sábado, 7 de abril de 2018

O misterioso coma das crianças na Suécia

Centenas de filhos de famílias de refugiados caem em síndrome que só foi registrada na Suécia. Os cientistas não têm respostas para explicá-la e a batizaram como Síndrome da Resignação

ANA VIDAL EGEA
Nova York


Só acontece na Suécia e ninguém sabe exatamente o motivo: centenas de crianças caem em um estado de coma após suas famílias serem informadas de que serão deportadas. O primeiro foi registrado em 1998, mas foi denunciando publicamente há pouco tempo. Isso acontece aos filhos de refugiados vindos de países soviéticos e da antiga Iugoslávia e de grupos minoritários como os yazidis quando são informados que o asilo no país foi negado. Os números ainda não são claros, mas alguns pesquisadores falam de até milhares de casos e o chamam de “histeria epidêmica”, mas foi oficialmente batizado como Síndrome da Resignação (SR), também conhecida pela palavra sueca uppgivenhetssyndrom.
As crianças que sofrem essa síndrome não possuem nenhum problema físico e neurológico, mas caem nesse inexplicável coma. De acordo com Göran Bodegård (diretor da unidade psiquiátrica para crianças do Hospital Universitário Karolinska, em Estocolmo) em um artigo publicado em 2005 na revista médica Acta Pædiatrica, os pacientes estão "totalmente passivos, imóveis, sem vigor, retraídos, mudos, incapazes de comer e beber, incontinentes e sem reação aos estímulos físicos e à dor". Os afetados são chamados de “crianças apáticas”, mas também existem vítimas adolescentes.
Desde então, todos os estudos existentes tentaram inutilmente averiguar a causa e o porquê da concentração geográfica de vítimas. No começo tentou-se explicar o fenômeno pela teoria do estresse, mas foi ineficiente porque, mesmo sendo considerado um desencadeador da SR, não explica o fato de ocorrer em um só país e em certos grupos imigrantes, mas não em outros que também estão sob tensão.
Duas décadas depois da descrição do primeiro caso, ainda não foi resolvido o grande enigma de por que só acontece na Suécia. Somente entre 2015 e 2016, a Junta Nacional de Saúde da Suécia declarou que ocorreram 169 episódios, segundo informou a BBC. A hipótese mais sólida indica uma psicogênese cultural. De acordo com a tese de Karl Sallin, o neurologista sueco que lidera a pesquisa e que também trabalha como pediatra no Hospital Infantil Astrid Lindgren de Estocolmo, as crianças internalizam os padrões de conduta dados no país. O perigo que isso acarreta é o de produzir um efeito dominó. O dilema moral que a sociedade enfrenta é que, se as crianças não receberem um tratamento adequado, morrerão; mas o fato de atendê-las parece dar margem a novos casos.
A SR continua sendo um mistério. O fenômeno começou a ser conhecido fora da Suécia em abril de 2017, quando foi publicada a primeira reportagem a respeito, assinada por Rachel Avid na revista The New Yorker. De acordo com o seu relato, a doença fez com que grande parte da população protestasse porque, apesar do crescente número de crianças doentes, as deportações continuavam sendo realizadas. Consequentemente, cinco dos sete partidos políticos mais importantes do país pediram anistia às vítimas, mais de 60.000 suecos assinaram uma petição para deter a deportação de crianças apáticas e Gellert Tamas, respeitado apresentador de um conhecido programa de televisão, chegou a dizer que o problema estava fazendo com que o Governo balançasse. Graças à demanda popular, o Parlamento sueco se viu forçado a permitir a revisão da solicitação de permanência de 30.000 famílias cuja deportação era iminente.
A doença é tão fascinante como estranha; por que sofrem esse sintoma somente indivíduos que oscilam majoritariamente entre os sete e os 19 anos de idade? A resposta mais aceita é que os adultos têm pessoas sob seus cuidados que dependem totalmente deles, de modo que não permitem a si mesmos perder o controle; enquanto isso, as crianças submetidas a um grande estresse somatizam o sofrimento de suas famílias pelo coma. “Acho que é uma forma de autoproteção. São como a Branca de Neve”, diz Elisabeth Hultcrantz, uma otorrinolaringologista que trabalha como voluntária na organização Médicos do Mundo tratando crianças que sofrem essa doença.
Os mais céticos com o fenômeno da Síndrome da Resignação dizem que as crianças se induziam ou eram induzidas ao coma por familiares (Síndrome de Münchhausen) com o objetivo de permanecer mais tempo no país adiando a deportação, mas ainda que certamente tenham ocorrido casos falsos, foram bem poucos, e essa hipótese foi descartada por falta de provas. De acordo com os médicos e pesquisadores, os sintomas da doença não são voluntários e muitos indivíduos desconhecem a patologia antes de desenvolvê-la. A isso se soma o fato de que não é um episódio efêmero, levando em consideração que as vítimas chegaram a permanecer em um estado semelhante à catatonia por um período de até dois anos, e que algumas vezes ocorreram casos de reincidência.
Apesar de surgirem mais informações sobre os desencadeadores, ninguém sabe ainda exatamente como deter essa epidemia. Em 2013, a junta sueca de saúde e bem-estar publicou um guia de 63 páginas para tratar a SR em que afirmava que o tratamento mais efetivo era dar permissões de residência permanente, já que de outro modo os pacientes não se recuperariam. O doutor Sallin, entretanto, diz que o problema está mais relacionado ao trauma do que à condição de refugiado e que, portanto, a recuperação pode ser ainda mais complexa. “Sabemos de muitos casos de indivíduos que melhoraram sem que a família tenha recebido uma permissão de residência, e também existem crianças que ficaram doentes até mesmo tendo tal permissão. Podem se passar cinco meses do recebimento de uma resposta positiva de asilo até ocorrerem certos sinais de melhora”.
Já se sabe que o estado anímico pode afetar a saúde. Existem estudos que mostram maior probabilidade de morte após a perda de um ente querido, o que sempre se chamou de “morrer de pena”, mas até agora estava ligado a adultos. A Síndrome da Resignação, entretanto, afeta crianças e demonstra que o trauma da exclusão e a fustigação social são muito mais ferozes do que os teóricos e psicanalistas previam.
A inabilidade para resolver a crise dos refugiados é sem dúvida um dos problemas mais graves enfrentados. Essa é somente uma das consequências.
Notícia publicada no Jornal El País, em 23 de janeiro de 2018.

Elton Rodrigues* comenta

Um dos temas intrigantes que é esclarecido pela doutrina espírita corresponde ao entendimento acerca da intervenção dos espíritos no mundo corporal. Esse, aliás, é o nome do capítulo IX, na segunda parte, de O Livro dos Espíritos.
Kardec, iniciando o estudo da temática no referido livro, pergunta se os espíritos influenciam em nossos pensamentos e em nossas ações. Os espíritos respondem:
“Sob este aspecto, a influência deles é maior do que imaginais, pois, com muita frequência, são eles que vos dirigem.”(1)
Já em outra questão, Kardec pergunta o motivo dos espíritos imperfeitos nos impulsionarem para o mal. Os espíritos respondem:
“Para vos fazer sofrer, como eles.”(2)
A influência do mundo espiritual sobre os encarnados é algo patente pelas informações catalogadas por Kardec e, também, pela nossa própria experiência. Diversas pessoas, se não todas, podem relatar algum acontecimento “sobrenatural”; pensamentos desconhecidos invadindo suas mentes; certas condutas que a própria pessoa, após um instante, ou algum tempo depois, não consegue explicar porque fez isso ou aquilo.
Observem, isso não significa que os espíritos tomem os nossos corpos, como se estivessem vestindo uma fantasia. Os espíritos, responsáveis pela implementação da doutrina espírita, explicam isso à Kardec da seguinte forma:
“O espírito não entra num corpo como entras numa casa; identifica-se com um espírito encarnado que possui os mesmos defeitos e as mesmas qualidades, para agirem conjuntamente; porém, é sempre o espírito encarnado que age, como quer, sobre a matéria de que está revestido. Um espírito não pode se substituir àquele que está encarnado, pois o espírito e o corpo ficam ligados até o tempo fixado para o termo da existência material.”(3)
Por outro lado, na resposta subsequente, os espíritos respondem: “(...) mas ficai sabendo que essa dominação nunca se efetua sem a participação daquele que a sofre, quer por sua fraqueza, quer pelo seu desejo. Frequentemente, têm sido tomados por possessos, epilépticos ou loucos, que mais necessitavam de médico do que de exorcismo.”(4)
Esta pequena introdução é necessária para discutirmos o “Misterioso coma das crianças na Suécia” à luz da doutrina espírita, pois a influência dos espíritos em nossas vidas ocorre a todo instante, em diferentes graus de intensidade e por inúmeros motivos. Todavia, não podemos considerar que tudo seja culpa dos espíritos, visto que temos a nossa liberdade de escolha e somos senhores de nós mesmos. Desta forma, o caso que analisaremos deverá ser estudado tendo duas possibilidades principais:
1) O caso é totalmente anímico, ou seja, causado pelo próprio ser, sem influência espiritual externa ao sujeito analisado;
2) O caso é medianímico, sendo estimulado por um dos atores – sujeito ou espírito desencarnado – e potencializado pelo outro componente dessa dupla simbiótica.(5)
Não analisaremos a possibilidade de ser apenas mediúnico, visto que, além da dificuldade em definir se algo é totalmente anímico ou totalmente mediúnico,(6) há sempre uma parcela de participação do sujeito, ou médium, nos fenômenos psíquicos.
Nossa tese é que o fenômeno batizado por Síndrome da Resignação, provavelmente, é medianímico, apresentando semelhanças com alguns casos contidos na Revista Espírita.
Lembremos que os casos estudados até hoje, sobre a síndrome, só têm ocorrência na Suécia e somente atinge crianças refugiadas, majoritariamente entre sete e dezenove anos, cuja família se encontra em processo de residência ou asilo.(7)
Percebam que o caso é muito isolado, em grupos minoritários, como os convulsionários de Saint-Médard(8) e os da rua Le Reletier,(9) também conhecidos como os Aissaouá.
Sobre os convulsionários de Saint-Médard, sabemos que François Pâris, famoso diácono de Paris, falecido em 1727, recebeu de seu irmão uma homenagem, recebendo um túmulo construído no cemitério de Saint-Médard. Muitos iam ali para fazer suas preces de agradecimento aos trabalhos realizados pelo diácono. Porém, caso curioso, muitas curas maravilhosas e convulsões ocorreram naquele local, tendo as autoridades que fechar o cemitério para evitar maiores confusões. Entre os fenômenos estranhos, temos: curas inexplicáveis, faculdade de resistir a pancadas que poderiam esmagar corpos, faculdade de ler os pensamentos, etc.(10)
A respeito do que acabamos de citar, Kardec evoca o espírito de São Vicente de Paulo para tecer alguns comentários sobre os fenômenos ocorridos no cemitério de Saint-Médard.(11) Colaremos algumas dessas perguntas, realizadas por Kardec, para enriquecermos o nosso estudo:
Poderíeis dizer-nos como considerais aquilo que se passava com os convulsionários? Era um bem ou um mal?
“Era antes um mal que um bem. É fácil sabermos disto pela impressão geral produzida por esses fatos sobre os contemporâneos esclarecidos e sobre os seus sucessores”.
Os que sofriam tais torturas pareciam insensíveis à dor. Eram simplesmente resignados ou realmente insensíveis?
“Insensibilidade completa”.
Qual a causa dessa insensibilidade?
“Um efeito magnético”.
Os acontecimentos vistos na Le Reletier não são muito diferentes dos do cemitério Saint-Médard. Para que o nosso texto não fique muito extenso, diremos apenas que os Aissaouá realizavam inúmeras façanhas que poderiam causar as mais horríveis dores em uma pessoa.
O que queremos demonstrar é que os espíritos podem nos influenciar de tal forma, que diferentes níveis e tipos de transe podem ocorrer.
Assim, como os jovens são, em princípio, mais suscetíveis a ideias externas, pode ser que um grupo de espíritos esteja participando desse processo encontrado na Suécia, induzido, através da mediunidade e sensibilidade daqueles jovens, o estado comatoso das crianças.

Referências:

(1) Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Segunda Parte, Capítulo XIX, questão 459, 2ª Edição, CELD;
(2) Ibidem, questão 465;
(3) Ibidem, questão 473;
(4) Ibidem, questão 474;
(5) Que faz referência à simbiose, à associação de dois ou mais seres que, embora pertençam a diferentes espécies, são definidos como um só organismo;
(6) L. Palhano Jr., Transe e Mediunidade, Animismo, p. 40, § 1º, 3ª Edição, Lachâtre;
(7) , acessado em 01/04/2018;
(8) Allan Kardec, Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos, 1859, Novembro e Dezembro;
(9) Idem, Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos, 1868, Janeiro;
(10) Idem, Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos, 1859, Novembro;
(11) Idem, Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos, 1859, Dezembro.
* Elton Rodrigues é espírita há mais de 10 anos e participa de trabalhos em torno da divulgação da doutrina espírita. Em 2017 fundou a Associação de Física e Espiritismo da Cidade do Rio de Janeiro (AFE-RIO) e a revista O Fóton

Comentário Filme - debate ocorrido sobre o filme Divertidamente, que aconteceu na FEB, em Brasília, no dia 25 de março.


E, aí! Já leu?!

Livros que Iluminam Indica - Livro Estudando a Mediunidade


DROGAS, VÍCIOS, JUVENTUDE E ESPIRITISMO feat WESLEY e HEVERTON #IFEJ2017


Desenvolva o tema na ótica Espírita


sexta-feira, 6 de abril de 2018

Artigo: Confiança


Revista Espírita - Ano Primeiro - 1858 - Fevereiro - Diferentes Ordens de Espíritos


Diferentes Ordens de Espíritos

Um ponto capital na Doutrina Espírita é o das diferenças que existem entre os Espíritos, sob o duplo ponto de vista intelectual e moral; seu ensino, a esse respeito, jamais variou; não menos importante, porém, é saber que eles não pertencem eternamente à mesma ordem e que, em consequência, essas ordens não constituem espécies distintas: são diferentes graus de desenvolvimento. Os Espíritos seguem a marcha progressiva da Natureza: os das ordens inferiores são ainda imperfeitos; depois de depurados, atingem as ordens superiores; avançam na hierarquia à medida que adquirem qualidades, experiência e conhecimentos que lhes faltam. No berço, a criança não se assemelha ao que será na idade madura; entretanto, é sempre o mesmo ser.

A classificação dos Espíritos baseia-se no grau de adiantamento deles, nas qualidades que já adquiriram e nas imperfeições de que terão ainda de despojar-se. Esta classificação, aliás, nada tem de absoluta; apenas no seu conjunto cada categoria apresenta caráter definido. De um grau a outro a transição é insensível e, nos limites extremos, os matizes se apagam, como nos reinos da Natureza, nas cores do arco-íris ou, também, como nos diferentes períodos da vida do homem. Podem, pois, formar-se maior ou menor número de classes, conforme o ponto de vista donde se considere a questão. Dá se aqui o que se dá com todos os sistemas de classificação científica, os quais podem ser mais ou menos completos, mais ou menos racionais e mais ou menos cômodos para a inteligência; sejam, porém, quais forem, em nada alteram as bases da Ciência. Assim, é natural que, inquiridos sobre este ponto, hajam os Espíritos divergido quanto ao número das categorias, sem que isto tenha valor algum.  Entretanto, não faltou quem se agarrasse a esta contradição aparente, sem refletir que os Espíritos nenhuma importância ligam ao que é puramente convencional; para eles, o pensamento é tudo; deixam-nos a forma, a escolha dos termos, as classificações – numa palavra, os sistemas.

Façamos ainda uma consideração que se não deve jamais perder de vista: a de que entre os Espíritos, assim como entre os homens, há os muito ignorantes, de modo que nunca serão demais as cautelas que se tomem contra a tendência a crer que, por serem Espíritos, todos devam saber tudo. Qualquer classificação exige método, análise e conhecimento aprofundado do assunto. Ora, no mundo dos Espíritos, os que possuem limitados conhecimentos são, como neste orbe, os ignorantes, os inaptos a apreender uma síntese, a formular um sistema; mesmo os que são capazes de tal apreciação podem mostrar-se divergentes quanto às particularidades, conformemente aos pontos de vista em que se achem, sobretudo se se trata de uma divisão, que nenhum cunho absoluto apresente. Lineu, Jussieu e Tournefort tiveram cada um o seu método, sem que a Botânica, em consequência, houvesse experimentado qualquer modificação. É que nenhum deles inventou as plantas, nem seus caracteres. Apenas observaram as analogias, segundo as quais formaram os grupos ou classes. Foi assim que também procedemos. Não inventamos os Espíritos, nem seus caracteres; vimos e observamos, julgamo-los pelas suas palavras e atos, depois os classificamos pelas semelhanças. É o que cada um teria feito em nosso lugar.

Entretanto, não podemos reivindicar a totalidade desse trabalho como sendo obra nossa. Se o quadro que damos a seguir não foi textualmente traçado pelos Espíritos, e se é nossa a iniciativa, todos os elementos que o compõem foram hauridos em seus ensinamentos; não nos restaria senão formular a disposição material.

Os Espíritos, em geral, admitem três categorias principais, ou três grandes divisões. Na última, a que fica na parte inferior da escala, estão os Espíritos imperfeitos que devem ainda percorrer todas, ou quase todas as etapas; caracterizam-se pela predominância da matéria sobre o Espírito e pela propensão ao mal. Os da segunda se caracterizam pela predominância do Espírito sobre a matéria e pelo desejo do bem: são os Espíritos bons. A primeira, finalmente, compreende os Espíritos puros, os que atingiram o grau supremo da perfeição.

Esta divisão nos pareceu perfeitamente racional e com caracteres bem positivados; só nos restava pôr em relevo, mediante subdivisões em número suficiente, os principais matizes do conjunto.

Foi o que fizemos, com o concurso dos Espíritos, cujas benévolas instruções jamais nos faltaram.

Com o auxílio desse quadro, fácil será determinar-se a ordem, assim como o grau de superioridade ou de inferioridade dos que podem entrar em relação conosco e, por conseguinte, o grau de confiança ou de estima que merecem. Além disso, interessa-nos pessoalmente porque, como pertencemos, por nossa alma, ao mundo espírita, no qual reentraremos ao deixar nosso invólucro mortal, ele nos mostra o que nos resta fazer para chegarmos à perfeição e ao bem supremo. Faremos, todavia, notar que os Espíritos não ficam pertencendo, exclusivamente, a tal ou tal classe. Sendo sempre gradual o progresso deles e muitas vezes mais acentuado num sentido do que em outro, pode acontecer que muitos reúnam em si os caracteres de várias categorias, o que seus atos e linguagem tornam possível apreciar.

Revista Espírita - Ano primeiro - 1858 - Janeiro - Os Médiuns Julgados


Os Médiuns Julgados

Os adversários da Doutrina Espírita apegaram-se com desvelo a um artigo publicado pelo Scientific American de 11 de julho último, sob o título de: Os Médiuns Julgados. Vários jornais franceses o reproduziram como um argumento irretorquível. Nós mesmos o reproduzimos, fazendo-o seguir de algumas observações que lhe mostrarão o valor.

“Há algum tempo, por intermédio do Boston Courier, uma oferta de 500 dólares (2.500 francos) havia sido feita a toda pessoa que, em presença e em satisfação de um certo número de professores da Universidade de Cambridge, reproduzisse alguns desses fenômenos misteriosos que os espiritualistas dizem frequentemente ser produzidos por meio de agentes chamados médiuns.

“O desafio foi aceito pelo Dr. Gardner e por diversas pessoas que se vangloriavam de estar em comunicação com os Espíritos. Os concorrentes reuniram-se nos Edifícios Albion, em Boston, na última semana de junho, dispostos a provar o seu poder sobrenatural. Entre eles notavam-se as senhoritas Fox, que se tornaram tão célebres pela sua superioridade nesse gênero.

A comissão, encarregada de examinar as pretensões dos aspirantes ao prêmio, compunha-se dos professores Pierce, Agassiz, Gould e Horsford, de Cambridge, todos eles sábios muito distintos. Os ensaios espiritualistas duraram vários dias; jamais tinham os médiuns encontrado mais bela ocasião de pôr em evidência seu talento ou sua inspiração; mas, como os profetas de Baal, ao tempo de Elias, em vão invocaram suas divindades, como o prova a passagem seguinte do relatório da comissão:

“Considerando que o Dr. Gardner não conseguiu apresentar um agente ou médium que revelasse a palavra confiada aos Espíritos em um quarto vizinho; que lesse a palavra inglesa escrita no interior de um livro ou sobre uma folha de papel dobrada; que respondesse a uma questão que só as inteligências superiores são capazes de o fazer; que fizesse ressoar um piano sem o tocar, ou mover-se uma mesa de um só pé sem o auxílio das mãos; que se revelasse impotente para dar à dita comissão o testemunho de um fenômeno que, mesmo com a interpretação mais flexível e a maior boa vontade, pudesse ser considerado como equivalente das provas propostas; de um fenômeno para cuja produção fosse exigida a intervenção de um Espírito, supondo ou, ao menos, implicando essa intervenção; de um fenômeno até então desconhecido pela ciência, ou cuja causa não fosse prontamente identificável pela comissão, bastante clara para ela, declara, a dita comissão, que o Dr. Gardner não tem qualquer direito para exigir, do Courrier de Boston, o pagamento da soma proposta de 2.500 francos.”

A experiência feita nos Estados Unidos a propósito dos médiuns, lembra uma outra, realizada dez anos atrás, na França, pró ou contra os sonâmbulos lúcidos, isto é, magnetizados. A Academia de Ciências recebeu a missão de conceder um prêmio de 2.500 francos ao sujet magnético que lesse com os olhos vendados.

Todos os sonâmbulos fizeram de bom grado essa experiência, nos salões ou nos teatros de feira; liam em livros fechados e decifravam toda uma carta, sentados sobre ela ou colocando-a bem dobrada e fechada sobre o ventre; porém, diante da Academia, não foram capazes de ler absolutamente nada e o prêmio não foi ganho por ninguém.

Essa experiência prova, uma vez mais, da parte de nossos adversários, a absoluta ignorância dos princípios sobre os quais repousam os fenômenos das manifestações espíritas. Entre eles há a ideia fixa de que tais fenômenos devem obedecer à vontade e reproduzir-se com a precisão de uma máquina. Esquecem completamente ou, melhor dizendo, não sabem que a causa deles é inteiramente moral e que as inteligências, que lhes são os agentes imediatos, não obedecem ao capricho de ninguém, sejam médiuns ou outras pessoas. Os Espíritos agem quando e na presença de quem lhes agrada; frequentemente, quando menos se espera é que as manifestações ocorrem com mais vigor, e quando as solicitamos elas não se verificam. Os Espíritos têm modos de ser que nos são desconhecidos; o que está fora da matéria não pode ser submetido ao cadinho da matéria. É, pois, equivocar-se julgá-los do nosso ponto de vista. Se acharem útil manifestar-se por sinais particulares, eles o farão; mas jamais à nossa vontade, nem para satisfazer à vã curiosidade. Além disso, é preciso levar em conta uma causa bem conhecida, que afasta os Espíritos: sua antipatia por certas pessoas, principalmente por aquelas que, fazendo perguntas sobre coisas conhecidas, querem pôr à prova sua perspicácia. Quando uma coisa existe, pensam, eles devem saber; ora, é precisamente porque a coisa vos é conhecida, ou porque tendes os meios de verificá-la, que eles não se dão ao trabalho de responder; essa desconfiança os irrita e nada se obtém de satisfatório; afasta sempre os Espíritos sérios, que ordinariamente não falam senão às pessoas que se lhes dirigem com confiança e sem pensamento preconcebido. Entre nós não temos exemplo disso todos os dias? Homens superiores, conscientes de seu valor, alegrar-se-iam em responder a todas as perguntas ingênuas que visassem submetê-los a um exame, tal como se fossem escolares? Que fariam se se lhes dissessem: “Mas, se não respondeis, é porque não sabeis?” Voltariam as costas; é o que fazem os Espíritos.

Se é assim, direis, de qual meio dispomos para nos convencer? No próprio interesse da Doutrina dos Espíritos, não é desejável fazer prosélitos? Responderemos que é ter bastante orgulho quem se julga indispensável ao sucesso de uma causa; ora, os Espíritos não gostam dos orgulhosos. Convencem quem eles querem; quanto aos que creem em sua importância pessoal, demonstram o pouco caso que disso fazem não lhes dando ouvidos.

Eis, de resto, a resposta que deram a duas perguntas sobre esse assunto: Pode-se pedir aos Espíritos sinais materiais como prova de sua existência e de seu poder? Resp. “Pode-se, sem dúvida, provocar certas manifestações, mas nem todos estão aptos a isso e frequentemente não obtendes o que pedis; eles não se submetem aos caprichos dos homens.”
Porém, quando alguém pede esses sinais para se convencer, não haveria utilidade em satisfazê-lo, pois que seria um adepto a mais? Resposta: “Os Espíritos não fazem senão o que querem, e o que lhes é permitido; falando e respondendo às vossas perguntas, atestam a sua presença; isto deve bastar ao homem sério que busca a verdade na palavra”.

Escribas e fariseus disseram a Jesus: Mestre, muito gostaríamos que nos fizésseis ver algum prodígio. Respondeu Jesus:
“Esta geração má e adúltera pede um prodígio, mas não lhe será dado outro senão o de Jonas”. (São Mateus.)
Acrescentaremos ainda que é conhecer bem pouco a natureza e a causa das manifestações espíritas quem acredita provocá-las por uma recompensa qualquer. Os Espíritos desprezam a cupidez, tanto quanto o orgulho e o egoísmo. E só essa condição pode ser para eles um motivo de se absterem de manifestar-se. Sabei, pois, que obtereis cem vezes mais de um médium desinteressado do que daquele que é movido pelo incentivo do lucro, e que um milhão não lhe faria realizar o que não deve ser feito. Se uma coisa nos surpreende, é que haja médiuns capazes de se submeterem a uma prova que tinha por aposta uma soma de dinheiro.

Revista Espírita - Ano primeiro - 1858 - Janeiro - Os Duendes


Os Duendes

A intervenção de seres incorpóreos nos assuntos da vida privada faz parte das crenças populares de todos os tempos. Por certo não pode entrar no pensamento de nenhuma pessoa sensata tomar ao pé da letra todas as lendas, todas as histórias diabólicas e todos os contos ridículos que se conta prazerosamente junto à lareira. Entretanto, os fenômenos de que somos testemunhas provam que, mesmo esses contos, repousam sobre alguma coisa, porquanto o que se passa em nossos dias deve ter ocorrido em outras épocas. Tire-se deles o maravilhoso e o fantástico com o qual a superstição os cobriu de ridículo, e se encontrarão todos os caracteres, fatos e gestos de nossos Espíritos modernos; uns são bons, benevolentes, obsequiosos, tendo prazer em prestar serviço, como os bons Brownies; outros, mais ou menos maliciosos, travessos, caprichosos e mesmo maus, como os Gobelins da Normandia, conhecidos pelo nome de Bogles, na Escócia; de Bogharts, na Inglaterra; de Cluricanues, na Irlanda, e de Pucks, na Alemanha. Segundo a tradição popular, esses duendes penetram nas casas, onde aproveitam todas as ocasiões para brincadeiras de mau gosto. “Eles batem nas portas, deslocam os móveis, aplicam golpes nos tonéis, marteladas no teto e no assoalho, assobiam baixinho, soltam suspiros lamentosos, puxam os lençóis e as cortinas dos que estão deitados, etc.”

O Boghart dos ingleses exerce suas maldades principalmente contra as crianças, das quais parece ter aversão. “Toma-lhes frequentemente a fatia de pão amanteigado e a tigela de leite; durante a noite agita as cortinas do leito; sobe e desce as escadas com grande arruído; lança pratos sobre o assoalho e provoca muitos outros estragos nas casas.”

Em alguns lugares da França os duendes são considerados como uma espécie de demônio familiar, que se tem o cuidado de alimentar com as mais delicadas iguarias, porque trazem a seus senhores trigo roubado dos celeiros. É deveras curioso encontrar essa velha superstição da antiga Gália entre os borussianos do século XII (os prussianos de hoje). Seus Koltkys, ou gênios domésticos iam também furtar trigo nos celeiros para levá-lo àqueles de quem gostavam.

Quem não reconhecerá nessas diabruras, posta de lado a indelicadeza do trigo roubado, do qual provavelmente os faltosos se desculpavam à custa da reputação dos Espíritos – quem, dizíamos, não reconhecerá nossos Espíritos batedores e aqueles que se pode, sem cometer injúria, chamar de perturbadores? Que, se um fato semelhante ao que relatamos acima, da jovem da Passagem dos Panoramas, tivesse acontecido no campo, seria, sem dúvida, tido à conta do Gobelin do lugar, depois de amplificado pela fecunda imaginação das comadres; não faltaria mesmo alguém ter visto o pequeno demônio pendurado à campainha, dando risadas e fazendo caretas aos tolos que iam abrir a porta.

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Respostas rápidas - cromoterapia


Pergunta: Gostaria de saber a opinião de vocês sobre a Cromoterapia.

Resposta: Estamos deduzimos que você conhece o que seja a cromoterapia, ou terapia através das cores.
É conhecido os efeitos de determinadas cores sobre o comportamento humano, sendo que algumas cores incentivam determinadas reações, que podem ser calmantes ou excitantes, conforme a tonalidade.
Baseado nisto, algumas pessoas e casas ditas espiritas, tem incluído em seus trabalhos o banho com luzes de diversas cores, buscando assim uma harmonização maior daqueles que os procuram.
Nada contra a cromoterapia, mas vale uma pergunta: __ será a cromoterapia uma pratica espirita ?
A doutrina é muito clara quando coloca que seu objetivo maior é a reforma moral da humanidade, o desenvolvimento critico da consciência, uma reforma de dentro para fora, buscando a espiritualização do ser.
A melhor terapia que a doutrina espirita recomenda é a evangelhoterapia, ou seja, o estudo e a prática dos ensinos de Jesus, contido no Evangelho, uma vez, que conforme nos ensina O Livro dos Espíritos, na questão 625, Jesus é nosso guia e modelo.
Nos Centros Espiritas, o tratamento de passe e agua fluidificada, já é tradicional, obtém ótimos efeitos, e na
nossa opinião, não há porque ficar adotando outras terapias, que acabam complicando e criando mais uma necessidade da criatura.
O objetivo da doutrina, repetimos, é despertar consciências, libertar vidas.
Para isto, estudo e trabalho no bem é a melhor terapia.

Respostas rápidas: assuntos relacionados a alimentação relacionada ao espiritismo


Pergunta : Gostaria de saber onde posso encontrar assuntos relacionados a alimentação relacionada ao espiritismo, tanto a alimentação que deveríamos seguir mas também a alimentação que os espíritos praticam.

Resposta: A Doutrina Espírita nos ensina que o nosso corpo físico é o instrumento que Deus nos oferece para vivenciarmos nova experiência na Terra, indispensável à nossa evolução. Por essa razão, devemos cuidar dele como se cuida de qualquer objeto que tomamos emprestado e que teremos de devolver. O corpo físico nada mais é que isso: um empréstimo de Deus para utilizarmos na nossa passagem pelo mundo físico. Ao final, teremos de devolvê-lo ao Criador, que dará nova destinação a ele, de acordo com a Leis Naturais.
Portanto, o fator alimentação está incluído dentre os cuidados que devemos adotar com o nosso corpo carnal. O Espiritismo, como doutrina de liberdade, não prescreve qualquer regra alimentar. Podemos nos alimentar como o desejarmos, sabendo, sempre, da responsabilidade que assumimos por nossos atos. Devemos, pois, nos guiar por uma alimentação sadia, sem excessos que venham causar qualquer tipo de dano ao nosso organismo físico.
Allan Kardec tratou, genericamente, do assunto nos capítulos V e VI, da Parte 3a. de "O Livro dos Espíritos". Também em "Missionários da Luz" podemos encontrar algumas orientações de André Luiz quanto à alimentação do médium nos dias de trabalho. Quanto à alimentação dos espíritos, quanto mais o espírito se eleva menos necessidade sente de qualquer tipo de alimentação, pois seu períspirito vai se tornando cada vez menos denso. Nos mundos de densidade mais próxima da Terra, temos informações de que os espíritos praticam algum tipo de alimentação, que é fluídica e plasmada de conformidade com o fluido cósmico universal que predomina em cada mundo. Podemos ver isso em "Nosso Lar", quando André Luiz narra que lhe foi servida uma sopa, após ser socorrido pelos benfeitores. Também Patrícia, em "Violetas na Janela" conta que lhe foram servidos pães. Podemos, pois, concluir que, ao menos nas Colônias mais próximas da Terra, que abrigam espíritos ainda cheios de imperfeições e cujos períspiritos possuem alto grau de densidade, ainda necessitam de algum tipo de alimentação, necessidade da qual vai se despojando à medida que evoluem.

Respostas rápidas: Gostaria de mais informações sobre obsessão de encarnado para encarnado. Existe? Como nos livrar?


Pergunta: Gostaria de mais informações sobre obsessão de encarnado para encarnado. Existe? Como nos livrar?

Resposta: Todos nós encarnados e desencarnados somos espíritos. O que nos diferencia é justamente termos agora um físico ou não. Isso significa que é completamente possível uma obsessão de encarnado para encarnado, de encarnado para desencarnado, para desencarnado para desencarnado e de desencarnado para encarnado. Embora os conceitos iniciais da doença obsessão (enfermidade de caráter espiritual) já houvessem sido abordadas por Kardec, em 1857 no Livro dos Espíritos, a descrição completa da obsessão só foi publicada por Kardec em 1861, no Cap. XXIII do Livro dos Médiuns, onde ele define a doença, enumera suas causas, classifica seus diferentes tipos e propõem uma terapêutica eficiente. Existe obsessão porque existe inferioridade em nós, porque fizemos sofrer e sofremos, porque temos dificuldade de perdoar. O caminho eficiente para evitarmos obsessões, é aquele que leva á Jesus. "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida." A única profilaxia eficaz é a do Evangelho, é praticar o bem e ser bom. O amor é o único antídoto realmente infalível. Quando aprendemos a amar sem reservas, sem interesse, sem exigências, quando houver em nós o amor em toda sua plenitude, então não haverá mais lugar para ódios, maldades, disputas e muito menos obsessões. Sugiro que você procure um centro sério, de preferência ligado à Federação de seu estado, e passe por orientação. Lá o orientador a encaminhará ao tratamento mais adequado.

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Artigo: Religião e Honestidade


Conversando com Léon Dennis - O trabalho


Médicos encontram novo órgão no corpo humano “por acidente”

Yahoo Finanças

Pesquisadores da divisão de doenças digestivas do Mount Sinai Medical Center, em Nova York, nos Estados Unidos, encontraram um novo órgão do corpo humano. A descoberta só foi possível porque eles utilizaram um novo equipamento, uma nova versão do endoscópio, mangueira com uma câmera na ponta que permite analisar o sistema digestivo.
O instrumento, segundo os médicos, é diferente porque permite analisar as estruturas e tecidos humanos em nível intracelular. Com ele, eles conseguiram analisar um canal biliar e conseguiram perceber uma estrutura com cavidades que nunca haviam sido analisadas.

Novo órgão?

Ao observar melhor as estruturas, os cientistas perceberam que havia um erro na forma como até então era feita a análise do corpo. Sem a tecnologia para analisar um tecido vivo, os pesquisadores costumavam observar o tecido removido, e em grande parte das vezes desidratado. O processo de retirada drenava o líquido e fazia com que as cavidades desaparecessem.
“Muitas vezes víamos pequenas ‘rachaduras’ na amostra. Eu fui ensinado e, por sua vez, ensinei a muitos dos meus alunos que essas rachaduras eram devido ao processamento da amostra. Nós tínhamos puxado o tecido com muita força e as separações haviam se formado. Eram os remanescentes dos espaços em colapso. Eles estavam lá o tempo todo. Mas foi só quando pudemos ver tecidos vivos que nos demos conta disso”, explica Neil Theise, professor em patologia e um dos responsáveis pela pesquisa.
Para ele, a definição de órgão é imprecisa, mas “geralmente implica que existe uma unidade e singularidade de estrutura ou de função”, detalha. “Esse espaço tem propriedades e estruturas únicas, que não são vistas em outros lugares, e funções altamente específicas e dependentes das estruturas exclusivas e dos tipos de células que o formam”, pontua.

Novas descobertas

Conhecido como fluido intersticial, ele compõe 20% do líquido do corpo. “Essa camada circunda as partes do corpo que se move, como a pele ou o pulmão. Nós nunca nos perguntamos como uma densa camada de tecido conjuntivo sobrevivem a tanto estresse sem se romper? Agora nós sabemos: não são tecidos conectivos densos, eles são distensíveis e compressíveis espaços cheios de fluido”, explica o professor.
Segundo ele, isso pode ajudar a explicar como o câncer se espalha pelo corpo.
Notícia publicada no Yahoo Finanças, em 28 de março de 2018.

Jorge Hessen* comenta

Os espíritas sabem que a nossa carcaça biológica é o espelho do corpo perispiritual. Para que futuramente a ciência avalie melhor a mecânica e a natureza do corpo humano, necessitará estudar mais profundamente a estrutura funcional do perispírito como matriz gerenciadora das funções do corpo físico. O perispírito não tem sido estudado atualmente por ausência de instrumentos e equipamentos de laboratório mais possantes. A ciência acadêmica ainda está muito distante de conhecer e melhor entender a estrutura de funcionamento do psicossoma.
A nossa realidade mento-espiritual gera o impulso criador que se projeta no corpo perispiritual e, depois, no corpo físico. Em outras palavras: quando o espírito deseja, o psicossoma vibra e o corpo experimenta. Nessa linha de raciocínio, concluímos que o processo imunológico, que neutraliza o desenvolvimento de doenças (inclusive o câncer), é resultante do trabalho permanente no bem e na prática da solidariedade, da fraternidade e do perdão irrestrito, atributos estes do espírito imortal.
Alguns embriogenistas atuais "desconfiam" da existência desse princípio e tentam, de alguma forma, comprovar essa desafiadora "matriz gerenciadora" no mecanismo da geração orgânica. Ensinam os benfeitores espirituais que o psicossoma tem função organogênica. Destarte, permite a formação do próprio organismo e funciona em harmonia com os códigos genéticos. Por esta razão, na sua ausência, o processo de fecundação seria uma composição orgânica sem forma definida (amorfa).
O espírito, através do perispírito, "influencia o citoplasma (sede das forças fisiopsicossomáticas), juntamente com as funções endocrínicas, por estar fixado no sistema nervoso central e enraizado intrinsecamente no sangue, sendo o modelador definitivo da célula".(1)
Sabe-se que se forem colocados fragmentos de tecidos orgânicos da epiderme ou do cérebro numa porção de soro em temperatura ideal, o fragmento acusa uma intensa vida. Depois de algumas horas, os produtos da excreta intoxicam o soro, impedindo, com isso, o desenvolvimento celular. Renovando o soro, as células crescem novamente. Porém, sem o governo mental, através do perispírito, em nada ficam sequer parecidas com as suas irmãs em funções orgânicas.(2)
A nossa realidade mento-espiritual gera o impulso criador que se projeta no corpo psicossomático e, depois, no arcabouço físico. Em outras palavras: quando o espírito quer, o períspirito amolda e o corpo é formado de conformidade com o molde perispiritual.

Referências bibliográficas:

(1) XAVIER, Francisco Cândido & VIEIRA Waldo. Evolução em Dois Mundos, Ditado pelo Espírito André Luiz, RJ: Ed. FEB, 2002;
(2) As células tomam aspectos diferentes conforme a natureza das organizações a que servem, e a inteligência, influenciando o citoplasma, obriga as células ao trabalho de que necessita para expressar-se, trabalho este que, à custa de repetições quase infinitas, se torna perfeitamente automático para as unidades celulares que se renovam, de maneira incessante, na execução das tarefas que a vida lhes assinala.
* Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal aposentado do INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados

Vozes Interiores Reflexões - É importante a nossa comunhão diária com...


terça-feira, 3 de abril de 2018

Reflexão (Livro Amor - Espíritos Diversos - Médium Divaldo P Franco)


Artigo: Salvação ou Evolução? (José Passini)


Crie a história e desenvolva o tema à luz da Doutrina Espírita


Livro em estudo: Grilhões Partidos - B014 – Capítulo 10 – Na Casa de Saúde


Livro em estudo: Grilhões Partidos – Editora LEAL - 1974
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco
B014 – Capítulo 10 – Na Casa de Saúde

Capítulo 10
Na Casa de Saúde

Pergunta: 264. “Que é o que dirige o Espírito na escolha das provas que queira sofrer?”
Resposta: “Ele escolhe, de acordo com a natureza de suas faltas, as que o levem à expiação destas e a progredir mais depressa. Uns, portanto, impõem a si mesmos uma vida de misérias e privações, objetivando suportá-las com coragem; outros preferem experimentar as tentações da riqueza e do poder, muito mais perigosas, pelos abusos e má aplicação a que podem dar lugar, pelas paixões inferiores que uma e outro desenvolvem; muitos, finalmente, se decidem a experimentar suas forças nas lutas que terão de sustentar em contato com o vício.” “O LIVRO DOS ESPÍRITOS” — Parte 2ª — Capítulo 6º.
Após a reunião de assistência aos obsidiados, quando as operações de socorro aos perseguidores atendidos chegavam a termo, graças à remoção de alguns a Hospitais especializados, em Colônias do nosso plano, enfermeiros e assistentes prestimosos prosseguiram dispensando necessária cooperação no templo Espírita onde ficariam em regime de hospedagem diversos outros sofredores carecentes de diretriz e medicação próprias.
O venerável Bezerra de Menezes convocou-nos, então, destacando os irmaos Ângelo e Melquiades, abnegados trabalhadores desencarnados, a fim de visitarmos Ester, como passo inicial para o labor que se desenvolveria de imediato, objetivando seu oportuno restabelecimento.
Chegando ao pavilhão em que a jovem se encontrava, não pude sopitar o choque e a curiosidade, face à multidão que se agitava naquele Frenocômio.
Desencarnados às centenas, com os fácieis mui variados, aglutinavam-se em magotes de doentes, totalmente desequilibrados, em manifesta ignorância do estado espiritual em que se demoravam; obsessores de carantonha cruel demonstravam no rosto conturbado os ódios que os desequilibravam; perturbadores zombeteiros, assinalados pelos vícios em que se locupletavam, com máscara de cinismo indescritível; grupos de vampirizadores misturavam se a dementes encarnados, parcialmente liberados pelo sono, em lastimável estado; verdugos impiedosos, conhecedores das técnicas obsessivas, arrastavam suas vítimas em incríveis padecimentos, que desfaleciam de pavor, logo despertando para defrontar os adversários frios; entidades hebetadas, simiescas umas, deformadas outras, em promiscuidade deplorável...
Desencarnados ociosos, indiferentes, enchiam os pátios, os corredores como freqüentadores de espetáculos circenses, totalmente desconhecedores do estado em que se movimentavam, produzindo ambiente miasmático, que aspiravam, intoxicando-se cada vez mais e envenenando a psicosfera terrível já reinante.
Um pandemônio ensurdecedor e aparvalhante sucedia-se em cenas que variavam da bestialidade mais vil à impiedade mais selvagemente elaborada, em cujos cenários muitos encarnados sofriam indefiníveis vilipêndios e atentados.
Dava-nos a impressão de que nenhuma compaixão ou sentimento de humanidade ali encontrava guarida. Os espetáculos da hediondez espiritual superavam tudo que a imaginação humana pode conceber. Aliás, ali se encontravam alguns dos campeões da insensatez e da perversidade, dos ases da mentira e da traição, dos hábeis dissimuladores que, não obstante a ausência das roupagens orgânicas, experimentavam as paixões mais açuladas que os governavam em desmandos inimagináveis.
Recebêramos antes recomendações adequadas quanto aos impositivos da oração e do equilíbrio, a fim de transitarmos em faixa de diferente vibração, passando despercebidos da imensa mole de atormentados e atormentadores.
Percebi, então, que outros grupos de socorro freqüentavam aquele dédalo da sordidez, movimentando-se, distintos, com semblantes circunspectos e atenciosos. Saudavam-se, fraternalmente, discretamente, considerando-se as circunstâncias e finalidades dos misteres a que se entregavam. Constituíam a Providência Divina respondendo aos apelos de muitas orações, socorrendo necessidades justas, amparando os que ansiavam pela terapêutica do amor, já que não faltam nunca as disponibilidades do Senhor, sempre colocadas ao alcance dos que O buscam.
O quarto em que Ester se alojava, verdadeira cela presidiária, produziu-me incontinente mal-estar. Empestada por vibrações perniciosas, densas, escuras, pareciam fluído condensado, oleoso, que causava insuportável indisposição psíquica, generalizando-se em sensação de náuseas contínuas.
O dirigente da equipe, profundo conhecedor daqueles sítios, sugeriu-nos mais intenso controle da emotividade e imperiosa disposição para a caridade, com que superaríamos as incômodas impressões, sintonizando em faixa mais sutil, de que nos alimentaríamos seguramente.
A jovem subjugada em espírito jazia ao lado do corpo, em quase total inconsciência, sob os efeitos de sedativo pernicioso e forte. Junto a ela, em processo de imantação perispiritual, vigiava o algoz desencarnado.
Nos três outros catres infectos que infestavam o exíguo A parlamento, a tresandar odores insuportáveis, se encontravam duas jovens e uma senhora de meia-idade, estigmatizadas por diversas alienações que as diferenciavam entre si.
Quase todas se encontravam parcialmente fora do corpo, inconscientes, exceção feita à dama perturbada, que altercava com um perseguidor imaginário, fruto de longo processo ideoplástico.
Outras Entidades desequilibradas se imiscuíam nas sombras e na imundície do quarto abafado, algumas das quais, entorpecidas, pareciam hibernadas em longo processo sonoterápico, mantendo-se alimentadas pelas emanações mefíticas abundantes dos pacientes, suas presas inermes.
Com a autoridade e sabedoria que lhe são peculiares, o “Apóstolo da caridade” exorou a proteção divina em comovedora oração, quando do seu tórax, a pouco e pouco iluminado que se transformou num sol engastado no peito, surgiram fulgurações carregadas de superior energia incidindo sobre os Espíritos levianos, produzindo-lhes choques, que os despertavam, expulsando os quase todos e fazendo, por fim, que se modificasse a paisagem fluídica reinante.
Ao terminar, recomendou que os Irmãos Ângelo e Melquíades socorressem as duas jovens e apontou-nos a senhora atribulada para assistência de minha parte, recomendando condensasse as forças fluídicas até lograr ser por ela percebido.
Vendo-me, repentinamente, a dama exclamou, emocionada:
— Mensageiro Divino, salvai-me deste cruel perseguidor! Sou criminosa, reconheço, todavia, venho pagando a longo prazo o compromisso infeliz da leviandade. Socorrei-me, por Deus!
As lágrimas abundantes, a face dorida e a voz amargurada infundiam compaixão.
Teleguiado pela poderosa mente do Diretor Espiritual, acerquei-me e roguei-lhe descansasse em sono reparador de que tinha imediata necessidade.
Aplicando-lhe conveniente recurso fluídico, sem maior resistência descontraíram-se as forças psíquicas concentradas pelo pavor e ela adormeceu.
Auscultando as exteriorizações mentais da Senhora atormentada, em espírito, ora ressonando, o abnegado Instrutor esclareceu:
— Esta nossa irmã está catalogada como esquizofrênica irreversível, demorando-se na fase da hebefrenia de largo porte, em diagnose apropriada.
Fixadas as matrizes da distonia mental, nas sedes perispirituais, o mecanismo cerebral correspondente à área da razão e da personalidade, apresenta sombras características que preexistem desde a vida anterior, quando supunha poder burlar as Leis, entregando-se aos desvarios e alucinações complexos.
Em verdade, manteve-se inatacável no conceito do mundo, entretanto, não conseguiu fugir a si mesma, às lembranças da consciência em despertamento, lesando os centros correspondentes da lucidez e do equilíbrio, que produziram nas sedes sutis plasmadoras do “campo da forma” os desajustes que ora a lancinam.
Fazendo significativa pausa, na qual aplicou passes cuidadosos, longitudinais, a iniciar-se do centro coronário, qual se o desatrelasse de forças densas, em baixo teor magnético, percebemos, a pouco e pouco, que o complexo núcleo se clarificava, irrigando com opalina tonalidade o centro cerebral, igualmente envolto em sombrias cargas fluídicas, onde imagens vigorosas e fixas nas telas da memória se diluíam, sem que, contudo, se desfizessem totalmente.
A energia vitalizadora que era infundida na enferma passou a percorrer-lhe os vários centros de fixação físico-espiritual. E como recebendo ignota carga magnética, revigorante e anestésica simultaneamente, esta proporcionava à organização física melhor funcionamento com mais eficaz intercâmbio metabólico, de que se beneficiava o cérebro todo transformado, agora, em um corpo multicolorido, no qual miríades de grânulos infinitesimais ou fascículos luminosos se movimentavam, penetrando neurônios e os ligando, quais impulsos de eletricidade especial enviando ordens restauradoras e mantenedoras da harmonia vibratória indispensável ao tônus do reequilíbrio.
Percebemos que a respiração da doente se fez mais tranqüila, os músculos tensos por todo o corpo relaxaram, com admiráveis resultados no aparelho digestivo, particularmente desgovernado.
Concluída a operação complexa e tecnicamente realizada, o irmão Bezerra de Menezes elucidou-nos:
- Toda enfermidade, resguardada em qualquer nomenclatura, sempre resulta das conquistas negativas do passado espiritual de cada um. Estando o “campo estruturador”, conforme nominam os modernos pesquisadores parapsicológicos ao perispírito, sob o bombardeio de energias deletérias, é óbvio que as idéias, plasmando as futuras formas para o Espírito, criam as condições para que se manifestem as doenças...
Tomemos por exemplo nossa irmã Eudóxia, no momento, sob nossa observação.”
Amanhã apresentará sinais de significativa melhora na saúde, embora as causas preponderantes da sua alienação nela mesma se encontrem. Numa forma de autocídio indireto, através do qual pretende eximir-se à responsabilidade, auto-suplicia-se, mergulhando no desconcerto da loucura.”
Observando-a mais detidamente, continuou:
— Na metade do século passado, encontramo-la senhora de terras, em próspera cidade do Império, no solo fluminense... Consorciada com homem probo, de sentimentos elevados, caracterizava-se pelo temperamento irascível, insuportável. Cansado da esposa rebelde e malsinante, o companheiro propôs lhe separação honrosa... Acreditando-se, porém, substituída — e de imediato transferiu para humilde serva a suposta preferência do marido — silenciou, planejando, então, hediondo homicídio que culminou calma, calculadamente, com segurança. Envenenou o esposo indefeso nas suas mãos, que de nada suspeitava e, passado algum tempo, repetiu a façanha com a servidora que tudo ignorava...
Dama altiva e destacada, seus dois crimes não foram sequer suspeitados, ninguém tomou deles conhecimento. Ela, porém, os sabia... A punição maior para o culpado é a presença da culpa, insculpida na consciência. A princípio, quando as forças orgânicas estão em plenitude, ela dorme. À medida que se afrouxam os liames das potências da vida vegetativa, ressumam as evocações e se transformam em complexo culposo, monoideísmo infeliz que mais grava o delito e agrava a responsabilidade...
Surpreendida pela desencarnação, transferiu para o Além os dramas ocultos. Embora perdoada pelo esposo-vítima, que se encontrava em melhor condição espiritual do que ela, tornou-se perseguida pela serva, que a seviciou demoradamente em região de compacta sombra espiritual.
Trazida à reencarnação, os fortes açoites do remorso, as impressões vigorosas da expiação junto à vítima, a intranqüilidade lesaram os centros da consciência, do que resultou a enfermidade que ora padece...
Depois de breve silêncio, concluiu:
— Os núcleos desarticulados no perispírito produziram as condições físicas do encéfalo, que se desconectaram quando completou trinta anos, idade em que se deixara assediar pela fúria do desequilíbrio, embora as distonias graves que a perturbavam desde a adolescência.
Apesar de a maior incidência de hebefrenia ocorrer na puberdade, conforme foi analisada e descrita em 1871, sendo posterior-mente incluída por Kraepelin como uma das “demências precoces”, esta surge como se agrava em qualquer idade... (*)
A enfermidade que afeta a área da personalidade, produzindo deteriorização, gera estados antípodas de comportamento em calma e fúria, modificação do humor, jocosidade, com tendências, às vezes, para o crime, é o resultado natural do abuso e desrespeito ao amor, à vida, ao próximo.
Purgará, ainda um pouco, até que a desencarnação lhe tome de volta as vestes, a fim de recomeçar noutra condição o que espontânea e levianamente adiou...
Estávamos edificados e surpresos.
Constatávamos ali a procedência da Divina Justiça e poderíamos distinguir que, na etiologia das enfermidades mentais, muitos fatores estudados pela moderna Psiquiatria são legítimos, faltando a essa nobre Ciência um maior contato com as “questões do Espírito”, do que hauriria suficiente luz para incluir a obsessão como uma das causas das alienações mentais, penetrando nas realidades da Alma encarnada e melhor desintrincando os variados processos que sempre se originam no ser espiritual, ao longo da sua jornada evolutiva.
(*) Quem primeiro definiu a Hebelrenia foi Kahlbaum (KarI Ludwig), em 1863, como sendo uma alienação mental que surge precocemente na puberdade e se caracteriza por uma cessação das aquisições intelectuais, conduzindo o paciente para a demência total, incurável. - Nota do Autor espiritual.

QUESTÕES PARA ESTUDO

1 – Após o término das atividades de desobsessão, Manoel Philomeno, em desdobramento pelo sono físico, visita junto com outros desencarnados a clínica psiquiátrica na qual estava Ester. Como era a atmosfera espiritual neste lugar? De que modo o espírita pode se comportar nas oportunidades em que visitar estes locais?

2 – Como se encontrava Eudóxia, a senhora que dividia o apartamento de Ester? Quais a causas espirituais do seu atual quadro psíquico.

3 – De que modo o perispírito, o corpo estruturador, interfere na organização física da pessoa?

Bom estudo a todos!!
Equipe Manoel Philomeno