sexta-feira, 25 de julho de 2014

Projeto: "A gente se ajuda!"

Projeto: "A gente se ajuda!"

Comecei a escrever esse post faz tempo, mas por falta da tal inspiração, acabei deixando-o guardadinho em forma de rascunho. Hoje, porém, eis-me aqui...

Malu

"A gente se ajuda!": O que é?

É um projeto desenvolvido pelo blog "Educar para Transformar" numa tentativa de abrir um espaço de debate e combate a um mal que, apesar do conhecimento que já se tem a seu respeito, ainda é muito ignorado. Sim, a sociedade ainda não se deu conta do quanto esse mal é prejudicial, por isso, se aqui você já percebeu que o "A gente se ajuda" está relacionado ao bullying e as suas - dolorosas - consequências, acho que não é demais a gente te dá parabéns!

Falei no início do post que ainda não o tinha escrito por falta de inspiração, mas isso não chega a ser de todo uma verdade. O fato é que falar sobre esse assunto ia ser buscar dentro de mim algumas lembranças bem difíceis, e eu não tinha certeza se queria falar sobre elas aqui...

A primeira vez em que ouvi falar sobre bullying foi assistindo uma das temporadas de Malhação. Não consigo lembrar em qual delas, mas acho que foi por volta dos anos de 96 ou 97. E foi nessa época que descobri que aquilo que eu vivenciava na escola desde a primeira série tinha um nome; que aquelas brincadeiras não eram brincadeiras de mau gosto, ou coisas de meninos mal educados; que toda aquela zoação não acontecia só comigo...

Sim, a vida imita a arte, ou seria o contrário? Não importa. O fato é que justo nessa época da Malhação, eu tinha acabado de viver o ano mais difícil da minha vida escolar (5º item desse post). Por livre e espontânea pressão tive de trocar de escola, e foi lá que a minha vidinha que até então transcorria tranquila desde a quarta serie, virou simplesmente um caos. Passei a fazer aniversário na sexta-feira 13, com direito a parabéns e tudo. Ganhei irmãos novos, dentre eles o Fred Gruguer e os Gremlins. Eu estava na sexta série, tinha doze anos, e não era mais a criancinha que as tias colocavam no colo, não tinha mais a irmã maior estudando na sala ao lado... E os meninos, bom, esses já eram espertos o bastante para não se deixarem correr o risco de uma punição.

Foi assim que vivi tudo aquilo ao meu modo, calada. Não revidava uma ofensa, não respondia a uma gozação. Muitas vezes me forçava a rir  junto com eles, das piadas que eles faziam e  que posteriormente ficavam me ferindo por dentro. Eu que já tinha passado por uma experiência semelhante na infância, estava me vendo na mesma situação em pleno início da adolescência, o que só complicava toda a situação...

Falem o que quiserem, mas sem superestimar essa experiência, eu sinto que só quem a vivencia sabe o quanto ela é difícil. Como fica a cabeça de uma criança que não é aceita entre aqueles que, para ela, viriam a ser seus amigos? Como se sente uma adolescente que é diariamente apontada, discriminada e rejeitada pelo fato de ser simplesmente aquilo que ela é? Não se trata aqui de falar para ela não dar importância... Ela não quer, acredite. Mas, se passar por isso todos os dias, ela vai se importar sim, porque as palavras são perenes, e as palavras tem poder.

Hoje, no momento em que escrevo isso, vejo que as coisas poderiam ter sido diferentes. Quem sabe se em vez de calar, eu tivesse reagido? Se em vez de negar o fato de que tudo aquilo me magoava, eu tivesse sido bem clara, tanto na escola como em casa? Meu erro foi me esconder dentro de mim mesma, foi esperar uma ajuda que eu não pedia, mas que graças a Deus me veio na hora exata. Minha mãe enxergando além acabou dando um basta na situação. E, pra resumir a história, aqueles meninos que infernizaram minha vida durante quase um ano, no fim, acabaram se tornando alguns dos meus bons amigos.

Sei que tive sorte, apesar de tudo. Sei que o que a maioria das pessoas julga como brincadeira de criança, imaturidade de adolescente, pode vir a ter consequências terrivelmente dolorosas. Bullying é agressão, gente. E uma das piores que existe. Do mesmo modo que eu não falei o que estava acontecendo, muitas crianças e adolescentes também não falam, e é nesse silêncio que mora o perigo. Não foram poucas as tragédias que a mídia já noticiou que, quando investigadas mais a fundo, tiveram como ator principal uma pessoa que foi vítima de bullying. Esse fato não justifica, óbvio, mas explica e serve de alerta. Evitar esse mal eu penso, portanto, ser uma tarefa de todos.

 

Malu – Oxigeneando-Me -  http://letras-e-suspiros.blogspot.com.br/2014/07/projeto-gente-se-ajuda.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário