quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Comentário de música - Pulsos (Pitty)

Pulsos(Pitty)

E um dia se atreveu
A olhar pro alto
Tinha um céu mas não era azul
No cansaço de tentar, quis desistir
Se é coragem eu não sei.

Tenta achar que não é assim tão mal
Exercita a paciência
Guarda os pulsos pro final
Saída de emergência. (2X)

E um dia decidiu, quis terminar
Só mais um gole, duas linhas horizontais
Sem a menor pressa,
Calculadamente
Depois do erro, a redenção!

Tenta achar que não é assim tão mal
Exercita a paciência
Guarda os pulsos pro final
Saída de emergência. (4X)

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“{Des}concerto” é o primeiro álbum ao vivo da discografia de Pitty, cantora baiana, gravado em julho de 2007. Como carro chefe do CD, a música Pulsos (acima), tocada nas rádios e sempre presente nos programas de tv e sites de videoclips, arrebatou e continua conquistando fãs com sua batida contagiante e sua letra transpirando rebeldia. Não há dúvidas de que é um sucesso para quem aprecia o gênero, mas é importante ir além das aparências para compreender sua mensagem.

Desde seu lançamento, veem-se em blogs e nos espaços das páginas pessoais e comunidades no Orkut versos desta música, onde jovens gritam, tomados pelo embalo da melodia e por um sentimento de insatisfação com a vida que têm: “Tenta achar que não é assim tão mal... Exercita a paciência... Guarda os pulsos pro final... Saída de emergência”.

A Psicologia há muito tempo se dedica ao estudo do comportamento dos adolescentes devido às complexas mudanças físicas, sociais e psíquicas que inevitavelmente experimentam. Acompanhando essas transformações, vêm com alguma regularidade conflitos atribuídos a relacionamentos difíceis nos mais diversos grupos em que estão inseridos, como a família, amigos, colegas de escola, etc, além das inevitáveis cobranças e sonhos frustrados que completam esse cenário, mas que, aos poucos, vão sendo resolvidos.

Pelas atitudes, a linguagem mais expressiva que utilizam, manifestam suas opiniões a respeito de si mesmos, do seu habitat e da própria vida. São roupas, linguajar, adereços e tatuagens, hábitos e condutas que, quando bem interpretados, revelam ideias e tendências que geralmente ficam protegidas do mundo exterior. Até aqui, observamos um processo natural por que todos passam, passaram ou passarão na jornada da vida.

Em casos mais perturbadores, entretanto, quando se vê diante de situações de maior dificuldade, trazendo tantas dúvidas e sem as respostas que tanto deseja, o jovem poderá recorrer a alguns recursos para aliviar seu sofrimento, como fazer uso de drogas, apresentar um quadro depressivo, manifestar ideias suicidas, tentar o suicídio ou até se destruir efetivamente.

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Taxa de suicídio no Brasil aumentou nos últimos anos

O novo Mapa da Violência divulgado pelo Ministério da Justiça mostra que a taxa de suicídio no Brasil tem se elevado nos últimos anos, mais ainda entre os jovens com idades entre 15 e 24 anos, passando de 4,0 por 100 mil habitantes em 2000 para 4,7 em 2005.

Essa diferença é substancial porque os números apontam para taxas juvenis 45% superiores as dos adultos, bem diferente de outras regiões do mundo, como Ásia e a Europa, onde o suicídio apresenta-se como fenômeno específico de pessoas com mais idade.

Veja na íntegra o artigo acima publicado no site http://www.abril.com.br/noticias/ciencia-saude/taxa-suicidio-brasil-aumentou-ultimos-anos-408097.shtml

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O artigo citado revela a gravidade do tema, que já é motivo de grande preocupação para o governo e da sociedade.

Voltando à música, que é muito mais que um sucesso, ela mostra a simplicidade e a frieza do ato suicida, oferecendo, inclusive, um tônico estimulante e uma breve despedida – “Só mais um gole, duas linhas horizontais... Sem a menor pressa,... Calculadamente...” – como se fugir da vida fosse uma forma de solucionar os problemas do Espírito, ser imortal. No entanto, devemos tratar das consequências vindas dessa triste escolha.

Emmanuel, Espírito amigo, nos orienta: "- A primeira decepção que os aguarda (aos suicidas) é a realidade da vida que se não extingue com as transições da morte do corpo físico, vida essa agravada por tormentos pavorosos, em virtude de sua decisão tocada de suprema rebeldia. Suicidas há que continuam experimentando os padecimentos físicos da última hora terrestre, em seu corpo somático, indefinidamente. Anos a fio, sentem as impressões terríveis do tóxico que lhes aniquilou as energias, a perfuração do cérebro pelo corpo entranho partido da arma usada no gesto supremo, o peso das rodas pesadas sob as quais se atiraram na ânsia de desertar da vida, a passagem das águas silenciosas e tristes sobre os seus despojos, onde procuraram o olvido criminoso de suas tarefas no mundo e, comumente, a pior emoção do suicida é a de acompanhar, minuto a minuto, o processo da decomposição do corpo abandonado no seio da terra, verminado e apodrecido. De todos os desvios da vida humana o suicídio é, talvez, o maior deles pela sua característica de falso heroísmo, de negação absoluta da lei do amor e de suprema rebeldia à vontade de Deus, cuja justiça nunca se fez sentir, junto dos homens, sem a luz da misericórdia." (Do livro “O Consolador”, de Emmanuel, ed. FEB, pergunta 154)

Sem mais para detalhar o quadro ou alertar para a seriedade do tema, pois muito já foi dito para despertar nossa atenção, é fundamental que estejamos conscientes do amparo de Jesus e outros tantos amorosos irmãos que zelam por todos nós. Nas horas mais difíceis, roguemos pelo Amparo Divino que jamais ignora um pedido de ajuda. Contemos, também, com nossa família e amigos que nos apoiam em nossa caminhada.

Quanto aos pulsos, devemos fortalecê-los para que, junto das mãos, sejam instrumentos de trabalho na senda do amor e da caridade, atitude que renova o espírito e nos aproxima de Deus.
(André Luiz Rodrigues dos Santos é paulista, espírita desde 1991, militar e professor. É membro da Equipe Espiritismo.net, atuando nas áreas de Atendimento Fraterno, divulgação e estudos doutrinários no meio virtual)

3 comentários:

  1. A música, por si só e como forma de expressão, tem imenso poder de influência. Junta-se a isso o fato de, por vezes, esquecermos que as palavras também têm essa capacidade e que, se encontrarem terreno fértil em nós - quando ouvidas - poderão germinar e, assim, darem frutos de toda ordem! O que nos resta, então, acredito eu, é saber ou aprender a escolher e, como ensinou Jesus - "vigiar".

    Beijinhos!!

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  2. Maria Luiza, bem verdade o que escreveu.
    Na questão 251 de O Livro dos Espíritos, vemos que a música é algo que nos sensibiliza, podendo servir para nos
    elevar, tocar perante a criação.
    251 Os Espíritos são sensíveis à música?
    _ Quereis falar de vossa músic a? O que é ela perante a músic a c eleste c uja harmonia nada na T erra vos pode dar
    uma idéia? Uma está para a outra c omo o c anto de um selvagem está para uma suave melodia. Entretanto, Espíritos
    vulgares podem sentir um c erto prazer ao ouvir vossa músic a, porque ainda não são c apazes de c ompreender uma
    mais sublime. A músic a tem para os Espíritos enc antos infinitos, em razão de suas qualidades sensitivas bastante
    desenvolvidas. A músic a c eleste é tudo o que a imaginaç ão espiritual pode c onc eber de mais belo e mais suave.

    Alguns pesquisadores, já detectaram que a música nos afeta bastante, influenciando os pensamentos, as emoções e, confirmado também, saiu em reportagem no G.1, que para o coração e artérias também ela faz bem (ou mal). Aliás tem um comentário legal sobre essa matéria em http://www.espiritismo.net/content,0,0,957,0,0.html
    E, aí, de novo, como no comentário da notícia, entra nossas escolhas, raciocínio e espírito crítico para poder, também, saber escolher conscientemente.
    beijinhos

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  3. Sou obrigada a confessar que essa música fez parte de um período da minha vida, e tempos depois transtornada por alguns problemas pessoais a vontade de fugir de tudo aquilo era quase que incontrolável...encontrei refúgio na religião, graças uma espiritualista que me ajudou muito, e agora vi uma matéria sobre esse tema e vim pesquisar. Então me vejo em uma incógnita...Será que fui influenciada pela música?

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