---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Breno Henrique de Sousa
Repassando...
-------- Mensagem original --------
Em Segunda-feira, 4 de Agosto de 2014 12:20, Emmanuel Alves escreveu:
DIÁLOGO ENTRE UM PASSISTA E UM MAGNETIZADOR
Adilson Mota
Dois obreiros de uma instituição espírita, ambos participantes da área de tratamento, encontraram-se casualmente num dos corredores da instituição. Conversa vai, conversa vem, acabaram falando sobre passes. Mais ou menos assim foi o diálogo entre um passista e um magnetizador:
Passista – Eu soube que você está iniciando um novo trabalho aqui na Casa. Disseram-me que é uma novidade que vem para revolucionar o Centro Espírita.
Magnetizador – Na verdade, não se trata de novidade, montamos um grupo de tratamento magnético. O grupo passou um tempo estudando e se preparando e agora vai iniciar os atendimentos ao público.
Passista – Magnetismo... para mim é uma novidade. Novas técnicas, novos procedimentos...
Magnetizador – Allan Kardec fala muito, e muito claramente sobre Magnetismo em quase todas as suas obras. O Magnetismo constitui-se naquilo que hoje se convencionou chamar de passes.
Passista – Então o trabalho que você vai iniciar é mais um grupo de passes?!
Magnetizador – Não é bem assim. Este grupo resgata as experiências dos antigos magnetizadores, aliando o seu conhecimento ao que sabemos através do Espiritismo.
O Magnetismo é uma ciência que, entre outras coisas, estuda como a energia humana influencia na saúde e na doença.
Passista – Para mim parece mais um grupo de passes.
Magnetizador – Buscamos utilizar as nossas energias não de forma empírica, mas raciocinada. Estudamos, observamos, testamos, buscando entender como funcionam essas energias, a fim de melhor utilizá-las em benefício dos doentes.
Passista – Eu sou passista há muitos anos e nunca ouvi falar que para aplicar passes precisa de tanta coisa. Basta ter boa vontade e os Espíritos fazem o resto.
Magnetizador – Kardec não especificou nas suas obras a respeito dos procedimentos magnéticos, pois existiam na época vários organismos ligados ao Magnetismo que davam conta disso. No entanto, ele citou vários requisitos necessários ao bom magnetizador...
Passista – Espere um pouquinho aí. Por que você fala magnetizador e não passista? Você está querendo criar moda, é?
Magnetizador – Allan Kardec faz mais de quatrocentas referências aos termos magnetismo e magnetizador, e nenhuma ao termo passista. Como eu disse, o Magnetismo é toda uma ciência que vai além do conhecimento referente à cura das doenças. Estuda todos os fenômenos anímicos, como sonambulismo, dupla vista, êxtase e todos os demais.
Passista – Nossa! A coisa está ficando complicada, eu nunca ouvi falar disso.
Magnetizador – São temas muito pouco estudados pela maioria de nós espíritas, mas foi alvo da atenção do Codificador que, tendo sido magnetizador por cerca de trinta e cinco anos1, possuía um amplo conhecimento do assunto. Voltando ao que eu estava falando anteriormente, Kardec citou várias condições a serem observadas e não apenas a boa vontade. Ele escreveu sobre a importância da vontade, da confiança, do conhecimento apropriado, da qualificação do fluido através da prática moral e ainda, como atrair os Bons Espíritos para nos ajudar potencializando os recursos do magnetizador.2
Passista – Eu estou vendo que não é tão simples ser magnetizador e pensei que com todo esse estudo, esse conhecimento, vocês não precisassem ou quisessem a participação dos Espíritos.
Magnetizador – É claro que queremos e precisamos. Mais uma vez, podemos buscar a informação segura fornecida por Allan Kardec e os Espíritos Superiores que o guiaram. Afirmou o Codificador que quando evocamos um Espírito que se interessa por nós e pelo doente, ele aumenta a nossa força e a nossa vontade e melhora as nossas energias para um resultado mais eficaz3.
Passista – No trabalho que eu participo valorizamos o passe espiritual, não trabalhamos com passe magnético. Acho que Magnetismo é coisa do passado, não existe mais.
Magnetizador – Olha só, meu amigo, você já deve ter lido em A Gênese, escrita por Allan Kardec, a definição de cada tipo de passe. O passe espiritual é aquele que é aplicado pelos Espíritos diretamente sobre o doente, sem intermediários. Ou seja, não exige a participação
direta de encarnados4. O desconhecimento do Magnetismo pela maioria dos espíritas da atualidade não significa que esteja ultrapassado. Seria dizer que Kardec também está ultrapassado, já que ele ressaltou a importância de se estudar o Magnetismo que, juntamente
com o Espiritismo formam duas ciências irmãs, gêmeas, e que para não estacionarem, cada uma delas deve se apoiar na outra5.
Passista – Eu acho que temos que dar mais atenção à orientação moral. As pessoas ficam buscando o Centro Espírita para curas miraculosas, para se livrar dos seus problemas sem nenhum interesse em se melhorarem. E nós sabemos que se ela não se reformar, a doença
volta.
Magnetizador – A orientação moral é imprescindível. Muitos magnetizadores clássicos sabiam disso, outros não. O Espiritismo reforça que pensamentos, sentimentos e emoções, além dos hábitos físicos, fazem parte do contexto causador de muitas doenças. Não significa dizer que não devamos pôr em prática o auxílio aos doentes buscando aliviar as suas provações, pois se Deus colocou ao nosso alcance meios de cura é por que quer que em certos casos as nossas aflições sejam dissipadas ou abrandadas6.
Passista – E como é que você vai conciliar numa Casa Espírita a orientação moral com o tratamento do corpo?
Magnetizador – Primeiramente é preciso saber que o passe magnético não serve apenas para o tratamento das doenças orgânicas, mas também para problemas psíquicos, emocionais e espirituais. Segundo, podemos fazer como Jesus fez: ele ensinava a moral às pessoas e ao mesmo tempo exemplificava a prática da caridade aliviando os seus sofrimentos. Convenhamos que a explanação dos princípios morais é muito importante, mas a prática é o meio mais convincente de se ensinar o amor e a humildade.
Passista – Olha, meu amigo, o que mais me intriga é: por que curar as doenças, se elas podem retornar caso o doente não se modifique intimamente?
Magnetizador – Se observarmos ao nosso redor e se pararmos para pensar um pouco, vamos encontrar diversos fatores no meio físico que podem arruinar o organismo. A bebida e o cigarro, por exemplo. Temos ainda a falta de higiene, a desnutrição e o excesso de comida, entre outros. E mesmo admitindo que todas as doenças sejam geradas pelas falhas do Espírito, o que devemos fazer com os médicos, psicólogos e toda a classe de profissionais que tratam das doenças na Terra? Devemos acabar com todas estas profissões? E quanto aos outros tipos de dificuldades materiais existentes no planeta? Devemos dar as costas para elas? Não devemos auxiliar os famintos e os desnudos? Devemos entregar à própria sorte os desempregados, com a justificativa de que a provação deles retornará se não fizerem a transformação moral? Você não acha que este tipo de pensamento seria o fim das iniciativas caritativas beneficentes? Ademais, não podemos garantir que uma doença retornará depois que for curada. Não haverá casos em que o momento da busca de uma forma de tratamento pode representar o momento do término da expiação?7
Passista – Eu só sei que ser magnetizador é muito complicado. A gente precisa é aplicar os passes com amor.
Magnetizador – O importante não é que uma coisa seja simples ou complexa, mas que seja eficiente. Quando amamos nos esforçamos para fazer o melhor pelos outros.
Passista – Bom, eu vou indo, pois preciso chegar em casa. Até outro dia.
Magnetizador – Até mais. Assim terminou o diálogo entre os dois amigos que, apesar de terem uma origem comum de conhecimentos, que é o Espiritismo, e serem espíritas há bastante tempo, possuem formas tão díspares de pensar. A diferença talvez esteja em que o passista se esqueceu de compulsar e refletir com mais profundidade no que escreveu Allan Kardec.
Referências:
1. Revista Espírita, junho de 1858
2. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIX; O Livro dos Médiuns, cap. VIII, item 131 e cap. XIV, item 176; Revista Espírita, setembro de 1865
3. O Livro dos Médiuns, cap. XIV, item 176
4. A Gênese, cap. XIV, item 33
5. O Livro dos Espíritos, questão 555; Revista Espírita, março de 1858 e janeiro de 1869.
6. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXVIII, item V.
7. Vale a pena ler toda a mensagem do Espírito Bernardino, publicada n’O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, item 27, intitulada “Dever-se-á pôr termo às provas do próximo?”
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