quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Pergunta feita: Por que a Doutrina Espírita demorou tanto a surgir e por que…

Por que a Doutrina Espírita demorou tanto a surgir e por que não surgiu em uma cultura que tinha por natural a sucessão de vidas, a exemplo do Egito, Índia, Japão e outros povos antigos e atuais?

- As revelações divinas chegam à Humanidade gradualmente, à medida que a evolução intelectual e moral dos homens os capacite a compreendê-las. Ainda estamos longe de alcançar toda a verdade divina; ao longo dos milênios os véus vêm se descortinando pouco a pouco, numa longa e vagarosa sequência.
Na obra “A Caminho da Luz”, o Espírito Emmanuel analisa a história da civilização à luz do Espiritismo. As antigas civilizações possuíam conhecimentos sobre as questões do Espírito, como a reencarnação e a mediunidade. Receberam em seu seio grandes missionários divinos, como Krishna, Buda e Jesus. Entretanto, ainda não estavam preparadas para assimilar todo esse manancial de luz.
Numa das passagens do Evangelho, Jesus deixa isto bem claro, quando os seus apóstolos lhe perguntaram por que falava ao povo por parábolas. Jesus lhes respondeu: “Porque a vós outros foi dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles isso não lhes foi dado. (...) Falo-lhes por parábolas, porque, vendo, não veem e, ouvindo, não escutam e não compreendem” (Mateus, 13:10-13).
No Egito antigo, a avançada ciência da vida e da morte ficava restrita ao ambiente dos templos, guardada somente aos iniciados. Às massas ignorantes, divulgava-se o politeísmo simbólico, com seus numerosos deuses e a falsa ideia da metempsicose, segundo a qual a alma de um homem podia regressar no corpo de um animal irracional, por determinação punitiva dos deuses.
Na Índia, apesar de suas tradições de espiritualidade, o povo deixou crescer no coração o espinho do orgulho que, aliás, foi o motivo do seu exílio em nosso planeta. Organizaram a sociedade em castas, separando a coletividade segundo pretensos critério de superioridade absoluta. É de admirar-se que o povo que há mais tempo possuía conhecimentos acerca da reencarnação, ignorasse as suas consequências morais.
O Japão do século XIX mal havia saído do período feudal e logo ingressava num período militarista de expansionismo territorial sobre as nações vizinhas, que traria grande sofrimento aos povos da China, da Coreia e do sudeste asiático, culminando na Segunda Guerra Mundial. Certamente não era local nem época propícia para o surgimento da Doutrina Espírita.
O advento do Espiritismo ocorreu após grande planejamento e preparativo da espiritualidade superior. A Doutrina Espírita, nos dizeres de Allan Kardec, é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Ela prega a fé raciocinada, livre de dogmas, que encara a razão face a face. Por isso, é compreensível que ela tenha surgido justamente no século XIX, período em que a Ciência floresceu e conquistou papel mais destacado na civilização terrena. E é compreensível que tenha surgido justamente em Paris, o maior centro das expressões intelectuais, filosóficas e culturais do mundo, àquela época.
O Espiritismo veio alentar o espírito humano no momento psicológico das grandes transformações do século XIX. Com as provas da sobrevivência da alma, veio reabilitar o Cristianismo deturpado. Com as verdades da reencarnação, veio explicar o absurdo das teorias igualitárias absolutas. Veio estabelecer o regime de responsabilidade, em que cada espírito cresce pela lei do esforço e do trabalho. Veio acabar com a ilusão das reformas exteriores, para concluir que a única renovação apreciável é a do íntimo do ser.

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