sábado, 4 de março de 2017

Entrevista concedida por Divaldo Pereira Franco - Este será o século do amor

Este será o século do amor

janeiro/2017 
Fonte: Jornal Mundo Espírita FEP
       
Vivemos uma época de grandes transformações sociais, um conturbado momento político e um novo modelo de interação social, em que barreiras geográficas e temporais são vencidas por alguns diques. Nesse contexto, muitos não conseguem equilibrar de maneira saudável o uso dos recursos tecnológicos e a convivência interpessoal, sentindo-se sozinhos ainda que envoltos a inúmeras possibilidades.
Nesta entrevista, o médium e palestrante espírita Divaldo Pereira Franco traz elucidações coerentes a esses temas, afirmando que o progresso da ética e do amor, bem como a consolidação da cidadania, devem ser os objetivos deste século, e como as religiões, atuando em conjunto com a ciência, podem de fato contribuir para o equilíbrio do homem enquanto ser integral.
 
Divaldo, a tecnologia teve forte avanço no século 20. Seria o século 21 o do impulso para o progresso da ética?
Sem dúvida, o século passado pode ser considerado o mais notável dos últimos tempos, em razão das conquistas ímpares da ciência e da tecnologia. Ampliaram-se os horizontes do Universo, penetrou-se nas micropartículas, decifraram-se vários enigmas que aturdiam o indivíduo, as comodidades multiplicaram-se, a longevidade humana tornou-se possível e o homem assim como a mulher pareceram haver triunfado sobre a ignorância e os limites do conhecimento. Nada obstante, os conflitos emocionais multiplicaram-se, os sentimentos desceram a níveis dantes não alcançados, as dores tornaram-se mais severas e a paz interna cedeu lugar às inquietações e angústias…
Afirmam os Benfeitores espirituais que o atual será o século do amor, da ética, do retorno aos valores morais ora desprezados, que a cultura e a civilização aplicaram milênios para os estabelecer, sem que houvessem prevalecido.
O ser humano anela pela paz e teme amar, considerando-se descartável pela moderna cultura superficial e de rápido olvido.
Nesse sentido, o Espiritismo oferece uma contribuição valiosa, com as suas seguras diretrizes a respeito da imortalidade da alma, das comunicações espirituais, da reencarnação e da necessidade de viver-se com elevação a existência, que é bênção de Deus para o processo da evolução, da plenitude.
 
A todo momento vivemos conectados e não conseguimos nos desligar do mundo virtual. O ser humano está à beira de uma saturação tecnológica? Ela prejudica nossa espiritualização?
“O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são.”, acentuou o filósofo Protágoras, quase 500 anos a. C.
Desse modo, ele cria os condicionamentos e os desfaz à medida que evoluciona, crescendo na horizontal da inteligência, nem sempre com a correspondência do sentimento que é a grande vertical da verdade.
É o que vemos na atualidade. Após haver criado com alta tecnologia as máquinas e até mesmo o cérebro artificial, vem-se tornando escravo das suas exigências. Estamos no auge da comunicação virtual e uma grande parte da sociedade encontra-se “conectada” nesse mundo, perdendo as excelentes oportunidades da convivência pessoal.
É, sem dúvida, um momento embaraçoso e grave, porque o individualismo toma-lhe conta e o exaure com o excesso de informações rápidas e sem grande sentido. Logo, como já vem ocorrendo, surge a “saturação tecnológica”, a falta de objetivo psicológico na existência, provocando a solidão avassaladora que culmina nos transtornos de várias denominações, inclusive, a depressão.
Nos relacionamentos humanos são valiosos os contatos físicos, as emoções que produzem hormônios especiais na convivência, o abraço, a carícia … que ainda não podem ser virtuais.
Como consequência, dificulta a espiritualização do ser. Nada obstante, conforme o uso que se pode fazer dessa valiosa contribuição, torna-se veículo de divulgação do bem, invitando os seus aficionados à reflexão, ao conhecimento de valores humanos que jazem adormecidos ou já se encontram esquecidos.
Tudo, portanto, depende do uso que se dê.
 
Qual a importância dos valores espirituais para a elevação do nível de cidadania de um povo?
É de fundamental importância uma ética baseada nos valores espirituais.
Afirmou Jung que o “ser humano é um animal religioso” e a religiosidade é essencial para uma vida harmônica, em conquista da plenitude. A ausência de uma fé clara e lógica, impõe ao indivíduo angústias e desencantos quando a existência perde o sentido imediatista, passando a sentir o vazio interior.
 
À vista de um escândalo ou outro, clamam-se por mudanças legislativas. O problema de fato está na lei?
Penso que o problema fundamental para o construção de uma sociedade digna e consequentemente feliz é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à educação pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto “a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos” como afirma Allan Kardec em resposta à questão 685, a) em O Livro dos Espíritos. Mediante a educação moral pode-se respeitar os leis, algumas de excelente qualidade, mas que não são consideradas pelos indivíduos rebeldes, de caráter mal formado.
Não são, desse modo, as leis que necessitam de correção, mas os seres humanos que se fazem rebeldes, indisciplinados, soberbos, ignorantes dos deveres, para poderem fruir de direitos…
 
E como evitar que a desilusão e o descrédito geral em torno dos governantes e das instituições públicas tomem conta da sociedade? As religiões podem contribuir?
Quando se trata de religiões centradas na lógica e no razão, que andam ao lado da ciência e lhe aceitam as conquistas, a sua contribuição na estruturação da criatura equilibrada e feliz refletirá, naturalmente, no seu comportamento político, porque é de natureza moral, tornando respeitáveis as Instituições públicas e todas as demais. Como consequência da conduta irresponsável e insensata de alguns governantes perversos e instituições indignas surge o descrédito, o desrespeito às leis, o cinismo… o pessimismo. Apesar disso, cabe-nos agir com retidão, como sendo a nossa maneira de contribuir em favor de um mundo melhor, tornando-nos exemplos de dignidade, assim demonstrando que são os indivíduos e não as funções que os tornam nobres ou indignos.
 
A partir dos anos 2000 surgiram as primeiras Associações Jurídico-Espíritas (AJEs). Hoje temos 12 AJEs estaduais e, em março deste ano [2016], a AJE-Brasil completou três anos. Qual a importância dessas instituições para a sociedade em geral?
Considero as AJEs como organizações necessárias à formação de profissionais da sua área portadores de elevados sentimentos que se fundamentam nas bases filosóficas e morais do Espiritismo. Poderão ser esses cidadãos os futuros governantes capacitados para a verdadeira e nobre Política, nos moldes daquela desenhada por Aristóteles, que estabelece o respeito aos direitos dos seres e se fundamenta na ética-moral que dignifica a sociedade.
 
E para o movimento espírita?
Para o Movimento Espírita as AJEs podem oferecer valiosas contribuições da sua área no cumprimento das leis, trabalhando em favor de projetos políticos e sociais compatíveis com o  pensamento de Jesus.
Quando reflexiono no Código penal da vida futura, que se encontra no capítulo VII do livro O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, antevejo uma futura diretriz nobre para a sociedade contemporânea, servindo de base para leis justas, conforme o são as de natureza divina.
Neste momento grave que atravessamos, necessitamos, mais do que nunca, experienciar a ética-moral do Evangelho de Jesus, conforme Ele a estabeleceu e viveu-a com os Seus discípulos.
As grandes crises que se alastram pela Terra têm origem nas desordens emocionais e espirituais da criatura humana. É necessário que resolvamos nossos problemas íntimos a fim de contribuirmos com segurança para a solução daqueles mais graves, porque coletivos.
Quando o indivíduo se levanta, erguendo-se para os cimos da verdade e do amor, a humanidade cresce e se transforma para melhor.
O Espiritismo tem por meta auxiliar o ser humano a ascender, a libertar-se das “más inclinações”, da “sombra”, alcançando o estado numinoso, a plenitude ou o reino dos Céus, conforme seja a aceitação de cada um de nós.
Entrevista concedida por Divaldo Pereira Franco
à revista Direito e Espiritualidade,
Ano 1, edição 1, julho/dezembro de 2016.

Crie a história (2) ...


Compromissos para com a vida

Compromissos para com a vida

fevereiro/2017 
Fonte: Jornal Mundo Espírita FEP
       
Todos os seres nascemos e renascemos assinalados pelo compromisso do progresso. Sair da sombra na direção da luz para inebriar-se é o impositivo básico da existência, em qualquer nível no qual se manifeste.
Quando diz respeito ao ser humano, o processo evolutivo impõe a necessidade de crescimento íntimo, faculta a conquista do divino que lhe jaz no íntimo.
À medida que evolve, mais responsabilidades lhe cabem, assumindo compromissos relevantes que mais rapidamente propiciam o crescimento para a condição de Espírito puro.
Esses compromissos dizem respeito à superação das imposições negativas que o vitimaram e assinalam-no com provas severas ou expiações penosas.
Sob outro aspecto, apresentam-se como condição de incompletude, de frustração ou tormentos inomináveis, que devoram silenciosa ou discretamente aqueles que se permitiram desaires.
Todos renascem, portanto, sob leis severas que estabelecem o cumprimento de algumas regras educativas para frear as falhas do caráter e as imperfeições morais.
Algumas dessas reencarnações são programadas com carinho e cuidados especiais, tendo em vista as graves experiências anteriormente vivenciadas.
Crimes hediondos e reabilitações dolorosas preparam o Espírito para empreendimentos de alta significação em favor de si mesmos, assim como da sociedade.
Aceita a tarefa e recebida a instrumentação para o desempenho do labor retornam ao proscênio terrestre com júbilos e expectativas de alto coturno.
Envolvidos pela carne e as suas heranças dos instintos, também voltam as tendências mórbidas, que devem ser superadas, a fim de haver campo mental para a sintonia com o Mais Alto.
A embriaguez dos sentidos, a utopia dos prazeres, a necessidade da fruição do gozo alojam-se nos refolhos do ser e afastam-no das responsabilidades de maneira hábil e segura.
O encantamento inicial é substituído pelo tédio, o entusiasmo dos primeiros dias cede lugar a experiências mais palpitantes. Urge o desligamento mental, emocional para culminar no de natureza física, com o definitivo afastamento das atividades que deveria abraçar com devotamento.
Nesse comemos, adversários desencarnados soezes, que permaneceram na retaguarda espiritual, acercam-se-lhes e os envolvem através de bem urdida hipnose até conseguirem alcançar a meta, que é o fracasso.
Não são poucos aqueles que, reencarnados, comprometidos com a vida,  fracassam lamentavelmente.
A vida, em si mesma, é severa e nada passa despercebido pelos seus controladores, que insistem na preservação dos compromissos e sua realização até o momento em que deixam por própria conta o calceta.
Não existe liberdade no arbítrio de cada um, como se gostaria. Os limites são deveres inadiáveis que não devem ser interrompidos a bel-prazer.
Tem cuidado e desperta do letargo que te está tomando as aspirações.Tudo tem preço, especialmente o prazer.
*
Disciplina a vontade, a fim de treinares renúncia, em pequenas doses, de modo que alcances mais alto nível de abnegação e devotamento ao bem.
Seleciona os teus compromissos para executar aqueles que são de natureza eterna.
Não te isoles no teu narcisismo enganoso. Nessa atitude desvelas soberba e agressividade reprimida.
O próximo te necessita de igual maneira que dele precisas.
A solidão é má conselheira e quando buscas as companhias, somente aquelas que comprazem, que te promovem, desperta do engodo e volta à realidade.
Fixa-te nos propósitos imortalistas e torna-te simples, de fácil acesso.
Não te julgues inatingível. Todos têm os seus pontos fracos, a sua vulnerabilidade.
Desce do falso pedestal e considera que o futuro, mesmo o melhor planejado, é imprevisível.
Retempera o ânimo e medita nas razões que te atraíram para o bem.
Não esqueças que os teus Amigos providenciaram-te facilidades, que as podem retirar sem o menor esforço.
Os compromissos para com a vida são múltiplos, não apenas para fruição do gozo, mas também para o sacrifício pessoal, para a fraternidade.
Examina a tua folha de serviço na esteira das oportunidades e começa enquanto é tempo.
Por mais agradáveis sejam os prazeres do corpo, sempre deixam um ressaibo de querer-se mais.
Ninguém te deseja impedir de fruir os gozos compatíveis com as tuas aspirações.
Recorda, porém, que muitas inibições, dificuldades ora resolvidas, têm origem no abuso de ontem, que deves cuidar, evitando consequências mais graves para o futuro.
Vive, portanto, em paz de consciência e evita-lhe a anestesia, porque a verdade sempre retoma, muitas vezes em forma de culpa.
Quebra o ritmo negativo das tuas paixões e começa novas experiências iluminativas.
Pensa em termos de imortalidade, mesmo na transitoriedade carnal.
No encontro de Jesus com o moço rico que ia disputar a corrida em Cesareia, o Mestre lhe disse, enfático: Vem hoje!
Ele pediu para postergar a entrega para após os jogos próximos e, rico de juventude, partiu para a desencarnação na festa do dia seguinte, havendo perdido a excelente oportunidade de O seguir naquele momento.
Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na reunião de 31 de outubro de 2016
no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.

Crie a história...



Cinquenta perguntas sobre o livro 'Nosso Lar' - 31 a 35

***
31 – Devemos atender a todos os que nos procuram?
R. – Neste capítulo, fala-se de uma ginecologista que assassinara 58 crianças (abortos). Ela achava que era justa, boa e queria ganhar os céus. Estava sendo vampirizada, mas não percebia. Por isso, o instrutor não a recebeu nas Câmaras de Retificações, e disse: "É imprescindível tomar cuidado com as boas ou más aparências".
32 – Quem é Veneranda? O que faz?
R. – Idealizadora dos salões naturais para as escolas e conferências do Governador. É criatura das mais respeitáveis daquela colônia espiritual. Os onze Ministros, que com ela atuam na Regeneração, ouvem-na antes de tomar qualquer providência de vulto. Tem um milhão de horas de trabalho útil, sem interromper, sem reclamar e esmorecer.
33 – Por que, em muitos casos, não se pode prescindir da colaboração dos animais?
R. – Dependendo do lugar em que se dirigem não podem ir de aeróbus. Narcisa explica que "os cães facilitam o trabalho, os muares suportam cargas pacientemente e fornecem calor nas zonas onde se faça necessário".
34 – Os recém-chegados ao Umbral suportam argumentos envoltos num raciocínio mais acurado?
R. – De acordo com a instrutora, "os dementes falam de maneira incessante, e quem os ouve, gastando interesse espiritual, pode não estar menos louco".
35 – Como interpretar o "há males que vem para o bem"?
R. – Às vezes somos enxotados de um lugar, recusados em outro e desprezados aqui e ali. Mas, para quem souber aproveitar, será de grande utilidade espiritual. É o que diz Silveira: "Sem aquela atitude enérgica que nos subtraiu as possibilidades materiais, que seria de nós no tocante ao progresso espiritual?"

sexta-feira, 3 de março de 2017

Arara da felicidade (4)


Arara da felicidade (3)


Arara da Felicidade (2)


Estudo dirigido: O Evangelho segundo o Espiritismo


------------------------------------------------------------
EESE – Cap. XVIII – Itens 1 e 2
Tema: Parábola do festim das bodas
------------------------------------------------------------
A - Texto de Apoio:
Parábola do festim de bodas
1. Falando ainda por parábolas, disse-lhes Jesus: O reino dos céus se assemelha a um rei que, querendo festejar as bodas de seu filho, - despachou seus servos a chamar para as bodas os que tinham sido convidados; estes, porém, recusaram ir. - O rei despachou outros servos com ordem de dizer da sua parte aos convidados: Preparei o meu jantar; mandei matar os meus bois e todos os meus cevados; tudo está pronto; vinde às bodas. - Eles, porém, sem se incomodarem com isso, lá se foram, um para a sua casa de campo, outro para o seu negócio. - Os outros pegaram dos servos e os mataram, depois de lhes haverem feito muitos ultrajes. - Sabendo disso, o rei se tomou de cólera e, mandando contra eles seus exércitos, exterminou os assassinos e lhes queimou a cidade.
Então, disse a seus servos: O festim das bodas está inteiramente preparado; mas, os que para ele foram chamados não eram dignos dele. Ide, pois, às encruzilhadas e chamai para as bodas todos quantos encontrardes. - Os servos então saíram pelas ruas e trouxeram todos os que iam encontrando, bons e maus; a sala das bodas se encheu de pessoas que se puseram à mesa.
Entrou, em seguida, o rei para ver os que estavam à mesa, e, dando com um homem que não vestia a túnica nupcial, - disse-lhe: Meu amigo, como entraste aqui sem a túnica nupcial? O homem guardou silêncio. - Então, disse o rei à sua gente: Atai-lhe as mãos e os pés e lançai-o nas trevas exteriores: aí é que haverá prantos e ranger de dentes; - porquanto, muitos há chamados, mas poucos escolhidos. (S. MATEUS, cap. XXII, vv. 1 a 14.)
2. O incrédulo sorri a esta parábola, que lhe parece de pueril ingenuidade, por não compreender que se possa opor tanta dificuldade para assistir a um festim e, ainda menos, que convidados levem a resistência a ponto de massacrarem os enviados do dono da casa. "As parábolas", diz ele, o incrédulo, "são, sem dúvida, imagens; mas, ainda assim, mister se torna que não ultrapassem os limites do verossímil".
Outro tanto pode ser dito de todas as alegorias, das mais engenhosas fábulas, se não lhes forem tirados os respectivos envoltórios, para ser achado o sentido oculto. Jesus compunha as suas com os hábitos mais vulgares da vida e as adaptava aos costumes e ao caráter do povo a quem falava. A maioria delas tinha por objeto fazer penetrar nas massas populares a ideia da vida espiritual, parecendo muitas ininteligíveis, quanto ao sentido, apenas por não se colocarem neste ponto de vista os que as interpretam.
Na de que tratamos, Jesus compara o reino dos Céus, onde tudo é alegria e ventura, a um festim. Falando dos primeiros convidados, alude aos hebreus, que foram os primeiros chamados por Deus ao conhecimento da sua Lei. Os enviados do rei são os profetas que os vinham exortar a seguir a trilha da verdadeira felicidade; suas palavras, porém, quase não eram escutadas; suas advertências eram desprezadas; muitos foram mesmo massacrados, como os servos da parábola. Os convidados que se escusam, pretextando terem de ir cuidar de seus campos e de seus negócios, simbolizam as pessoas mundanas que, absorvidas pelas coisas terrenas, se conservam indiferentes às coisas celestes.
Era crença comum aos judeus de então que a nação deles tinha de alcançar supremacia sobre todas as outras. Deus, com efeito, não prometera a Abraão que a sua posteridade cobriria toda a Terra? Mas, como sempre, atendo-se à forma, sem atentarem ao fundo, eles acreditavam tratar-se de uma dominação efetiva e material.
Antes da vinda do Cristo, com exceção dos hebreus, todos os povos eram idólatras e politeístas. Se alguns homens superiores ao vulgo conceberam a ideia da unidade de Deus, essa ideia permaneceu no estado de sistema pessoal, em parte nenhuma foi aceita como verdade fundamental, a não ser por alguns iniciados que ocultavam seus conhecimentos sob um véu de mistério, impenetrável para as massas populares. Os hebreus foram os primeiros a praticar publicamente o monoteísmo; é a eles que Deus transmite a sua lei, primeiramente por via de Moisés, depois por intermédio de Jesus. Foi daquele pequenino foco que partiu a luz destinada a espargir-se pelo mundo inteiro, a triunfar do paganismo e a dar a Abraão uma posteridade espiritual "tão numerosa quanto as estrelas do firmamento. Entretanto, abandonando de todo a idolatria, os judeus desprezaram a lei moral, para se aferrarem ao mais fácil: a prática do culto exterior. O mal chegara ao cúmulo; a nação, além de escravizada, era esfacelada pelas facções e dividida pelas seitas; a incredulidade atingira mesmo o santuário. Foi então que apareceu Jesus, enviado para os chamar à observância da Lei e para lhes rasgar os horizontes novos da vida futura. Dos primeiros a ser convidados para o grande banquete da fé universal, eles repeliram a palavra do Messias celeste e o imolaram. Perderam assim o fruto que teriam colhido da iniciativa que lhes coubera.
Fora, contudo, injusto acusar-se o povo inteiro de tal estado de coisas. A responsabilidade tocava principalmente aos fariseus e saduceus, que sacrificaram a nação por efeito do orgulho e do fanatismo de uns e pela incredulidade dos outros. São, pois, eles, sobretudo, que Jesus identifica nos convidados que recusam comparecer ao festim das bodas. Depois, acrescenta: "Vendo isso. o Senhor mandou convidar a todos os que fossem encontrados nas encruzilhadas, bons e maus." Queria dizer desse modo que a palavra ia ser pregada a todos os outros povos, pagãos e idólatras, e estes, acolhendo-a, seriam admitidos ao festim, em lugar dos primeiros convidados.
Mas não basta a ninguém ser convidado; não basta dizer-se cristão, nem sentar-se à mesa para tomar parte no banquete celestial. É preciso, antes de tudo e sob condição expressa, estar revestido da túnica nupcial, isto é, ter puro o coração e cumprir a lei segundo o espírito. Ora, a lei toda se contém nestas palavras: Fora da caridade não há salvação. Entre todos, porém, que ouvem a palavra divina, quão poucos são os que a guardam e a aplicam proveitosarnente! Quão poucos se tornam dignos de entrar no reino dos céus! Eis por que disse Jesus: Chamados haverá muitos; poucos, no entanto, serão os escolhidos.
B - Questões para estudo e diálogo virtual:
1 - Identifique cada um dos símbolos da parábola: festim, primeiros convidados, enviados do rei e os convidados que se escusam.
2 - Por que não basta a ninguém ser convidado, não basta dizer-se cristão, nem sentar-se à mesa para tomar parte no banquete celestial?
3 - Extraia do texto acima a frase ou parágrafo que mais gostou e justifique.

Arara da felicidade


Desenvolva o tema...


Apregoa-se, tanto, a liberdade de pensar, de agir, de se expressar. Como é usar a liberdade com responsabilidade?

(Pelo Espírito Joanna de Ângelis, Perg. 179, Psicografia de Divaldo P. Franco, do Livro: Joanna de Ângelis Responde)


Resp.: A responsabilidade resulta do amadurecimento pessoal em torno dos deveres morais e sociais, que são a questão matriz fomentadora dos llidimos direitos humanos.

E, aí! Já leu?!



Joanna de Ângelis Responde
Este livro foi organizado em forma de entrevistas, aproveitando valiosos textos de Joanna nas áreas doutrinária, filosófica, evangélica e psicológica.


Autor:
Divaldo Franco (médium),
Joanna de Ângelis (espírito)
Editora: LEAL
 

quinta-feira, 2 de março de 2017

Para onde vamos durante o sono - Momento Espírita


Lenda das Lágrimas - Momento Espírita


Passe adiante... Amizade


Passe adiante... Inspiração


Passe adiante... Comunicação


Passe adiante...Vai em frente


Comente sob a luz da Doutrina Espírita (4) - Filme: Minha Vida na Outra Vida


terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Apenas amar - Música Espírita - Encontro Fraterno Auta de Souza de 2014 em Uberlância – MG.


A atriz obrigada a defender o parto da neta em hospital público mostrou que o Brasil está doente

A atriz obrigada a defender o parto da neta em hospital público mostrou que o Brasil está doente


por Mauro Donato

O Brasil está doente. A chaga talvez não esteja classificada na literatura médica, mas existe, é perniciosa e seus portadores não querem ser tratados pelo SUS. É coisa de pobre.

A atriz Antonia Fontenelle, cuja carreira já trilhou novelas de TV, acompanhou e postou nas redes sociais o nascimento de sua neta.

Famosa, Antonia tem muitos seguidores. O que a surpreendeu foi a repercussão negativa de boa parte deles a respeito de um detalhe do parto: ele ocorreu em um hospital da rede pública, o Miguel Couto, no Rio de Janeiro.

De tão descabidos, e em quantidade espantosa, Antonia Fontenelle viu-se compelida a se explicar.

“Quando soube que a Tabil (namorada de seu filho) estava grávida, ela estava com três meses de gestação. Fiz um bom plano de saúde para ela, mas para parto existe uma carência de um ano. Para os exames não tem. Eu já sabia disso, mas não ia deixar ela tratar a gravidez toda na rede pública porque soube de situações passadas em que ela passou mal, precisou fazer exames e não conseguiu. Meu obstetra a acompanhou do começo ao fim. Só que um parto custa em torno de R$ 40 mil na rede particular e não tenho, hoje, condições de pagar isso”, disse.

Ao que tudo indica, foi a condição financeira que fez com que sua neta nascesse de parto natural num hospital público. Para Antonia, também parece ter sido uma experiência nova.

E não de todo ruim, pelo contrário. Mas parece ter sido isso um acinte para seus seguidores que possuem a cultura já mais que inculcada em suas cabeças de que tudo que é público é péssimo e é exclusivo para pobres.

“Miguel Couto???”, perguntou um deles, assim, abismado.

Também não faltaram os que fizessem conexões rasteiras: “Olha a crise, até a neta da Fontenelle nascendo em hospital público”, disse outra.

Que doença é essa que estabelece que serviços públicos são para pobres e os demais devem utilizar os fornecedores da rede privada?

Quem conseguiu inocular esse vírus que faz com que contribuintes fiquem constrangidos de usar o serviço que foi pago na forma de impostos e que todos têm direito? E como foi feito para que se acredite piamente que tudo que é público é péssimo?

A atriz fez questão de relatar seu contato com o que chamou de ‘mundo paralelo’:

“Se estivesse em outro momento da minha vida iria proporcionar a Tabil um parto como o meu, mas não pude. Mesmo assim, foi tudo digno. E pensando nessa experiência, em que pude estar lá conversando com ela, vendo as mães chegando muito nervosas e depois as acalmando, vejo que foi um dia muito especial e de muita reflexão. Porque a verdade é que a gente vive em um mundo paralelo”, afirmou Antonia.

Claro, ela observou aspectos negativos, mas o ‘caos’ que ela (e muitos de seus seguidores imaginam) não existia.

“Vi que o Miguel Couto tem uma boa direção, mas precisa de mais aparato(…) Ontem a obstetra que nos atendeu, eu contei, fez uns dez partos, isso só no horário que eu estava lá.” Pelo visto, ninguém morreu. “O que vejo nas redes sociais é gente dizendo que sou rica e fui tirar o lugar de uma pessoa pobre. Eu pago impostos, a Tabil também, assim como meu filho. O serviço público é para a população. Daí as pessoas vêm me criticar? Eu estava lá, do começo ao fim, acompanhando, dando apoio e amor. Se alguma coisa desse errado ou ela fosse mal-atendida, o Brasil inteiro ia saber disso. Não vejo nada de errado em usar o serviço público”, afirmou Antonia.

O National Health Service é o sistema público de saúde inglês. Emprega 1,3 milhão de pessoas, atende a 1 milhão de pacientes a cada 36 horas e é considerado a maior estrutura de saúde pública do mundo.

De tão querido pela população satisfeita com o atendimento, foi homenageado na festa de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres.

Já por aqui, como bem diagnosticou Antonia Fontenelle, criaram-se mundos paralelos, de ricos e de pobres. Essa doença se chama classismo, apartheid, segregação. Tem em genéricos e de marcas também. É vendida não em anúncios, mas em reportagens de TV.

*Jornalista, escritor e fotógrafo nascido em São Paulo.
Notícia publicada no Diário do Centro do Mundo, em 1º de fevereiro de 2017.


Claudia Sampaio* comenta

A cobrança à Antônia Fontenelle nesta reportagem acontece porque a saúde pública no Brasil cada vez mais vem sendo um assunto muito discutido nas mídias. Ligar a televisão e encontrar uma matéria mostrando a precariedade da situação em que se encontram muitos hospitais públicos no Brasil não é novidade.

Diariamente, as pessoas cobram e pedem com razão para que os hospitais tenham o mínimo de decência para atender a população. Parece até mesmo que virou normal encontrar pessoas praticamente jogadas em meio a corredores, sem quartos e higienização adequada. Os familiares sofrem com toda a situação, pedindo ajuda do governo a todo o instante.

Quem consegue pagar uma consulta particular ou mesmo um plano de saúde, foge do atendimento público até mesmo por culpa do retrato pintado pelas diferentes reportagens, às vezes, exageradas e questionáveis.

Esta crise na saúde pública, causadora do descrédito social, acontece porque falta à população brasileira melhores condições de existência, que depende de atendimento a serviços básicos como água tratada, esgoto, educação, domicílios com banheiros e distribuição de renda.

Como a má distribuição de renda é marcante no nosso país, dá origem a uma sociedade onde há poucos com muitos recursos e muitos sobrevivendo com tão pouco. Infelizmente, em uma coletividade desse nível é anunciado que discriminações sejam explícitas e cada vez mais a pobreza seja motivo para uma seleção da qualidade dos serviços e produtos disponibilizados para a população.

A tristeza maior é detectar que não há governo que dê jeito nesta segregação social. Isto é próprio do ser humano ainda em evolução.

O Espiritismo nos esclarece porque estes fatos ocorrem no nosso Planeta: “Que vos direi, que já não conheçais, dos mundos de expiações, pois que basta considerar a Terra que habitais? (...) Suas qualidades inatas são a prova de que já viveram e realizaram um certo progresso, mas também os numerosos vícios a que se inclinam são o indício de uma grande imperfeição moral. Eis porque Deus os colocou num mundo ingrato, para expiarem suas faltas através de um trabalho penoso e das misérias da vida, até que se façam merecedores de passar para um mundo mais feliz.” (Santo Agostinho, Paris, 1862, O Evangelho Segundo o Espiritismo.)

O egoísmo, a vaidade e o orgulho são causadores das mazelas humanas, pois fazem o ser humano querer tudo para si, sem pensar no coletivo, satisfazendo somente os interesses individuais em sacrifícios aos interesses alheios.

Verdade seja dita, não é só de saúde plena, aumento do padrão educacional e facilitação do acesso à moradia digna que o ser humano está necessitado. É importante seguir ao passos do Cristo, colocando em prática todos os ensinamentos que Ele nos propiciou há mais de 2000 anos.

Allan Kardec, codificador da Doutrina Espírita já nos orientou: "Não podem os homens ser felizes, se não viverem em paz, isto é, se não os animar um sentimento de benevolência, de indulgência e de condescendência recíprocas. A caridade e a fraternidade resumem todas as condições e todos os deveres sociais; uma e outra, porém, pressupõem a abnegação. Ora, a abnegação é incompatível com o egoísmo e o orgulho; logo, com esses vícios, não é possível a verdadeira fraternidade, nem, por conseguinte, igualdade, nem liberdade, dado que o egoísta e o orgulhoso querem tudo para si.” (Do livro "Obras Póstumas", 38, Allan Kardec.)


Fontes de pesquisa:


<http://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/07/139.pdf> - Livro Obras Póstumas – Allan Kardec.

**Claudia Sampaio é espírita e colaboradora do Espiritismo.net

A verdade científica por trás da lenda do chupa-cabra

A verdade científica por trás da lenda do chupa-cabra


Josh Gabbatiss
BBC Earth

Histórias de monstros costumam fazer sucesso no mundo todo, mas o fato de eles insistirem em viver no fundo de lagos, em terras distantes ou nos confins das florestas tornam suas supostas aparições em ocasiões raras e muitas vezes duvidosas.

Assim, não é por acaso que nossos conhecimentos sobre eles vêm quase exclusivamente de imagens borradas ou relatos pouco confiáveis.

Essa imagem mística foi o que atraiu Benjamin Radford, pesquisador do Comitê para a Investigação Cética (CSI, na sigla em inglês), para a história do chupa-cabra, uma suposta criatura vampiresca que ganhou fama mundial nos anos 1990, do México à Rússia, passando pelo Brasil e os Estados Unidos.

Relatos sobre o chupa-cabra apareceram pela primeira vez em Porto Rico em meados dos anos 1990. Eles descreviam uma criatura bípede de quase um metro e meio de altura com olhos grandes, espinhos nas costas e longas garras.

Essa criatura, segundo esses relatos, estaria matando animais de criação para corte e chupando seu sangue - daí seu nome popular.


Primeiro relato

Em sua longa pesquisa, que levou cinco anos e demandou viagens por várias regiões, Radford localizou até mesmo a primeira pessoa a relatar ter visto a criatura: Madelyne Tolentino, da cidade de Canóvanas, no leste de Porto Rico. Em 1995, ela disse ter visto uma criatura parecida com um alien da janela de sua casa.

O impressionante da história é a rapidez com que ela se espalhou. Após mais relatos de gente que disse ter visto a criatura, e a ligação feita na mídia local com animais de gado encontrados com o sangue extraído, a viralização foi incontrolável.

Ela primeiro se espalhou por Porto Rico, depois pelo resto da América Latina e o sul dos Estados Unidos. No Brasil, uma reportagem sobre o chupa-cabra no programa Domingo Legal, no SBT, em 1997, levou a uma onda de supostas aparições da criatura por todo o país.

A lenda se espalhou até mesmo online, nos primórdios da popularização da internet, com a participação de grupos entusiastas de óvnis e teóricos da conspiração.

Até que no início dos anos 2000 um novo chupa-cabra apareceu, com algumas diferenças em relação ao original. Desta vez era descrito menos como um alien e mais como um animal parecido com um cachorro, andando em quatro patas, mas sem pelos.

E além dos relatos de aparição, alguém também encontrou um corpo de uma dessas criaturas.

Ao ouvir a história, Radford percebeu uma oportunidade de ouro: realizar uma investigação sem precedentes sobre algo cuja fama já se equiparava à de outros monstros lendários, como o pé-grande ou o monstro do Lago Ness.

"Quando você tem um corpo, muda tudo", explica. "Você pode colher amostras de DNA e de ossos, estudar a morfologia", diz.

"No começo estava logicamente cético em relação à existência da criatura", comenta. "Mas ao mesmo tempo tinha consciência de que é possível encontrar novos animais. Não queria simplesmente menosprezar ou descartar a possibilidade. Se o chupa-cabra é real, queria encontrá-lo."


Exames de DNA

O ponto de partida óbvio eram os corpos dos supostos chupa-cabras. Um total de uma dúzia de corpos foram encontrados, principalmente no Texas e em outros Estados do sudoeste dos EUA.

Eram realmente horríveis: sem pelos, magros e com a pele com aparência queimada. Mas exames de DNA revelaram uma realidade muito mais mundana: os corpos eram invariavelmente de coiotes, cachorros ou guaxinins, com exceção de um, que na verdade tratava-se de um peixe.

Mas como esses animais foram confundidos com monstros extraterrestres? Segundo Radford, a razão era a perda do pelo por causa de sarna sarcóptica, provocada por ácaros, uma doença relativamente comum e capaz de deixar os animais com o aspecto monstruoso no qual se encontravam.

"Os cachorros sarnentos são quase carecas, com a pele muito grossa e num tom vermelho ou preto escuro", observa Alison Diesel, especialista em doenças de pele em animais na Universidade do Texas.

Se a esse aspecto são acrescidas feridas provocadas pela coceira, está formado o chupa-cabra.


E as vítimas?

Mas isso era só metade da história - ainda faltava resolver o mistério dos animais vítimas dos chupa-cabras.

E a resposta, mais uma vez, foi surpreendentemente simples. Os animais encontrados eram provavelmente vítimas de predadores comuns, como cães ou coiotes. Não é incomum um cachorro selvagem morder um animal no pescoço e depois deixá-lo.

Muitas vezes, o bicho morre com hemorragias internas, sem outras marcas além da mordida.

As marcas no pescoço costumam ser relacionadas com vampiros, graças à lenda do Drácula, mas os animais que se alimentam efetivamente do sangue de outros não agem assim, como observa o pesquisador Bill Schutt, do Museu de História Natural de Nova York.

"As espécies que sugam o sangue o procuram perto da superfície da pele, o que não é o caso da veia jugular, por exemplo", observa Schutt.

Assim, se compararmos as características de animais vampiros, como os morcegos, e dos chupa-cabras, há poucas semelhanças.

Os vampiros, segundo Schutt, são pequenos e furtivos, com dentes especializados e um sistema digestivo que lhes permite extrair nutrientes do sangue.

Uma criatura do tamanho de um cachorro "morreria de fome rapidamente se alimentando de sangue", segundo ele, por causa da falta de nutrientes essenciais como a gordura.

Além da presença desses sinais de mordidas, Radford acredita que os rancheiros que encontraram os corpos dos animais atacados podiam atribuir a morte deles a um vampiro depois de examiná-los e cortá-los - e ver que o sangue não jorrava.

"Quando um animal morre, o coração para de bater e não há mais pressão sanguínea", explica. "O sangue se acumula na parte mais baixa do corpo e então coagula e se espessa. Isso se conhece como lividez, e dá a ilusão de que o sangue foi retirado do corpo."


Culpa do antiamericanismo

Mas se toda a mitologia ao redor dos chupa-cabras cai rapidamente por terra diante da investigação científica, por que a lenda permanece viva até hoje?

Pode parecer estranho, mas Radford aponta para o forte sentimento antiamericano em toda a América Latina como parte dessa explicação. Isso é particularmente forte em Porto Rico, protetorado dos EUA.

"Falei com vários portorriquenhos, que sentiam que os Estados Unidos os havia explorado, enganado e ignorado, economicamente e de outras formas", diz.

Muitos portorriquenhos acreditam que os chupa-cabras são outra indicação da exploração americana: seriam o resultado de experiências científicas ultrassecretas promovidas pelos Estados Unidos na floresta de El Yunque, não muito longe da cidade onde Madelyne Tolentino fez o primeiro relato sobre a criatura.

Outro fator é a internet. "Eu classifico o chupa-cabra como o primeiro monstro da internet", diz Radford. "Se o primeiro testemunho tivesse ocorrido em 1985, algumas pessoas poderiam ouvir falar sobre ele, mas a história não teria viralizado pelo mundo todo."

Radford observa que o mito mudou rapidamente.

"O chupa-cabra original tinha espinhos nas costas e olhos grandes. Mas ao longo dos anos o conceito da criatura foi se expandindo, até o ponto de hoje qualquer cachorro sarnento ser chamado de chupa-cabra", diz.

"Hoje as pessoas vão ao Google e procuram 'animal misterioso que ataca as coisas'. E o mito se autoperpetua."

E o que explica o primeiro avistamento, em 1995? Foi inventado?

A resposta de Radford é igualmente inesperada. Ele observa que a descrição feita por Madelyne Tolentino era semelhante à do alien do filme A Experiência (Species, no original em inglês), que havia sido recém-lançado em Porto Rico - ela tinha assistido.

A trama do filme envolvia experiências científicas ultrassecretas dos Estados Unidos e foi parcialmente filmada em Porto Rico.

"Está tudo ali. Ela vê o filme, depois vê algo que confunde com um monstro", diz Radford.

Ele afirma, porém, não acreditar que os relatos sobre o chupa-cabra eram mentira, mas simplesmente o fruto de imaginações extremamente férteis.

"Do meu ponto de vista, não há absolutamente nenhuma razão para acreditar que algo fora do comum esteja envolvido nos ataques ao gado", conclui Radford.

A história toda não passa de uma grande confusão envolvendo confusão científica, identificação errada de animais, exagero da mídia, ansiedade cultural e histeria coletiva. Tudo isso como resultado da impressão que um filme de ficção científica deixou sobre uma mulher em Porto Rico.

Mas as revelações de Radford mostram ainda que, mesmo que a análise rigorosa, todas as pesquisas e toda investigação científica demonstrem que o chupa-cabra não passa de um mito, as pessoas gostam de histórias fantásticas e continuarão a contá-las, por mais estranhas ou inverossímeis que pareçam.

Notícia publicada na BBC Brasil, em 21 de dezembro de 2016.


Breno Henrique de Sousa* comenta

O Maravilhoso e o Sobrenatural

A humanidade parece estar dividida entre céticos irredutíveis e crédulos ingênuos. Porém, existe um dito que afirma que existem dois tipos de tolos no mundo: os que acreditam em tudo e aqueles que não acreditam em nada. Afinal, posições extremas em um mundo repleto de mistérios e ilusões seria uma infantilidade.

A postura do pesquisador Benjamin Radford parece ter sido equilibrada. Ele considerou a hipótese da existência de um animal desconhecido, mas suas investigações apontaram para causas bem mais comuns. Apesar disso, não devemos ter a opinião do pesquisador como uma verdade absoluta. Por mais bem intencionado e honesto que seja um pesquisador, ele possui limitações que só lhe permitem observar parcialmente o fenômeno e mesmo que animais doentes ou imaginação exaltada tenha levado a crer na existência de um chupa-cabras, isso não descarta a possibilidade da existência de um animal não catalogado.

Pessoalmente, eu sou propenso a acreditar que Radford tem razão em suas conclusões, mas, penso que diante de um mundo ainda tão complexo e repleto de surpresas a atitude mais sana seja manter sempre um pé à frente e outro atrás, ou seja, duvidar acreditando e acreditar duvidando.

Essa me parece ser a postura de Allan Kardec em todas as etapas da formação do Espiritismo. Com espírito científico Kardec não temia a análise criteriosa e racional dos fenômenos espirituais, observando que muitas vezes alguns fenômenos tidos como espirituais tratavam-se na verdade de fatos bem corriqueiros e com causas muito comuns, sem nenhuma intervenção do mundo espiritual. Seguindo a orientação do espírito Erasto em O Livro dos Médiuns, que dizia que era melhor negar nove verdades do que aceitar uma mentira, Kardec usou seu bom senso para analisar esses fenômenos.

Quem quiser entender melhor os critérios adotados por Allan Kardec deve ler as introduções de O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo e A Gênese, além de todo O Livro dos Médiuns. Indo a fundo, a Revista Espírita mostra os bastidores do trabalho de organização da doutrina, bem como a apurada perspicácia do Codificador. Vale a pena conferir.

* Breno Henrique de Sousa é paraibano, professor da Universidade Federal da Paraíba nas áreas de Ciências Agrárias e Meio Ambiente. Está no movimento Espírita desde 1994, sendo articulista e expositor. Atualmente faz parte da Federação Espírita Paraibana e atua em diversas instituições na sua região.

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão - CONCLUSÃO -A027 – Cap. 10 – Programação redentora – Segunda Parte


Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

A027 – Cap. 10 – Programação redentora – Segunda Parte
 CONCLUSÃO

 
1.     Como podemos entender a presença de Jesus junto a Teofrastus que perseguia centros espíritas?
A consciência culpada advertia Teofrastus fazendo-o pensar que Jesus lhe perseguia. Mas, Jesus ama e não persegue e está sempre presente como guia da humanidade.
O temor de Teofastrus em relação a Jesus era resultado da culpa pelos males que cometia.
 
2.     Como Teofrastus em sua organização atuava junto a casa espírita?
Teofastrus atuava com vários outros Espíritos tentando perturbar a casa espírita buscando semear a discórdia, maledicência, suspeitas, etc. A atuação de Teofrastus dependia do acesso que os encarnados permitiam quando se mostravam invigilantes.
 
3.     Ana Maria receberia como filhos tanto Teofrastus que amou, como um antigo perseguidor. Qual a importância da família para a redenção do Espírito imortal de acordo com a Doutrina Espírita?
Através dos laços de família o Espírito tem a oportunidade de desenvolver o amor em relação aos seus semelhantes. Toda reencarnção conta com um planejamento reencarnatório que visa o progresso moral do espírito na família necessária ao seu aprimoramento.
É na família que há o reencontro de almas afins, bem como a união de Espíritos que precisam conviver para exercitar o perdão e amor.
 
Um abraço a todos!
Equipe Manoel Philomeno

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Mural reflexivo: A nota da esperança


A nota da esperança

 

             Foi num jornal de grande circulação que lemos recentemente a incrível história do violinista Isaac Perelman.

 

        No dia 18 de novembro de 1995, Isaac Perelman se apresentou no Lincoln Center em Nova Iorque.

 

        Às oito horas daquela noite, Isaac Perelman pisou o palco.

 

        O que para a maioria das pessoas seria uma tarefa simples, para Isaac este momento sempre representava um tremendo esforço.

 

        Apoiado por aparelhos ortopédicos presos às suas pernas e em duas muletas, Isaac caminhou, como sempre fazia, lentamente, em passos penosos, porém, sem perder a majestade.

 

        O público em geral já estava acostumado a esta cena, fruto de uma poliomielite que o atingiu ainda em sua infância.

 

        Isaac se aproximou da cadeira, se sentou, desatou os aparelhos ortopédicos, deixou as muletas ao seu lado, no chão.

 

        Com o auxílio das mãos, encolheu uma perna para trás, esticou a outra para a frente.

 

        Em seguida, retirou seu precioso violino da caixa, colocou-o sobre o ombro, apoiado em uma das mãos.

 

        Com a outra mão segurou o arco, e apontou para o regente da orquestra, indicando que ele começasse.

 

        O que se viu em seguida, como de hábito, foi a genialidade de um homem através de seu violino, embalando o público com acordes de talentosa maestria.

 

        De repente se ouviu um estalo!

 

        Uma das quatros cordas do violino havia se rompido!

 

        Todos olharam, em silêncio absoluto, para Isaac.

 

        Ele fechou os olhos, respirou profundamente, levantou o arco, pedindo ao regente que continuasse no exato ponto em que haviam parado.

 

        E Isaac tocou com incrível paixão, criando em sua mente, em sua alma, notas e acordes, de forma a produzir os mesmos sons da partitura original.

 

        O público quase não podia acreditar. Isaac estava tocando a mesma sinfonia com um violino com três cordas.

 

        Quando terminou, o público se ergueu e não parava mais de aplaudir.

 

        Finalmente, os aplausos cessaram a pedido do violinista. As palavras que ele pronunciou tinham a doçura da convicção e continham uma grande lição:

 

        Um músico deve produzir sonoridade com aquilo que lhe resta.

     * * *

             Todos somos músicos no concerto da vida. Mesmo com o coração dilacerado, as cordas dos sentimentos quebradas, é preciso continuar a executar as notas musicais.

 

        Podem ser notas simples, isoladas, mas que aos poucos formarão uma melodia.

 

        E embalados pela melodia da nossa própria dor haveremos de encontrar forças para executar a bela sinfonia da vida.

 

        Mesmo que os dias amanheçam chuvosos e frios. Mesmo que o amor tenha partido. Mesmo que tenhamos ontem acompanhado os corpos dos nossos amores ao cemitério.

 

        Continuemos tocando a melodia e descobrindo as notas de esperança que a vida nos oferece, no sorriso de uma criança, na mão de um amigo, no abraço carinhoso de um companheiro.

 

     Redação do Momento Espírita, com base no artigo A nota da esperança,

 assinado por Edmond Fatuch,

publicado no Jornal Gazeta do Povo, em agosto, 2000.