sábado, 11 de abril de 2009

Espitirinhas: Obsessão


(fonte: Site do Espitirinhas - endereço em blogs amigos)

Biografia: Blaise Pascal

Certo dia, um menino de 10 anos bateu com uma colher num prato e escutou atentamente o som, que continuou a vibrar por algum tempo, parando, no entanto, quando o pequeno pôs a mão sobre o prato.
Com certeza, em muitos lugares do mundo, outros tantos garotos terão feito o mesmo e observado o fenômeno. Mas, só um gênio como Blaise Pascal resolveu investigar o mistério e escreveu um tratado sobre o som: "Traité des sons".
Nascido aos 19 de junho de 1623, em Clermont (Auvergue), cedo demonstrou a sua genialidade. Certo dia, o pai o encontrou a riscar, com um pedaço de giz, "rodas e barras" no soalho do seu quarto. Rodas e barras eram na verdade os círculos e as linhas retas da Geometria, traduzidos na linguagem infantil.
Logo mais provaria que a soma dos ângulos de um triângulo perfaz dois retos, resolvendo num passatempo, o 32º teorema de Euclides, cujo nome ignorava.
Na adolescência, aos 16 anos, escreveu um Tratado sobre as secções dos cones "Traité des sections coniques", um problema de alta Geometria, que assombrou o mundo profissional da época. O próprio Descartes, ao lê-lo, se recusou a acreditar tivesse sido escrito por um jovem dessa idade.
Dois anos mais tarde, construiu o jovem matemático uma máquina de contar, com o principal objetivo de aliviar seu pai dos complicados cálculos que necessitava fazer na sua lida com as finanças do Município.
Numa época em que não estavam aperfeiçoadas as tábuas logarítmicas, este engenho prestou grandes serviços aos que se ocupavam com a aritmética e mereceu numerosas reproduções.
Oportunamente, Pascal presenteou com uma dessas máquinas ao célebre Condé e a Rainha Cristina da Suécia, quando ela esteve na França. Mais tarde, entre seus 23 e 25 anos, interessou-se pelos estudos da Física, escrevendo sobre o "espaço vazio": "Nouvelles experiences touchant le vide".
Foi também nesta época que o pai de Blaise sofreu um acidente e, por permanecer longo período na cama, teve a lhe servir de enfermeiros dois fervorosos discípulos de Cornélio Jansênio que, ao se despedirem, deixando Etienne Pascal curado, deixaram toda a família Pascal profundamente impressionada com o ideal religioso.
Em outubro de 1654, estando Blaise Pascal a passear de carruagem por uma ponte, assustaram-se os cavalos, tendo dois deles se precipitado da ponte, após rompidos os arreios. Os outros, com a carruagem ficaram suspensos sobre o abismo, salvando a vida do cientista. Dizem alguns de seus biógrafos que este fato lhe teria produzido um violento abalo, fazendo-o se dedicar às questões religiosas.
Contudo, depois de sua morte foi encontrado, cosido no forro de sua vestimenta, um bilhete datado de 23 a 24 de novembro de 1654, em que ele relata uma espécie de êxtase que teria experimentado, e demonstra um desejo ardente de se consagrar às coisas espirituais.
Escrevendo suas "Cartas Provinciais", Pascal apresenta a verdadeira Igreja do Cristo não circunscrita a uma determinada organização eclesiástica, menos ainda a determinados homens de um certo período, representando casualmente a Igreja, mesmo porque, falíveis os homens, insegura seria a fé. Em 1657, suas "Cartas", dezoito ao todo, foram relacionadas no Index, da Igreja. São consideradas um dos maiores monumentos da literatura francesa e o atestado de uma grande sinceridade cristã.
A respeito, pronunciou-se Pascal: "Roma condenou as minhas Cartas; mas o que nelas condenei está condenado no céu _ apelo para o teu tribunal, Senhor Jesus!"
Relata que pediu a Deus 10 anos de saúde para poder escrever sua apologia do Cristianismo, que o mundo viria a conhecer com o nome de "Pensées", contudo, confessa, Deus lhe deu quatro anos de enfermidade.
Nessa Apologia, ele apresenta Cristo não como o "Senhor morto" de tantos cristãos, mas o Cristo vivo, sempre-vivo, aquele Cristo que segue com os homens, todos os dias.
Amar era para ele a melhor forma de crer, a "razão do coração que a razão ignora". Deus é, antes de tudo o Sumo Bem, o alvo do amor, e ele afirmava não poder crer senão num Deus que pudesse amar sinceramente. A mensagem para a humanidade de sua época, para os melhores homens do século, foi uma mensagem de vasta, profunda e panorâmica espiritualidade cristã. Uma espiritualidade que brilha em todas as páginas do Evangelho, a espiritualidade do Cristo.
Tal espiritualidade transcende das suas mensagens, inseridas pelo Codificador em O Evangelho Segundo o Espiritismo: a primeira, datada de 1860, recebida em Genebra, que alude à verdadeira propriedade e a segunda, do ano 1862, de Sens, da qual destacamos especialmente: "(...) Se os homens se amassem com mútuo amor, mais bem praticada seria a caridade;(...) " e , logo adiante, "(...) esforçai-vos por não atentar nos que vos olham com desdém e deixai a Deus o encargo de fazer toda a justiça, a Deus que todos os dias separa, no seu reino, o joio do trigo."
Não menos oportunas as observações em sua mensagem "Sobre os médiuns" (O livro dos médiuns, cap. XXXI, item XIII) de excelente atualidade para os dias que estamos vivendo, onde a mediunidde tem sido levada, muita vez, à conta de exclusiva projeção pessoal e destaque social: "Que, dentre vós, o médium que não se sinta com forças para perseverar no ensino espírita, se abstenha; porquanto, não fazendo proveitosa a luz que ilumina, será menos escusável do que outro qualquer e terá que expiar a sua cegueira."
Sua morte se deu a 19 de agosto de 1662, aos 39 anos, sendo que os dois últimos anos de sua vida foram de intenso sofrimento. A enfermidade que o tomou lhe furtou qualquer possibilidade de esforços físicos e intelectuais.

Fonte: www.espirito.org.br

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Desculpas que usamos: 'Ninguém me entende...'

NINGUÉM ME ENTENDE ...



Tem dias que acordamos achando que o mundo está contra a gente .
Parece que ninguém nos entende.
Nos sentimos meio doentes.
Alguns nos ignoram...
Outros parecem rir
Há os que dizem que não sabemos o que estamos fazendo
Parece mesmo um cruel e desumano fim...

Mas se acho que ninguém me entende mesmo ?
Ou será que sou eu que não estou entendendo ?
Será que precisamos mesmo desse entendimento de alguém simplesmente para satisfazer o nosso ego ?
Será que nós estamos com todos os problemas do mundo sobre os nossos ombros ?
Será que eu mesmo me entendo ?
Que eu conheço a mim mesmo tal como desejo que os outros me vejam ?
Ou será que me escondo atrás de um véu de desprezo e nem eu mesmo ligo pra mim ou para o problema dos outros ?

Mas quero que entendam o quê ?
Que tenho minhas próprias razões .
Que vivo meus sonhos e ilusões.
Que também posso ter decepções.
Que desejo ter minhas livres opções ...
Que estou consciente ou não, de que sofrerei as consequencias de minhas ações...

Ora, se os problemas são esses ...digo
Nem me preocuparei mais por que Alguém nesse caso sempre me entenderá
Deus , Pai Justo e Amigo
Nos criou com capacidade de fazermos nossas escolhas e submete-las ao próprio raciocinio
Nos deu para o entendimento do espírito "eu" , a eternidade e a liberdade
O que mais posso querer?
Se é pra entender alguém ...
Que seja a felicidade.

(PATY BOLONHA - 2009 - Paty Bolonha é membro das Equipes do CVDEE e do Espiritismo.net)

Ativistas urbanos

Longe da política tradicional, jovens lutam por novas causas e encontram formas alternativas de mobilização

Verônica Mambrini

Eles são engajados, mas não querem saber de partidos políticos. Envolvem-se em causas humanitárias, sociais e ecológicas, mas acham que as organizações não governamentais (ONGs) estão fora da realidade. Rejeitam líderes e, para se organizar, usam a internet, numa rede que os liga a grupos semelhantes na mesma cidade, ou outros países. Os novos ativistas atuam à margem da estrutura política tradicional e fazem de suas convicções uma forma de viver.


VÁRIAS REFERÊNCIAS As bebês Stellaluna (atrás) e Violeta Luz nasceram em casa e são criadas pela comunidade que vive na Morada da Floresta

Na Morada da Floresta, residência comunitária em São Paulo, isso é bem evidente. Lá, vivem duas famílias e um amigo que dão cursos, palestras e vendem produtos ligados ao ecofeminismo.



"Nossa proposta está ligada ao parto natural, com parteira, em casa", explica Ana Paula Silva, 25 anos. É um retorno às origens. Eles defendem o uso de absorventes e fraldas de pano e de acessórios que aproximam os pais do bebê, como os slings - faixas que permitem transportar a criança colada ao corpo da mãe ou do pai.

Diferentemente do feminismo da década de 60, a ecologia feminina defende a harmonia com o masculino.

"A participação do pai nos cuidados com o filho desabrocha virtudes nos homens, como o companheirismo e a sensibilidade", diz Ana Paula. Todos os moradores da casa participam da educação das crianças, que devem crescer com várias referências adultas.

ANIMAIS LIVRES Organizando-se pela internet, o grupo Libertação Animal reúne cerca de 300 manifestantes em protestos contra rodeios e circos

Eles também têm preocupações ecológicas. Cultivam horta no quintal, reciclam lixo orgânico numa composteira e coletam água da chuva.


DUPLO ATIVISMO Luísa Pereira e Diogo Camacho são veganos e usam bicicleta como meio de transporte

No novo ativismo, o meio ambiente está no centro das preocupações. "Transcende os interesses de classe social ou grupo político", diz José Guilherme Magnani, professor do Núcleo de Antropologia Urbana da Universidade de São Paulo. Esta é a base dos jardineiros de guerrilha. Carregados de "bombas" de sementes, mudas de árvores e armados de pás e enxadas, eles silenciosamente repovoam de verde espaços de terra abandonados, como praças ou terrenos. "A ideia surgiu como uma forma de fazer algo contra a ditadura do asfalto", explica Sandro Muniz do Nascimento, 27 anos.

Jardim é um nome simbólico. Pode ser o plantio de uma única flor ou a recuperação de áreas degradadas com espécies nativas. Nos blogs dedicados à jardinagem libertária (outro nome para a prática) há dicas de como fazer as "bombas" de argila, adubo e sementes e sobre qual espécie é adequada para cada lugar. A preocupação não é apenas ambiental. "É um retorno ao viver em sociedade, falar com o vizinho, cuidar juntos da planta que está na porta dos dois", diz Sandro. Portugal, Bélgica, Inglaterra e Itália são alguns países onde grupos de guerrilha de jardim também trocam informações em blogs. "A globalização é uma característica das novas formas de ativismo", diz Caroline de Mello Freitas, professora de antropologia social da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP).

De modo geral, os ativistas do século XXI desconfiam do capitalismo e das instituições. Segundo Magnani, da USP, isso ocorre porque por trás de uma corporação há sempre a ideia de lucro, o que contraria a utopia que move os grupos. "Além de não ser transparente,simboliza os interesses privados, mes quinhos, pequenos", diz o professor, que estuda os jovens nas metrópoles e lançou um livro sobre o assunto.


Neste contexto, até as ONGs são vistas com reserva. "O foco é abstrato, é preservar uma onça-pintada a mil quilômetros de distância", diz o estudante João Paulo Amaral. "Você pode oferecer voluntariado e doações, mas é muito superficial." Quando decidiu se mobilizar, ele se juntou ao Coletivo Ecologia Urbana. Os coletivos são versões modernas das velhas assembleias. Lá, pessoas com interesses e objetivos parecidos se reúnem, sem hierarquia, para decidir como pôr ideias em prática.


Na zona mais radical situam-se grupos anarquistas como os freegans, que rejeitam toda forma de controle. O termo vem de "free", livre ou gratuito em inglês, e prega que é possível viver do que outras pessoas descartam. "Ser freegan significa buscar alternativas ao modo de vida baseado em mercadorias, uso do dinheiro e domesticação", afirma o artista plástico Eduardo Manzini, 27 anos, que passou quatro anos sem residência fixa, morando em casas ocupadas e vivendo de doações. "Essa experiência muda sua relação com a existência e com o capital. Você acaba tendo uma vida mais livre e, ao mesmo tempo, mais completa." A crítica à cultura do desperdício é tema de uma das ações do coletivo Ativismo ABC, em Santo André, na grande São Paulo. Na sede do grupo, batizada de Casa da Lagartixa Preta, toda sexta-feira há almoços freegan, abertos ao público, preparados com verduras, legumes e frutas dos restos de feira.


Por ter vários ideais, há os que adotam mais de uma causa. Luísa Pereira, 23 anos, e Diego Camacho, 26, são veganos e cicloativistas. Eles participam da Bicicletada, passeata de bicicletas que ocorre uma vez por mês em São Paulo, usam a bike como meio de transporte e não consomem produtos de origem animal ou testados em cobaias. "Faço ativismo sem impor de forma agressiva minhas opiniões", diz Luísa, que transformou o ideal em trabalho. Ela vende adesivos, camisetas com mensagens veganas e sabonetes produzidos sem insumos animais.


Outros grupos lançam mão de ações mais contundentes. O Ativismo - Libertação Animal reúne até 300 pessoas a cada manifestação. "Defendemos a ação direta", afirma o designer Leandro Ferro, 21 anos. "Incendiar um matadouro ou destruir equipamentos de laboratório é válido, desde que não atinja a integridade física de um ser humano." O principal foco é o fechamento de rodeios e circos, mas o grupo também oferece assistência jurídica se alguém é preso. Eles se apoiam na rede para divulgar a causa.


"As alternativas de participação política revelam o quanto a sociedade se transformou", diz a professora Caroline, da Fesp. O novo ativismo é uma tendência que veio para ficar.


"Os partidos e as formas tradicionais de representação não abrem espaço para a criatividade e o entusiasmo desses grupos", diz o antropólogo Magnani. E eles nem querem esta formalidade. Acreditam que, com suas ações coletivas, podem transformar a sociedade.

http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2053/ativistas-urbanos-longe-da-politica-tradicional-jovens-lutam-por-novas-128345-1.htm

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Comentário:

O ser humano está sempre em busca daquilo que considera o melhor para si e para os que amam, isto não começou agora, nem terá fim, pois o processo de criação divina é eterno. Porém esta busca tem sido restrita apenas ao aspecto material, negligenciando muitas vezes o aspecto espiritual.


A Ecologia Feminina defende o resgate do feminino. O que exatamente isto quer dizer? Fazer o parto em casa, com uma parteira, abrindo mão de todo conhecimento médico conquistado com décadas de trabalho e sacrifício, abrir mão de toda tecnologia desenvolvida visando o bem estar da mãe e do bebê é resgatar o feminino?



Kardec no O Livro dos Espíritos perguntou:



"778. O homem pode retrogradar para o estado natural?


- Não, o homem deve progredir sem cessar e não pode voltar ao estado de infância. Se ele progride, é que Deus assim o quer; pensar que ele pode retrogradar para a sua condição primitiva seria negar a lei do progresso".


O parto natural é sempre indicado, porque traz menos complicações médicas, mas isto não quer dizer que devemos ter os filhos em casa, sem os devidos cuidados, sem o devido acompanhamento médico, porque isto não é racional. As pessoas sempre nasceram de parto normal, e em alguns lugares isto ainda ocorre. Mas não devemos ter um olhar romântico sobre esta questão. Qual a taxa de mortalidade infantil e materna que havia ou há nestas condições? A ciência evoluiu muito para ser negligenciada.



Certa vez ouvi de uma mãe com este ativismo, que ela não vacinava seus filhos, porque a vacina é um produto criado em laboratório e só vai fazer mal a criança. Conseguimos erradicar doenças importantes como a paralisia infantil graças a estas vacinas.



A Libertação Animal defende o fim da sujeição animal para atividades humanas. Erasto foi muito claro numa comunicação da revista espírita de 1861:



"Desse progresso constante, invencível, irrecusável da espécie humana, esse estacionamento indefinido das outras espécies animadas, concluí comigo que, se existem princípios comuns ao que vive e se move sobre a Terra: o sopro e a matéria, não é menos verdadeiro que só vós, Espíritos encarnados, estais submetidos a essa inevitável lei do progresso, que vos impele fatalmente para frente, e sempre para frente. Deus colocou os animais ao vosso lado como auxiliares para vos nutrir, vos vestir, vos secundar. Deu-lhes uma certa dose de inteligência, porque, para vos ajudar, lhes seria necessário compreender, e proporcionou a sua inteligência aos serviços que são chamados a fazer; mas, em sua sabedoria, não quis que


fossem submetidos à mesma lei do progresso; tais foram criados, tais permanecem e permanecerão até a extinção de suas raças".



Os animais foram criados para nos auxiliarem em nosso progresso, devem ser considerados com respeito. Qualquer um que maltrate um animal demonstra claramente ainda ser um espírito inferior, que utiliza de crueldade aos que lhe são inferiores. Esta prática de ser condenada, sempre.



Uma frase me chamou a atenção "Segundo Magnani, da USP, isso ocorre porque por trás de uma corporação há sempre a ideia de lucro, o que contraria a utopia que move os grupos." Utopia segundo o dicionário Aurélio é um projeto irrealizável.


Eu já achava estes grupos radicais, mas os freegans possuem um radicalismo quase hilário. Primeiro rejeitam qualquer controle, não se submetem a nada, é a sociedade do Orgulho, vivem do que outras pessoas descartam, sobras de feira, mora em casas ocupadas e vive de doações.



Baseada no livro Zoologia Geral, de Tracy I. Storer e Robert L. Usinger, posso definir os freegans como verdadeiros parasitos sociais, pois de acordo com o livro: "Um parasito é um organismo que vive sôbre ou no interior de outro, o hospedeiro, obtendo alimento e abrigo à custa dêste. O hospedeiro pode viver sem o parasito, mas êste normalmente não pode viver sem o hospedeiro".


Não são pessoas que buscam desprender-se dos bens materiais, apenas buscam encontrar formas de obtê-los sem esforço, seu orgulho reside na aparente liberdade que possui, pois são muito mais controlados pela sociedade, do que qualquer um outro, pois dela dependem para tudo, como o parasito depende de seu hospedeiro.


Por fim a frase "Incendiar um matadouro ou destruir equipamentos de laboratório é válido, desde que não atinja a integridade física de um ser humano." é um equívoco enorme, pois o que acontece com as pessoas e as famílias que dependiam do matadouro ou do laboratório para sobreviver? A agressão é sempre uma agressão, tenha a justificativa que for. Destruir algo porque não se concorda com o que está sendo feito é se igualar àquele que praticou o erro.


Não são os matadouros ou os laboratórios que são crueis, mas é o ser humano ainda imperfeito e inferior. E é apenas pelo progresso intelectual que se alcançará o progresso moral, como responderam os espíritos na questão 780, do livro O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.



Todas as paixões são alavancas que duplicam as forças do homem e o ajudam a cumprir os desígnios da Providência, mas elas jamais devem controlar o homem, porque isto significa o predomínio da matéria sobre o espírito.



(Comentário por: Claudia Cardamone, psicóloga e espírita. É membro da Equipe Espiritismo.net, atuando nas áreas de atendimento fraterno e notícias.)

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Páscoa x Espiritismo - Parte IV

Práticas Distantes
(Orson Peter Carrara)

Agora passou! Mas todo ano, a cena se repete. Chega a época dos feriados católicos da chamada "Semana Santa" e surgem as questões: Como o Espiritismo encara a Páscoa; Sexta-feira Santa"?; Qual o procedimento do espírita no chamado "Sábado de aleluia" e "Domingo de Páscoa"?; Como fica a questão do "Senhor Morto"?

Sabe que chego a surpreender-me com as perguntas. Não quando surgem de novatos na Doutrina, mas quando surgem de velhos espíritas, condicionados ao hábito católico, que aliás, respeitamos muito. É importante destacar isso: o respeito que devemos às práticas católicas nesta época, desde à chamada época, por nossos irmãos denominada de quaresma, até às lembranças históricas, na maioria das cidades revividas, do sacrifício e ressurgimento de Jesus. Só que embora o respeito devido, nada temos com isso no sentido das práticas relacionadas com a data.

São práticas religiosas merecedoras de apreço e respeito, mas distantes da prática espírita. É claro que há todo o contexto histórico da questão, os hábitos milenares enraizados na mente popular, o condicionamento com datas e lembranças e a obrigação católica de adesão a tais práticas.

Para a Doutrina Espírita, não há a chamada "Semana Santa", nem tão pouco o "Sábado de aleluia" ou o "Domingo de Páscoa" (embora nossas crianças não consigam ficar sem o chocolate, pela forte influência da mídia no consumismo aproveitador da data) ou o "Senhor Morto". Trata-se de feriado e prática católica e portanto, não existem razões para adesão de qualquer tipo ou argumento a tais práticas. É absolutamente incoerente com a prática espírita o desejar de "Feliz Páscoa!", a comemoração de Páscoa em Centros Espíritas ou mesmo alteração da programação espírita nos Centros, em virtude de tais feriados católicos. E vejo a preocupação de expositores ou articulistas em abordar a questão, por força da data...

Não há porque fazer-se programas de rádio específicos sobre o assunto, palestras sobre o tema ou publicar artigos em jornais só porque estamos na referida data. É óbvio que ao longo do ano, vez por outra, abordaremos a questão para esclarecimento ou estudo, mas sem prender-se à pressão e força da data. Há uma influência católica muito intensa sobre a mente popular, com hábitos enraizados, a ponto de termos somente feriados católicos no Brasil, advindos de uma época de dominação católica sobre o país, realidade bem diferente da que se vive hoje. E os espíritas, afinados com outra proposta, a do Cristo Vivo, não têm porque apegar-se ou preocupar-se com tais questões.

Respeitemos nossos irmãos católicos, mas deixemo-los agir como queiram, sem o stress de esgotar explicações. Nossa Doutrina é livre e deve ser praticada livremente, sem qualquer tipo de vinculação com outras práticas. Com isso, ninguém está a desrespeitar o sacrifício do Mestre em prol da Humanidade. Preferimos sim ficar com seus exemplos, inclusive o da imortalidade, do que ficar a reviver a tragédia a que foi levado pela precipitação humana. Inclusive temos o dever de transmitir às novas gerações a violência da malhação do Judas, prática destoante do perdão recomendado pelo Mestre, verdadeiro absurdo mantido por mera tradição, também incoerente com a prática espírita.

A mesma situação ocorre quando na chamada quaresma de nossos irmãos católicos, espíritas ficam preocupados em comer ou não comer carne, ou preocupados se isto pode ou não. Ora, ou somos espíritas ou não somos! Compara-se isso a indagar se no Carnaval os Centros devem ou não abrir as portas, em virtude do pesado clima que se forma???!!!... A Doutrina Espírita nada tem a ver com isso. São práticas de outras religiões, que repetimos respeitamos muito, mas não adotamos, sendo absolutamente incoerente com o espírita e prática dos Centros Espíritas, qualquer influência que modifique sua programação ou proposta de vida.

Esta abordagem está direcionada aos espíritas. Se algum irmão católico nos ler, esperamos nos compreenda o objetivo de argumentação da questão, internamente, para os próprios espíritas. Nada a opor ou qualquer atitude de crítica a práticas que julgamos extremamente importantes no entendimento católico e para as quais direcionamos nosso maior respeito e apreço.
Vemos com ternura a dedicação e a profunda fé católica que se mostram com toda sua força durante os feriados da chamada Semana Santa e é claro, nas demais atividades brasileiras que o Catolicismo desenvolve.

O objetivo da abordagem é direcionado aos espíritas que ainda guardam dúvidas sobre as três questões apresentadas no início do artigo. O Espiritismo encara a chamada Sexta-feira Santa como uma Sexta-feira normal, como todas as outras, embora reconhecendo a importância dela para os católicos. Também indica que não há procedimento algum para os dias desses feriados. E não há porque preocupar-se com o Senhor Morto, pois que Jesus vive e trabalha em prol da Humanidade.

E aqui, transcrevemos trecho do capítulo VIII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, no subtítulo VERDADEIRA PUREZA, MÃOS NÃO LAVADAS (página 117 - 107ª edição IDE): "O objetivo da religião é conduzir o homem a Deus; ora, o homem não chega a Deus senão quando está perfeito; portanto, toda religião que não torna o homem melhor, não atinge seu objetivo; (...) A crença na eficácia dos sinais exteriores é nula se não impede que se cometam homicídios, adultérios, espoliações, calúnias e de fazer mal ao próximo em que quer que seja. Ela faz supersticiosos, hipócritas e fanáticos, mas não faz homens de bem. Não basta, pois, ter as aparências da pureza, é preciso antes de tudo ter a pureza de coração".

Não pensem os leitores que extraímos o trecho pensando nas práticas católicas em questão. Não! Pensamos em nós mesmos, os espíritas, que tantas vezes nos perdemos em ilusões, acreditando cegamente na assistência dos espíritos benfeitores, mas agindo com hipocrisia, fanatismo e pasmem, superstição .... quando não conhecemos devidamente os objetivos da Doutrina Espírita, que são, em última análise, a melhora moral do homem. (Retirado do Boletim GEAE Número 390 de 02 de maio de 2000)

Fonte: http://www.cvdee.org.br/ev_planotexto.asp?id=254

Música: Eu preciso de você - Plinio Oliveira

Biografia: Félicité Robert de Lamennais

Nascido em uma família burguesa, em 19 de junho de 1782, em Saint-Malo, na França, foi brilhante escritor, tornando-se uma figura influente e controversa na história da Igreja francesa.
Com seu irmão Jean, concebeu a idéia de reviver o Catolicismo Romano como uma chave para a regeneração social. Chegaram a esboçar um programa de reforma em sua obra : Reflexões do estado da Igreja..., no ano de 1808.
Cinco anos mais tarde, no auge do conflito entre Napoleão e o Papado, os irmãos produziram uma defesa do Ultramontanismo (Doutrina e política dos católicos franceses que buscavam inspiração na Cúria Romana, defendendo a autoridade absoluta do Papa em matéria de fé e disciplina). Este livro valeu a Lamennais um conflito com o Imperador, ocasionando sua fuga para a Inglaterra, rapidamente, no ano de 1815.
Um ano depois, com seus 34 anos de idade, Lamennais retorna a Paris e é ordenado padre. Escritor fluente, político e filósofo, ele se esforçava para combinar a política liberal com o Catolicismo Romano, depois da Revolução Francesa. Por isso, já em 1817 publicou "Ensaios sobre a indiferença em matéria de religião considerada em suas relações com a ordem política e civil", além de uma tradução da "Imitação de Jesus Cristo". O Ensaio lhe valeu fama imediata.
Nele, Lamennais argumentava a respeito da necessidade da religião, baseando seus apelos na autoridade da tradição e a razão geral da Humanidade, em vez do individualismo do julgamento privado. Embora advogasse o Ultramontanismo na esfera religiosa, em suas crenças políticas era um liberal que advogava a separação do Estado da Igreja, a liberdade de consciência, educação e imprensa.
Depois da revolução de julho, em 1830, Lamennais, junto com Henri Lacordaire (Os expoentes da Codificação XVIII) e Charles de Montalembert, além de um grupo entusiástico de escritores do Catolicismo Romano Liberal, fundou o jornal "L'Avenir". Neste jornal diário, defendia Lamennais os princípios democráticos, a separação da Igreja do Estado, criando embaraços para si tanto com a hierarquia eclesiástica francesa quanto com o governo do rei Luís Felipe.
O Papa Gregório XVI desautorizou as opiniões de Lamennais na Encíclica Mirari vos, em agosto de 1831. A partir de então, Lamennais passa a atacar o Papado e as monarquias européias, escrevendo o famoso poema "Palavras de um crente", condenado na Encíclica papal Singulari vos, em julho de 1834. O resultado foi a exclusão de Lamennais da Igreja.
Incansável, ele se devotou à causa do povo, colocando sua caneta a serviço do republicanismo e do socialismo. Escreveu trabalhos como "O Livro do Povo "(1838) , "Os afazeres de Roma" e "Esboço de uma Filosofia". Chegou a ser condenado à prisão mas, já em 1848 foi eleito para a Assembléia Nacional, aposentando-se em 1851.
Por ocasião de sua morte, em Paris, em 27 de fevereiro de 1854, não desejando se reconciliar com a Igreja, foi sepultado em uma cova de indigente.
No Mundo Espiritual, não permaneceu ocioso, eis que em O Livro dos Espíritos, na pergunta de número 1009, se encontra uma mensagem de sua lavra, ilustrando a resposta. Nela, revela os traços da sua fé, concitando as criaturas a aproximar-se do bom pastor e do Pai Criador, combatendo com vigor a crença das penas eternas.
Na mensagem que assina em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI, item 15, ele se revela o ser compassivo, que conclama as criaturas a obedecer a voz do coração, oferecendo, se for necessário, a própria pela vida de um malfeitor.

Fonte: www.espirito.org.br

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Artigo: Dizendo não...

NÃO!

Conta-se que Maria-vai-com-as-outras era uma menina que não sabia dizer não; aliás Maria nem pensava: se os outros iam ela ia também, apesar de seus adultos significativos como os pais, a prof., a avó... que sempre a alertavam quantos aos perigos e aos cuidados que deveria ter. Na maioria das vezes, Maria se dava bem, mas vez ou outra as coisas se passavam do jeito que a mamãe tinha dito que ia acontecer e Maria se dava muito mal. Foi então que Maria começou a pensar, a refletir...

Esse é um resumo de uma história infantil que se costuma contar para as crianças na pré-escola, recurso lúdico que se utiliza para ensinar brincando. Os pequenos logo "pegam" a moral da história: devemos sempre pensar sobre "ir-com-os-outros" - isso me trará algum bem? Estarei fazendo o bem para alguém? Vou ser mais feliz? E levando em conta a opinião dos que me amam, pois o que eles querem, acima de tudo, é que eu me dê muito bem nessa vida.

Muitos podem defender a idéia de que é preciso experimentar para saber, principalmente quando estamos adolescentes, mas adolescente não é burro. Quem é que não sabe que roubar, pixar, usar drogas, fazer sexo sem camisinha, etc. é arriscado pra dizer o mínimo? Não é preciso roubar, pixar os muros da cidade ou usar drogas, se aventurar no sexo inseguro para saber se é certo ou errado, se é bom ou ruim.

Se é assim, por que temos tanta dificuldade em dizer não quando essas oportunidades se apresentam?

Será que dizemos sempre sim porque, bem lá no fundo, queremos experimentar, mesmo sabendo que podemos nos dar muito mal? Ou será que nem pensamos nisso; temos o pensamento mágico de que pra nós nada de mal vai acontecer? Será que achamos que, diferentemente dos nossos amigos e colegas, estamos imune a tudo?

Essas reflexões que muitas vezes deixamos de fazer, podem salvar nossas vidas em tempos de Hepatites fatais, de AIDS, de overdoses, só pra mencionar os mais comuns e trágicos efeitos da nossa irresponsabilidade.

Pegando apenas o exemplo das drogas, os cantos escuros de nossa cidade estão cheios de jovens perdidos que vivem apenas para o momento de aliviar a fissura; já nem sabem se estão vivos; na verdade não vivem, se drogam. Mas um dia esses jovens tiveram a oportunidade de dizer não e não disseram, preferiram o prazer imediato, não lembraram que este prazer também é passageiro e destruidor. Nossos hospitais estão lotados de jovens doentes que poderiam ter evitado a tragédia simplesmente dizendo não no momento certo: o momento do prazer que cobra caro e o preço é a vida.

Estamos nos perdendo por falta de conhecimento, de informação? Cremos que não. Hoje em dia temos acesso a toda a informação de que precisamos, mesmo que a família falhe nesse quesito tão importante. Então, o que está nos levando à destruição? É o vazio existencial, a falta de amor, de acolhimento? Curiosidade? Falta de perspectivas? Fuga? Desejo de experimentar? Modismo? São reflexões necessárias...

Dr. Jorge Lordello costuma contar uma historinha nas suas palestras: o professor percebeu que um de seus alunos, de nome João, mudara de comportamento bruscamente e imaginou que possivelmente o jovem estivesse usando drogas. Foi nesse momento que o mestre resolveu fazer uma experiência: “Vou ensinar para todos vocês a verdadeira sabedoria do bem viver. Por favor, João, venha aqui na frente". O jovem foi andando vagarosamente e prostrou-se ao lado do professor que iniciou a brincadeira: "Imagine que você está à beira de um abismo, sendo que ao seu lado esta toda a sua família, seus amigos. Se você pular, todos seus parentes e amigos tentarão salvá-lo e com isso todos cairão juntos com você". A classe é tomada de silêncio. "E agora o que você vai fazer João?". O jovem entendeu o recado e murmurou: "Adoro, minha família e os meus amigos, vou ficar com eles ao invés de cair no abismo".

Este abismo pode representar as drogas como no nosso exemplo, o sexo sem segurança, ou qualquer outra forma de pôr a vida em risco, e o nosso desejo é que este texto sirva para refletirmos sobre essas questões que, aparentemente, não têm respostas, mas que sabemos muito bem qual é: saber dizer não visualizando as consequências futuras, pois a Lei de Ação e Reação não falha nunca e é para todos.

(Eloci Mello é membro da Equipe do CVDEE)

Páscoa x Espiritismo - Parte III

Aparição de Jesus, após sua morte
(Segundo "A Gênese")

56. - Mas, Maria (Madalena) se conservou fora, perto do sepulcro, a derramar lágrimas. E, estando a chorar, como se abaixasse para olhar dentro do sepulcro, - viu dois anjos vestidos de branco, assentados no lugar onde estivera o corpo de Jesus, um à cabeceira, o outro do lado dos pés. - Disseram-lhe eles: Mulher, por que choras? Ela respondeu: É que levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram. Tendo dito isto, voltou-se e viu a Jesus de pé, sem saber, entretanto que fosse Jesus. - Este então lhe disse: Mulher, por que choras? A quem procuras? Ela, pensando fosse o jardineiro, lhe disse: Senhor, se foste tu quem o tirou, dize-me onde o puseste e eu o levarei. Disse-lhe Jesus: Maria. Logo ela se voltou e disse: Rabboni, isto é: Meu Senhor. - Jesus lhe respondeu: Não me toques, porquanto ainda não subi para meu Pai; mas, vai ter com meus irmãos e dize-lhes de minha parte: Subo a meu Pai o vosso Pai, a meu Deus e vosso Deus.
Maria Madalena foi então dizer aos discípulos que vira o Senhor e que este lhe dissera aquelas coisas. (S. João, cap. XX, vv. 11 a 18.)

57. - Naquele mesmo dia, indo dois deles para um burgo chamado Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios - falavam entre si de tudo o que se passara. -E aconteceu que, quando conversavam e discorriam sobre isso, Jesus se lhes juntou e se pôs a caminhar com eles; - seus olhos, porém, estavam tolhidos, a fim de que não o pudessem reconhecer. - Ele disse: De que vínheis falando a caminhar e por que estais tão tristes? Um deles, chamado Cleofas, tomando a palavra disse: Serás em Jerusalém o único estrangeiro que não saiba do que aí se passou estes últimos dias? - Que foi? perguntou ele. Responderam-lhe: A respeito de Jesus de Nazaré, que foi um poderoso profeta diante de Deus e diante de toda a gente, e acerca do modo por que os príncipes dos sacerdotes e os nossos senadores o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. - Ora, nós esperávamos fosse ele quem resgatasse a Israel, no entanto, já estamos no terceiro dia depois que tais coisas se deram. - É certo que algumas mulheres das que estavam conosco nos espantaram, pois que, tendo ido ao seu sepulcro antes do romper do dia, nos vieram dizer que anjos mesmos lhes apareceram, dizendo-lhes que ele está vivo - E alguns dos nossos, tendo ido também ao sepulcro, encontraram todas as coisas conforme as mulheres haviam referido; mas, quanto a ele, não o encontraram. Disse-lhes então Jesus: Oh! insensatos, de coração tardo a crer em tudo a que os profetas hão dito! Não era preciso que o Cristo sofresse todas essas coisas e que entrasse assim na sua glória? - E, a começar de Moisés, passando em seguida por todos os profetas, lhes explicava o que em todas as Escrituras fora dito dele.
Ao aproximarem-se do burgo para onde se dirigiam, ele deu mostras de que ia mais longe. - Os dois o obrigaram a deter-se, dizendo-lhe: Fica conosco, que já é tarde e o dia está em declínio. Ele entrou com os dois. - Estando com eles à mesa tomou do pão, abençoou-o e lhes deu. - Abriram-se-lhes ao mesmo tempo os olhos e ambos o reconheceram; ele, porém, lhes desapareceu das vistas. Então, disseram um ao outro: Não é verdade que o nosso coração ardia dentro de nós, quando ele pelo caminho nos falava, explicando-nos as Escrituras? - E, erguendo-se no mesmo instante, voltaram a Jerusalém e viram que os onze apóstolos e os que continuavam com eles estavam reunidos - e diziam: O Senhor em verdade ressuscitou e apareceu a Simão. - Então, também eles narraram o que lhes acontecera em caminho e como o tinham reconhecido ao partir o pão. Enquanto assim confabulavam, Jesus se apresentou no meio deles e lhes disse: A paz seja convosco; sou eu, não vos assusteis. - Mas, na perturbação e no medo de que foram tomados, eles imaginaram estar vendo um Espírito. E Jesus lhes disse: Por que vos turbais? Por que se elevam tantos pensamentos nos vossos corações? - Olhai para as minhas mãos e para os meus pés e reconhecei que sou eu mesmo. Tocai-me e considerai que um Espírito não tem carne, nem osso, como vedes que eu tenho. - Dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. Mas, como eles ainda não acreditavam, tão transportados de alegria e de admiração se achavam, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa que se coma? - Eles lhe apresentaram um pedaço de peixe assado e um favo de mel. - Ele comeu diante deles e, tomando os restos, lhes deu, dizendo: Eis que, estando ainda convosco, eu vos dizia que era necessário se cumprisse tudo o que de mim foi escrito na lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos. Ao mesmo tempo lhes abriu o espírito, a fim de que entendessem as Escrituras - e lhes disse: É assim que está escrito e assim era que se fazia necessário sofresse o Cristo e ressuscitasse dentre os mortos ao terceiro dia; - e que se pregasse em seu nome a penitência e a remissão dos pecados em todas as nações, a começar por Jerusalém. - Ora, vós sois testemunhas dessas coisas. - Vou enviar-vos o dom de meu Pai, o qual vos foi prometido; mas, por enquanto, permanecei na cidade, até que eu vos haja revestido da força do Alto. (S. Lucas, cap. XXIV, vv. 13 a 49.)

58. - Ora, Tomé, um dos doze apóstolos, chamado Dídimo, não se achava com eles quando Jesus lá foi vindo. - Os outros discípulos então lhe disseram: Vimos o Senhor. Ele, porém, lhes disse: Se eu não vir nas suas mãos as marcas dos cravos que as atravessaram e não puser o dedo no buraco feito pelos cravos e minha mão no rasgão do seu lado, não acreditarei, absolutamente.
Oito dias depois, estando ainda os discípulos no mesmo lugar e com eles Tomé, Jesus se apresentou, achado-se fechadas as portas, e, colocando-se no meio deles, disse-lhes: A paz seja convosco. Disse em seguida a Tomé: Põe aqui o teu dedo e olha minhas mãos; estende também a tua mão e mete-a no meu lado e não sejas incrédulo, mas fiel. - Tomé lhe respondeu: Meu Senhor e meu Deus! - Jesus lhe disse: Tu creste, Tomé, porque viste; ditosos os que creram sem ver. (S. João, cap. XX, vv. 24 a 29.)

59. - Jesus também se mostrou depois aos seus discípulos à margem do mar de Tiberíades, mostrando-se desta forma: Simão Pedro e Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná, na Galiléia, os filhos de Zebedeu e dois outros de seus discípulos estavam juntos. - Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Os outros disseram: Também nós vamos contigo. Foram-se e entraram numa barca; mas, naquela noite, nada apanharam. Ao amanhecer, Jesus apareceu à margem sem que seus discípulos conhecessem que era ele. - Disse-lhes então: Filhos, nada tendes que se coma? Responderam-lhe: Não. Disse-lhes ele: Lançai a rede do lado direito da barca e achareis. Eles a lançaram logo e quase não a puderam retirar, tão carregada estava de peixes. Então, o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: É o Senhor. Simão Pedro, ao ouvir que era o Senhor, vestiu-se (pois que estava nu) e se atirou ao mar. -Os outros discípulos vieram com a barca, e, como não estavam distantes da praia mais de duzentos côvados, puxaram daí a rede cheia de peixes. (S. João, cap. XXI; vv. 1 a 8.)

60. - Depois disso, ele os conduziu para Betânia e, tendo lavado as mãos, os abençoou, - e, tendo-os abençoado, se separou deles e foi arrebatado ao céu. Quanto a eles, depois de o terem adorado, voltaram para Jerusalém, cheios de alegria. - Estavam constantemente no templo, louvando e bendizendo a Deus. Amém. (S. Lucas, cap. XXIV, vv. 50 a 53.)

61. - Todos os evangelistas narram as aparições de Jesus, após sua morte, com circunstanciados pormenores que não permitem se duvide da realidade do fato. Elas, aliás, se explicam perfeitamente pelas leis fluídicas e pelas propriedades do perispírito e nada de anômalo apresentam em face dos fenômenos do mesmo gênero, cuja história, antiga e contemporânea, oferece numerosos exemplos, sem lhes faltar sequer a tangibilidade. Se notarmos as circunstâncias em que se deram as suas diversas aparições, nele reconheceremos, em tais ocasiões, todos os caracteres de um ser fluídico. Aparece inopinadamente e do mesmo modo desaparece; uns o vêem, outros não, sob aparências que não o tornam reconhecível nem sequer aos seus discípulos; mostra-se em recintos fechados, onde um corpo carnal não poderia penetrar; sua própria linguagem carece da vivacidade da de um ser corpóreo; fala em tom breve e sentencioso, peculiar aos Espíritos que se manifestam daquela maneira; todas as suas atitudes, numa palavra, denotam alguma coisa que não é do mundo terreno. Sua presença causa simultaneamente surpresa e medo; ao vê-lo, seus discípulos não lhe falam com a mesma liberdade de antes; sentem que já não é um homem. Jesus, portanto, se mostrou com o seu corpo perispirítico, o que explica que só tenha sido visto pelos que ele quis que o vissem. Se estivesse com o seu corpo carnal, todos o veriam, como quando estava vivo. Ignorando a causa originária do fenômeno das aparições, seus discípulos não se apercebiam dessas particularidades, a que, provavelmente, não davam atenção. Desde que viam o Senhor e o tocavam, haviam de achar que aquele era o seu corpo ressuscitado. (Cap. XIV, nos 14 e 35 a 38.)

62. - Ao passo que a incredulidade rejeita todos os fatos que Jesus produziu, por terem uma aparência sobrenatural, e os considera, sem exceção, lendários, o Espiritismo dá explicação natural à maior parte desses fatos. Prova a possibilidade deles, não só pela teoria das leis fluídicas, como pela identidade que apresentam com análogos fatos produzidos por uma imensidade de pessoas nas mais vulgares condições. Por serem, de certo modo, tais fatos do domínio público, eles nada provam, em princípio, com relação à natureza excepcional de Jesus. (1)

(1) Os inúmeros fatos contemporâneos de curas, aparições, possessões, dupla vista e outros, que se encontram relatados na Revue Spirite e lembrados nas observações acima, oferecem, até quanto aos pormenores, tão flagrante analogia com os que o Evangelho narra, que ressalta evidente a identidade dos efeitos e das causas. Não se compreende que o mesmo fato tivesse hoje uma causa natural e que essa causa fosse sobrenatural outrora; diabólica com uns e divina com outros. Se fora possível pô-los aqui em confronto uns com os outros, a comparação mais fácil se tornaria; não o permitem, porém, o número deles e os desenvolvimentos que a narrativa reclamaria.

63. - O maior milagre que Jesus operou, o que verdadeiramente atesta a sua superioridade, foi a revolução que seus ensinos produziram no mundo, mau grado exigüidade dos seus meios de ação. Com efeito, Jesus, obscuro, pobre, nascido na mais humilde condição, no seio de um povo pequenino, quase ignorado e sem preponderância política, artística ou literária, apenas durante três anos prega a sua doutrina; em todo esse curto espaço de tempo é desatendido e perseguido pelos seus concidadãos; vê-se obrigado a fugir para não ser lapidado; é traído por um de seus apóstolos, renegado por outro, abandonado por todos no momento cm que cai nas mãos de seus inimigos. Só fazia o bem e isso não o punha ao abrigo da malevolência, que dos próprios serviços que ele prestava tirava motivos para o acusar. Condenado ao suplício que só aos criminosos era infligido, morre ignorado do mundo, visto que a História daquela época nada diz a seu respeito (1). Nada escreveu; entretanto, ajudado por alguns homens tão obscuros quanto ele, sua palavra bastou para regenerar o mundo; sua doutrina matou o paganismo onipotente e se tornou o facho da civilização. Tinha contra si tudo o que causa o malogro das obras dos homens, razão por que dizemos que o triunfo alcançado pela sua doutrina foi o maior dos seus milagres, ao mesmo tempo que prova ser divina a sua missão. Se, em vez de princípios sociais e regeneradores, fundados sobre o futuro espiritual do homem, ele apenas houvesse legado à posteridade alguns fatos maravilhosos, talvez hoje mal o conhecessem de nome.(1) Dele unicamente fala o historiador judeu Flávio Josefo, que, aliás, diz bem pouca coisa.

Fonte: http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/ge/ge-15.html#ge1515

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terça-feira, 7 de abril de 2009

Páscoa x Espiritismo - Parte II

Símbolos da Páscoa (1)

É sugerido por alguns historiadores que muitos dos atuais símbolos ligados à Páscoa (especialmente os ovos de chocolate, ovos coloridos e o coelhinho da Páscoa) são resquícios culturais da festividade de primavera que, depois, foram assimilados às celebrações cristãs do Pessach. Contudo, os persas, romanos, judeus e armênios já tinham o hábito de oferecer e receber ovos coloridos por esta época. Um ritual importante ocorria no equinócio da primavera, onde os participantes pintavam e decoravam ovos (símbolo da fertilidade) e os escondiam e enterravam em tocas nos campos. Este ritual foi adaptado pela Igreja Católica no principio do 1º milênio depois de Cristo, fundindo-a com outra festa popular da altura chamada de Páscoa. Mesmo assim, o ritual da decoração dos ovos de Páscoa mantém-se um pouco por todo o mundo nesta festa, quando ocorre o equinócio da primavera.

Símbolos da Páscoa (2)

Tradição de dar ovo tem milênios (mas antes o ovo era de galinha mesmo). A tradição de presentear com ovos - de verdade mesmo - é muito, muito antiga. Na Ucrânia, por exemplo, centenas de anos antes de era cristã já se trocavam ovos pintados com motivos de natureza em celebração à chegada da primavera. Os chineses e os povos do Mediterrâneo também tinham como hábito dar ovos uns aos outros para comemorar a estação do ano. Para deixá-los coloridos, cozinhavam-nos com beterrabas. Mas os ovos não eram para ser comidos. Eram apenas um presente que simbolizava o início da vida. A tradição de homenagear essa estação do ano continuou durante a Idade Média entre os povos pagãos da Europa. Eles celebravam Ostera, a deusa da primavera, simbolizada por uma mulher que segurava um ovo em sua mão e observava um coelho, representante da fertilidade, pulando alegremente ao redor de seus pés.

Símbolos da Páscoa (3)

Os cristãos se apropriaram da imagem do ovo para festejar a Páscoa, que celebra a ressurreição de Jesus. Na época, pintavam os ovos (geralmente de galinha, gansa ou codorna) com imagens de figuras religiosas, como o próprio Jesus e sua mãe, Maria. Na Inglaterra do século X, os ovos ficaram ainda mais sofisticados. O rei Eduardo I (900-924) costumava presentear a realeza e seus súditos com ovos banhados em ouro ou decorados com pedras preciosas na Páscoa. Não é difícil imaginar por que esse hábito não teve muito futuro. Foram necessários mais 800 anos para que, no século XVIII, confeiteiros franceses tivessem a idéia de fazer os ovos com chocolate - iguaria que aparecera apenas dois séculos antes na Europa, vinda da então recém-descoberta América. Surgido por volta de 1500 a.C., na região do golfo do México, o chocolate era considerado sagrado pelas civilizações Maias e Astecas. A imagem do coelho apareceu na mesma época, associada à criação por causa de sua grande prole.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1scoa

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Mural Reflexivo: Lecionando Humildade



LECIONANDO HUMILDADE




Eram os dias derradeiros Dele, sobre a face da Terra. E Ele o sabia.
Anunciado Seu nascimento por mensageiros celestes, aguardado pelos séculos afora, Ele afinal chegou.
Viveu com os homens por pouco mais de três décadas. Iniciou o Seu messianato numa festa de alegrias, em Caná, comemorando as bodas de um parente de Sua mãe.
E, na noite daquela quinta-feira Ele encerra o Seu messianato, na Terra, comemorando a páscoa judaica, conforme a tradição de Israel.
Após a ceia, Ele despe a túnica, coloca uma toalha sobre os rins, toma de um jarro com água, uma bacia e inicia a lavar os pés dos apóstolos.
Surpreendem-se eles. Aquela é uma tarefa exclusiva dos escravos.
Nenhum patriarca em Israel, nenhum pai de família israelita a realizava.
Recebia-se o convidado à porta com um beijo de boas-vindas.
De imediato, um escravo desatava as sandálias do nobre conviva e lhe lavava os pés, diminuindo o desconforto gerado pelo uso das sandálias abertas, naquelas terras poeirentas.
Pedro procura se esquivar. O Mestre é muito especial para Se humilhar tanto!
Contudo, como Jesus lhe diz que se ele não se permitir lavar os pés, não terá parte com Ele, em Seu Reino, Pedro aceita o gesto.
Concluída a tarefa, o Excelente Professor da Humanidade toma assento novamente entre os que privam da ceia, e aduz:
Compreendeis o que vos fiz?
Vós chamai-me Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque o sou.
Se Eu, pois, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, deveis lavar-vos os pés uns aos outros.
Porque Eu dei-vos o exemplo, para que, como Eu vos fiz, assim façais vós também.
Quanta grandeza no enunciado!
Primeiro, Ele ensina que nenhum de nós deve se esquivar ao autoconhecimento.
Autoconhecer-se é imprescindível para se alcançar a felicidade.
Desta forma, Jesus enfatiza que Ele é Mestre e Senhor. Diz-nos, assim, que cada um de nós deve ter consciência das virtudes adquiridas.
Cada qual deve saber o que já conquistou, o seu valor.
Nada de equivocado, portanto, que, numa auto-avaliação, nos qualifiquemos como quem já detém uma ou outra virtude, embora não em sua totalidade.
Jesus nos exemplifica.
A segunda lição é a de que, por maiores sejamos, por nossa condição intelecto-moral, por cargos que ocupemos, por responsabilidades que tenhamos, de forma alguma nos devemos aclimatar ao orgulho.
Afinal, que são alguns anos sobre a Terra face à eternidade que nos aguarda?
Além do que, de que nos vamos orgulhar? De uma determinada conquista, de um posto hierarquicamente superior, da avantajada intelectualidade?
Que representa isso, face ao universo e a eternidade?
Somos habitantes de um minúsculo planeta em um sistema planetário que tem a sustentá-lo um sol de quinta grandeza!
Pensemos nisso, recordando o ensino crístico e sejamos mais humildes, aprendendo a servir e servir sempre.

(Redação do Momento Espírita, a partir dos versículos 12 a 15 do cap. XIII do Evangelho de João. - http://www.momento.org.br/)

Biografia: Willian Eller Channing

"Qual a instituição humana, ou mesmo divina, que não encontrou obstáculos a vencer, cismas contra que lutar? Se apenas tivésseis uma existência triste e lânguida, ninguém vos atacaria, sabendo perfeitamente que havíeis de sucumbir de um momento para outro. Mas, como a vossa vitalidade é forte e ativa, como a árvore espírita tem fortes raízes, admitem que ela poderá viver longo tempo e tentam golpeá-la a machado. Que conseguirão esses invejosos? Quando muito, deceparão alguns galhos, que renascerão com seiva nova e serão mais robustos do que nunca."
Assim se expressa, em O Livro dos Médiuns, cap. XXXI, dissertação de nº 7, o espírito Channing, bem traduzindo o que foi em encarnação como pastor nos Estados Unidos. Convocando os espíritas à luta, recordava, com certeza, as próprias que enfrentara a seu tempo, em nome do estabelecimento das verdades espirituais.
Nascido em 7 de abril de 1780, em Newport, ficou conhecido como o "apóstolo do Unitarismo", seita protestante datada do século XVI, que negava o dogma da trindade divina, reconhecendo Deus como Uno.
Organizou, nos Estados Unidos, a tentativa para a eliminação da escravidão, a embriaguez, a indigência e a guerra.
Tendo estudado Teologia em Newport e Harvard, tornou-se a curto prazo um pregador de sucesso, em várias Igrejas na área da cidade de Boston. Em Boston, foi Ministro da Federal Street Church no largo período de 39 anos.
Preferindo evitar pontos complexos da Doutrina, ele pregava a moralidade, a caridade e a responsabilidade cristã.
Na qualidade de pregador, alcançava grandes audiências e como escritor colocou várias defesas da sua posição, descrevendo a sua luta como "um sistema racional e amável contra o não entendimento dos homens da caridade ou piedade".
Chegou a ser simpatizante da crença do Movimento de Reforma Social e Educacional, mas não acreditava que a sociedade pudesse ser melhorada por ações coletivas. Recusava a idéia de que o governo poderia ajudar no avanço da moral e sensibilidade da raça humana, acreditando que o governo pudesse somente intervir nas questões essenciais para manter a ordem pública.
Sua obra escrita (ensaios e revisões), cuja maioria foi destruída pelo fogo, foi classificada por um seu contemporâneo como um "Tratado da Doutrina Cristã", enquanto o biógrafo de Napoleão I, Sir Walter Scott teve oportunidade de o cognominar de grande agitador social.
Comparecendo ao palco da Codificação e tendo inseridas em O Livro dos Médiuns três mensagens de sua lavra no capítulo 31, além de uma contribuição valiosa, discorrendo a respeito da ubiqüidade, no capítulo 25, pergunta de número 30 do item 282, convida o homem a escutar a voz interior, do seu anjo guardião, assim se expressando: "Nem todos sabem agir de acordo com os conselhos da razão, não dessa razão que antes se arrasta e rasteja do que caminha, dessa razão que se perde no emaranhado dos interesses materiais e grosseiros, mas dessa razão que eleva o homem acima de si mesmo, que o transporta a regiões desconhecidas, chama sagrada que inspira o artista e o poeta, pensamento divino que exalça o filósofo, arroubo que arrebata os indivíduos e povos, razão que o vulgo não pode compreender, porém que ergue o homem e o aproxima de Deus, mais que nenhuma outra criatura, entendimento que o conduz do conhecido ao desconhecido e lhe faz executar as coisas mais sublimes."
Channing desencarnou em Bennington, Estados Unidos, em 2 de outubro de 1842. Seis anos depois, o grande Movimento que redundaria no posterior surgimento da Doutrina Espírita, despertaria os homens para o estudo mais aprofundado do Mundo Invisível.

Fonte: www.espirito.org.br

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Artigo: Páscoa x Espiritismo

A Páscoa enquanto festa cultural

Primeira Páscoa: Em princípio, e há milhares de anos atrás estas comemorações da Páscoa estavam ligadas à passagem do inverno para a primavera. Os hebreus faziam uma festa muito alegre para homenagear a estação que chegava após o inverno, muito rigoroso naquela região. O verde, então, voltava a brotar, enriquecendo a natureza. Os pássaros cantavam novamente, as crianças corriam pelos campos... A vida ressurgia após o frio intenso. Esta festa era chamada de Páscoa (Pessach) que, no idioma hebraico, significa passagem, libertação.

Segunda Páscoa: Muito mais tarde um acontecimento importante deu novo sentido às comemorações da páscoa. Justamente durante estas festividades, Moisés – profeta que nos trouxe os dez mandamentos da lei de Deus – libertou os hebreus da escravidão egípcia. O sentido de passagem e libertação teve, então, um significado mais profundo para os judeus: era sua libertação da escravatura, era sua passagem para a vida em liberdade.

Jesus e a Última Ceia: Passaram-se muitos séculos, Jesus já estava finalizando sua missão na vida física e as comemorações da páscoa se aproximavam. Naquele tempo era costume fazer-se uma ceia (jantar realizado em hora mais avançada da noite) comemorativa e Jesus também participou dela, em companhia de seus apóstolos, os quais tinham convivido com ele durante a sua vida de maravilhosos exemplos e ensinamentos. Era costume dos judeus comerem, nesta ceia, pão ázimo e ervas amargas. O pão ázimo se parece mais com uma bolacha, porque é feito só com trigo e água, sem fermento, para lembrar a pressa com que os hebreus fugiram do Egito, sem tempo para esperarem a fermentação do pão. As ervas amargas lembram o sofrimento deste povo quando atravessaram o deserto na longa viagem rumo a liberdade. Seguindo a tradição, Jesus repartiu o pão com seus apóstolos e passou a bilha de vinho para que todos dele bebessem. Porém, mais do que isso, Jesus aproveitou a ocasião para oferecer novas lições aos seus discípulos, confirmando a necessidade de se buscar a profundidade dos fatos. Foi então que ele falou, após orar: “Comam, este é o meu corpo. Bebam, este é o meu sangue”. Ao falar isto, Jesus estava fazendo uma comparação. O pão é um alimento conhecido por todos e serve para sustentar o nosso corpo. E Jesus é o pão para o nosso espírito, isto é, seus ensinamentos nos alimentam a alma, o sentimento e o raciocínio, deixando-nos fortes para a vida. O vinho, é o sinal do espírito renovador dos ensinamentos do Mestre, que dessedenta a alma. O pão e o vinho partilhados com o nosso próximo, fertilizam o nosso espírito pela luz que advém desta atitude, que tornada hábito, permite-nos encontrar a paz. Fazendo a oração antes de repartir o pão, Jesus nos ensinou que devemos agradecer a Deus a bênção do alimento todos os dias e não apenas na páscoa. Naquela ceia pascoal, Jesus nos deixou muitos ensinamentos, mas o maior deles estava reservado para depois de seu desencarne.

Jesus - terceira Páscoa: Jesus passou por grandes sofrimentos: prisão, tortura, crucificação e, em nenhum momento, no entanto, deixou de nos amar, como podemos deduzir da lição mais bela que nos deixou. Qual será esta lição? Após sua crucificação e depois de sepultado, Jesus apareceu apenas em espírito, diante de Madalena, dos apóstolos e de outras pessoas, conversando com elas, transmitindo-lhes mais ensinamentos. Este é o significado, podemos dizer, de Jesus ressuscitado, pois mostrou-nos que a morte não existe e que o espírito continua vivo, mesmo depois que o corpo físico morre. O espírito apenas se liberta do corpo que lhe serviu de instrumento para que vivesse na Terra, progredisse e se aperfeiçoasse, passando para a vida espiritual. Jesus foi crucificado e morto, no entanto, permanecia vivo e mostrou isto a todos. Esta foi a mensagem maior, a da vitória do espírito sobre a matéria. Este fato vivido por Jesus deu mais significado à páscoa, já que ela passou a representar a libertação que todo o espírito alcança após a morte do corpo, passando para o mundo espiritual. Esta é a páscoa a ser comemorada.

...continua nos próximos post's.

Atigo: Vida e Morte - Parte II (Continuação)

5. A MORTE: CULTURA E RELIGIÃO

O Dr. Frank Mahoney, professor de Antropologia da Universidade do Havaí, mostrou a diferença entre a cultura americana e a da sociedade Micronésia, a dos Trukeses. Os americanos negam a morte e o envelhecimento; os habitantes das ilhas Truk (Pacífico) ratificam-na. Para estes a vida termina aos 40 anos de idade e a partir daí começa a morte.

As religiões têm exercido poderosa influência nas "atitudes" dos indivíduos com relação ao passamento. No Catolicismo, há a imagem do fogo eterno queimando nossas entranhas; nas Doutrinas Orientais, a volta do Espírito em um corpo animal. Além da questão religiosa, há os erros de abordagem: tudo termina com a morte; imersão no desconhecido; excesso de preparação para o desenlace; dúvidas com relação à imortalidade e ilusão de sermos indispensáveis à família.

6. O BINÔMINO VIDA MORTE

Sentido físico: ter um corpo e desaparecer com o corpo

Sentido psicológico: a cada nova idade morre uma fase e nasce outra. O próprio nascimento já é uma morte, porque o bebê separou-se do ventre materno.

Sentido filosófico: pensar criticamente está vivo; pensar dogmaticamente morto.

Sentido religioso: a noção da vida eterna. Morrer para nascer de novo.

Para que haja vida, temos de vivenciá-la integralmente. Será que estamos inteiros naquilo que estamos fazendo?

7. EXPECTATIVA DA VIDA ALÉM DA MORTE

Os pensadores da humanidade desenvolveram, ao longo do tempo, três concepções de mundo: Materialista, Idealista e Religiosa. De acordo com essas concepções, construíram as diversas doutrinas. As mais importantes para o propósito de nossos estudos dizem respeito ao Niilismo, ao Panteísmo, ao Dogmatismo Religioso e ao Espiritismo.

Para o Niilismo, a matéria sendo a única fonte do ser, a morte é considerada o fim de tudo. Para o Panteísmo, o Espírito, ao encarnar, é extraído do todo universal; individualiza-se em cada ser durante a vida e volta, por efeito da morte, à massa comum. Para o Dogmatismo Religioso, a alma, independente da matéria, é criada por ocasião do nascimento do ser; sobrevive e conserva a individualidade após a morte. A sua sorte já está determinada: os que morreram em "pecado" irão para o fogo eterno; os justos, para o céu, gozar as delícias do paraíso. Para o Espiritismo, o Espírito, independente da matéria, foi criado simples e ignorante. Todos partiram do mesmo ponto, sujeitos à lei do progresso. Aqueles que praticam o bem, evoluem mais rapidamente e fazem parte da legião dos "anjos", dos "arcanjos" e dos "querubins". Os que praticam o mal, recebem novas oportunidades de melhoria, através das inúmeras encarnações. (Kardec, 1975 p. 193 a 200)

8. O TEMOR DA MORTE

Allan Kardec, no livro O Céu e o Inferno, trata exaustivamente do problema da morte. Diz-nos que o temor da morte decorre da noção insuficiente da vida futura, embora denote também a necessidade de viver e o receio da destruição total. Segundo o seu ponto de vista, o espírita não teme a morte, porque a vida deixa de ser uma hipótese para ser realidade. Ou seja, continuamos individualizados e sujeitos ao progresso, mesmo na ausência da vestimenta física.

9. CONCLUSÕES

Não sejamos como espectadores de vitrine. Observemos, pensemos e tiremos as nossas conclusões: quem sabe não estamos agindo como se estivéssemos mortos diante da abertura espiritual que a vida nos concede a cada instante?

10. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ARIES, P. História da Morte no Ocidente: da Idade Média aos nossos Dias. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1977.GARCIA MORENTE, M. Fundamentos de Filosofia - Lições Preliminares. 4. ed., São Paulo, Mestre Jou, 1970.KARDEC, A. O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo. 22 ed., Rio de Janeiro, FEB, 1975.KARDEC, A. Obras Póstumas. 15. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1975.LALANDE, A. Vocabulário Técnico e Crítico de Filosofia. [tradução de Fátima Sá Correia ... et al.]. São Paulo, Martins Fontes, 1993.LEGRAND, G. Dicionário de Filosofia. [Trad. de Armindo José Rodrigues e João Gama]. Lisboa, Edições 70, 1986.

(http://www.ceismael.com.br/artigo/artigo096.htm)

domingo, 5 de abril de 2009

Artigo: Vida e Morte - Parte I

Sérgio Biagi Gregório

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito: 2.1. Vida; 2.2. Morte. 3. Aspectos Históricos da Morte. 4. Caráter da Vida. 5. A Morte: Cultura e Religião. 6. O Binômino Vida Morte. 7. Expectativa da Vida Além da Morte. 8. O Temor da Morte. 9. Conclusões. 10. Bibliografia Consultada.

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. INTRODUÇÃO

O tema vida e morte comporta algumas questões: de onde viemos? Para aonde vamos? O que estamos fazendo aqui? Qual a essência da vida? Por que temos de morrer? Qual a causa dos sofrimentos? Tudo acaba com a morte? Ser ou não ser?

2. CONCEITO

2.1. VIDA

Para Legrand, em seu Dicionário de Filosofia, não existe atualmente uma definição suficiente para totalizar os fenômenos (assimilação, crescimento e possibilidade de reprodução) que a experiência corrente classifique com o nome de vida.

O problema da origem da vida ainda hoje continua a ser um tema ingrato assim como o da própria vida. À teoria religiosa da criação, o materialismo contradiz no século XX a idéia (não verificável) de uma "célula primordial", e outras diversas hipóteses (por exemplo, a panspérmia), segundo a qual "gérmens de vida" flutuariam permanentemente no Universo e chegariam à terra vindo de outros astros. (Legrand, 1982)

Para Lalande, em seu Vocabulário Técnico e Crítico de Filosofia, a vida é um conjunto de fenômenos de toda a espécie (particularmente de nutrição e reprodução) que, para os seres que têm um grau elevado de organização, se estende do nascimento (ou da produção do germe) até a morte.

2.2. MORTE

Do lat. mortem - é a cessação da vida e manifesta-se pela extinção das atividades vitais: crescimento, assimilação e reprodução no domínio vegetativo; apetites sensoriais no domínio sensitivo. Sempre foi vista como mistério, superstição e fascinação pelo homem.

No âmbito da Doutrina Espírita, é o desprendimento total do Espírito do corpo físico em conseqüência da ruptura do laço fluídico, que prende ou liga um ao outro, quando então há o falecimento.

3. ASPECTOS HISTÓRICOS DA MORTE

Na Antigüidade prevalecia o sentimento natural e duradouro de familiaridade com a morte. Sócrates, por exemplo, ensinava-nos que a filosofia nada mais era do que uma preparação para a morte. Nas sociedades tribais, o problema da morte não existia porque o indivíduo tinha um peso muito diminuto com relação à coletividade. Deixando de viver, a pessoa imediatamente fazia parte da "sociedade dos mortos", inclusive, com a possibilidade de se comunicar com os vivos.

Durante a Idade Média, marcada pela forte influência da religião, a população era educada no sentido de aceitar a morte como um destino inexorável dos deuses. Dentro desse contexto, cada qual esperava passivamente a sua passagem deste para o outro mundo. Além disso, esse período caracterizava-se também pelo sentimento de respeito ao morto, inclusive com as cerimônias religiosas, a observância do tempo de luto, as visitas ao cemitério etc. Como as pessoas morriam em casa, as crianças podiam passar e brincar junto ao féretro, que geralmente ocupava o lugar mais destacado da casa.

Na Idade Moderna, depois de Revolução Industrial, e com o desenvolvimento do consumismo, vemos que a morte começa a ser interdita, ou seja proibida. Como não temos mais tempo de cuidar dos velhos e dos doentes, deixamos essa incumbência para os hospitais, que estão preparados para salvar vidas e não cultuar a morte. Em certo sentido, a morte é um fracasso da medicina. Depois de morto, o defunto é encaminhado ao necrotério, onde se faz o velório. Tudo isso longe das crianças. Para elas diz-se que teve um sono duradouro e está descansando nos jardins do Éden. A sofisticação chega ao ponto de se criar o "Funeral Home", casa de embelezamento de cadáveres. (Aries, 1977)

4. CARÁTER DA VIDA

Segundo Garcia Morente em Fundamentos da Filosofia, o primeiro caráter que encontramos na vida é o da ocupação. Viver é ocupar-se; viver é fazer; viver é praticar. É um por e tirar das coisa, é um mover-se daqui para ali. Porém, se olharmos com mais atenção, a ocupação com as coisas não é propriamente ocupação, mas preocupação. Preocupamo-nos, primeiramente, com o futuro, que não existe, para depois acabar sendo uma ocupação no presente que existe.

Pelo fato de escolhermos, de termos um propósito, tanto vil como altruísta, nossa vida é não-indiferença. O animal, a pedra e o vegetal estão no mundo, mas são indiferentes. O ser humano não, ele tem que vivenciar a sua vida. A vida se interessa: primeiro, com ser, e segundo, com ser isto ou aquilo; interessa com existir e consistir.

O movimentar-se refere-se ao tempo. Que é o tempo? Santo Agostinho já nos dizia que se não lhe perguntassem saberia o que era, mas quando lhe perguntam já não o sabia mais. Por isso, há que se considerar o tempo cronológico e tempo psicológico. Em se tratando da vida, temos de considerar o tempo psicológico, ou seja, considerar o presente como um "futuro sido". No tempo astrônomico, o presente é o resultado do passado. O passado é germe do presente, mas o tempo vital, o tempo existencial em que consiste a vida, é um tempo no qual aquilo que vai ser está antes daquilo que é, aquilo que vai ser traz aquilo que é. O presente é um "sido" do futuro; é um "futuro sido". (1970, p. 308 a 311).

[Continua...]