terça-feira, 11 de agosto de 2015

Teoria Da Presciência

 

Teoria da Presciência

Claudio C. Conti

Este tema é apresentado por Kardec no livro A Gênese, mais precisamente no capítulo XVI que inicia com o seguinte questionamento: Como é possível o conhecimento do futuro?
Esta é uma questão intrigante é normalmente considerada como fazendo parte apenas de filmes de ficção, tais como Dejá Vú, com Denzel Washington, e O Vidente, com Nicolas Cage; estes são os dois mais recentes dentre vários outros que poderíamos citar; filmes e seriados com esta temática são produzidos desde longa data.

Ainda no século XIX, Kardec já havia vislumbrado esta possibilidade diante de certas mensagens recebidas dos espíritos desencarnados e, também, combinando-as com as predições encontradas nos Evangelhos Canônicos e que são debatidos no mesmo livro (A Gênese).
Duas possibilidades são apresentadas por Kardec quanto ao conhecimento do futuro, que são:
1)    Resultado de eventos em andamento;
2)    Eventos futuros que não guardam relação com os atuais.
Como pode-se perceber, este é um tema que requer certa elaboração de ideias e conceitos. Diante da dificuldade inerente ao tema, Kardec inicia a explicação com um exemplo bastante trivial: um homem no topo de uma montanha observando um viajante ao longo no percurso abaixo. Apesar da boa comparação, este exemplo é apenas didático, pois descreve uma situação puramente material. Contudo, sua intenção neste exemplo é salientar a posição privilegiada do espírito desencarnado com relação aos encarnados.
Apesar do exemplo do homem na montanha ser útil na comparação com o espírito desencarnado, esta situação seria mais aplicável a resultados decorrentes de eventos que estariam em andamento. Desta forma, no item 3, Kardec entra na questão propriamente dita, isto é, o conhecimento de eventos que não guardam relação com os eventos em andamento e diz:
“Se, agora, sairmos do âmbito das coisas puramente materiais e entrarmos, pelo pensamento, no domínio da vida espiritual, veremos o mesmo fenômeno produzir-se em maior escala. Os Espíritos desmaterializados são como o homem da montanha; o espaço e a duração não existem para eles”.
Importante salientar que a possibilidade de conhecer o futuro não é a condição de todos os espíritos, pois está diretamente relacionada com elevação espiritual.
Porém, o questionamento sobre como é possível para os espíritos a partir de certa elevação vislumbrar situações que ainda estariam por acontecer ainda permanece. Resta, estão, discutir a questão do tempo e a sua própria essência que, quando analisada à luz do Espiritismo, fornece esclarecimentos de como os espíritos mais evoluídos podem acessar acontecimentos que estão, para nós, no futuro.
Na questão 27 d’O Livro dos Espíritos, onde Kardec questiona sobre os elementos gerais do universo, a resposta obtida apresenta considerações sobre o fluido cósmico.
A resposta apresentada pelos espíritos é relativamente complexa e não caberia o maior aprofundamento neste estudo, contudo podemos ressaltar a seguinte colocação na resposta: “Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo (o fluido cósmico) com o elemento material, ele se distingue deste por propriedades especiais”. O fluido cósmico, portanto, apresenta propriedades distintas da matéria.
Observando nossa existência como encarnados percebemos que não está atrelada apenas à matéria. Existem outros fenômenos aos quais estamos sujeitos e que, de certa forma, regem nossas vidas, tais como o tempo e o espaço; de que seriam formados?
O capítulo VI, também do livro A Gênese, intitulado Uranografia Geral, aborda esta e outras questões relacionadas: o espaço e o tempo, a matéria, as leis e as forças, dentre outros. Tanto o tempo, quanto o espaço, forças, etc, são modificações do fluido, portanto, formados por fluido cósmico.
A nossa percepção de tempo e espaço são formas como o fluido cósmico se expressa e a ação do pensamento sobre este fluido dependerá, obviamente, do nível evolutivo do espírito.
Por isso que a capacidade de prever o futuro pode, às vezes, se manifestar no encarnado, como Kardec diz no item 6: “É assim que em certas ocasiões essa faculdade se desenvolve providencialmente, na iminência de perigos, nas grandes calamidades, nas revoluções, e é assim também que a maioria das seitas perseguidas adquire numerosos videntes”.
Numerosas vezes em nossa experiência terrena sentimos o efeito de intuições sobre caminhos a seguir, decisões a tomar, e costumamos chamar de sorte ou azar, porém sorte ou azar são coisas que não existem. O que existe é a capacidade de sentir o ambiente e ler nas entrelinhas da Criação, mas é preciso fazer bom uso para não trazer consequências desagradáveis; podemos considerar que consequências desagradáveis que vivenciamos hoje podem ser decorrentes de mal uso em outras encarnações.

17 de Julho de 2015

* Publicado originalmente em 10/05/2015 no site www.ccconti.com.

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