terça-feira, 26 de junho de 2012

Isolamento dos corpos pesados.

Revista Espírita, fevereiro de 1858

O movimento dado aos corpos inertes, pela vontade é, hoje, tão conhecido que seria quase pueril relatar fatos desse gênero; não ocorre o mesmo quando esse movimento é acompanhado de certos fenômenos menos vulgares, tais como, por exemplo, o da suspensão no espaço. Se bem que os anais do Espiritismo, deles, cita numerosos exemplos, esse fenômeno apresenta uma tal derrogação das leis da gravidade que a dúvida parece muito natural a quem dele não tenha sido testemunha. Nós mesmos, confessamos, por habituados que estamos com as coisas extraordinárias, ficamos bem contentes em constatar-lhe a realidade. Os fatos que vamos narrar se passaram várias vezes, sob os nossos olhos, nas reuniões que tiveram lugar outrora na casa do senhor B..., rua Lamartine, e sabemos que se produziram muitas vezes em outro lugar; podemos, pois, certificá-los como incontestáveis. Eis como as coisas se passaram:

Oito ou dez pessoas, entre as quais se encontravam algumas dotadas de uma força especial, sem serem, todavia, médiuns reconhecidos, colocavam-se ao redor de uma mesa de salão, pesada e maciça, as mãos pousadas sobre a borda e todas unidas em intenção e vontade. Ao cabo de um tempo mais ou menos longo, dez minutos ou um quarto de hora, segundo as disposições eram mais ou menos favoráveis, a mesa, malgrado o seu peso de quase 100 quilos, se punha em movimento, deitando à direita ou à esquerda, sobre o soalho, se transportando para diversas partes designadas do salão, depois se erguendo, tanto sobre um pé, quanto sobre o outro, até formar um ângulo de 45 graus, se balançando com rapidez, imitando os movimentos longitudinais e laterais de um navio. Se, nessa posição, os assistentes redobravam esforços por sua vontade, a mesa se destacava, inteiramente, do solo, a 10 ou 20 centímetros de elevação, sustentando-se, assim, no espaço, sem nenhum ponto de apoio, durante alguns segundos, para cair com todo o seu peso...





O movimento dado aos corpos inertes, pela vontade é, hoje, tão conhecido que seria quase pueril relatar fatos desse gênero; não ocorre o mesmo quando esse movimento é acompanhado de certos fenômenos menos vulgares, tais como, por exemplo, o da suspensão no espaço. Se bem que os anais do Espiritismo, deles, cita numerosos exemplos, esse fenômeno apresenta uma tal derrogação das leis da gravidade que a dúvida parece muito natural a quem dele não tenha sido testemunha. Nós mesmos, confessamos, por habituados que estamos com as coisas extraordinárias, ficamos bem contentes em constatar-lhe a realidade. Os fatos que vamos narrar se passaram várias vezes, sob os nossos olhos, nas reuniões que tiveram lugar outrora na casa do senhor B..., rua Lamartine, e sabemos que se produziram muitas vezes em outro lugar; podemos, pois, certificá-los como incontestáveis. Eis como as coisas se passaram:

Oito ou dez pessoas, entre as quais se encontravam algumas dotadas de uma força especial, sem serem, todavia, médiuns reconhecidos, colocavam-se ao redor de uma mesa de salão, pesada e maciça, as mãos pousadas sobre a borda e todas unidas em intenção e vontade. Ao cabo de um tempo mais ou menos longo, dez minutos ou um quarto de hora, segundo as disposições eram mais ou menos favoráveis, a mesa, malgrado o seu peso de quase 100 quilos, se punha em movimento, deitando à direita ou à esquerda, sobre o soalho, se transportando para diversas partes designadas do salão, depois se erguendo, tanto sobre um pé, quanto sobre o outro, até formar um ângulo de 45 graus, se balançando com rapidez, imitando os movimentos longitudinais e laterais de um navio. Se, nessa posição, os assistentes redobravam esforços por sua vontade, a mesa se destacava, inteiramente, do solo, a 10 ou 20 centímetros de elevação, sustentando-se, assim, no espaço, sem nenhum ponto de apoio, durante alguns segundos, para cair com todo o seu peso.

O movimento da mesa, seu erguimento sobre um pé, seu balanço, se produziam quase à vontade, freqüentemente, várias vezes na noite, e, freqüentemente também, sem nenhum contato das mãos; só a vontade bastava para que a mesa se dirigisse para o lado indicado. O isolamento completo era mais difícil de se obter, mas, se repetiu com bastante freqüência para que possa ser considerado como um fato excepcional. Ora, isso não se passou unicamente na presença de adeptos, os quais se poderia crer muito accessíveis à ilusão, mas, diante de vinte ou trinta pessoas, dentre as quais se encontravam, algumas vezes, as que lhe eram muito pouco simpáticas, que não deixavam de supor alguma preparação secreta, sem consideração para com os senhores da casa, cujo caráter honorável deveria afastar toda suspeição de fraude, e porque, aliás, teria sido um singular prazer o de passar, todas as semanas, várias horas a mistificar uma assembléia sem proveito.

Narramos o fato em toda a sua simplicidade, sem restrições e nem exageros. Não diremos, pois, que vimos a mesa voltear no ar como uma pluma; mas, tal como ele é, esse fato não deixa de demonstrar a possibilidade do isolamento dos corpos pesados sem apoio algum, por meio de uma força até agora desconhecida. Não diremos, do mesmo modo, que basta estender a mão, ou fazer um sinal qualquer, para que, no mesmo instante, a mesa se eleve como por encanto.

Diremos, ao contrário, por ser a verdade, que os primeiros movimentos se operam, sempre, com uma certa lentidão, e não adquirem, senão gradualmente, a sua máxima intensidade. O erguimento completo não ocorria senão depois de vários movimentos preparatórios, que eram espécie de ensaio, um tipo de impulso. A força atuante parecia redobrar esforços pelo encorajamento dos assistentes, como um homem, ou um cavalo, que cumpre pesada tarefa, e que se anima com a voz e com o gesto. Uma vez produzido o efeito, tudo retornava à calma, e, por alguns instantes, nada se obtinha, como se essa mesma força tivesse necessidade de retomar fôlego.

Tivemos, com freqüência, oportunidade de citar fenômenos desse gênero, sejam espontâneos, sejam provocados, e realizados em proporções e com circunstâncias bem mais extraordinárias; mas, quando deles somos testemunhas, os relatamos, sempre, de modo a evitar toda interpretação falsa ou exagerada. Se, no fato acima relatado, tivéssemos nos contentado em dizer que vimos uma mesa de 100 quilos se elevar com o único contato das mãos, ninguém duvide que, muitas pessoas, se figurariam que se havia elevado até o teto e com a rapidez de um golpe de vista. É assim que as coisas, as mais simples, tornam-se prodígios pelas proporções que lhes empresta a imaginação. O que isso deve ser quando os fatos atravessaram os séculos e passaram pela boca dos poetas! Se se dissesse que a superstição é a filha da realidade, ter-se-ia o ar de expor um paradoxo, e, todavia, nada é mais verdadeiro; não há superstição que não repouse sobre um fundo real; tudo está em discernir onde termina uma e começa a outra. O verdadeiro meio de combater as superstições, não é o de contestá-las de modo absoluto; no espírito de certas pessoas, há idéias que não se desarraigam mais facilmente, porque têm, sempre, fatos a citar em apoio da sua opinião; ao contrário, é preciso demonstrar o que há de real; então, não resta senão o exagero ridículo, para o qual o bom senso faz justiça.

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