sábado, 9 de julho de 2016

Pergunta feita: Diferença entre livre-arbítrio e karma


Pergunta:
Gostaria de saber a diferença entre o livre-arbítrio e Karma.
 
Resposta:
Livre-arbítrio é a faculdade que o espírito tem de pensar e agir. Essa faculdade é adquirida quando o princípio inteligente, que vem se elaborando nos reinos inferiores, ingressa no reino hominal, passando a se constituir espírito. A partir desse momento, o espírito parte do zero, simples e ignorante, com a liberdade de escolher seus atos e seus pensamentos e com aptidão, igualmente, para o bem e para o mal. Desde então, é o único senhor da sua razão e das opções que fará durante a existência. Sem o livre-arbítrio, disseram os Espíritos a Kardec, " ... o homem seria máquina.".
Karma é, justamente, a consequência do uso desse livre-arbítrio, ou seja, é o resultado dos atos e pensamentos praticados pelo espírito. Pode ser bom ou mau. Se os atos e pensamentos do espírito forem no sentido seguir as Leis Naturais, o Karma será positivo; se contrários às leis divinas, o Karma será negativo.
A Doutrina Espírita, no entanto, não adotou essa expressão ("Karma"). Trata-se de palavra cuja origem é o sânscrito, uma língua morta. Na Codificação, não vamos encontrá-la. O Espiritismo adota as expressões "lei de causa e efeito" ou "lei de ação e reação", que correspondem ao Karma.
Em algumas obras, vamos encontrar a sua utilização para se referir à lei de causa e efeito, o que é tolerado. Não podemos, todavia, confundir com o sentido que algumas concepções religiosas, notadamente as orientais, o entendem, de fatalismo.
Para o espiritismo, a lei de causa e efeito é irreversível, porém não fatalista. Isto significa que o espírito, em que pese haver contraído um "Karma" negativo, face ao mau uso do seu livre-arbítrio, poderá atenuar as suas consequências, desde que passe a se portar de conformidade com as leis divinas e trabalhe na reparação do erro.

Pergunta feita: Somos seres predestinados?


Pergunta:
Nós somos seres predestinados, isto é, nossas vidas estão de alguma forma traçadas?

Resposta:
Somos espíritos imortais, criados simples e ignorantes, dotados de livre-arbítrio e com aptidões para o bem e para o mal. A partir do momento em que adquirimos a condição de espíritos, somos dotados de pensamento contínuo, o que faz com que nossa vida seja única.
A Doutrina Espírita nos ensina que somos regidos por uma lei de ação e reação, que regula as ações no Universo.
A toda ação corresponde uma reação da mesma natureza e com igual intensidade. Por força dessa lei, também conhecida como lei de causa e efeito, todo ato e, até, todo pensamento, que praticamos, gera uma reação, que pode se manifestar nesta ou em outra existência física. Por que reencarnamos - isso também a Doutrina nos ensina - em busca do nosso aperfeiçoamento moral e intelectual, vivenciamos muitas existências na carne. Porém, somos um só e uma encarnação é continuação da outra.
Assim, quando retornamos à vida material, nossa programação de vida é elaborada em função das nossas necessidades, que, por sua vez, são fruto das experiências anteriores. Voltamos com uma programação em que são previstos os gêneros de provas a que teremos de nos submeter. Esclareceram os Espíritos (questão 259 de "O Livro dos Espíritos"), que "previstos só são os fatos principais, os que influem no destino" e que "as particularidades correm por conta da posição em que vos achais".
Não somos, portanto, simples máquinas, joguetes da Providência Divina. Nosso futuro não é aleatório, fruto dos caprichos de Deus. Temos, sim, responsabilidades pelo nosso destino. Portanto, depende, do sentido que se dê às expressões "predestinados" e "traçada". Somos "predestinados" a colher aquilo que nós mesmos semeamos e nossa vida é "traçada" por nós mesmos. Como ensinou o Cristo: a cada um segundo suas obras (Mateus, 16,27).

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Médico cuida de pacientes com alimentos frescos em vez de remédios

Médico cuida de pacientes com alimentos frescos em vez de remédios


Ana Victorazzi

Tem médico receitando bom humor, tem médico trocando remédio por aulas de surf para tratar doenças crônicas e agora temos médico investindo em comida fresquina, saudável e barata.

O médico Garth Davis, do Mermorian Herman Medical Center, no Texas, vem chamando atenção por estar cuidando de seus pacientes de uma forma muito orgânica.

“Muitas vezes o que estamos fazendo na área da saúde não é cuidados de saúde, é de cuidados de doentes. É tratar pessoas que estão doentes”, disse Davis em entrevistao ao abc13.

O doutor costuma receitar alimentos frescos como tratamento. Para isso, ele criou sua própria farmácia responsável por distribuir legumes, verduras e frutas orgânicas, a Farmacy Stand.

Médicos escrevem cerca de 4 milhões de receitas por ano que somam US$ 320 bilhões, sendo que 85% das pessoas que têm remédios prescritos poderia prevenir suas doenças com a alimentação.

“Eles têm diabetes, doenças cardíacas, colesterol alto, e eu estou lendo esta pesquisa e, enquanto não há uma droga que pode ajudar quem tem níveis elevados de colesterol, comer uma dieta baseada em vegetais, repleto de frutas e legumes funciona ainda melhor do que a medicação”, explica.

O Dr. Davis defende que esta é a melhor forma de prevenir doenças e, claro, se recuperar de outras. A ideia surgiu em parceria com outro médico após constatarem que a indicação para alguém que havia passado por uma cirurgia, por exemplo, era se alimentar bem.

Uma curiosidade é que a farmácia localiza-se dentro do próprio hospital e funciona uma vez por semana, quando vende uma caixa cheia de orgânicos por US$ 25.

Porém, se tiver receita do médico ou de alguém da sua equipe, ainda ganha US$ 10 de desconto, financiados pela própria instituição.

Davis fechou uma parceria com a Kristina Gabrielle Carrillo-Bucaram, fundadora da Rawfully Organic, a maior rede de cooperação sem fins lucrativos de alimentos orgânicos com sede em Houston.

Notícia publicada no Razões para Acreditar, em 19 de maio de 2016.

Jorge Hessen* comenta

Diante das enfermidades, o Espiritismo não recomenda o conformismo, por isso é justo buscar a medicina terrena, que pode suavizar a dor e refrear a doença no limite da permissão de Deus. Se a Providência divina pôs os remédios ao nosso alcance é porque podemos e precisamos utilizá-los a fim de combater as energias danosas que migraram do perispírito para o corpo físico.

Há médico receitando bom humor, tem médico trocando remédio por aulas de surf para tratar doenças crônicas e até médico investindo em comida fresquina, saudável e barata.

Sem entrar no mérito das eficácias da alimentação sadia, dos medicamentos fitoterápicos, alopáticos ou homeopáticos, cremos que que as causas das doenças transpõem os aspectos biológicos. Há enfermidades que exigem tratamentos demorados, outras vezes precisamos até de cirurgia, mas tudo tem sua matriz na alma e está sob as diretrizes da “Lei de Causa e Efeito”, que visa despertar a reforma moral do doente através de processos dolorosos.

Qualquer medida preventiva ou profilática em relação às doenças tem que se iniciar na conduta mental do doente, exteriorizando-se na ação moral que reflete o velho conceito latino: mens sana in corpore sano. A doença não é uma causa, é uma consequência proveniente dos alentos negativos que circundam os nossos organismos psicossomático e físico.

O controle das energias mento espirituais é proeza dos pensamentos, desejos e dos sentimentos, portanto, possuímos potências energéticas que nos causam saúde ou  doenças em razão das disciplinas ou desordens mentais e emocionais. Por conseguinte, “assim como o corpo físico pode ingerir alimentos venenosos que lhe intoxicam os tecidos, também o organismo perispiritual absorve elementos que lhe degradam, com reflexos sobre as células materiais”.(1)

Se ainda não conseguimos disciplinar e dominar as emoções e mantemos paixões (ódio, inveja, mágoa, rancor, ideia de vingança), invariavelmente entraremos em sintonia com os irmãos enfermos do plano espiritual (obsessores), que emitirão fluidos maléficos para impregnar nosso perispírito, intoxicando-nos com suas emissões de energias insalubres, podendo levar-nos a doenças crônicas.

Os médicos de boa formação espírita compreendem muito bem que a resposta para as enfermidades, que há milênios perturbam a humanidade, está em nossa mente. Sobre a base dos estudos de médicos encarnados e desencarnados, a medicina à luz do Espiritismo vem se fortalecendo cada vez mais na Terra. São enfermos e médicos, que encontraram na Doutrina Espírita diferentes interpretações para toda e qualquer enfermidade.

Ao contrário dos médicos tradicionais, os médicos espíritas dizem anular paradigmas ao avaliar, em seus consultórios, também a essência (alma) daquele paciente que busca socorro. Seja diante de um simples resfriado, um transtorno mental ou até mesmo um câncer, os médicos que abraçam o Espiritismo, ao contrário do médico clássico, não analisam no enfermo apenas o corpo biológico enfermo, mas o espírito, a alma e suas vivências morais que dizem muito para o diagnóstico eficaz.

Não ignoram os médicos espiritas que a saúde e a doença estão enraizados no espírito e não na matéria, como acredita a medicina clássica. Obviamente os tratamentos à luz do Espiritismo não abandonam os remédios tradicionais e tampouco as tecnologias, porém vão além. Propõem os recursos terapêuticos da água fluidificada. Indicam o passe, isto é, a transfusão de energias fisiopsíquicas através das emissões de magnetismo pela imposição das mãos de um médium. E ainda sugerem a técnica básica do tratamento da obsessão fundamentada na doutrinação dos espíritos envolvidos, encarnados e desencarnados.

Todos tipos de doenças pertencem às provas e às vicissitudes da vida terrena. São intrínsecos à nossa natureza material e à inferioridade do mundo que habitamos. Nos orbes mais adiantados, física e moralmente, o corpo humano, mais refinado e menos pesado, não está sujeito às mesmas doenças que o nosso, e o corpo não é minado pela devastação das paixões. Se Deus não quisesse que pudéssemos curar ou aliviar os sofrimentos mentais e físicos, em certos casos, não teria colocado diversos meios medicinais à nossa disposição. Ao lado da medicação ordinária, elaborada pela ciência, o magnetismo e a desobsessão nos deram a conhecer o poder da ação dos Espíritos, e o Espiritismo veio comprovar-nos o potencial da mediunidade curativa e a poderosa influência da prece.


 
Referência:

(1) Xavier, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade, ditado pelo espírito André Luiz, Rio de janeiro: ED. Feb, 1999.

* Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal aposentado do INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Acontece até 10/07/2016 - Semana Espírita em Goiás

Semana Espírita em Goiás

De 3 a 10 de julho de 2016 acontecerá no Auditório do Fórum a 48ª Semana Espírita de Anápolis.
O tema central é "Brilhe a Vossa Luz". Na programação, palestras de Alberto Almeida, Geraldo Campetti, Jorge Daher, Nazareno Feitosa, Ivana Raisky, entre outros. Também haverá apresentações de artistas da região.
O Auditório do Fórum fica na Avenida Senador José Lourenço Dias, 1311 - Central, Anapolis/GO. Mais informações em www.feego.org.br ou pelo telefone (62) 3281-0200.

Acontece até 09/07 - Semana Espírita na Bahia

Semana Espírita na Bahia

De 2 a 9 de julho de 2016 acontecerá no Centro De Assistência, Estudo e Pesquisa Espírita Caminho Da Paz (CENCAPAZ) a 14ª Semana Espírita da Instituição.

O tema central é "Educação e Espiritualidade - Interfaces e Perspectivas". Na programação, palestras e seminários com Solange Meyking, Valentin Fidalgo, Laurany Guimarães, Edina Souza, Messias Canuto, Robson Ferrer, Márcia de Aguiar e Alberico Barboza.

O CENCAPAZ fica na Travessa Sete de Setembro, 11 - Praça Celestial, Área Verde, Bairro da Paz, Salvador/BA. Mais informações podem ser obtidas através dos telefones (71) 99126-3529, 99906-7625 e 99853-7915.

Fórum e Feirão no Rio de Janeiro

Fórum e Feirão no Rio de Janeiro

Será realizado no dia 17 de julho de 2016, de 8h30 às 13h no Centro Espírita Léon Denis (CELD) do Rio de Janeiro, o 3º Fórum Espírita Léon Denis.
O tema central é “A disciplina do pensamento e a reforma do caráter”. Os palestrantes convidados serão Anete Guimarães e Régis de Moraes. Em paralelo acontecerá nos dias 16 e 17 o 2º Feirão do Livro da instituição, no estacionamento do CELD IV.
O CELD fica na Rua Abílio dos Santos, 137 – Bento Ribeiro, Rio de Janeiro/RJ. Mais informações podem ser obtidas em www.celd.org.br ou pelo telefone (21) 2452-1846.

Encontro Jovem no Maranhão

Encontro Jovem no Maranhão

De 22 a 24 de julho de 2016 acontecerá no Colégio Cidade de São Luís o EJEM - Encontro de Jovens Espíritas do Maranhão.
O tema central é "Sexo, Amor e Espiritualidade". O encontro é organizado pelo Departamento de Infância e Juventude da Federação Espírita do Maranhão (DIJ FEMAR). Poderão participar jovens a partir de 14 anos. O objetivo é proporcionar momentos de muita aprendizagem, diversão e arte.
O Colégio Cidade de São Luís fica na Avenida 4, s/nº - Cohab Anil, São Luís/MA. Mais informações em www.femar.org.br ou pelo telefone (98) 3232-9907.

terça-feira, 5 de julho de 2016

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – A018 – Cap. 5 – Elucidações valiosas – Segunda Parte

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

A018 – Cap. 5 – Elucidações valiosas – Segunda Parte


Conforme planejado, reencontramo-nos na sala singela do socorro espiritual os que participavam da assistência ao irmão Guilherme, conduzidos por Saturnino e os seus auxiliares. Embora parte considerável dos presentes fosse constituída de encarnados parcialmente desprendidos pelo sono, registrava-se em todos uma lucidez espiritual bem expressiva, o que facilitava o labor dos Benfeitores.

Guilherme, anestesiado pelo sono hipnótico, fora trazido antes e, no mesmo compartimento, assistido por dois enfermeiros da Esfera Maior, jazia inconsciente, velado, todavia, pelo carinho que lhe era indispensável para apaziguar as forças desconexas da ira e da decepção que lhe martelavam o espírito rebelde e infeliz.

Após aplicados recursos magnéticos de despertamento em todos os desprendidos parcialmente pelo sono físico, para melhor lucidez (lucidez relativa de que deveriam estar possuidos os encarnados para as tarefas em programa, como explicou o Instrutor), e quando todos nos encontrávamos com melhores possibilidades de registro nos centros perispirituais, elucidou Saturnino que, naquela oportunidade, fora planejada uma incursão aos domínios do Dr. Teofrastus, para coleta de informes seguros, no que tangia ao processo de desobsessão dos membros da família Soares, e, mais em particular, de Mariana. Expondo quanto ao imperativo do equilíbrio e da manutenção do estado de oração, equivalente à vigilância e à fé, informou que somente ele, Ambrósio, Guilherme, o irmão Glauco — que já conhecíamos desde a ocasião da mensagem sobre Hipnotismo, que tanto nos sensibilizara —, Petitinga e nós seguiríamos às observações no Anfiteatro enquanto os demais assistentes espirituais e o médium Morais ali se demorariam em leitura evangélica e oração, contribuindo, desse modo, para os resultados almejados.

Despertado Guilherme e esclarecido quanto ao programa em pauta, este não se pôde furtar a uma expressão de horror.

— Como se atreverão a adentrar-se no reduto do Chefe? Quais os objetivos que levarão em mente? — inquiriu, assombrado. — Ignoram que o espetáculo terá a direção pessoal do Dr. Teofrastus, que se faz acompanhar invariavelmente de mais de uma vintena de cooperadores e guardas pessoais? Essa temeridade poderá redundar em lamentável punição para todos, inclusive eu. Não, ninguém intente a realização de idéia tão louca quanto essa. Recuso-me terminantemente à aquiescência.

— Você, no entanto, meu amigo — retrucou Saturnino —, não se encontra em posição de escolha. As forças hipnológicas ali aplicadas não são a nós outros desconhecidas. Dispomos de larga experiência na questão e nos faremos acompanhar de um técnico em recursos que tais, como eficiente cooperador para qualquer circunstância menos feliz. Além disso, estamos a serviço de Jesus-Cristo, o Supremo Chefe da Terra, e poder algum é superior às forças que Ele nos outorga para a prática do bem e a libertação de consciências ainda mergulhadas nas sombras do crime.

Após uma pausa necessária, em que Guilherme se debatia entre as lembranças dos pensamentos que lhe eram habituais e a nobre austeridade de Saturnino, que embora amoroso sabia conduzir a questão com a energia que não permitia discussão, prosseguiu:

— Como já lhe informamos, o nosso desejo é ajudá-lo a encontrar a diretriz da paz interior...

— Recuso-a — bradou colérico. — Sinto-me perfeitamente feliz e a realização dos meus planos é o coroamento de todos os meus esforços e sofrimentos. Esta imposição desagradável e coercitiva me surpreende e enfurece. Não conte comigo.

Como se aguardasse a explosão da revolta, Saturnino acercou-se do revel e, orando em silêncio, se foi transfigurando diante de todos nós, enquanto uma aura de safirina e profusa claridade o envolvia. Vibrações sublimes a todos nos dominavam. Tínhamos a impressão de que o reduto modesto se transformava em recinto de luz. Suave música chegava de longe e, surpreendentemente, começamos a ver, além do que seriam as paredes materiais, diversas Entidades Espirituais que participavam das tarefas, embora sem que nós, os encarnados, soubéssemos, mergulhadas em profunda oração, ajudando Saturnino que se nos afigurava, agora, veneranda figura ancestral ressurgida das páginas comovedoras da Boa Nova, nos seus primeiros séculos na Terra, quando homens afervorados se deixavam vencer pelas feras, em inolvidáveis testemunhos de amor a Jesus...

As lágrimas nos aljofravam abundantes e ignotas emoções nos venciam docemente.

O Mensageiro da Vida envolveu Guilherme paternalmente, transmitindo-lhe os suaves recursos do reconforto e da esperança, e falou-lhe com inimitável tom de voz:

— Meu filho, Jesus é Vida, e a vida é inevitável caminho de todos nós, viandantes da evolução. Ninguém se furtará indefinidamente ao progresso, ao amor, à felicidade que a todos nós estão reservados. Só existe, soberana, no Universo, a Lei do Amor que rege os mundos e comanda todas as manifestações existentes, porque o Nosso Pai é o Amor, O ódio a que muitos nos entregamos, quando inermes caímos na rebeldia, ódio sempre transitório, resulta da ausência do amor que entorpecemos e envenenamos com as emanações mefíticas do nosso desequilíbrio. Não receie, portanto, amar. O amor oferece felicidade a quem ama, produzindo no espírito emoções transcendentes que o enobrecem e vitalizam. Enquanto o ódio desagrega, macera e enlouquece, o amor sublima e liberta... Os que desrespeitam as Leis da Harmonia sofrem-lhes as consequências, sem que nos convertamos nos seus justiçadores, tornando-nos, igualmente, celerados. E ninguém fruirá de paz ou experimentará alegria, vitimado em si mesmo pelo ódio. Há aqueles que na volúpia do desequilíbrio dizem não se importarem com o próprio estado... Todavia, a realidade é outra. Lucigênitos, temos todos a destinação da Luz Divina...

Silenciou, momentaneamente, para dar ensejo a que Guilherme se impregnasse das sutis vibrações, deixando-se penetrar pelos argumentos e pelo amor que dele se irradiava.

Prosseguindo, acrescentou:

— Esqueça, filho, todo o mal, para lembrar-se do infinito bem com que Nosso Pai nos felicita as horas. O mal somente faz mal a quem o pratica, tornando-o mau. O perdão que se doa é semente de misericórdia que lançamos na direção do futuro, a benefício próprio... Não recalcitre. Não adie a oportunidade da renovação. A vida a todos nos aguarda com a ação benigna ou severa com que nos conduzirmos em relação ao nosso próximo. Verdadeiramente infeliz é aquele que não perdoa, não olvida o mal, não oferece oportunidade de redenção. Todo perseguido resgata e se liberta, enquanto o verdugo se amarra à dívida e se deixa arrastar aos vigorosos potros do sofrimento, vencido, mais tarde, pelos vírus que alimentar nos escaninhos da mente atormentada. Recorde, desse modo, Jesus, que não carregava nenhuma culpa, e no entanto...

O ex-obsessor de Mariana, dominado por súbita emotividade, prorrompeu em copioso pranto, no qual extravasava toda a angústia retida por longos decênios, causando compaixão a todos nós, que acompanhávamos o labor socorrista, valorizando o poder incomparável do amor.

Encolhido nos braços generosos de Saturnino, parecia uma criança muito crescida, porém absolutamente vulnerável. Cessada a ira, que é verdugo cruel, o espírito se deixara descontrair, retomando a condição dele mesmo.

— Chore, filho — acentuou, igualmente comovido, Saturnino. — As lágrimas de justo arrependimento e de necessária dor são como chuva preciosa em terra crestada, oferecendo a oportunidade para que medrem as sementes da esperança e da paz, que padecem, até então, esmagadas na esterilidade do solo. Não permita, no entanto, que o pranto refazente se transforme em tormenta ululante e destruidora... Agora começa vida nova para você, para todos nós. Jesus é sempre a porta, a nova oportunidade. Vadeemos os rios das paixões que nos retêm e avancemos na direção do porvir promissor. Se o passado se nos afigura fantasma que nos impossibilita a paz, o futuro, através da utilização do presente, em sabedoria e nobreza, nos enseja a bênção da alegria e a dádiva da paz. Todos nos encontramos enleados em reminiscências dolorosas. O nosso «Ontem» é qual sombra esperando o sol do «hoje» para a perene claridade do amanhã...

Silenciando, momentaneamente, o Benfeitor Espiritual parecia recordar longínquas lembranças, e, tomado por sublime modulação que nos parecia ter origem em distantes sítios, prosseguiu:

— Diante dos infelizes, o Mestre vez alguma teve palavras de aspereza: não os reprochou, nem os acicatou. Envolveu-os, todos, na cariciosa esperança de melhores horas, oferecendo-lhes a dádiva do trabalho, nas oportunidades de mil recomeços para o burilamento íntimo. No entanto, diante dos que se compraziam na miséria alheia, pseudodominadores do mundo efêmero, aplicou o corretivo da palavra severa, advertindo-os com singular austeridade, não os poupando ao peso das responsabilidades que preferiam .......

«Raros, porém, temos sabido valorizar o impositivo da informação cristã. A diretriz evangélica, ainda hoje, parece a muitos «loucura», conforme informava o apóstolo Paulo, em seu tempo. «Tudo nos fala do amor, desde as paisagens felizes da Natureza às emoções superiores da vida; das sensações primitivas nos seres inferiores às expressões de felicidade nos homens... Todavia, o amor, para muitos de nós, não passa de arrematado egoísmo, no qual asfixiamos as esperanças dos outros nas redes estreitas e apertadas do nosso personalismo infeliz...»

Relanceou o olhar pela sala clareada fortemente pelas fulgurações que dele irradiavam, enquanto Guilherme, que buscava assimilar as lições com expressão de compreensível surpresa e ansiedade, se transformava em «homem novo», abandonando a carcaça sofrida do «homem velho» imanado ao ódio, agora renovado pelas sucessivas vibrações do amor. E como se desejasse fixar em todos nós os conceitos ali emitidos, continuou, lúcido:

— Nascemos, vivemos no corpo e perdemos a indumentária, retornando ao palco das mesmas lutas, vezes inúmeras, sem conseguirmos melhorar as condições espirituais, repetindo a «roda das paixões» escravizantes em que nos comprazemos. Muitos, em incontável número, entramos na carne e dela saímos sem nos apercebermos do fenômeno, aferrados às vibrações mais primárias da vida. Todos sonhamos com os Céus, sim. Raros, todavia, estamos construindo as asas da evolução com os materiais da iluminação íntima, nas linhas severas do trabalho fraterno, da renúncia, da caridade e do perdão. Semeamos pouca luz e colhemos aflições danosas; por essa razão, nossa arca de esperança permanece vazia de alento.

«Sejamos prudentes, pois, utilizando os recursos da hora presente a benefício próprio.

«Verdadeiramente felizes são aqueles que perdoam, que cedem, que doam, doando-se, também.

«Jesus é ainda e sempre a nossa lição viva, o nosso exemplo perene. Busquemo-Lo !»

Silenciou, invadido por emoções transcendentes. Tínhamos a impressão de encontrar-nos em outro plano vibratório, que não a Terra, nossa genitora sofrida e portadora de sofrimentos.

Recompondo-se com as características habituais, disse a Guilherme, que o fitava, algo atoleimado:

— E agora, filho, está disposto a seguir conosco ao recinto das experiências do irmão Teofrastus?

— Sim. Tenho medo, porém. Em toda a minha desdita, sonhei, não poucas vezes, com a paz longínqua...

As lágrimas impediram-no de prosseguir.

Pondo-lhe a destra sobre a cabeça banhada de úmido suor, Saturnino estimulou-o:

— Este é o seu momento de libertação. Não o adie. O Senhor nos ajudará. Sigamos!


QUESTÕES PARA ESTUDO

1 – Dando continuidade aos trabalhos espirituais, parte dos benfeitores irá se descolar para o Anfiteatro levando Guilherme, o espírito obsessor. No entanto, ele se recusa a ir e não quer que os benfeitores também vão. Por quê?

2 – “Verdadeiramente infeliz é aquele que não perdoa, não olvida o mal, não oferece oportunidade de redenção.” Comente a afirmação.

3 – Saturnino transfigura-se em benfeitor de Luz para convencer Guilherme a lhe acompanhar na excursão ao Anfiteatro, através de emocionantes palavras. O que podemos retirar de suas palavras e da forma como foram ditas para a nossa prática no diálogo com os desencarnados infelizes?


Bom estudo a todos!!
Equipe Manoel Philomeno

domingo, 3 de julho de 2016

Mural reflexivo: Amigos são assim


Amigos são assim


Ele era um homem rico, justo e bom.
Membro do colegiado dos mais altos magistrados do povo de Israel.
Teve oportunidade de defender um Amigo, entre setenta dos seus pares. Não temeu perder o poder, a riqueza, o prestígio.
O mais importante era o Amigo. E o Amigo se chamava Jesus.
O nome do homem rico era José, da cidade de Arimateia, na Judeia.
O homem bom não conseguiu evitar o julgamento arbitrário do Mestre, pelo Sinédrio, em Jerusalém, nem a Sua condenação.
Acompanhou Sua trajetória de dores e ao vê-lO expirar na cruz, rapidamente se dirigiu ao procurador da Judeia.
Pilatos esperava que parentes do condenado Galileu viessem até ele para lhe pedir o corpo.
Estranhamente foi um membro do Sinédrio, que se dizia Seu discípulo, que O veio resgatar.
Pilatos cedeu de imediato. Talvez porque ainda estivesse um tanto perturbado pelo recado de sua esposa, que sonhara com o acusado daquele dia fatídico.
Ou talvez pelas palavras misteriosas do condenado. Ou pela consciência que lhe dizia ter condenado um inocente.
Com a permissão do procurador, José retornou apressadamente ao Calvário.
Precisava evitar qualquer tentativa brutal dos soldados ao corpo de Jesus.
Providenciou a retirada da cruz. E ele mesmo preparou tudo, junto com outros amigos, para o sepultamento.
As tiras para envolver os membros e o tronco. O sudário para cobrir o rosto. O lençol de linho para envolver o corpo.
Preparou também as ervas aromáticas especiais para o embalsamamento, conforme o costume judaico.
Nada era demais para o Amigo.
Perto do Gólgota, mais ou menos uns trinta metros, José de Arimateia tinha uma propriedade.
Era uma espécie de jardim. Havia um sepulcro cavado na rocha, para que o seu próprio corpo fosse depositado um dia.
Sem hesitar, ele cedeu o túmulo intacto para acolher o corpo do Amigo.
*   *   *
Ninguém vive sem amigos. Até mesmo o Rei Solar os teve durante Sua trajetória terrena.
E, na morte, os amigos O serviram, demonstrando sua terna afeição.
O livro bíblico de Eclesiástico se refere aos amigos, mais ou menos assim: Nada se pode comparar com um amigo fiel, e o ouro e a prata não merecem ser postos em balança com a sinceridade da sua fé.
O amigo fiel é um bálsamo de vida e de imortalidade. Não há medida que avalie o seu valor.
Amigo fiel é uma forte proteção. Quem o encontrou, encontrou um tesouro.
Não abandone o amigo antigo. Com ele você já andou muitos quilômetros e trocou confidências.
O amigo novo é alguém que chega para enriquecer a sua vida. Cultive as novas amizades, com zelo e prudência.
Lembre que a palavra doce multiplica os amigos e diminui os inimigos.
*   *   *
Sábio é aquele que cultiva amizades com o zelo de um jardineiro.
Na provação encontrará sempre uma presença discreta a lhe oferecer um ombro para chorar, um colo para se abrigar.
Feliz aquele que brinda o amigo com o que possui de melhor, pois esse reconhece a preciosidade da amizade.


(Redação do Momento Espírita, com pensamentos do  cap. 6, versículos 11 a 16, do livro bíblico Eclesiástico)