terça-feira, 31 de maio de 2016

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – A017 – Cap. 5 – Elucidações valiosas – Primeira Parte


Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

A017 – Cap. 5 – Elucidações valiosas – Primeira Parte
 
Elucidações valiosas

 

Guilherme, adormecido, fora trasladado para local apropriado, na própria Terra, de modo a aguardar em refazimento espiritual o novo encontro com os antigos cômpares, para as bênçãos da paz e, consequentemente, desobsessão do Sr.Mateus e de Mariana.
O lúcido mentor esclareceu que oportunamente seria realizada outra entrevista com o perseguidor da família Soares, de modo a serem recolhidos esclarecimentos que facultassem as operações socorristas com o êxito que todos desejávamos.
Sugeriu-nos igualmente justo repouso, e que, antes das tarefas em programação, buscássemos a serenidade da oração a fim de podermos cooperar com mais firmeza e melhor entendimento dos problemas que afetam a marcha da evolução espiritual dos seres, embora, ao retornarmos ao corpo, não nos recordássemos, com a nitidez que seria de desejar.
Antes do horário habitual, congregamo-nos na Sede da União Espírita Baiana, no recinto destinado aos labores mediúnicos, e seguramente inspirado por Saturnino, o irmão Petitinga tomou de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, iniciando a leitura de comovedora página sobre a epígrafe: “Amar o próximo como a si mesmo”, conforme se encontra no Capítulo 11.
As palavras, vibrando na tônica da compaixão, chegavam-nos à alma como mensagem de amor que a todos nos irmanava em perfeita comunhão espiritual.
Logo depois, a reunião teve começo. Incorporando o médium Morais, Saturnino elucidou que traria Guilherme à psicofonia para melhor mergulho nos fluídos do sensitivo de modo a diminuir-lhe a carga psíquica e o envolvimento nas faixas do ódio de que se via possuido desde há muitos anos.
Silenciada a voz do Instrutor Amigo, o médium foi dominado por estertores angustiantes e, como se despertasse de pesado sono, em que as imagens evocassem cenas muito dolorosas, o aflito perseguidor identificou o recinto em que se encontrava e, acometido de repentina ira, pôs-se a deblaterar. Acalmado com passes magnéticos aplicados pelo Doutrinador, lentamente recobrou o equilíbrio e indagou a razão do constrangimento de que se via objeto, estando novamente ali.
Muito calmamente Petitinga explicou-lhe a necessidade do intercâmbio, a seu benefício mesmo, esclarecendo a inadiável urgência de voltar-se para o exame mais ponderado dos problemas que o infelicitavam e dos quais somente o amor possui a tônica de poder conseguir a libertação.
Guilherme esclareceu quanto à necessidade que nutria de retornar ao corpo, para dar prosseguimento à insidiosa cobrança, ressarcindo a injustiça de que se acreditava objeto. Elucidou que, numa das últimas reuniões do Anfiteatro, o Dr. Teofrastus apresentara o caso dele à multidão, que o aclamara delirantemente, exaltando a ética da “justiça com as próprias mãos”, nele vendo a vitória dos cometimentos que ali tinham curso. Como poderia, agora, recuar?
A Entidade apresentava os sinais do desespero e da frustração da criança caprichosa que se vê colhida no engodo da leviandade pela observação ponderada dos genitores.
Ignoramos a que Anfiteatro se refere — iniciou, com habilidade e delicadeza, o Evangelizador. — Que poderia ter ocorrido num Anfiteatro, que lhe trouxesse responsabilidades, especialmente em se tratando da prática inominável de crime cobarde?
Crime? — revidou, Guilherme, visivelmente transtornado. — O relho da Justiça, que arde e fere nas mãos do regularizador de leis, passa, na sua cartilha, a ser um crime? E o nefando suicídio a que fui levado, pela deserção do lar, o adultério infame praticado por aqueles a quem você chama vítimas?... Esquece as minhas dores e...
Interrompendo-o, com muita destreza mental, redarguiu Petitinga, a essa hora semi-incorporado por Saturnino que lhe apoiava a destra no centro coronário, irrigando a glândula pineal com altas doses de energia positiva:
Não voltemos ao exame das razões do sofrimento que o macera — falou com gentileza. — Não ignoramos que há Leis Soberanas que se encarregam de encontrar o devedor onde se encontre. Para tanto, porém, não se faz necessário que novos devedores ou infratores apareçam, criando, desse modo, um círculo de viciações lamentáveis. A Lei, não desconhecemos, é de Justiça. Mas a Justiça Divina nasce nas fontes sublimes do Amor e se manifesta por meios de misericórdia.
Ao amparo do nobre Instrutor todo o cérebro do encarnado se fazia radioso à clarividência, dando a impressão de que o sangue conduzia poderosa substância luminosa a impregnar-se de cores suaves que o inundavam de dentro para fora...
E prosseguindo, aduziu:
A qual Anfiteatro se refere o irmão Guilherme?
Ora, ao reduto em que nos reunimos para a aprendizagem de lições com o Dr. Teofrastus.
E estimulada a mais amplos detalhes, a Entidade, exteriorizando uma satisfação até então não revelada, elucidou:
Surpreende-me a sua surpresa! Acredita você que nós estamos aqui desarmados? Técnicos verdadeiramente poderosos estão organizados a serviço da Disciplina, junto aos fugitivos que se escondem no corpo de carne, na Terra. É interessante observar como são ignoradas as realidades do lado de cá, mesmo por aqueles que se aventuram a excursionar além das muralhas do corpo.
Já que somos tão ignorantes — aventou Petitinga — rogaríamos que você nos esclarecesse melhor.
Envaidecido, retrucou o perseguidor da família Soares:
Ora, como narrei antes, quando na minha amargura solicitei ao Dr. Teofrastus a sua interferência segura, que me não foi negada. Paulatinamente, tomei conhecimento das suas ricas possibilidades, inclusive do espetáculo do Anfiteatro, que ele promove, semanalmente, para os que deambulam livre dos corpos, porém algemados à ignorância, sem saberem como revidar o mal que receberam dos seus inimigos que ainda não venceram as barreiras do túmulo.
Assim, convidado por amigos, numa quinta-feira, aos primeiros minutos após zero hora, acorri ao local, que regorgitava de pessoas de ambos os lados para ouvirem e aprenderem com o mestre suas preciosas lições. Mais tarde, tomado como exemplo, foi o meu caso narrado publicamente, e, após apresentadas as linhas centrais da justiça que me compete realizar, fui aclamado e, na última semana, apresentei despedidas. Do Chefe recebi elogios, a promessa do seu auxílio e ajuda constante, durante os longos anos de afastamento do grupo, enquanto dure o meu mergulho... Alimentou-me a satisfação de que, embora separado pelo corpo, eu serei regularmente levado lá, mantendo os vínculos com a Organização, para não permanecer ao desamparo... E depois de expressiva pausa, asseverou:
Como vê, além do meu caso pessoal, conduzo agora a responsabilidade de agir em nome dos nossos, que veem em mim uma das representações dos vigilantes e defensores da verdade.
Estávamos estarrecidos! Como não poderia ser legítimo o depoimento de um membro ativo da Organização? Não havia dúvidas, sim, eu pensava. No entanto, como entender um Anfiteatro, nos moldes dos da Terra, a funcionar além do túmulo? Havia lógica, porém. Não é o mundo físico o representante dos efeitos? Assim sendo, quanto existe do lado de cá, obviamente há do lado de lá. Quantas lições, todavia, Deus meu, aguardando por nós! O “orai e vigiai” sempre comandando os nossos destinos...
Com a serenidade que lhe era habitual, Petitinga não se fez surpreso; antes, referiu-se a Jesus, que preferira o apupo das massas à conivência com o crime e com a discriminação do poder temporal. A Sua grandeza fora a Sua suprema humildade e o Seu revide a todo mal foi a Sua doação total aos perseguidores e afugentes, com os braços abertos na Cruz, como se transformados em asas de amor esperassem por toda a Humanidade, para amparar os infelizes e trânsfugas do dever, renovando-lhes as esperanças e sustentando-os na luta, amoroso e forte até ao fim.
Os conceitos emitidos na mais pura emotividade pareciam sensibilizar o comunicante que, repentinamente, pareceu aflito, desejando libertar-se dos liames da incorporação, no que foi atendido por Petitinga e Saturnino que lhe aplicaram passes balsâmicos, fazendo-o adormecer.
Os trabalhos prosseguiram normalmente até a hora do encerramento, quando o Instrutor, retornando à incorporação, explicou que naquela noite mesmo o grupo voltaria a reunir-se, em desdobramento parcial pelo sono, para prosseguimento das tarefas.
As bênçãos da caridade e os tesouros decorrentes da comunhão fraternal, somente os conhecem aqueles que exercitam a solidariedade!
Todos demandamos o lar com o espírito lenido por esperanças consoladoras.
Embora os membros da família Soares não houvessem participado do trabalho da noite, grande parte da tarefa fora desenvolvida objetivando a saúde e a paz daquelas pessoas. (…)
 
QUESTÕES PARA ESTUDO
1 – Guilherme, participando da reunião mediúnica na qualidade de espírito manifestante, cita o Anfiteatro do Dr. Teofratus. Que Anfiteatro era este e quais atividades eram desenvolvidas ali?
2 – O narrador espiritual confessa que se impressionou com a organização promovida pelas Trevas a preço de Justiça. Por que, logo após, ele afirma que não há motivo para se impressionar?
3 – No Tratamento Obsessivo realizado rotineiramente nas Casas Espíritas é comum que os trabalhadores encarnados tratem as entidades obsessoras como exclusivas culpadas pelo mal e sofrimento. Nesta postura há um grande erro. Por quê? Que argumenta Guilherme para que modifiquemos nosso olhar no tratamento de desobsessão?
 
Bom estudo a todos!!
Equipe Manoel Philomeno

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