sábado, 9 de agosto de 2014

Estudo dirigido: O Evangelho segundo o Espiritismo

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EESE – Cap. V – Itens 11 a 13
Tema:  Esquecimento do passado
           Motivos de resignação
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A - Texto de Apoio:

Esquecimento do passado

11. Em vão se objeta que o esquecimento constitui obstáculo a que se possa aproveitar da experiência de vidas anteriores. Havendo Deus entendido de lançar um véu sobre o passado, é que há nisso vantagem. Com efeito, a lembrança traria gravíssimos inconvenientes. Poderia, em certos casos, humilhar-nos singularmente, ou, então, exaltar-nos o orgulho e, assim, entravar o nosso livre-arbítrio. Em todas as circunstâncias, acarretaria inevitável perturbação nas relações sociais.

Frequentemente, o Espírito renasce no mesmo meio em que já viveu, estabelecendo de novo relações com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes haja feito. Se reconhecesse nelas as a quem odiara, quiçá o ódio se lhe despertaria outra vez no íntimo. De todo modo, ele se sentiria humilhado em presença daquelas a quem houvesse ofendido.

Para nos melhorarmos, outorgou-nos Deus, precisamente, o de que necessitamos e nos basta: a voz da consciência e as tendências instintivas. Priva-nos do que nos seria prejudicial.

Ao nascer, traz o homem consigo o que adquiriu, nasce qual se fez; em cada existência, tem um novo ponto de partida. Pouco lhe importa saber o que foi antes: se se vê punido, é que praticou o mal. Suas atuais tendências más indicam o que lhe resta a corrigir em si próprio e é nisso que deve concentrar-se toda a sua atenção, porquanto, daquilo de que se haja corrigido completamente, nenhum traço mais conservará. As boas resoluções que tomou são a voz da consciência, advertindo-o do que é bem e do que é mal e dando-lhe forças para resistir às tentações.

Aliás, o esquecimento ocorre apenas durante a vida corpórea. Volvendo à vida espiritual, readquire o Espírito a lembrança do passado; nada mais há, portanto, do que uma interrupção temporária, semelhante à que se dá na vida terrestre durante o sono, a qual não obsta a que, no dia seguinte, nos recordemos do que tenhamos feito na véspera e nos dias precedentes.

E não é somente após a morte que o Espírito recobra a lembrança dó passado. Pode dizer-se que jamais a perde, pois que, como a experiência o demonstra, mesmo encarnado, adormecido o corpo, ocasião em que goza de certa liberdade, o Espírito tem consciência de seus atos anteriores; sabe por que sofre e que sofre com justiça. A lembrança unicamente se apaga no curso da vida exterior, da vida de relação. Mas, na falta de uma recordação exata, que lhe poderia ser penosa e prejudicá-lo nas suas relações sociais, forças novas haure ele nesses instantes de emancipação da alma, se os sabe aproveitar.

Motivos de resignação

12. Por estas palavras: Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados, Jesus aponta a compensação que hão de ter os que sofrem e a resignação que leva o padecente a bendizer do sofrimento, como prelúdio da cura.

Também podem essas palavras ser traduzidas assim: Deveis considerar-vos felizes por sofrerdes, visto que as dores deste mundo são o pagamento da dívida que as vossas passadas faltas vos fizeram contrair; suportadas pacientemente na Terra, essas dores vos poupam séculos de sofrimentos na vida futura. Deveis, pois, sentir-vos felizes por reduzir Deus a vossa dívida, permitindo que a saldeis agora, o que vos garantirá a tranquilidade no porvir.

O homem que sofre assemelha-se a um devedor de avultada soma, a quem o credor diz: "Se me pagares hoje mesmo a centésima parte do teu débito, quitar-te-ei do restante e ficarás livre; se o não fizeres, atormentar-te-ei, até que pagues a última parcela." Não se sentiria feliz o devedor por suportar toda espécie de privações para se libertar, pagando apenas a centésima parte do que deve? Em vez de se queixar do seu credor, não lhe ficará agradecido?

Tal o sentido das palavras: "Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados." São ditosos, porque se quitam e porque, depois de se haverem quitado, estarão livres. Se, porém, o homem, ao quitar-se de um lado, endivida-se de outro, jamais poderá alcançar a sua libertação. Ora, cada nova falta aumenta a dívida, porquanto nenhuma há, qualquer que ela seja, que não acarrete forçosa e inevitavelmente uma punição. Se não for hoje, será amanhã; se não for na vida atual, será noutra. Entre essas faltas, cumpre se coloque na primeira fiada a carência de submissão à vontade de Deus. Logo, se murmurarmos nas aflições, se não as aceitarmos com resignação e como algo que devemos ter merecido, se acusarmos a Deus de ser injusto, nova dívida contraímos, que nos faz perder o fruto que devíamos colher do sofrimento. E por isso que teremos de recomeçar, absolutamente como se, a um credor que nos atormente, pagássemos uma cota e a tomássemos de novo por empréstimo.

Ao entrar no mundo dos Espíritos, o homem ainda está como o operário que comparece no dia do pagamento. A uns dirá o Senhor: "Aqui tens a paga dos teus dias de trabalho"; a outros, aos venturosos da Terra, aos que hajam vivido na ociosidade, que tiverem feito consistir a sua felicidade nas satisfações do amor-próprio e nos gozos mundanos: "Nada vos toca, pois que recebestes na Terra o vosso salário. Ide e recomeçai a tarefa."

13. O homem pode suavizar ou aumentar o amargor de suas provas, conforme o modo por que encare a vida terrena. Tanto mais sofre ele, quanto mais longa se lhe afigura a duração do sofrimento. Ora, aquele que a encara pelo prisma da vida espiritual apanha, num golpe de vista, a vida corpórea. Ele a vê como um ponto no infinito, compreende-lhe a curteza e reconhece que esse penoso momento terá presto passado. A certeza de um próximo futuro mais ditoso o sustenta e anima e, longe de se queixar, agradece ao Céu as dores que o fazem avançar. Contrariamente, para aquele que apenas vê a vida corpórea, interminável lhe parece esta, e a dor o oprime com todo o seu peso. Daquela maneira de considerar a vida, resulta ser diminuída a importância das coisas deste mundo, e sentir-se compelido o homem a moderar seus desejos, a contentar-se com a sua posição, sem invejar a dos outros, a receber atenuada a impressão dos reveses e das decepções que experimente. Dai tira ele uma calma e uma resignação tão úteis à saúde do corpo quanto à da alma, ao passo que, com a inveja, o ciúme e a ambição, voluntariamente se condena à tortura e aumenta as misérias e as angústias da sua curta existência..

B - Questões para estudo e diálogo virtual:

1 – Cite inconvenientes da lembrança de experiências de vidas anteriores.

2 – Como pode o homem suavizar o amargor de suas provas?

3 – Extraia do texto acima a frase ou parágrafo que mais gostou e justifique.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Estudos Morais

R.E. , outubro de 1864, p. 421 
 
A VOLTA DA FORTUNA

Lê-se no Siècle de 5 de junho de 1864:

“O Sr. X..., berlinense, possuía imensa fortuna. Seu pai,ao contrário, em conseqüência de vários reveses, tinha caído em extrema miséria e se vira forçado a recorrer à generosidade do filho. Este repeliu duramente a súplica do ancião que, para não morrer de fome, teve de recorrer à intervenção da justiça. O Sr. X... foi condenado a fornecer ao pai uma pensão alimentar. Mas, antes,havia tomado suas precauções: prevendo que parte de seus rendimentos poderia ser confiscada, caso se recusasse a pagar a pensão, resolveu ceder a fortuna a um tio paterno.

“O infeliz pai viu-se privado de sua última esperança. Protestou que a cessão era fictícia e que o filho tinha recorrido a ela para escapar à execução da sentença. Mas teria que o provar; o velho, porém, não dispunha de condições para intentar um processo custoso, já que lhe faltavam as coisas essenciais à vida.

“Um acontecimento imprevisto veio mudar tudo. O tio morreu subitamente, sem deixar testamento. Como não tivesse família, a fortuna reverteu, de direito, ao parente mais próximo, isto é, ao seu irmão.

“Compreende-se o resto. Hoje os papéis estão invertidos. O pai está rico e o filho pobre. O que, sobretudo, deve aumentar o desespero deste último é que não pode invocar o fato de uma cessão fictícia, pois a lei interdita formalmente esse gênero de transação.”

Dir-se-ia que se sempre fosse assim com o mal, melhor seria compreendida a justiça do castigo; sabendo o culpado por que é punido, saberia do que se deve corrigir.

Os exemplos de castigos imediatos são menos raros do que se pensa. Se se remontasse à fonte de todas as vicissitudes da vida, ver-se-ia, aí, quase sempre, a conseqüência natural de alguma falta cometida. A cada instante recebe o homem terríveis lições, das quais, infelizmente, bem poucos tiram proveito. Enceguecido pela paixão, não vê a mão de Deus, que o fere; longe de acusar-se por seus próprios infortúnios, põe a culpa na fatalidade e na má sorte; irrita-as muito mais do que se arrepende. Aliás, não nos surpreenderíamos se o filho, do qual se fala acima, em vez de ter reconhecido seus erros para com o pai, em lugar de lhe ter dispensado melhores sentimentos, passasse a lhe devotar maior animosidade. Ora, o que pede Deus ao culpado? O arrependimento e a reparação voluntária.

Para o animar a isto multiplica à sua volta, durante a vida inteira, todas as formas de advertências: desgraças, decepções, perigos iminentes; numa palavra, tudo o que é próprio a fazê-lo refletir. Se, a despeito disto, seu orgulho resiste, não é justo que seja punido mais tarde? É grave erro pensar que o mal possa ficar impune, uma ou outra vez, na vida atual. Se se soubesse tudo quanto acontece ao mau, aparentemente o mais próspero, ficar-seia convencido da verdade de que não há uma única falta nesta vida, uma só inclinação má, dizemos mais, um só mau pensamento que não tenha sua contrapartida. Daí a conseqüência que, se o homem aproveitasse os avisos que recebe, se se arrependesse e reparasse desde esta vida, teria satisfeito à justiça de Deus e não mais teria de expiar, nem de reparar, seja no mundo dos Espíritos, seja em nova existência. Se há, pois, os que nesta vida sofrem o passado de sua precedente existência, é que devem pagar uma dívida que não saldaram. Se o filho em questão morrer na impenitência, sofrerá, primeiramente, no mundo dos Espíritos, o castigo do remorso; sofrerá moralmente o que fez sofrer materialmente; será um Espírito infeliz, porque terá violado a lei que lhe dizia: Honra teu pai e tua mãe. Mas Deus, que é soberanamente bom e, ao mesmo tempo, soberanamente justo, permitirá que ele reencarne para reparar; talvez lhe dê o mesmo pai e, em sua bondade, lhe poupe a humilhante lembrança do passado; mas o culpado trará consigo a intuição das resoluções que tiver tomado, a vontade de fazer o bem,ao invés do mal; será a voz da consciência que lhe ditará a conduta. Depois, quando retornar ao mundo dos Espíritos, Deus lhe dirá: Vem a mim, meu filho, tuas faltas estão apagadas. Mas, se falhar nessa nova prova, terá de recomeçar, até que se tenha despojado inteiramente do homem velho.

Deixemos, pois, de ver nas misérias que sofremos pelas faltas de uma existência anterior um mistério inexplicável e digamos que de nós depende evitá-las, obtendo nosso perdão desde esta vida. Depois de saldar nossas dívidas, Deus não nos fará
pagá-las segunda vez; mas se permanecermos surdos às suas advertências, então exigirá até o último ceitil, ainda que após vários séculos ou milhares de anos. Para isto não exige vãos simulacros,mas a reforma radical do coração. A morada dos eleitos só é aberta aos Espíritos purificados; qualquer mácula lhes interdita o acesso. Cada um pode pretendê-lo; compete a todos fazer o que a isto for necessário e lá chegar, mais cedo ou mais tarde, conforme seus esforços e sua vontade. Mas jamais dirá Deus a alguém: Não te purificarás!

UMA VINGANÇA

Escrevem de Marselha:

“O Sr. X..., um dos mais distintos negociantes de nossa cidade e por todos estimado, acaba de dar um tiro de pistola no vigário de Saint-Barnabé. Segunda-feira última o Sr. X... ficou sabendo, através de uma carta anônima, que sua esposa mantinha relações íntimas com aquele padre. Deram-lhe os mais minuciosos detalhes, que não deixavam margem a dúvidas quanto à magnitude de sua infelicidade. Chegou em casa, fez um inquérito junto aos empregados: camareira, criados, jardineiro, cocheiro, etc; todos confessaram o que sabiam. A intriga já durava quinze meses. O Sr.X... era alvo da zombaria de todo o quarteirão e o único a não suspeitar de coisa alguma. Foi depois desse inquérito que atirou contra o vigário.” (Siècle de 7 de junho de 1864.)

Quem é mais culpado neste triste caso? A mulher, o marido ou o padre? A mulher que, seduzida por piedosos sofismas, provavelmente se julgava desculpada pelo quilate do cúmplice e se tranqüilizara pela esperança de uma absolvição fácil? O marido que, cedendo a uma reação de indignação, não pôde dominar sua cólera? Ou o padre que, de sangue-frio, com premeditação, violou seus votos, abusou de seu caráter, iludiu a confiança para lançar a desordem, o desespero e a desunião numa família honrada? A consciência pública pronunciou o seu veredicto. Mas, excetuando-se o fato material, há considerações da mais alta gravidade.

Uma filosofia de consciência elástica poderia, talvez,encontrar uma desculpa no arrastamento das paixões e se limitasse a censurar os votos imprudentes. Admitamos, se quiserem, não uma escusa, mas uma circunstância atenuante aos olhos dos homens carnais e não ficará menos um abuso de confiança e do ascendente que o culpado hauria de sua qualidade; o fascínio que exercia sobre a vítima, protegido no seu hábito sagrado: aí está a falta, aí está o crime que, se não fosse punido pela justiça dos homens, sê-lo-ia certamente pela de Deus.

Ora, quinze meses eram mais que suficientes para darlhe tempo de refletir e de voltar ao sentimento de seus deveres. Que fazia ele no intervalo? Ensinava à juventude as verdades da religião;pregava as virtudes do Cristo, a castidade de Maria, a eternidade das penas contra os pecadores; absolvia ou retinha as faltas alheias,conforme seu próprio julgamento. E ele, o refratário aos mandamentos de Deus, que condenam o que ele fazia, era o dispensador infalível da inflexível severidade ou da misericórdia de Deus! É um caso isolado? Ah! a História de todos os tempos aí está a provar o contrário. Aqui fazemos abstração do indivíduo, para
não ver senão um princípio que dá lugar à incredulidade e mina secretamente o elemento religioso. O poder absolutório do sacerdote, dizem, independe de sua conduta pessoal. Seja; não discutiremos este ponto, embora pareça estranho que um homem que, por suas infâmias, merece o inferno, possa abrir ou fechar as portas do paraíso a quem lhe aprouver, quando muitas vezes os excessos lhe tiram completamente a lucidez das idéias. Se o temor das penas eternas não detém na via do mal e na violação dos mandamentos de Deus aqueles que os preconizam, é que eles próprios nelas não crêem. A primeira condição para inspirar
confiança seria pregar pelo exemplo.


Estudos Paltalk: Memórias de um suicida–Cap 1–Parte 1

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Pais vegetarianos são processados após morte de bebê por raquitismo agudo

Pais vegetarianos são processados após morte de bebê por raquitismo agudo

Os pais vegetarianos de um bebê de cinco meses que morreu de raquitismo agudo estão respondendo à acusação de homicídio em um tribunal em Londres.

Nkosiyapha Kunene, de 36 anos, e Virginia Kunene, 32, nasceram no Zimbábue e moravam no sudeste de Londres. O filho deles, Ndingeko Kunene, morreu no dia 14 de junho de 2012.

Eles se declararam culpados da acusação de homicídio culposo - quando não há a intenção de matar.

Segundo o jornal britânico Daily Telegraph, acredita-se que o casal seguia uma dieta ovo-lacto-vegetariana. - que permite o consumo de leite e ovos, mas não de carnes.

"Devido à dieta (que Virginia Kunene) seguiu, a criança ficou doente", disse o promotor do caso, Richard Whittam, acrescentando que este foi um "caso trágico".

Não foram revelados detalhes sobre a alimentação dada ao bebê.

O juiz, Rabinder Singh, afirmou que está "analisando todas as opções" antes de proferir a sentença.

"A gravidade do crime pelo qual a vida de um bebê foi perdida é clara para todos", disse ele em uma audiência na segunda-feira.

Os dois estão respondendo ao julgamento sob liberdade condicional.

O raquitismo é uma doença que afeta o desenvolvimento dos ossos, deixando-os fracos, e é causada por uma deficiência de vitamina D e cálcio.

A causa da doença é uma dieta pobre em nutrientes ou alguma outra doença que afete como as vitaminas e minerais são absorvidos pelo corpo.

O raquitismo costumava ser comum no passado, mas a doença quase desapareceu nos países ocidentais devido à adição de vitamina D a alimentos como cereais e margarina.

Qualquer criança pode sofrer de raquitismo, mas crianças de pele escura (já que é necessária uma quantidade maior de luz solar para conseguir vitamina D) e crianças prematuras são mais suscetíveis à doença.

Notícia publicada na BBC Brasil, em 28 de janeiro de 2014.

Raphael Vivacqua Carneiro* comenta

Este caso enseja muitas reflexões e atenção de todos, pelos fatores que levaram ao seu trágico desfecho. Nenhum sofrimento deve ser em vão; tudo deve gerar aprendizado aos homens, para que o mal não se repita e a luz prevaleça.

O casal Kunene é adepto fervoroso da Igreja Adventista do Sétimo Dia, cujas crenças incluem a adoção da alimentação mais saudável possível e a abstenção dos alimentos considerados “imundos” pelas Escrituras. A igreja possui 150 anos de existência e 18 milhões de adeptos, sendo a maioria praticante da dieta ovo-lacto-vegetariana.

Não há correlação entre a ocorrência de casos de raquitismo e a prática da dieta ovo-lacto-vegetariana, por uma razão simples: a causa mais comum de raquitismo é a deficiência grave de vitamina D, a qual auxilia a absorção de cálcio pelo organismo. A gema de ovo e os laticínios são fontes ricas de vitamina D; além disso, os laticínios e certos vegetais são fontes ricas de cálcio. É lógico, portanto, que uma dieta à base de vegetais, ovos, leite e derivados não poderia ser causa de raquitismo.

O bebê Kunene faleceu aos cinco meses de vida e era alimentado com leite materno; os nutrientes que ingeria eram provenientes do organismo da sua mãe. Ela seguia uma dieta “vegana”, mais rigorosa do que a ovo-lacto-vegetariana, e possuía deficiência de vitamina D em seu organismo. Essa deficiência não foi diagnosticada a tempo de evitar o drama.

A dieta vegana é constituída apenas por alimentos de origem vegetal; não admite ovos, nem laticínios, nem mesmo mel de abelha. Esta dieta vem ganhando popularidade; estima-se que o número de veganos nos Estados Unidos seja de 1% da população, ou seja, três milhões de pessoas. A dieta é viável em todas as fases da vida, embora exija um bom planejamento para assegurar as fontes de nutrientes importantes, como as vitaminas D e B12, ferro e ômega 3. Um dos recursos utilizados é o consumo de alimentos com suplementos nutricionais, como, por exemplo, margarinas e cereais enriquecidos com vitamina D. Pelo que se deduz, Virginia Kunene não possuía um planejamento alimentar eficiente.

O fato que mais chocou a opinião pública e influenciou o julgamento do caso Kunene foi o comportamento dos pais. Desde o seu nascimento, o bebê Kunene apresentou problemas médicos. Mesmo assim, a mãe não compareceu ao check-up médico marcado para ocorrer dois meses após o parto. Aos três meses de vida, o casal sabia que o filho não estava bem, mas preferiu apenas rezar pela sua saúde, em vez de buscar tratamento médico. No dia fatídico, o pai, que é enfermeiro de profissão, notou que o filho estava passando mal e, mais uma vez, recusou-se a chamar o socorro médico. Em vez disso, apenas orou. Ele acreditava que recorrer aos médicos seria um pecado, uma demonstração de pouca fé, uma vez que a vida ou a morte do seu filho seria determinada pela vontade de Deus.

Diante de tal negligência movida pelo fanatismo religioso, a justiça britânica condenou o casal a três anos de prisão, por crime de homicídio culposo. O juiz declarou que o direito de alguém seguir uma religião não pode sobrepujar o direito à vida, principalmente a de uma criancinha indefesa.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia declarou que a visão religiosa dos Kunene é muito extrema e não reflete a doutrina pregada pela instituição. Eles não estavam praticando a alimentação recomendada pelos adventistas. Além disso, a igreja sempre aconselha os seus membros a buscarem conselhos médicos. Afirma ainda que as pesquisas dos institutos de saúde pública norte-americanos constataram que os adventistas constituem um dos grupos de pessoas de maior longevidade, o que confirma os benefícios da dieta vegetariana.

O que diz o Espiritismo sobre todo este caso? No que se refere à alimentação, a Doutrina Espírita é bem flexível, ao afirmar que a lei divina prescreve que o homem se alimente conforme exija o seu organismo, para que mantenha as suas forças e a sua saúde, e possa cumprir a lei do trabalho. É permitido ao homem alimentar-se de tudo o que não lhe prejudique a saúde.

Entretanto, outros autores espirituais posteriormente aprofundaram o pensamento acerca deste tema. Tudo nos é lícito; porém nem tudo nos convém. O Espírito André Luiz, na obra “Missionários da Luz”, reproduz uma fala do seu instrutor Alexandre, em que critica o hábito de consumo de carne a pretexto de buscar recursos proteicos. Segundo ele, os homens esquecem-se de que a sua inteligência, tão fértil na descoberta de comodidade e conforto, teria recursos de encontrar novos elementos e meios de incentivar os suprimentos proteicos ao organismo, sem recorrer às indústrias da morte dos animais. Afirma ainda que tempos virão em que o estábulo, assim como o lar, será também sagrado. Na obra “O Consolador”, o Espírito Emmanuel, mentor de Chico Xavier, afirma que a ingestão de vísceras dos animais é um erro de enormes consequências. Segundo ele, haverá novos tempos, em que os homens poderão dispensar da alimentação os despojos sangrentos de seus irmãos inferiores. Na obra “Cartas e Crônicas”, o Espírito Irmão X, pseudônimo de Humberto de Campos, recomenda diminuirmos a volúpia de comer a carne dos animais. Segundo o autor, o “cemitério da barriga” é um tormento, após a transição para além-túmulo.

No que se refere à prática da oração, a Doutrina Espírita é muito favorável. A prece é considerada a manifestação de uma lei natural, um sentimento inato, que aproxima a criatura ao Criador pela elevação do pensamento, com o propósito de louvar, pedir e agradecer. A prece torna melhor o homem, porque aquele que ora com fervor e fé se faz mais forte contra as tentações e se predispõe a receber o socorro dos bons Espíritos.

A aceitação dos desígnios de Deus também é uma conduta espírita. Chegado o momento da morte, a ele não podemos nos furtar. Entretanto, jamais devemos descuidar de tomar as precauções para evitar as ameaças à vida. Segundo ensinam os Espíritos benfeitores, frequentemente as precauções que tomamos são justamente sugeridas por eles, com a finalidade de evitar a morte que nos ameaça. É um dos meios empregados pela Providência divina para que a morte não ocorra.

Na página inicial da obra “O Evangelho segundo o Espiritismo”, Allan Kardec estampou a máxima que talvez represente o aspecto mais libertador da Doutrina Espírita: “Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade”. A dieta alimentar escolhida pela família Kunene e a sua manifestação de fé por meio da oração e da resignação não merecem qualquer ressalva, do ponto de vista espírita. O aspecto mais importante deste episódio, contra o qual todos devemos nos precaver, é a fé cega, reflexo da ignorância e do fanatismo religioso.

A fé cega aceita, sem verificação, tanto o verdadeiro como o falso, e a cada passo se choca com a evidência e a razão. Levada ao excesso, produz o fanatismo. Assentada no erro, cedo ou tarde desmorona. Ainda existem homens que resistem à divina lei do progresso. Serão arrastados pela força dos acontecimentos. Apesar de encararem as coisas de pontos de vista distintos, Ciência e Religião não se repelem mutuamente; ao contrário, complementam-se.

* Raphael Vivacqua Carneiro é engenheiro e mestre em informática. É palestrante espírita e dirigente de grupo mediúnico em Vitória, Espírito Santo. É um dos fundadores do Espiritismo.net.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

1º Ciclo de Estudos "Educação, Filosofia e Espiritualidade".

Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora (IDE-JF)

Tem início, na próxima quinta-feira (07/08), o 1º Ciclo de Estudos "Educação, Filosofia e Espiritualidade". O primeiro encontro é às 19h30, no IDE. O público-alvo são professores em atividade no ambiente escolar.

1ciclodeestudos

O Espírito Batedor de Dibbelsdorf

 R.E. , agosto de 1858, p. 340
 
(Baixa Saxônia)

Do Dr. Kerner. Traduzido do alemão pelo Sr. Alfred Pireaux

Pondo-se de lado o seu aspecto cômico, a história do Espírito batedor de Dibbelsdorf também encerra uma parte instrutiva, como ressalta das passagens de velhos documentos,publicados em 1811 pelo pregador Capelle.

No dia 2 de dezembro de 1761, às seis horas da tarde,uma espécie de martelamento que parecia vir do chão fez-se ouvir no quarto habitado por Antoine Kettelhut. Atribuindo o episódio ao seu criado, que queria divertir-se à custa da empregada, então no quarto das fiandeiras, saiu para jogar um balde de água na cabeça do gozador,não encontrando, porém, ninguém do lado de fora. Uma hora depois, o mesmo barulho recomeçou e ele imaginou que fosse causado por um rato. Assim, no dia seguinte examinou as paredes, o teto e o assoalho, não encontrando o mais leve vestígio desse animal.

À noite, o mesmo barulho; considerou-se, então, a casa perigosa para servir de habitação, e as próprias criadas não mais quiseram permanecer no quarto durante o serão. Logo após o ruído cessou, para reproduzir-se cem passos adiante, na casa do Sr. Louis Kettelhut, irmão de Antoine, e com uma força inusitada. Era num canto do quarto que se manifestava a coisa batedora.

Por fim, o fenômeno se tornou suspeito aos camponeses,vindo o burgomestre a dar parte à justiça que, de início, não quis ocupar-se de um caso que considerava ridículo. Contudo, em face das insistentes pressões dos habitantes, alguém da justiça se dirigiu a Dibbelsdorf no dia 6 de janeiro de 1762, para examinar o fato com maior atenção. Demolidos as paredes e os tetos, nenhum resultado se obteve; a família Kettelhut jurou não ter absolutamente nada a ver com aquela coisa estranha.

Até então, não se havia conversado ainda com o batedor.
Armando-se de coragem, um indivíduo de Naggam pergunta: Espírito batedor, estás aqui? E um golpe se fez ouvir. – Podes dizer como me chamo? Entre diversos nomes designados, o Espírito bateu o nome do interlocutor. – Há quantos botões em minha roupa? 36 golpes foram dados. Os botões foram contados, havendo justamente 36.

A partir desse momento, a história do Espírito batedor espalhou-se nas redondezas, fazendo com que centenas de moradores de Brunswick se dirigissem à noite a Dibbelsdorf, assim como ingleses e uma porção de curiosos estrangeiros. A multidão tornou-se tão numerosa que a milícia local não a podia controlar. Os camponeses tiveram que reforçar a guarda da noite, não se permitindo entrar os visitantes senão uns após os outros.

Essa afluência de pessoas pareceu excitar o Espírito a manifestações mais extraordinárias ainda, evoluindo para determinadas formas de comunicação que atestavam a sua inteligência. Jamais se atrapalhou nas respostas: desejava-se saber o nome e a cor dos cavalos estacionados defronte da casa? Ele o indicava com precisão; abria-se um livro de canto, colocava-se o dedo ao acaso sobre uma página e perguntava-se o número do trecho de música, desconhecido até mesmo do próprio interlocutor: logo, uma série de golpes indicava perfeitamente o número designado. O Espírito não fazia esperar sua resposta, que se seguia imediatamente após a pergunta. Também dizia quantas pessoas havia no quarto, quantas estavam do lado de fora, designando a cor dos cavalos, das roupas,a posição e a profissão das pessoas. Entre os curiosos encontrava-se um dia um homem de Hettin, completamente desconhecido em Dibbelsdorf e morando há pouco tempo em Brunswick. Pediu ao Espírito o local de seu nascimento e, a fim de o induzir em erro, citou grande número de cidades; quando chegou ao nome de Hettin, um golpe se fez ouvir. Um burguês astuto, imaginando pegar o Espírito em falta, perguntou-lhe quantas moedas possuía em seu bolso, tendo sido respondido 681, seu número exato. A um confeiteiro, disse quantos biscoitos tinha feito pela manhã; a um comerciante,quantas medidas de fita havia vendido na véspera; a um outro, o total de dinheiro recebido na antevéspera pelo Correio. Era de humor bastante alegre, batendo à medida que se desejasse e, algumas vezes, tão forte que o ruído era ensurdecedor. Durante o jantar, à noite, e após as orações, ele bateu Amém. Esse sinal de devoção não impediu que um sacristão, revestido de um grande hábito de exorcista, tentasse desalojar o Espírito de seu canto; a conjuração, porém, fracassou.

O Espírito nada temia, mostrando-se tão sincero nas respostas ao duque reinante Charles e a seu irmão Ferdinand quanto a qualquer outra pessoa de menor condição. A história tomou, então,um rumo mais sério. O duque encarregou um médico e alguns doutores em direito para examinarem o fato. Os sábios explicaram as batidas pela presença de uma fonte subterrânea. Mandaram cavar um poço de oito pés de profundidade e naturalmente encontraram água, considerando-se que Dibbelsdorf está situada em região baixa;a água que jorrou inundou o quarto, mas o Espírito continuou a bater em seu canto habitual. Os homens de ciência imaginaram, então, que estavam sendo vítimas de uma mistificação, concedendo ao doméstico a honra de tomar o lugar daquele Espírito tão bem instruído. Sua intenção era enfeitiçar a criada. Todos os habitantes do vilarejo foram convidados a ficar em casa, num dia determinado; o doméstico foi mantido à vista, porque, segundo a opinião dos sábios,devia ser o culpado; mas o Espírito respondeu novamente a todas as perguntas. Reconhecido inocente, o serviçal foi posto em liberdade. A justiça, porém, queria um autor para o delito, acusando o casal Kettelhut pelo barulho de que se queixavam, embora fossem pessoas benevolentes, honestas e irrepreensíveis em todas as coisas e tivessem procurado as autoridades desde o início das manifestações. Por meio de promessas e ameaças, uma jovem foi forçada a testemunhar contra seus patrões. Em conseqüência, foram eles presos, malgrado as retratações posteriores da mocinha e a confissão formal de que suas primeiras declarações eram falsas e lhe foram arrancadas pelos juízes. O Espírito continuou a bater; mesmo assim,o casal Kettelhut foi mantido na prisão durante três meses, sendo libertados sem indenização após o término desse prazo, muito embora os membros da comissão assim tivessem concluído o seu relatório: “Todos os meios possíveis para descobrir a causa do barulho foram infrutíferos; talvez o futuro nos esclareça algo a respeito.” – O futuro ainda nada ensinou.

O Espírito batedor manifestou-se desde o início de dezembro até março, época em que deixou de se fazer ouvir. Voltaram a pensar que o criado já incriminado devia ser o autor de todas essas peças de mau gosto; contudo, como poderia ter-se livrado das armadilhas estendidas pelos duques, juízes e tantas outras pessoas que o interrogaram?

Observação – Se quisermos nos referir à data em que se passaram as coisas que acabamos de narrar, e compará-las às que ocorrem em nossos dias, encontraremos uma identidade perfeita na maneira das comunicações e, até mesmo, na natureza das perguntas e respostas. Nem a América, nem nossa época descobriram os Espíritos batedores, da mesma forma que não descobriram os outros Espíritos, como o demonstraremos por inúmeros fatos autênticos, mais ou menos antigos. Há, todavia, entre os fenômenos atuais e os de outrora uma diferença capital: estes últimos eram quase todos espontâneos, ao passo que os nossos se produzem quase à vontade de certos médiuns especiais. Essa circunstância permitiu melhor estudá-los e aprofundar-lhes a causa. A essa conclusão dos juízes: “Talvez o futuro nos esclareça algo a respeito”, hoje o autor não responderia – O futuro ainda nada ensinou. Vivesse esse autor e saberia que o futuro, ao contrário, ensinou tudo e, mais esclarecida do que há um século, a justiça de nossos dias, a propósito das manifestações espíritas,não cometeria os equívocos que recordam os cometidos na Idade Média. Nossos próprios sábios já penetraram bastante os mistérios da Natureza para não se deixarem levar pelas coisas desconhecidas; têm sagacidade suficiente para não se exporem, como fizeram seus antecessores, aos desmentidos da posteridade, em detrimento de sua reputação. Se algo desponta no horizonte, não se apressam em dizer: “Não é nada”, por temer que esse nada seja um navio. Se não o vêem, calam-se e esperam: eis aí a verdadeira sabedoria.

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domingo, 3 de agosto de 2014

Seminário: 150 anos de O Céu e o Inferno–RS

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O que cada livro representa

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O LIVRO DOS ESPÍRITOS resume toda a Doutrina, enquanto os demais se dedicam a assuntos especializados, oriundos da necessidade de desdobramento de cada uma das partes de O Livro dos Espíritos.

O LIVRO DOS MÉDIUNS tem sua fonte na segunda parte de O Livro dos Espíritos. Trata da parte experimental da doutrina. Trata do gênero de todas as manifestações, da educação da mediunidade e das dificuldades e tropeços que ocorrem na prática do Espiritismo.
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO é decorrência da terceira parte de O Livro dos Espíritos. Seu conteúdo sintetiza as explicações das máximas morais do Cristo em concordância com o Espiritismo e suas aplicações às diversas circunstâncias da vida.
O CÉU E O INFERNO contém o exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal para a vida espiritual, as penas e recompensas futuras, os anjos e os demônios, as penas eternas etc., seguido de numerosos exemplos sobre a situação real da alma, durante e após a morte. Decorre da quarta parte de O Livro dos Espíritos, e coloca ao nosso alcance o mecanismo da Justiça Divina, em consonância com o princípio evangélico: "A cada um segundo as suas obras".
A GÊNESE, os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo trata dos problemas genésicos e da evolução física da Terra. Abrange as questões da formação e desenvolvimento do globo terreno e as referentes a passagens evangélicas e bíblicas. Explica, à luz da razão, os milagres do Evangelho.
Além dos cinco livros acima, Kardec escreveu também: O que é o Espiritismo (1859); O Espiritismo em sua Expressão Mais Simples (1862); Viagem Espírita (1862); Obras Póstumas (1.ª edição — 1890); Revista Espírita, periódico mensal (1.ª edição — 1.º de janeiro de 1858)


Grupo de Estudos Amigos de Chico Xavier

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