terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Revista Espírita: O laço do Espírito e do corpo

 Revista Espírita

Jornal de Estudos Psicológicos
Segundo Ano – 1859


O laço do Espírito e do corpo

Revista Espírita, maio de 1859

A senhora Schutz, uma de nossas amigas, que é perfeitamente deste mundo, e não parece dever deixá-lo tão cedo, tendo sido evocada durante seu sono, mais de uma vez, nos deu a prova da perspicácia de seu Espírito nesse estado. Um dia, ou melhor uma noite, depois de uma conversa bem longa, ela disse: Estou fatigada; tenho necessidade de repouso; eu durmo; meu corpo dele tem necessidade.
Sobre isso se lhe fez esta pergunta: Vosso corpo pode repousar; falando-vos, eu não o altero; é vosso Espírito que está aqui, e não o vosso corpo; podeis, pois, conversar comigo, sem que este sofra com isso. Ela respondeu:
"Estais errado crendo isso; meu Espírito se desliga bem pouco do meu corpo, mas é como um balão cativo retido por cordas. Quando o balão recebe os abalos ocasionais pelo vento, o poste que o mantém cativo sente a comoção dos abalos transmitidos pela amarração. Meu corpo está no lugar do poste, com a diferença que ele experimenta sensações desconhecidas ao poste, e que essas sensações cansam muito o cérebro; eis porque meu corpo, como meu Espírito, têm necessidade de repouso."
Esta explicação, na qual nos declarou que, durante a vigília, ela não havia jamais sonhado, mostra perfeitamente as relações que existem entre o corpo e o Espírito, quando este último goza de uma parte de sua liberdade. Sabemos muito bem que a separação absoluta não ocorre senão depois da morte, e mesmo algum tempo depois da morte, mas essa ligação não nos fora pintada com uma imagem tão clara e tão surpreendente; também felicitamos sinceramente essa senhora por tanto espírito que tinha enquanto dormia. Isso, todavia, não nos pareceria senão uma engenhosa comparação, quando recentemente essa figura tomou proporção de realidade. - O senhor R..., antigo ministro residente nos Estados Unidos, junto ao rei de Nápoles, homem muito esclarecido sobre o Espiritismo, vindo nos ver, perguntou-nos se, nos fenômenos de aparição, nunca havíamos observado uma particularidade distintiva entre o Espírito de uma pessoa viva e o de uma pessoa morta; em uma palavra, se quando um Espírito aparece espontaneamente, seja durante a vigília, seja durante o sono, temos um meio de reconhecer se a pessoa está morta ou viva. Sobre nossa resposta de que disso não conhecemos além do que perguntá-lo ao Espírito, ele nos disse conhecer na Inglaterra um médium vidente, dotado de um grande poder, que, cada vez que o Espírito de uma pessoa viva se apresentava a ele, notava um rastro luminoso, partindo do peito, atravessar o espaço sem ser interrompido pelos obstáculos materiais, e indo chegar ao corpo, espécie de cordão umbilical, que une as duas partes momentaneamente separadas do ser vivo. Ele jamais notou quando a vida corpórea não existe mais, e é por esse sinal que reconhece se o Espírito é de uma pessoa morta ou ainda viva.
A comparação da senhora Schutz nos veio ao pensamento, e dela encontramos a confirmação do fato que acabamos de narrar. Faremos, todavia, uma nota a esse respeito.
Sabe-se que no momento da morte a separação não é brusca; o perispírito não se desliga senão pouco a pouco, e enquanto dure a perturbação, ele conserva uma certa afinidade com o corpo. Não seria possível que o laço observado pelo médium vidente, do qual acabamos de falar, subsistisse ainda quando o Espírito aparece no próprio momento da morte, ou pouco instantes depois, como isso ocorre freqüentemente? Nesse caso, a presença desse cordão não seria um indício de que a pessoa está viva. O senhor R... não pôde nos dizer se o médium fez essa anotação. Em todos os casos, a observação não é menos importante, e lança uma nova luz sobre isso que podemos chamar a fisiologia dos Espíritos.

(enviado por JoellSilva via email)

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