livros também estão atados aos ensinamentos controversos de Ibn Taymiyah e Ibn Al-Qayyim, estudiosos medievais cujos escritos se tornaram o alicerce do islamismo ultraconservador contemporâneo e da ideologia judaica salafista. Os textos revelam que crianças de seis a 11 anos estavam sendo repetidamente ensinadas sobre os conceitos de "amar os que amam Alá e odiar o resto".
Mas talvez as subversões mais maquiavélicas do Estado islâmico estejam nos seus ensinamentos do Alcorão. O grupo instrui seus professores a vincular versos a conceitos jihadistas não convencionais em suas aulas. "Prepare-se para ensinar este versículo ensinando aos alunos que o objetivo de um jihadista em nome de Alá é conseguir a vitória sobre os infiéis ou morrer por Ele", diz uma das instruções.
Os efeitos desse currículo extremista nas crianças podem ser sentidos no "Treinamento dos Futuros Leões", um vídeo de propaganda do EI.
"Quem é seu emir (comandante)?", pergunta o narrador.
"Abu Bakr al-Baghdadi (líder do EI)", responde Abdullah, uma formosa criança do Cazaquistão, que não deve ter mais de 10 anos.
"O que você quer ser quando crescer, inshaallah?"
"Eu serei um matador. Serei um mujahid (combatente), inshaallah".
Três meses depois, Abdullah aparece em outro vídeo exibindo uma arma e executando dois supostos espiões.

Formando um jihadista

E o que ocorre quando a jornada de um filhote do Estado islâmico na aprendizagem primária chega ao fim? Seu futuro status talvez possa ser melhor retratado pela capa de um livro de leitura para jovens de 11 anos. Ela apresenta uma criança com um rifle pendurado sobre seu ombro, embarcando em uma viagem cinza e nebulosa, o que provavelmente leva à guerra, onde sua determinação irá forjar ou quebrar.
O Estado Islâmico saiu de Mossul, mesmo assim ainda se ouve crianças cantando músicas enaltecendo ataques jihadistas contra o Ocidente.
"Vocês verão um conflito épico. Nós estaremos em suas casas. Nossos combatentes vão aterrorizá-los. Não há escapatória, senão a morte", dizia uma das letras.
Usma e Yabcoub, de 12 anos, por exemplo, cantam essas músicas no pátio da escola ou em casa.
Eles se lembram de voltar andando para casa e ver cadáveres pendurados em postes. E se lembram também dos vídeos das decapitações.
Usma sorri quando me conta que seu novo corte de cabelo, raspado nos lados e mais longo em cima, teria lhe rendido 15 chibatadas sob o EI.
Yacoub não sorri quando passa o dedo pela própria garganta. "Eles não eram legais, eles decapitavam pessoas", diz.
Quando recrutava crianças, o EI apelava principalmente para suas emoções.
"O EI não se aproximava dos alunos de maneira violenta", disse Yousef, um tutor. "Eles apelavam para seu lado emocional dizendo: somos sua família e vamos ajudá-lo a conseguir sua independência e liberdade."
A primeira vez que falei com Yousef foi há dois anos, pela internet, quando ele nos passou informações sobre a ocupação do EI em Mossul. Ele me passou todo o currículo escolar do grupo extremista.
Yousef viu a doutrina do EI tomar conta das salas de aula e alguns dos seus alunos desaparecerem. Seus pais morreram ou lutando pelo grupo extremista ou pela mão de seus combatentes.
"As crianças são um solo fértil. É mais fácil para o EI fazer uma lavagem cerebral com elas quando ainda são jovens do que quando adultos", diz Yousef.
Em alguns casos, segundo ele, famílias chegavam a ceder suas crianças ao grupo para proteger outros parentes.
Segundo a ONU, não importa a forma como as crianças acabam nos grupos armados do Estado Islâmico - seja de maneira voluntária, por sequestro ou coagidas, todos os "soldados mirins" são vítimas.
Aquelas que foram retiradas muito cedo de suas famílias não têm lembranças de uma infância normal e são as mais difíceis de serem "salvas" dos extremistas.
Os crimes do EI são muitos: estupro, destruição, genocídio e terror. Um dos seus legados mais prejudiciais é justamente o das crianças deixadas sem qualquer futuro, as que viveram sob seu comando e acabaram perdendo seu passado e presente para viver o caos da guerra.
É difícil ter números exatos, mas estima-se que 2 mil crianças se tornaram "Filhotes de Leão do Califado", crianças-soldado para a máquina de guerra do EI - e milhares de outras delas foram aliciadas pela propaganda jihadista das salas de aula.
Elas são vítimas - e algumas são ameaças. Quase todas acabam às margens de qualquer sociedade que acabem frequentando quando adultas.
E há também o problema da reincidência. Especialistas apontam que alguns deles acabam na criminalidade, já que já desenvolveram todas as habilidades para isso.
Identificar os mais afetados por tudo isso é difícil. Tratá-los, por um fim a seus pesadelos e traumas será custoso e levará tempo. Eles perderam muito tempo longe de uma escola apropriada, e encontrar empregos para quem cresceu dessa maneira é outro desafio. Além disso, retornar à fé real, àquela que não está poluída pela ideologia jihadista, exige perseverança.
Pode ser que seja possível trazê-los de volta à sociedade e para ajudar o Iraque e a Síria a se reconstruírem. É importante também tratar aqueles que conseguiram fugir para o Ocidente, para evitar que eles se tornem criminosos.
Mas não será fácil. Talvez os especialistas do Estado Islâmico já imaginassem tudo isso quando criaram esse sistema.
Porque apesar da boa vontade, quem quer ajudar um menino que sonhava em ser um suicida jihadista?
Notícia publicada na BBC Brasil, em 22 de agosto de 2017.

Cristiano Carvalho Assis* comenta

Quando leio a reportagem, minha mente vai imediatamente para a questão 833 de O Livro dos Espíritos: Haverá no homem alguma coisa que escape a todo constrangimento e pela qual goze ele de absoluta liberdade? “No pensamento goza o homem de ilimitada liberdade, pois que não há como pôr-lhe peias. Pode-se-lhe deter o voo, porém, não aniquilá-lo.” Ficamos sempre a pensar o que seria este "deter o voo", contido na resposta. E quando vemos as crianças do Estado Islâmico começamos a entender melhor como podemos deter os pensamentos das pessoas ou pelo menos influenciá-los para correr em uma direção que desejamos.
Como nos preocupa a leitura da reportagem, não apenas pelos exemplos de violência, de atrocidades, estupros, decapitações ou assassinatos. Mas também pelo trabalho realizado em dominar as crianças em seu mais profundo eu, em sua mente, em sua base estrutural, nos pensamentos. Saber enfrentar essa influência e ter forças para seguir outro caminho é bem complicado. Como será a vida destas crianças? Será que serão resilientes? Ou será que irão aumentar as estatísticas de violência no mundo?
Vemos que não aprendemos muito com nossos erros do passado. Por conta de nossas ambições, egoísmos e vinganças repetimos equívocos que a história já nos contou, como dão errado o aliciamento da juventude, manipulação da Educação e do setor de comunicação, uso da religião para justificar atrocidades e muitas outras atitudes de dominação.
Podemos nos enganar e imaginar que graças a Deus isso não acontece conosco aqui o Brasil. Grande ilusão!!! Buscar manipular nossos pensamentos e direcionar nossas atitudes ocorrem em todos os momentos de nossas vidas e em todos os lugares do mundo. E o pior é que por vezes nem percebemos.
Alguns exemplos que podemos ver estão nas campanhas publicitárias ou nas pessoas que desejam algo de nós ou nos países que dominam a sociedade, normalmente utilizando vários recursos para nos manipular. Desde a melhor forma de falar, na melhor aparência de se mostrar e chegando até nas ideias desequilibradas maqueadas de verdade que buscam enganar.
Ou quando vemos nesta parte da reportagem: "Os militantes têm sido cuidadosos na hora de recrutar adolescentes para a causa. Eles aliciam as crianças não apenas com promessas de salvação e paraíso, mas também com a realização de desejos mais terrenos." Não tem como não associar com as crianças e jovens aliciadas com as promessas de dinheiro e poder nos morros do Rio ou de outras localidades dominadas pelas drogas.
Ou ainda, espiritualmente falando, quando vemos os Espíritos Inferiores buscando alimentar nossas imperfeições, incutindo ideias desequilibradas em nossas mentes para aumentar o poder de influência e domínio sobre nós.
Esses são alguns dos muitos exemplos do quanto nossos pensamentos são bombardeados a todos os instantes para que nos direcionemos e escolhamos ser dominados por pessoas ou ideais altamente desequilibrados, mas que nos faz acreditar que é o caminho certo a se seguir.
Este tipo de dominação é a mais cruel de todas, uma verdadeira prisão sem grades. Quando é do tipo de corpos, apenas soltando a pessoa há libertação. Mas quando é de mente, a liberdade se faz mais difícil. A pessoa terá que reconstruir a sua base de pensamentos, suas "verdades", incutidas desde a primeira infância. É bem mais complicado e desafiador. Mas fica a dúvida: é possível essa reconstrução íntima?
Se respondesse que não pode ter certeza que não estaria na fileira de Espírita, nem acreditaria no poder da Educação ou da Evolução. Sim, é possível, com certeza será muito trabalhoso e necessitará de muito empenho íntimo da própria criança e das pessoas que a rodeiam. Mas com certeza a Divina Providência está ao lado de cada um, direcionando da melhor forma esta reconstrução, a qual será lenta e demorada, pois este é um trabalho que não dá saltos e a Espiritualidade Superior, ao contrário da Inferior, não agride consciências.
Tenhamos gravados em nossa mente o recado da Espiritualidade Superior a nos lembrar: "Pode-se-lhe deter o voo, porém, não aniquilá-lo". Os homens, Instituições, religiões, Espíritos ou qualquer outra coisa têm a liberdade de buscar nos influenciar e dominar para o erro ou para o desequilíbrio. No entanto, por mais que façam, influenciem ou digam, seja em crianças ou adultos, estejamos encarnados ou desencarnados, ou em qualquer situação que estivermos, não conseguirão em hipótese alguma aniquilar nossos pensamentos, nossa liberdade de escolha e nosso livre-arbítrio.
Sempre teremos a opção de mudar a história em nossa intimidade e em nossos pensamentos. Apenas estaremos presos de corpo e de mente no errado, no desequilibrado e no que nos faz mal enquanto acreditarmos que isto é verdade, nos faz bem ou que é mais forte do que nós. Mas quando usarmos as forças da vontade e da verdade, depositadas por Deus em nossa consciência, sairemos da influência e domínio dos maus e teremos a companhia, a força e as intuições dos Bons.
* Cristiano Carvalho Assis é formado em Odontologia. Nasceu em Brasília/DF e reside atualmente em São Luís/MA. Na área espírita, é trabalhador do Centro Espírita Maranhense e colaborador do Serviço de Atendimento Fraterno do Espiritismo.net

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

E, aí! Já leu?!


Arrependimentos | Sem medo de ser feliz

Vozes interiores reflexões - cada um colhe o que planta...


Da observação à ação | Diálogos Médicos

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Trabalho útil | Diálogos Médicos

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

A importância de Jesus no nosso cotidiano | Manhã Boa Nova

Trocando ideia sobre bullying

Oi Galera!
O vídeo fala sobre bullying infantil. Vamos trocar ideia sobre o assunto, mas abrangendo mais que crianças?  Sempre na visão da Doutrina Espírita, beleza?!
Abraços e beijos


“Daisy Chain” nasceu como uma história de embalar e em três anos tornou-se um dos livros interativos de maior sucesso na Austrália. E também um curta metragem com a narração da atriz Kate Winslet.
O australiano Galvin Scott Davis começou a notar algo diferente no seu filho, Benjamin. Sempre que chegava da escola, o menino ficava mais calado e não tinha a mesma motivação que antes. “Ele estava mais reservado e descobri que tinha sofrido bullying na escola. Não foi um caso muito grave, mas foi suficiente para que perdesse a confiança”,contou ao jornal The Guardian.
Para reconfortar o filho, Davis decidiu contar-lhe uma história de embalar de alguns dos livros infantis da vasta coleção que tem em casa, mas não encontrou nenhuma história apropriada para aquele momento. Então, decidiu inventar uma. Assim nasceu a ideia para “Daisy Chain”, um conto sobre uma menina chamada Bree Buttercup, que é perseguida por outras crianças quando tiram uma fotografia dela e a colocam em todas as árvores do parque. É o próprio Benjamin quem ajuda Bree )combatê-los usando uma corrente de margaridas, a sua flor favorita.
Num período de 3 anos, a história deixou o quarto de Benjamin para tornar-se um dos livros interativos com o maior número de downloadsna Austrália. Depois, foi feita um curta metragem com a narração da atriz Kate Winslet, que está a ser utilizado por grupos anti-bullying na Austrália, Estados Unidos e Reino Unido para a consciencialização das crianças nas escolas.
(Fonte: http://www.contioutra.com/o-video-anti-bullying-infantil-que-esta-conquistando-o-mundo/

Vocal Livre - A Começar em Mim



Cedo me acordo, a oração
É o coração que tá apertado
Para ver um mundo diferente da notícia repetida da televisão
Eu me pergunto onde é que foi
Alguém me explica, por favor, onde é que foi
Que nós desaprendemos a viver em união

Quero ver mudar, mas se eu aqui só esperar
Eu sou um deles, sou só um deles
Minha oração só é real transformação se começar em mim

Haja mais amor
A começar em mim
Amor que eu tanto quero ver
A começar em mim
Quem me perceber, que antes possa me reconhecer
Me descrever em teu amor

E se tivesse mais perdão
Se no lugar de apontarem tantos erros
Fossem estendidos mais abraços, mais olhares de aceitação
Se não mais tanto tempo em vão
Se nosso bem mais precioso não faltasse quando pra ouvir
Pra entender o meu irmão

Posso até sonhar, mas se eu aqui só esperar
Eu sou um deles, sou só um deles
Minha oração só é real transformação se começar em mim

Haja mais amor
A começar em mim
Amor que eu tanto quero ver
A começar em mim
Quem me perceber, que antes possa me reconhecer
Me descrever em teu amor

Americana recebe último buquê de flores de presente do pai, falecido há 5 anos

do BOL

Desde que perdeu o pai há cinco anos vítima de câncer, a norte-americana Bailey Sellers tem recebido flores de presente, sempre com um cartão escrito por seu pai. Em seu 21º aniversário, quando é atingida a maioridade nos EUA, ela recebeu uma surpresa: o último buquê.
O cartão deste ano emocionou a internet com a mensagem: "Essa é minha última carta de amor a você até nos encontrarmos novamente. Eu não quero que você derrame outra lágrima por mim, minha bebezinha, pois estou em um lugar melhor. Você é e sempre será a joia mais preciosa que me deram. Este é seu 21º aniversário e quero que sempre respeite sua mãe e seja honesta consigo mesma. Seja feliz e viva intensamente. Eu vou sempre estar com você em cada marco, olhe em volta e lá estarei. Amo você, amorzinho. Feliz aniversário!!! Papai".
A mensagem foi compartilhada no Twitter pela jovem e recebeu mais de 1 milhão de curtidas, além de apoio de internautas, as quais ela respondeu: "Todo ano eu esperava ansiosa pelo meu aniversário porque sentia que ele estava aqui comigo, mas esse é o último ano que vou recebê-las, por isso é tão triste".
Notícia publicada no Portal BOL, em 27 de novembro de 2017.

Valerie Nascimento* comenta

"Nunca haverá separação entre os que se amam… Deus não nos criaria para que nos perdêssemos uns dos outros." (Maria Helena, no Livro "Feliz Regresso", psicografia de Chico Xavier.)
Para onde vai a alma que habitava aquele corpo que nós amávamos tanto? Em que condições ficaremos com essa separação e diante da perspectiva de que seja eterna?
Nós, em geral, ainda temos bastante dificuldade de entender a morte como algo natural. Ela pode ser vista como um mistério incompreensível ou como um absurdo inaceitável, até mesmo como um tabu do qual a maioria das pessoas não gosta nem de falar. Mas o fato é que todos nós já vivemos ou vamos vivenciar a experiência do desencarne de alguém querido. E das experiências humanas, a ausência física - já que não existe a morte como perda - de alguém que amamos pode ser considerada a mais dolorosa.
A Doutrina Espírita, por excelência uma doutrina balsâmica, consoladora e esclarecedora, nos permite suportar experiências como essa. Uma das maravilhas do Espiritismo é nos livrar do desespero do túmulo pelo esclarecimento da possibilidade de comunicação entre aqueles que já se desligaram da roupagem material e nós, que ainda estamos em provas e expiações no corpo físico.
A prova da imortalidade da alma nos dá uma esperança serena, porém não sem lágrimas, sem saudade ou sem lutas. O que essa esperança nos proporciona é a certeza do reencontro com os afetos que nos antecederam no retorno à espiritualidade, nos permitindo, assim, caminhar sabedores de que a imortalidade é o maior presente que o nosso Criador poderia ter nos dado.
Importante lembrarmos que encarnados e desencarnados são sempre espíritos, ora revestidos pelo corpo físico, ora despojados dele. Kardec explica que tudo no Universo está mergulhado na energia cósmica que preenche o espaço infinito, assim como na Terra estamos envolvidos pela atmosfera. Essa energia ou fluido, impulsionada pelo pensamento, é capaz de atravessar os limites invisíveis que separam a plano físico do espiritual, ou seja, nós de nossos amores desencarnados.
Pelo pensamento estamos em constante troca com espíritos desencarnados. É assim que nossa tristeza, mágoa, saudade e qualquer outro pensamento e/ou emoção viaja em milésimos de segundos até o destinatário. Quando estes forem de carinho, levam consigo conforto, alegria, esperança. Porém, quando são de animosidade, podem desanimar, entristecer ou irritar.
"O amor pode atravessar o abismo da morte", afirma o benfeitor espiritual Emmanuel. Por isso, quando tivermos de braços com a saudade, não permitamos que ela se torne uma prisão emocional. Busquemos conforto em ser útil ao outro, em aproveitar as oportunidades que cada novo dia nos oferece para preencher com bons pensamentos e ideias construtivas o vazio deixado por quem apenas "foi ali".
As flores físicas não chegarão mais nos aniversários da Bailey. Mas vale ressaltar que a intenção do pai possivelmente não era, ao final dos 5 anos em que a surpresa chegava no aniversário da filha, deixá-la pesarosa. Nesses anos, de alguma forma o pai da Bailey se fez presente na vida dela, materializou seu carinho, de forma que ele ainda fizesse parte da vida dela com um mimo e amorosos conselhos. E seguirá assim porque o verdadeiro amor não tem solução de continuidade.
Existe um trecho da música chamada "A começar em Mim", do grupo Vocal Livre, que diz: "Haja mais amor a começar em mim, amor que eu tanto quero ver a começar em mim." É uma bela reflexão do que mais precisamos hoje e nos dias futuros: amor.
O que nós queremos ver pelo mundo começa dentro de casa. É no lar que aprendemos os valores, a pensar no outro como indivíduo diferente e por isso mesmo merecedores do nosso respeito. O que a Bailey hoje deve ser grata por ter tido a oportunidade de um pai amoroso, que mesmo nos seus piores momentos quis zelar pelo seu amor? O amor é a ponte que nos permite crescer espiritualmente através das inúmeras passagem pelas nossas reencarnações, é uma fonte inesgotável contida em nós mesmos.
A notícia não fala de religião, convicções filosóficas, nem nada do estilo, mas nos mostra que para evoluirmos rumo ao melhoramento espiritual não precisamos entender todos os mistérios da vida, mas tão somente nos colocar no lugar do outro, agindo com ele como gostaríamos que nos fizessem.
Jesus chega a nos dizer, registrado no Evangelho de João, versículos 34 e 35: "Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros."
Cada cultura do nosso Planeta possui a sua particularidade ao lidar com a morte; mas nenhuma deixa de ser sentida também por aqueles que partiram. Na cultura oriental, por exemplo, a visão de morte é diferente da ocidental. Influenciados pela cultura budista, para a morte é ocasião de alegria e simboliza renascimento. Os festejos homenageiam o desencarnado e demonstram gratidão por ele ter feito parte da vida daqueles que o amaram. Já para a maioria dos ocidentais, o falecimento de alguém trás imenso pesar. Independente da crença e da fé de cada um no que a morte se refere, cada pessoa reage de uma forma particular. Contudo, o luto é um processo natural e necessário para o enfrentamento não só do vazio deixado, mas pelo significado daquela pessoa na nossa vida.
Por isso, enfim, deixamos um relato aqui psicografado pelo médium Chico Xavier, e é da autoria de um jovem chamado Jair Presente, que se dirige à sua inconsolável família, principalmente à sua mãe: “Agradeço-lhes o amor (que brota) das vossas lágrimas. Agradeço-lhes o carinho (que sinto) nas vossas preces, mas venho pedir-lhes para viverem. Viverem! E viverem felizes, porque assim, também eu serei feliz.”
* Valerie Nascimento é espírita e colaboradora do Espiritismo.net

Comédia Espírita em Taubaté/SP : "Reencarnashow - três espíritos, três histórias, 300 risadas".

Será encenada no dia 3 de março de 2018, a partir das 19h30 no Centro Espírita União e Caridade, a comédia "Reencarnashow - três espíritos, três histórias, 300 risadas". 
O espetáculo conta com o elenco do Canal Amigos da Luz, sucesso no Youtube. O texto é de Fabio de Luca e a direção de Fabio Oliviere.
O Centro Espírita União e Caridade fica na Rua Dr. Souza Alves, 142 - Centro, Taubaté/SP. Mais informações podem ser obtidas através do telefone (12) 99143-0047.


'Despreparada para a era digital, a democracia está sendo destruída', afirma guru do 'big data'

Gerardo Lissardy
Da BBC Mundo em Nova York


Quando Martin Hilbert calcula o volume de informação que há no mundo, causa espanto. Quando explica as mudanças no conceito de privacidade, abala. E quando reflete sobre o impacto disso tudo sobre os regimes democráticos, preocupa.
"Isso vai muito mal", adverte Hilbert, alemão de 39 anos, doutor em Comunicação, Economia e Ciências Sociais, e que investiga a disponibilidade de informação no mundo contemporâneo.
Segundo o professor da Universidade da Califórnia e assessor de tecnologia da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, o fluxo de dados entre cidadãos e governantes pode nos levar a uma "ditadura da informação", algo imaginado pelo escritor George Orwell no livro 1984.
Vivemos em um mundo onde políticos podem usar a tecnología para mudar mentes, operadoras de telefonia celular podem prever nossa localização e algoritmos das redes sociais conseguem decifrar nossa personalidade melhor do que nossos parceiros, afirma.
Hilbert conversou com a BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, sobre a eliminação de proteções à privacidade online nos EUA, onde uma decisão recente do Congresso, aprovada pelo presidente Donald Trump, facilitará a venda de informação de clientes por empresas provedoras de internet.
Confira os principais trechos da entrevista:
BBC: Qual é sua opinião sobre a decisão do Congresso dos EUA de derrubar regras de privacidade na internet?
Martin Hilbert: Os provedores de internet buscam permissão para coletar dados privados dos clientes há muito tempo - incluindo o histórico de navegação na web - e compartilhar com terceiros, como anunciantes e empresas de marketing.
Um provedor de internet pode ver suas buscas na internet - se, por exemplo, você assiste Netflix ou Hulu. Essa informação é valiosa, porque poderiam orientar sua publicidade a residências que usam seus serviços.
Enquanto isso parece ser um ato grave, liberado pelo novo governo dos EUA, há que reconhecer que nos últimos 30 anos os órgãos reguladores das telecomunicações nos EUA se afastaram de uma de suas metas originais: o benefício da sociedade. E se moveram no sentido de favorecer as empresas.
BBC: Os provedores de internet diziam que as regras não se aplicaram a grandes coletores de dados como Facebook ou Google. Como vê esse argumento?
Hilbert: Tem certa razão. Mas há uma diferença: para o Facebook, seu negócio são os dados que tem, trata-se de uma empresa de dados. A questão é se classificamos ou não os provedores de internet como provedores de dados.
Muitos provedores de telecomunicações inclusive estão começando a vender dados. Por exemplo: uma operadora de telefonia celular sabe onde você está em cada segundo. Então também podem vender essa informação? É preciso redefinir esses diferentes âmbitos. O órgão regulador precisa estar preparado e encontrar um equilíbrio em cada país.
BBC: Isso mostra a dificuldade de proteger a privacidade hoje?
Hilbert: A pergunta certa é que privacidade as pessoas querem. E a verdade é que as pessoas não estão tão preocupadas. O que ocorreu depois de todas as revelações de Edward Snowden? Nada. Disseram: "Não é bom que vejam minhas fotos íntimas". E no dia seguinte continuaram. Ninguém foi protestar.
BBC: Consideremos uma pessoa adulta que hoje usa um celular, um computador. Quanta informação pode ser coletada sobre essa pessoa?
Hilbert: No passado, a referência de maior coleção de informação era a biblioteca do Congresso americano. E hoje em dia a informação disponível no mundo chegou a tal nível que equivale à coleção dessa biblioteca por cada 15 pessoas.
Há um monte de informação por aí, e ela cresce rapidamente: se duplica a cada dois anos e meio. A última fez que fiz essa estimativa foi em 2014. Agora deve haver uma biblioteca do Congresso dos EUA por cada sete pessoas. E em cinco anos haverá uma por cada indivíduo.
Se colocássemos toda essa informação em formato de livros e os empilhássemos, teríamos 4,5 mil pilhas de livros que chegariam até o Sol. Novamente, isso era há dois anos e meio. Agora seriam 8 ou 9 mil pilhas chegando ao Sol.
E a informação que você produz cresce basicamente no mesmo ritmo: estima-se que haja 5 mil pontos de dados disponíveis para análise por morador dos EUA. São coisas que deixamos no Facebook, por exemplo. O volume de dados que deixamos de verdade é difícil de estimar, porque é quase um contínuo: você tem o celular consigo a cada segundo e deixa uma pegada digital. Então cada segundo está registrado por diversas empresas.
BBC: Pode dar exemplos?
Hilbert: Sua operadora de celular sabe onde você está graças a seu celular. O Google também sabe, porque você tem Google Maps e Gmail no seu telefone. E cada transação que faz com seu cartão de crédito é um ponto de dados, cada curtida no Facebook. Inclusive pode haver registros de como você movimenta o mouse ao usar a internet.
BBC: Mas essa informação não está reunida em apenas um lugar ou por uma empresa. Até que ponto podemos ser previsíveis para uma empresa que coleta dados sobre nós?
Hilbert: Vou dar vários exemplos. Seu telefone te mostra quantas chamadas fez. A operadora deve coletar essas informações para processar sua conta. Eles não se preocupam com quem e o que falou. É apenas a frequência e duração de suas chamadas, algo conhecido como metadados. Com isso é possível fazer uma engenharia reversa e reconstruir um censo completo de um país com cerca de 80% de precisão: gênero, famílias, renda, educação.
Se tenho informação mais detalhada - por exemplo, se a operadora registra seus deslocamentos por meio das conexões às antenas. É possível prever com até 95% de precisão onde você estará em dois meses, e em que hora do dia.
Passemos ao Facebook, que tem um pouco mais de informação, Há, por exemplo, as "curtidas", o que você gosta e quando. Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, fizeram testes de personalidade com pessoas que franquearam acesso a suas páginas pessoais no Facebook, e estimaram, com ajuda de um algoritmo de computador, com quantas curtidas é possível detectar sua personalidade.
Com cem curtidas poderiam prever sua personalidade com acuidade e até outras coisas: sua orientação sexual, origem étnica, opinião religiosa e política, nível de inteligência, se usa substâncias que causam vício ou se tem pais separados. E os pesquisadores detectaram que com 150 curtidas o algoritmo podia prever sua personalidade melhor que seu companheiro. Com 250 curtidas, o algoritmo tem elementos para conhecer sua personalidade melhor do que você.
BBC: Para que essa informação é usada?
Hilbert: Para uma empresa de marketing ou um político em busca de votos, é algo muito interessante. Com o chamado big data (análise de grandes volumes de dados oriundos do uso de internet) também elevamos muito o poder de previsão das Ciências Sociais. Desenvolver um algoritmo de inteligência artificial pode custar milhões de dólares. Mas uma vez criado pode ser aplicado a todos. Então é algo que está sendo empregado rapidamente em outros países.
A operadora de celular Telefônica, bastante ativa na América Latina, trabalhou muito em previsão de localização. E até já começou a vender ese tipo de informação. Então caso você queria abrir uma empresa em alguma capital da América Latina para vender gravatas. você paga e te dizem em que hora e onde os homens caminham. E você fica sabendo em qual saída do metrô deve instalar sua loja.
BBC: A questão é o quão perigoso é tudo isso, essa forma como estão coletando dados que permitem fazer previsões sobre os indivíduos e a sociedade em geral.
Hilbert: Uma tecnologia é apenas uma ferramenta. Pode-se usar um martelo para coisas boas, como erguer uma casa, mas também para matar alguém. Nenhuma tecnologia é tecnologicamente determinada, sempre é socialmente construída.
Não me preocupo tanto com o comércio ou com a economia. Quem não está preparada para esta transparência brutal entre cidadão e representante é a democracia representativa.
BBC: Por quê?
Hilbert: Porque a democracia representativa, como a inventaram nos EUA, é um processo de filtrar informação. Há 250 anos era impossível consultar todas as pessoas e as pessoas tampouco estavam informadas. Então os "pais fundadores" da nação americana inventaram um filtro de informação que chamaram de representação: ter representantes que em seu nome deliberam e definem o que serve à sociedade. Rompemos isso completamente.
Os representantes hoje podem ter acesso a tudo o que os cidadãos fazem. E os cidadãos podem ditar a vida dos representantes, com tuítes e outros recursos. A democracia representativa não está preparada para isso.
É o que vemos agora, com a última eleição nos EUA e como o novo presidente usa as mídias sociais - é parte dessa confusão em que estamos.
É preciso refletir e reinventar a democracia representativa. Caso contrário, ela pode facilmente se converter em ditadura da informação. E atentem que a visão mais antiga da sociedade da informação é de 1948, quando George Orwell publicou seu livro 1984A visão era de uma ditadura da informação.
Se alguém dissesse isso há dez anos, certamente seria contestado pela maioria que acreditava que a internet era democracia pura e liberdade. Mas hoje pessoas começam a entender a necessidade de atuação rápida. A democracia não está preparada para a era digital e está sendo destruída.
Estamos num processo que (o economista austro-americano Joseph) Schumpeter chamou de destruição criativa. E não teremos nenhuma criatividade, porque não há proposta de como fazê-la de modo diferente. Não há uma saída, e isso preocupa.
BBC: Pode dar exemplos práticos dessa destruição?
Hilbert: (O ex-presidente americano Barack) Obama entende muito bem de big dataDepois do caso Snowden muitos perguntaram porque Obama nada fez. Bom, porque ele também o usou muito.
A maior despesa da campanha de Obama em 2012 não foi para comerciais de TV: criou-se um grupo de 40 engenheiros recrutados em empresas como Google, Facebook, Craigslist, e que incluiu até jogadores profissionais de pôquer. Pagou milhões de dólares para o desenvolvimento de uma base de dados de 16 milhões de eleitores indecisos: 16 milhões de perfis com diferentes dados: tuítes, posts do Facebook, onde vivem, o que assistiam na TV.
Quando a campanha conhecia suas preferências, se um amigo seu no Facebook dava uma curtida na campanha de Obama, a equipe ganhava acesso à página desse amigo e passava e enviar mensagens.
E conseguiram mudar a opinião de 80% das pessoas alcançadas desta maneira. Com isso, Obama ganhou a eleição. È como uma lavagem cerebral: não mostra a informação, apenas o que querem escutar.
BBC: Como o big data está alterando as formas de governar?
Hilbert: O representante político tem muita informação sobre você, mas o inverso também é verdade. Veja o presidente Trump, que muitas vezes reage em tempo real ao que as pessoas dizem. É como alguém se convertesse em uma marionete do que recebe pela TV ou pelo Twitter.
A ideia do mandato representativo, como criado peos "pais fundadores" dos EUA, era: confiamos em você como pessoa e você lidera e toma decisões em nosso nome. Agora os políticos medem sua popularidade no Facebook e mudam o discurso ao vivo para ajustá-lo aos comentários do Twitter. Isso não é a ideia que foi desenhada. Os grandes presidentes não se guiaram por populismo: eles lideraram.
BBC: Teria uma proposta de solução para esse problema?
Hilbert: A história mostra que é preciso mudar as instituições. Não é possível controlar quem tem dados e quem não tem. Pode-se criar instituições e determinar que algumas informações serão abertas ao público. Por exemplo: os partidos políticos devem declarar as doações que recebem. Mas vão abrir os dados das pessoas?
Abrir também não é a solução, Mas é preciso discutir muito esse assunto. E as pessoas não discutem.
Também é preciso mudar a tecnologia. A tecnologia não é algo que cai do céu. Há muitas oportunidades. Numa entrevista de emprego, por exemplo, a inteligência artificial poderia ser muito mais neutra do que um gerente de recursos humanos que possa discriminar alguém inconscientemente. Poderíamos abandonar padrões muito antigos e criar o futuro que queremos.
Notícia publicada na BBC Brasil, em 9 de abril de 2017.

Breno Henrique de Sousa* comenta

Idas e Vindas do Progresso
Para tratar do tema dessa reportagem, é necessário fazer uma breve reflexão sobre porque nem todos os avanços tecnológicos são necessariamente para o bem imediato da humanidade ou significam um degrau escalado na marcha do progresso.
O Espiritismo possui uma perspectiva evolucionista associada à ideia do progresso. Digo isso porque progresso e evolução, apesar de serem conceitos semelhantes, possuem significados diferentes. Aliás, o termo que encontramos em O Livro dos Espíritos, onde explana-se bem esse conceito, é a “Lei de Progresso”. A palavra evolução tornou-se mais popular com a teoria da Evolução de Charles Darwin e possui significado bem diferente da Lei de Progresso do Espiritismo.
É preciso estudar muito atentamente a chamada Lei de Progresso para entender que o progresso na perspectiva espírita não se trata de uma marcha uniforme, ininterrupta e constante. Apesar de não retrogradarmos individualmente quando efetivamente progredimos, as coletividades, do ponto de vista humano, podem retroceder.
Não estou dizendo nenhuma blasfêmia e explico melhor meu ponto de vista. Quando um indivíduo adquire de fato um conhecimento, como aprender a ler, ele não volta a ser analfabeto; da mesma forma, não perdemos as qualidades morais que efetivamente adquirimos. Algumas pessoas, por falta de circunstâncias favoráveis, não manifestam seus maus pendores e por isso parecem ser boas, mas o simples fato de não ter feito o mal não significa uma virtude adquirida. Por outro lado, quando observamos a história da humanidade, temos várias idas e vindas, povos que chegaram ao seu apogeu e desapareceram, outros que se desvirtuaram moralmente. Do ponto de vista espírita, ocorre que, com a sucessão das gerações, são outros os espíritos que encarnam naqueles povos e lugares, o que pode resultar em um retrocesso do ponto de vista humano, ainda que não haja um retrocesso do ponto de vista espiritual.
E mesmo que os planetas, dentro de uma perspectiva maior, estejam submetidos à Lei de Progresso, eles também têm seu tempo de vida. O planeta Terra não existirá eternamente, assim como o nosso Sol um dia deixará de brilhar, ainda que isso leve bilhões de anos. Porém, os espíritos que aqui habitam seguirão progredindo em outros planos de existência.
Toda essa introdução é para dizer que apesar de existir uma Lei de Progresso à qual todas as coisas estão submetidas, do ponto de vista das coisas terrestres, frequentemente as coisas desandam, sem que isso afete a essência daquela lei. Se seguirmos mais adiante em O Livro dos Espíritos, vamos encontrar também a Lei de Destruição, talvez mais complexa e de difícil entendimento que a Lei de Progresso. Talvez o Espiritismo seja a única “religião” ocidental que apresenta a destruição como uma lei divina.
É curioso que grande parte do público espírita ignora as faces dessas leis e alimenta um otimismo exagerado com relação ao progresso terrestre, um otimismo que beira a ingenuidade. Nessa perspectiva, todos os nossos problemas serão resolvidos e não precisamos nos preocupar com nada, pois a Lei de Progresso está aí pra ajeitar a casa: “Problemas ecológicos? A tecnologia está aí pra resolver tudo. Ameaça nuclear? Os bons espíritos vão intervir e resolver o problema. Problemas sociais e violência? Logo os maus desencarnarão e só reencarnarão espíritos de luz. Já estamos adentrando na era da regeneração e nada muito grave pode acontecer, apenas os ecos do mundo de provas e expiações que ainda reverberam do passado, mas que logo sumirão estabelecendo um paraíso na Terra.”
Na ânsia de encontrar soluções para os nossos problemas, sonhamos com um mundo de regeneração que de fato existirá um dia, mas, se é verdade que as bases para essa regeneração estão estabelecidas, até que se construa o edifício, muitas gerações irão suceder-se, as mudanças não se darão em um passe de mágica, teremos muitas idas e vindas e é preciso estar alertas aos perigos de agora que nos cercam e podem embaraçar a marcha do progresso.
O avanço vertiginoso da tecnologia, sobretudo em áreas como a inteligência artificial, representa um risco real para a humanidade, independentemente do seu potencial positivo. Maravilhamo-nos com a tecnologia, sonhando que ela será a solução mágica para todos os problemas da humanidade. Ansiosos pelo mundo de regeneração, abraçamos as inovações tecnológicas de maneira acrítica, como se ela fosse isenta de riscos e de manipulações por parte daqueles que detêm o poder na Terra.
Certamente, tudo ocorre com a permissão divina, e Deus nos permite aprender com o erro, de outra maneira não existiria o livre-arbítrio. Foi pelo livre-arbítrio que ocorreu a tragédia atômica de Hiroshima e Nagasaki, foi pelo livre-arbítrio que ocorreram as guerras mundiais, as cruzadas, e pelo livre-arbítrio os homens crucificaram o próprio Jesus. Deus não impede que coisas ruins aconteçam quando estamos determinados a fazê-las e quando Ele julgue que dessas más experiências podemos retirar algum proveito para o nosso aprendizado e crescimento. Isso não quer dizer que Deus não nos livre de certos males ou que ele seja indiferente ao nosso sofrimento, porém a liberdade não existe de fato quando não nos é permitido fazer más escolhas, sofrer as consequências e aprender com elas.
Deus nos protege a todos e em uma perspectiva maior, estamos todos direcionados à perfeição, porém, por nossa ignorância, podemos retardar a caminhada individual ou planetária. Não sejamos pessimistas, nem tão pouco ingenuamente otimistas. Certamente, todo esse progresso tecnológico será usado em benefício da humanidade assim como hoje a energia atômica possui diversos usos, mas está em nossas mãos evitar que se repitam os equívocos do passado, pois, pelo potencial das tecnologias atuais, os estragos serão exponencialmente maiores do que qualquer tragédia do passado.

* Breno Henrique de Sousa é paraibano, professor da Universidade Federal da Paraíba nas áreas de Ciências Agrárias e Meio Ambiente. Está no movimento Espírita desde 1994, sendo articulista e expositor. Atualmente faz parte da Federação Espírita Paraibana e atua em diversas instituições na sua região